sexta-feira, 22 de março de 2013

OS FLECHAS

 

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Depoimento de Óscar Aníbal Piçarra de Castro Cardoso
Nasci em 10 de Junho de 1935, em Lisboa.
Pertenci à Mocidade Portuguesa, ingressei nesta organização de juventude quando era aluno do Colégio Moderno. Ingressei na Legião Portuguesa quando frequentava o Instituto de Estudos Ultramarinos. Tive que interromper os estudos para prestar serviço militar na Índia Portuguesa, em 1959/60.
Pertenci depois à GNR, até 1965, altura em que ingressei na PIDE.
Em 1966, fui para Angola.
Em Serpa Pinto, criei os Flechas inspirado nas obras de Jean Larteguy; Spencer Chapman, “The jungle is neutral”; Lawrence da Arábia, “The seven pilars of wisdom”; Mao Tse Tung, “A guerra revolucionária”; Sun Tze, “ A arte da guerra”.
Em 1968, foi-me atribuído o Prémio Governador-Geral de Angola.
Estive em Moçambique em 1971 e 1972. Em 1973, em Carmona.
Quando regressei a Lisboa, em fins de 1973, com o posto de inspector-adjunto, fui colocado na Direcção dos Serviços de Informação, coordenando a informação em Angola e Moçambique.



Aquando do 25 de Abril, fui preso e permaneci detido em Caxias, Peniche e Alcoentre durante dois anos.

Comments

1
António Manuel said...
é claro que não há paciência que resista a tanta asneira por Dm2, conheci o senhor Oscar Cardoso como Insp. da DGS em Vila Pery, muito possivelmente para a formação dos Flechas em Moçambique.
Passados uns tempos, seguramente sobre as ordens dos seus superiores, regressou a Angola onde pertencia.
O verdadeiro Comandante dos Flechas em Moçambique foi o senhor Insp. Alves Cardoso (ex.Cap.Comando no tempo em que serviu no exército, aliás, dos Oficiais mais condecorados do Exército Português, quer se goste quer não)que funcionava na Quinta da Trindade.
Haviam 2 Grupos de Flechas em Vila Cabral, 3 Grupos em Tete, 1 Grupo na Beira e 1 Grupo em Vila Pery, alguns deles nunca chegaram às suas Delegações.
Que fique claro que nunca fizeram parte de qualquer massacres.
Efectivamente estiveram uma semana em operações em Inhaminga por os paraquedistas terem lá estado antes e não se portaram muito bem.
Chega de lavagem aos comportamentos desajustados de algumas Companhias de Tropa Especial que toda a gente está farta de saber quem foram.
Abram a pestana, sejam sérios, não deem largas às imaginações mais fértei. CHEGA.
2
João Trindade said in reply to FM...
Há alguma guerra sem "criminosos"? Quando os fazendeiros em Angola foram atacados pela UPA(?), não foi um acto criminoso? Atacaram mulheres e crianças discriminadamente... Quantos ataques a militares foram feitos em Angola, Guiné e Moçambique pelos tais movimentos-de-libertação? Muito poucos!! Os alvos foram sempre civis, aldeamentos e fazendeiros!! Quanto ao 25 de Abril, não passou de um revolta de capitães já com umas diuturnidades (chicos) que não convinha muito ir de novo para o Ultramar, já com bons vencimentos, e depois aproveitado pelos políticos de meia-tigela com a conivência dos americanos e incitados por estes! Os americanos estavam a perder a guerra no Vietname e tinham que sair de lá a toque de caixa. Decerto que não estavam interessados que os portugueses saíssem vencedores das guerras no Ultramar!! O mal foi o Caetano não ter completado (por que iniciou) os contactos com os tais chamados movimentos de libertação (?) e iniciasse a entrega dos mesmos a representantes dos povos das províncias. Há muito que queríamos a independência (no meu caso, estou a falar de Moçambique)!
3
Vitor Baião said...
Caro FM
Depois de tanta sabedoria, fica mal o anonimato!
Cumprimentos
Vítor Baião
4
Joao Asseiceiro said...
Vamos lá a ver: Este senhor, Oscar Cardoso está a prestar um depoimento, e aligeirando parece-me um bom contributo para compreender as coisas cruzando informaçoes ao nosso dispor... já é tempo de conhecer o que se passou sem condenar os interpretes. Por muito mal que Sr. Oscar Cardoso possa ter feito, trata-se dum operacional português que cumpriu o seu dever com heroicidade e eficácia no seu contexto. Todos nós fizemos o que fizemos, cada qual no seu contexto. Pessoalmente não me orgulho a 100% do meu desempenho: fiz a guerra em Cabo Delgado em 1973 e parte de 1974, e depois no final de 1974 fui fazer brigadas mistas com a Frelimo em LM hoje Maputo (isto não é soez?). Outra coisa: Wiriamu, nao tem nada a ver com Inhaminga; e se este senhor participou no massacre de Inhaminga foi talvez inserido numa tentativa frustrada de instalar em Moçambique os Flechas, operacionais que actuavam em Angola. Quanto à conivencia de Marcelo... nao me admira - quanto mais não fosse de forma implícita, pois é sabido que no caso do ouro moçambicano com a reforma Marcelista, o depauperamento da economia moçambicana, e o comando da DGS na zona centro de Moz. comtra o exército portugues, missionários combonianos e Bispo de Nampula, indiciam os motivos que levaram a haver apoio em Moçambique para o Golpe do 25 de Abril. Seria assim? Mais uma vez declaro que é tempo de se acabar com condenações ou pseudo-condenações... pois é tempo de se conhecer com verdade tudo o que se passou.
5
umbhalane said...
GOSTEI, GOSTEI MESMO, FM.
Cortar a direito, sem concessões.
Há pormenores que não domino, não conheço, mas a sua metodologia é louvável.
Parabéns, e
Obrigado.
6
FM said...
Existem algumas imprecisões no texto, que me espantam para alguém com esse curriculum.
O nome correcto é Sun Tzu e não Sun Tze. No resto do texto aliás aparece o nome correcto. Contudo aparece fora do contexto, pois Mao Tse Tung ter-se-á baseado, como base estratégica para a revolução chinesa, precisamente na única vertente da guerra que Sun Tzu não aprofunda no livro "A Arte da Guerra".
Integrada no documento "Seven Military Classics of Ancient China" está a obra de T'ai Kung que aborda a área da estratégia indirecta, reconhecida em Sun Tzu, mas apenas detalhada nos "Seis Ensinamentos Secretos" de T'ai Kung, onde a visão é não a de vencer sem combater mas sim garantir a vitória recorrendo a todos os recursos e meios ao dispor e todos os estratagemas necessários (como aliás Oscar Cardoso sempre fez). É a guerra pela guerrilha subversiva, e foi nela que se baseou a revolução chinesa de Mao Tse Tung:
"Em primeiro lugar, construir um Estado socialmente coeso e economicamente próspero; logo a seguir, actuar clandestinamente no interior da estrutura de poder antagonista, para o desestabilizar anímica e militarmente, mas principalmente com o intuito de promover o descontentamento e, no limite, o levantamento popular contra o mau governo e opressão." Afinal o cavalheiro é um Maoista ... deveras peculiar, para quem tanto combateu no sentido contrário, não?
Aí sim, faz sentido falar em Sun Tzu "conhece o teu inimigo como a ti mesmo e vencerás".
Quanto aos serviços de informações portugueses nos paises de expressão portuguesa, ainda hoje a nossa Constituição os privilegia como aqueles que devemos manter laços especiais de amizade e cooperação (nº 3 do artigo 7º).
Hoje em dia, e concordando em absoluto com a excelente obra a este respeito do General Pedro Cardoso "As Informações em Portugal", existe ainda, e passo a citar "o mau hábito de ligar sempre a actividade de informações a actividades de espionagem e de polícia política tem atraido sobre as informações uma impopularidade (digo eu: para o que Oscar Cardoso continua a querer contribuir sempre que pode) e uma sensibilidade que tem sido a principal causa das dificuldades que se têm apresentado à instituição em Portugal de um serviço centralizador e coordenador que, quando existir, poderá naturalmente estabelecer intercâmbio de informações e técnicas de trabalho e, neste caso especial de uma recente descolonização, promover o levantamento e detecção nos arquivos portugueses de análises, estudos e trabalhos que ainda interessem aos novos países"
Como informações em arquivo sobre meteorologia, agricultura, navegação maritima ... coisas que podem ajudar os novos paises sem comprometer em nada os nossos interesses, bem pelo contrário.
Agora, com afirmações do tipo ...
"Não tinha problemas em pôr guerrilheiros capturados a colaborar connosco. Levavam uns tabefes, um «calorzinho». A PIDE não era propriamente uma organização de beneficência."
(para quem metralhava inocentes, isso que diz agora parece-me obvio e muito suave até)
"O 25 de Abril foi um golpe com a conivência de Marcelo Caetano."
"Penso que Portugal vai desaparecer."
... qual é a contribuição positiva que se está a dar para ajudar quem quer que seja?
Parece que Oscar Cardoso já não consegue entrevistas nos media portugueses para contar os seus "feitos" à Pátria.
CONVÉM NÃO ESQUECER QUE o assassinato de 400 civis em Wiriyamu foi sob o seu comando, a sangue frio. ESSE SENHOR É UM CRIMINOSO DE GUERRA!!
Esse senhor acha-se o máximo na área dos serviços de informações, como já disse em várias entrevistas e agora tenta mostrar nesse texto, contudo continua com a ignorância que com facilidade demonstrei, eu um simples civil. Ser uma besta a tratar pessoas não o faz um bom elemento num serviço de informações, mas sim em policias politicas de regimes preversos, sejam eles de esquerda ou de direita.
Portugal, estupidamente, continua a proceder segundo a máxima em que uma mão lava a outra e as duas lavam a cara. Tanto deixa passar impune este senhor, como deu o indulto ao Otelo, que agora querem promover e dar 50mil euros, o que o cavalheiro ainda tem a lata de dizer que acha pouco.
ATÉ QUANDO MEUS SENHORES, A MINHA GERAÇÃO E A DOS MEUS FILHOS VAI TER DE PAGAR TANTO PELOS DISPARATES DO 28 DE MAIO COMO PELOS OS DO 25 DE ABRIL, QUE ENTRE UNS E OUTROS VENHA O DIABO E OS ESCOLHA A TODOS.

1 comentário:

Anónimo disse...

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