03.07.2009 El Temps
Joan Canela Barrullhttp://www.rebelion.org/noticia.php?id=88042&titular=%BFest%E1-sud%E1frica-girando-a-la-izquierda?-
Traduzido do epanhol por Daniela Baudouin
No dia 22 de abril Jacob Zuma arrasava nas eleições sulafricanas com o melhor resultado para o Congresso Nacional Africano (ANC, nas siglas inglesas) desde a vitória de Mandela de 1994. O secredo deste sucesso foi a firme promessa de dar uma clara virada à esquerda respeito às políticas de seu antecessor, Thabo Mbeki, e conseguir que os benefícios do crescimento econômico dos últimos dezessete anos cheguem à maioria de uma população que, nos aspectos materiais, a miuúde vive como nos tempos do apartheid.
Dois meses após a tomada do poder, está Zuma cumprindo com a sua promessa? Às vezes parece que sim e às vezes parece que não. Neste momento o governo sulafricano é um campo de batalha aberto entre os que querem forçar políticas mais sociais e os que de modo algum querem se inimizar com os investidores estrangeiros internacionais.
Os primeiros são, sobretudo, o Partido Comunista e a Confederação de Sindicatos Sulafricanos (COSATU), aliados do ANC desde a época da clandestinidade, que no atual governo se encontram fortalecidos pelo apoio que deram a Zuma na sua luta contra Mbeki pelo controle do partido. E ainda, Gwede Mantashe, secretário geral do ANC, é íntimo amigo dos sindicatos e pugna para pôr a estrutura do partido em seu favor.
O outro bando está personalizado por Trevor Manuel, o histórico ministro da economia de Mbeki e favorito do Foro Econômico Mundial. No outono passado, o rumor de que poderia se demitir provocou uma queda do rand (moeda sulafricana) de 40%. No novo governo Manuel foi promovido à presidência da “Comissão de Planificação Ministerial”, um cargo criado expressamente para ele e que poderia se equiparar a um primeiro ministro, embora suas competências não estejam ainda muito claras.
Neste momento, a proposta de criar um sistema sanitário universal tornou-se o centro desta guerra política. A iniciativa despertou a ira da poderosa indústria médica e alguns setores do ANC pediram que seja revisada pois parece uma medida “irreal”, enquanto que a COSATU ameaça com mobilizações caso o projeto não se materialize.
A política monetária é outra grande controvérsia dentro do governo. Enquanto Manuel oficiava de anfitrião na conferência do Foro Econômico Mundial celebrada na Cidade do Cabo há duas semanas e garantizava que a África do Sul manteria sua política fiscal e monetária conservadora, limitando o gasto público, o sindicato dos metalúrgicos se manifestava em Pretória contra a direção do Banco Central por seguir essa mesma política.
E o que diz Zuma perante estas controvérsias? Por ora quase nada e parece que se limita a tentar arbitrar sem se posicionar a favor de nenhum dos bandos. Mas a situação é complexa e ambos projetos são claramente incompatíveis, portanto, mais cedo ou mais tarde terá que se posicionar. No momento, a situação equilibrada e sua alta popularidade lhe dão margem de manobra em ambos lados, mas a legislatura acaba de começar.
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