Elisio Macamo
15 saat ·
A erudição de clichés
Acabei de ler este relatório sobre a situação em Cabo Delgado. Não consigo perceber que interesse uma organização moçambicana tem em juntar a sua assinatura a um documento francês que faz política doméstica na França em nome dum compromisso ambientalista legítimo, mas que tem muito pouco a ver com as decisões difíceis que um País como o nosso tem que tomar para trazer o bem-estar à sua população.
O que me incomoda no relatório é a miséria da análise que ele faz dos assuntos. Reduz problemas políticos e económicos complexos à simplicidade de clichés do discurso de desenvolvimento que não fazem justiça ao que acontece nos nossos países. É quase tudo visto na perspectiva duma teoria de conspiração naquela atitude típica da erudição de clichés que confunde o plausível com o que é válido.
E, claro, não vão faltar moçambicanos que vão tomar isto como a revelação da verdade e a manifestação de profundidade analítica. Não vão ler o relatório com cuidado, dissecá-lo como deve ser e extrair dele as devidas ilações. Vão simplesmente aplaudir e gritar "socorro". É nestes casos que faz falta a "descolonização da mente".
N.b. único consolo para mim é que pela primeira vez, pelo menos tanto quanto eu saiba, alguém diz aquilo que também já tinha dito no auge das discussões sobre as dívidas ocultas: como é que o governo francês, país de origem da directora do FMI na altura, não sabia do negócio mesmo com a participação de François Hollande juntamente com o nosso querido Ntchembene na cerimónia lá nos estaleiros? Muita poeira!
Hoje a Justiça Ambiental JA!, Amigos da Terra França e Amigos da Terra Internacional lançam um relatório que expõe o profundo envolvimento francês na indústria do gás em Moçambique. O relatório, in…
JUSTİCA-AMBİENTAL.ORG
Do eldorado do gás ao caos Quando a França empurra Moçambique para a armadilha do gás
Hoje a Justiça Ambiental JA!, Amigos da Terra França e Amigos da Terra Internacional lançam um relatório que expõe o profundo envolvimento francês na indústria do gás em Moçambique. O relatório, in…Hoje a Justiça Ambiental JA!, Amigos da Terra França e Amigos da Terra Internacional lançam um relatório que expõe o profundo envolvimento francês na indústria do gás em Moçambique. O relatório, in…
Hoje a Justiça Ambiental JA!, Amigos da Terra França e Amigos da Terra Internacional lançam um relatório que expõe o profundo envolvimento francês na indústria do gás em Moçambique. O relatório, intitulado Do eldorado do gás ao caos Quando a França empurra Moçambique para a armadilha do gás, aprofunda como o governo francês, seus bancos e corporações fazem parte de uma teia de corrupção estatal, negócios de armas, violações de direitos humanos e diplomacia económica, tudo em prol dos interesses em torno de uma indústria de 60 bilhões de dólares que tem deixado a sua marca de destruição antes mesmo da primeira gota de gás natural liquefeito ter sido extraída.
O relatório mostra como o Estado francês, os grandes bancos privados incluindo o BNP Paribas, a Société Générale e o Crédit Agricole, e a gigante dos combustíveis fósseis Total, são alguns dos maiores beneficiários dos impactos devastadores da indústria na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
A JA! trabalha lado a lado com as comunidades locais que enfrentam directamente estes impactos no seu dia-a-dia. Temos presenciado vilas inteiras serem despojadas das suas casas, pescadores deslocados para locais muito distantes da costa, e a sua luta e desgosto por perderem a terra e o mar que têm sido o seu sustento durante gerações.
Temos estado presentes enquanto estas comunidades tentam falar nas reuniões onde a Total anuncia as dificuldades e perdas que estão por vir, e onde têm visto as suas vozes serem reprimidas. Falaram-nos do pesadelo dos insurgentes que aterrorizam a região com ataques violentos e fatais, e da mão pesada dos militares que foram destacados para proteger a indústria.
O relatório inclui informações detalhadas e actualizadas do terreno, e mostra quão longe as autoridades públicas francesas foram para garantir que a sua economia, banqueiros, indústria de combustíveis fósseis e armamento sejam os maiores beneficiários da exploração do gás, mesmo que isso signifique a destruição do meio ambiente, da vida e da economia locais, bem como do clima.
Com este relatório, a JA!, Amigos da Terra França e Amigos da Terra Internacional apelam para que o Estado francês, os bancos e as empresas de combustíveis fósseis se retirem do seu projecto em Moçambique, travem a dependência do país em combustíveis fósseis e acabem com os negócios diplomáticos corruptos que estão a deixar o povo moçambicano, e o planeta, num estado de privação e caos.
“A França está decidida a garantir que este gás beneficia, antes de mais nada, as ‘suas’ multinacionais, mesmo que isso signifique semear o caos e desencadear uma bomba climática, equivalente a sete anos das suas emissões de gases de efeito de estufa. O governo, a Total e seus banqueiros não parecem estar preocupados com a crise climática, com o inflamar de tensões numa região em chamas, e nem com a sua cumplicidade na corrupção e violações de direitos humanos”. – Cécile Marchand, da Campanha por Justiça Climática e Corporativa na Amigos da Terra França.
“A indústria dos combustíveis fósseis está a vender a mentira de que o gás é uma energia de transição. A nossa experiência com esta chamada transição, em Moçambique, é, na verdade uma transição da liberdade para as violações de direitos humanos, da paz para os conflitos, de populações agrícolas e pesqueiras para populações famintas e privadas dos seus meios de subsistência. A corrida ao gás, que está a exacerbar a crise climática e a beneficiar apenas as empresas multinacionais e as elites corruptas, tem de parar”. – Anabela Lemos, Directora da Justiça Ambiental – Amigos da Terra Moçambique.
LINKS PARA O RELATÓRIO
Sumário Executivo em Inglês: https://www.foei.org/resources/gas-mozambique-france-report
Relatório Português: https://www.foei.org/wp-content/uploads/2020/06/Gas-Mocambique_Portuguese.pdf
Relatório Francês: https://www.foei.org/wp-content/uploads/2020/06/De-l-eldorado-gazier-au-chaos_Gas-au-Mozambique_Amis-de-la-terre_rapport_FR.pdf
Para questões de imprensa, por favor contacte:
Cécile Marchand, Amigos da Terra França, cecile.marchand@amisdelaterre, +33(0)669977456
Daniel Ribeiro, Justiça Ambiental, daniel.ja.mz@gmail.com, +258842026243
Amigos da Terra Internacional, press@foei.org
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Alvaro Simao Cossa Muita poeira!
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Pedro Pereira Lopes Tive a mesmíssima opinião.
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Fatima Mendonça Pensei o mesmo
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João Barros São as várias caixas pretas!
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Alexandre Eu descartei este relatório.. mandei passear!
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António Muchanga Há muita poeira mesmo mano grande.
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Simone Mura A politica estrangeira da França é sempre muito discutível, movimentada sobretudo da próprio interesse económico, como aconteceu em Líbia. Também eu sempre considerei ridículas as justificações da França, porque a compra de equipamento militar deve sempre passar da uma supervisão do Governo e com certeza conheciam todos os detalhes.
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António Do Rosário Grispos Percebi...antes de ler o sentido da “desinformação”.
15 saat ·
A erudição de clichés
Acabei de ler este relatório sobre a situação em Cabo Delgado. Não consigo perceber que interesse uma organização moçambicana tem em juntar a sua assinatura a um documento francês que faz política doméstica na França em nome dum compromisso ambientalista legítimo, mas que tem muito pouco a ver com as decisões difíceis que um País como o nosso tem que tomar para trazer o bem-estar à sua população.
O que me incomoda no relatório é a miséria da análise que ele faz dos assuntos. Reduz problemas políticos e económicos complexos à simplicidade de clichés do discurso de desenvolvimento que não fazem justiça ao que acontece nos nossos países. É quase tudo visto na perspectiva duma teoria de conspiração naquela atitude típica da erudição de clichés que confunde o plausível com o que é válido.
E, claro, não vão faltar moçambicanos que vão tomar isto como a revelação da verdade e a manifestação de profundidade analítica. Não vão ler o relatório com cuidado, dissecá-lo como deve ser e extrair dele as devidas ilações. Vão simplesmente aplaudir e gritar "socorro". É nestes casos que faz falta a "descolonização da mente".
N.b. único consolo para mim é que pela primeira vez, pelo menos tanto quanto eu saiba, alguém diz aquilo que também já tinha dito no auge das discussões sobre as dívidas ocultas: como é que o governo francês, país de origem da directora do FMI na altura, não sabia do negócio mesmo com a participação de François Hollande juntamente com o nosso querido Ntchembene na cerimónia lá nos estaleiros? Muita poeira!
Hoje a Justiça Ambiental JA!, Amigos da Terra França e Amigos da Terra Internacional lançam um relatório que expõe o profundo envolvimento francês na indústria do gás em Moçambique. O relatório, in…
JUSTİCA-AMBİENTAL.ORG
Do eldorado do gás ao caos Quando a França empurra Moçambique para a armadilha do gás
Hoje a Justiça Ambiental JA!, Amigos da Terra França e Amigos da Terra Internacional lançam um relatório que expõe o profundo envolvimento francês na indústria do gás em Moçambique. O relatório, in…Hoje a Justiça Ambiental JA!, Amigos da Terra França e Amigos da Terra Internacional lançam um relatório que expõe o profundo envolvimento francês na indústria do gás em Moçambique. O relatório, in…
DO ELDORADO DO GÁS AO CAOS QUANDO A FRANÇA EMPURRA MOÇAMBIQUE PARA A ARMADILHA DO GÁS
Hoje a Justiça Ambiental JA!, Amigos da Terra França e Amigos da Terra Internacional lançam um relatório que expõe o profundo envolvimento francês na indústria do gás em Moçambique. O relatório, intitulado Do eldorado do gás ao caos Quando a França empurra Moçambique para a armadilha do gás, aprofunda como o governo francês, seus bancos e corporações fazem parte de uma teia de corrupção estatal, negócios de armas, violações de direitos humanos e diplomacia económica, tudo em prol dos interesses em torno de uma indústria de 60 bilhões de dólares que tem deixado a sua marca de destruição antes mesmo da primeira gota de gás natural liquefeito ter sido extraída.
O relatório mostra como o Estado francês, os grandes bancos privados incluindo o BNP Paribas, a Société Générale e o Crédit Agricole, e a gigante dos combustíveis fósseis Total, são alguns dos maiores beneficiários dos impactos devastadores da indústria na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
A JA! trabalha lado a lado com as comunidades locais que enfrentam directamente estes impactos no seu dia-a-dia. Temos presenciado vilas inteiras serem despojadas das suas casas, pescadores deslocados para locais muito distantes da costa, e a sua luta e desgosto por perderem a terra e o mar que têm sido o seu sustento durante gerações.
Temos estado presentes enquanto estas comunidades tentam falar nas reuniões onde a Total anuncia as dificuldades e perdas que estão por vir, e onde têm visto as suas vozes serem reprimidas. Falaram-nos do pesadelo dos insurgentes que aterrorizam a região com ataques violentos e fatais, e da mão pesada dos militares que foram destacados para proteger a indústria.
O relatório inclui informações detalhadas e actualizadas do terreno, e mostra quão longe as autoridades públicas francesas foram para garantir que a sua economia, banqueiros, indústria de combustíveis fósseis e armamento sejam os maiores beneficiários da exploração do gás, mesmo que isso signifique a destruição do meio ambiente, da vida e da economia locais, bem como do clima.
Com este relatório, a JA!, Amigos da Terra França e Amigos da Terra Internacional apelam para que o Estado francês, os bancos e as empresas de combustíveis fósseis se retirem do seu projecto em Moçambique, travem a dependência do país em combustíveis fósseis e acabem com os negócios diplomáticos corruptos que estão a deixar o povo moçambicano, e o planeta, num estado de privação e caos.
“A França está decidida a garantir que este gás beneficia, antes de mais nada, as ‘suas’ multinacionais, mesmo que isso signifique semear o caos e desencadear uma bomba climática, equivalente a sete anos das suas emissões de gases de efeito de estufa. O governo, a Total e seus banqueiros não parecem estar preocupados com a crise climática, com o inflamar de tensões numa região em chamas, e nem com a sua cumplicidade na corrupção e violações de direitos humanos”. – Cécile Marchand, da Campanha por Justiça Climática e Corporativa na Amigos da Terra França.
“A indústria dos combustíveis fósseis está a vender a mentira de que o gás é uma energia de transição. A nossa experiência com esta chamada transição, em Moçambique, é, na verdade uma transição da liberdade para as violações de direitos humanos, da paz para os conflitos, de populações agrícolas e pesqueiras para populações famintas e privadas dos seus meios de subsistência. A corrida ao gás, que está a exacerbar a crise climática e a beneficiar apenas as empresas multinacionais e as elites corruptas, tem de parar”. – Anabela Lemos, Directora da Justiça Ambiental – Amigos da Terra Moçambique.
Sumário Executivo em Inglês: https://www.foei.org/resources/gas-mozambique-france-report
Relatório Português: https://www.foei.org/wp-content/uploads/2020/06/Gas-Mocambique_Portuguese.pdf
Relatório Francês: https://www.foei.org/wp-content/uploads/2020/06/De-l-eldorado-gazier-au-chaos_Gas-au-Mozambique_Amis-de-la-terre_rapport_FR.pdf
Para questões de imprensa, por favor contacte:
Cécile Marchand, Amigos da Terra França, cecile.marchand@amisdelaterre, +33(0)669977456
Daniel Ribeiro, Justiça Ambiental, daniel.ja.mz@gmail.com, +258842026243
Amigos da Terra Internacional, press@foei.org
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Alvaro Simao Cossa Muita poeira!
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Pedro Pereira Lopes Tive a mesmíssima opinião.
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António Do Rosário Grispos Percebi...antes de ler o sentido da “desinformação”.