terça-feira, 16 de junho de 2020

Ataque a Malinde

Combate a grupos insurgentes em Cabo Delgado

Complexidade confirmada no terreno - Apesar de bombardeados e perseguidos, células terroristas continuam a atacar várias aldeias, incluindo as de Mocímboa da Praia
O ministro do Interior, Amade Miquidade, usou o termo “complexidade” para descrever as dificuldades que estavam a ser experimentadas nas acções de combate a grupos insurgentes que actuam nas regiões norte e centro de Cabo Delgado.
Efectivamente, esta parece ser a realidade que se assiste no terreno. No distrito da Mocímboa da Praia, norte da província, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) continuam a demonstrar determinação em perseguir os bandos atacantes em várias aldeias daquele distrito. Entretanto, enquanto são perseguidos e expulsos de um e doutro local, os insurgentes conseguem, muitas vezes, reagrupar-se e levar a cabo ataques a aldeias remotas e, de alguma forma, desguarnecidas pelas Forças de Defesa e Segurança.
Com efeito, depois de alguns grupos terem sido corridos de aldeias próximas da vila sede do distrito da Mocímboa da Praia, os insurgentes voltaram a ser atacados e expulsos das aldeias Makulo e Cabacera no mesmo distrito.
Segundo soubemos, o grupo, que acabava de chegar àquela região, foi bombardeado por helicópteros das Forças de Defesa e Segurança. Há indicação de que, enquanto os helicópteros bombardeavam o grupo a partir de helicópteros, uma outra unidade das Forças de Defesa e Segurança circulava a mesma zona, via marítima.
Ao que parece, na operação chegou-se a usar as lanchas rápidas adquiridas no âmbito das dívidas ocultas. À sua chegada a Makulo e Cabacera, referem as fontes, os insurgentes ameaçaram e saquearam vários produtos da população, particularmente alimentares. Nisto, as populações terão alertado as autoridades, que conseguiram deslocar-se para o terreno e, com forças em terra, mar e ar, conseguiram expulsar o grupo dos novos esconderijos.
“Quando se aperceberam, os insurgentes fugiram de um lado para outro, onde foram perseguidos por helicópteros, não se sabendo sobre as suas baixas. Mas a verdade é que deixaram os bens que estavam a saquear” - narrou uma fonte local.
Assim, as aldeias Makulo e Cabacera voltaram a ser ocupadas pela população, depois de inicialmente terem sido abandonadas por conta de sucessivos ataques dos insurgentes. A população regressou para cuidar dos seus bens, sobretudo dos seus coqueiros, cujos frutos (cocos) eram vendidos a nível local e até transportados para a vila de Mocímboa da Praia, Palma sede, Mucojo e à cidade de Pemba.
Ataque a Malinde
Entretanto, num e noutro reagrupamento e, até em forma de retaliação, os grupos terroristas conseguem mover um e outro ataque em Mocímboa da Praia, a exemplo do que se diz ter acontecido na aldeia Malinde.
Até aqui são escassas as informações sobre as possíveis consequências, mas fontes na vila de Mocímboa da Praia indicam que muito fogo foi visto por volta das 19 horas deste domingo. “Estão a queimar agora mesmo aldeia Malinde. Estamos a ver muito fogo aqui na vila” reportou um residente da vila autárquica de Mocimboa da Praia.
Malinde fica próximo de Mitumbate e Makulo. (Texto co-produzido com a zitamar news, no âmbito do projecto Cabo Ligado, em parceria com a ACLED)
MEDIA FAX – 16.06.2020

Sem comentários: