Líder do Zimbabué já não vai, afinal, ser embaixador da boa-vontade da Organização Mundial de Saúde (uma agência das Nações Unidas). Críticas à nomeação levaram ao recuo pelos responsáveis.
Robert Mugabe já não vai, afinal, ser embaixador da boa-vontade da Organização Mundial de Saúde, uma agência das Nações Unidas. A decisão de voltar atrás com o convite, que já teria sido aceitado pelo líder do Zimbabué, veio na sequência das fortes críticas por parte de organizações de defesa dos direitos humanos devido ao longo historial de sanções internacionais ao regime de Mugabe.
A mesma pessoa que havia anunciado, com satisfação e “honra”, o convite a Mugabe foi a mesma a anunciar, agora, que o convite será retirado. O diretor-geral da OMS, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, diz que “nos últimos dias”, teve oportunidade de “refletir” sobre a nomeação — uma “reflexão” que concluiu que a nomeação deveria ser cancelada.
Ghebreyesus garantiu que a decisão de convidar Mugabe foi sua, e só sua, e explicou que ouviu as críticas e consultou várias partes, incluindo o “Governo do Zimbabué”, e concluiu que “esta decisão é a que melhor serve os interesses da Organização Mundial de Saúde”. O etíope agradeceu a quem partilhou consigo (e com o resto do mundo) as suas “preocupações e pensamentos”. “Eu conto com um debate construtivo para me ajudar no trabalho que fui eleito para fazer”, rematou.
O presidente do Zimbabué tinha ficado encarregado de promover o combate das doenças não transmissíveis em todo o continente africano. Tedros Adhanom Ghebreyesus referiu-se ao Zimbabué como “um país que coloca o acesso universal aos cuidados de saúde e a promoção da saúde no centro das suas políticas”. O que provocou a ira de alguns comentadores e responsáveis de outras instituições sociais, como a Human Rights Watch. Ian Levine, responsável dessa instituição, considerou a nomeação um “embaraço” para a OMS.
A escolha do ditador, que desde 1980 lidera com punho autoritário o Zimbabué e tem sido desde então inúmeras vezes sancionado internacionalmente por violações dos direitos humanos, corrupção e fraude eleitoral, foi contestada em todo o mundo.
O porta-voz do maior partido da oposição no Zimbabué, o MDC, considerou a escolha “para rir”. Ou chorar: “O sistema de saúde do Zimbabué está num estado caótico, isto é um insulto. Mugabe destruiu o nosso sistema de saúde. Deixou que os nossos hospitais públicos colapsassem e agora quando ele ou a família dele têm de fazer tratamentos vão para fora, para Singapura”, acusou o porta-voz do partido, Obert Gutu, citado pelo The Guardian.
Robert Mugabe nomeado embaixador da boa-vontade das Nações Unidas
Presidente do Zimbabué há 31 anos já foi sancionado inúmeras vezes por violações dos direitos humanos. Acaba de ser nomeado embaixador da boa-vontade pela Organização Mundial de Saúde.
A novidade foi comunicada numa cerimónia esta sexta-feira no Uruguai, na presença do próprio: Robert Mugabe, 93 anos, é o mais recente embaixador da boa-vontade da Organização Mundial de Saúde (OMS), agência especializada das Nações Unidas.
“É uma honra anunciar que o presidente Mugabe aceitou”, foi como Tedros Adhanom Ghebreyesus, desde junho diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, introduziu o tema, para logo depois explicar que o presidente do Zimbabué ficará encarregado de promover o combate das doenças não transmissíveis em todo o continente africano. Ghebreyesus, etíope, referiu-se ainda ao Zimbabué como “um país que coloca o acesso universal aos cuidados de saúde e a promoção da saúde no centro das suas políticas” — ainda assim, quando tem problemas de saúde, Robert Mugabe apanha um avião para ser assistido em Singapura.
A escolha do ditador, que desde 1980 lidera com punho autoritário o Zimbabué e tem sido desde então inúmeras vezes sancionado internacionalmente por violações dos direitos humanos, corrupção e fraude eleitoral, está a ser contestada em todo o mundo.
Ian Levine, diretor da Human Rights Watch, apressou-se a qualificar, via Twitter, a nomeação como um “embaraço” para a OMS.
Já o porta-voz do maior partido da oposição no Zimbabué, o MDC, considerou a escolha “para rir”. Ou chorar: “O sistema de saúde do Zimbabué está num estado caótico, isto é um insulto. Mugabe destruiu o nosso sistema de saúde. Deixou que os nossos hospitais públicos colapsassem e agora quando ele ou a família dele têm de fazer tratamentos vão para fora, para Singapura”, acusou o porta-voz do partido, Obert Gutu, citado pelo The Guardian.