Sunday, May 4, 2014

Não há recenseamento em Gorongosa, mas há retomada de acções militares

Não há recenseamento em Gorongosa, mas há retomada de acções militares

Eleições Nacionais 2014
Quando faltam 5 dias para o fim da prorrogação:
Até a manhã de hoje (Domingo), as oito brigadas que devem efectuar o recenseamento eleitoral nas zonas de conflito armado em Gorongosa ainda se encontram paralisadas na sede do Distrito.
A Renamo retomou os ataques à N1 perto de Múxunguè ontem, e o porta-voz da Renamo António Muchanga afirma que o nos últimos dias tem-se intensificado o movimento das Forças de Defesa e Segurança em Gorongosa. Mas o director nacional de Política de Defesa e Segurança no Ministério da Defesa Nacional (MDM) afirmou que “Não é verdade que estamos a concentrar forças militares na zona de Gorongosa."
Muchanga afirmou a este Boletim, que permanece o impasse entre o Governo e a Renamo quanto a necessidade de enviar as brigadas escoltadas pelas PRM. Segundo Muchanga, a deslocação das brigadas ao terreno foi interdita pelo Governador da Província de Sofala Félix Paulo, em cumprimento de orientações superiores (do Presidente da República).
A mesma fonte disse que isso não augura nada de bom, nem mudanças nos próximos dias.
Novos ataques as colunas de viaturas na EN1
Foram registados dois ataques as colunas de viaturas civis, protegidas por militares das Forças de Defesa de Moçambique na Estrada Nacional 1 (EN1). Cinco civis foram feridos, incluindo uma criança.


Os primeiros ataques registaram-se na manhã deste Sábado, um na zona do Rio Ripembe e outra no troço Muxúnguè-Zove (cruzamento para o distrito de Machanga). Isto foi confirmado pelo porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Sofala, Daniel Macuácua, citado hoje pela Rádio Moçambique.
Uma terceiro ataque no fim da tarde deste sábado for reportado pelo jornal @Verdade.
Renamo ameaça por fim ao cessar-fogo
Segundo informou a AIM neste Sábado (3), a Renamo ameaçou em reactivar todas as suas bases a escala nacional para desencadear ataques em todas as zonas do país.
Esta ameaça foi feita pelo porta-voz do Presidente da Renamo, António Muchanga, na sexta-feira (2) em conferência de imprensa, em reacção a uma alegada movimentação bem como a concentração de forças na zona de Gorongosa, província central de Sofala, com mero objectivo de “aniquilar fisicamente” o líder da Renamo.
As movimentações, segundo Muchanga, perigam todos os ganhos até aqui alcançados a nível do diálogo político, entre o Governo e a Renamo, uma vez que se trata de uma demonstração inequívoca da parte do Governo para uma solução militar.
Sendo assim, a Renamo, na voz de Muchanga, ameaça estender os ataques à escala nacional. “E porque estamos nessa situação não resta mais nada aos comandantes das outras regiões senão activar as forças da Renamo estacionadas noutros cantos do país porque está a faltar seriedade do lado do Governo e não se pode continuar passivo”, ameaçou Muchanga, que é também membro do Conselho do Estado.
Em reacção a estas acusações, o director nacional de Política de Defesa e Segurança no Ministério da Defesa Nacional (MDM), Cristóvão Chume, afirmou ao Jornal “Notícias” que
“Não é verdade que estamos a concentrar forças militares na zona de Gorongosa para perseguir a seja quem for”.
MDM acusa a Polícia de obstrução da colecta de assinaturas
O mandatário para as eleições do MDM e deputado na Assembleia da República José Manuel de Sousa, em alguns distritos e cidades, acusou a polícia de estar a condicionar a recolha de assinaturas, e até mesmo de ter detido membros do MDM, de acordo com AIM.
Sousa acusou a polícia de estar deliberadamente a prejudicar as atividades do seu partido, tendo citado como exemplo, que na cidade de Inhambane, dois policiais à paisana no dia 14 de Abril foram para a casa de um delegado do MDM, José de Araújo, e confiscaram duas listas de assinaturas em apoio a Daviz Simango, incluindo todos os cartões de eleitor do 20 cidadãos que tinham assinado. Araújo pretendia levar as listas e os cartões para um notário para a autenticação das assinaturas.
O mesmo aconteceu à 12 de Abril, na província nortenha de Cabo Delgado, onde três membros do MDM foram detidos quando se deslocavam ao notário no distrito de Namuno, onde pretendiam reconhecer as assinaturas. A polícia alegou os três estavam a cometer um "crime eleitoral" e deteve-os por um dia. Situações similares têm acontecido na Beira e em Nampula.
Sousa afirmou que, mesmo no reduto MDM da Beira, quatro membros foram detidos em 21 de abril, durante a coleta de assinaturas no bairro da Ponta-Gea.
Questionado pela AIM, se havia protestado ao Conselho Constitucional (CC), Sousa afirmou que o partido entrou em contacto com o CC, e foram informados que, uma vez que se trata de caso de polícia, eles devem protestar contra o Ministério do Interior.
Uma fonte no CC informou a AIM que, eles não têm poder legal de tomar qualquer ação sobre estas matérias. Segundo a fonte, o MDM, deve levar o assunto a Comissão Nacional de Eleições (CNE). AIM entende que o MDM deve, efectivamente, apresentar o seu protesto à CNE e ao Gabinete do Procurador-Geral da República.
In Boletim sobre o processo político em Moçambique por CIP e AWEPA
Número EN 21- 4 de Maio de 2014

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Comments

1 Jose Carlos Cruz said...
“E porque estamos nessa situação não resta mais nada aos comandantes das outras regiões senão activar as forças da Renamo estacionadas noutros cantos do país porque está a faltar seriedade do lado do Governo e não se pode continuar passivo”, ameaçou Muchanga, que é também membro do Conselho do Estado.

"E porque estamos nesta situação não resta mais nada aos comandantes das outras regiões, se não activar as forças nos outros cantos do país porque falta seriedade do outro lado e não se pode continuar passivo perante esta atitude irresponsável do Presidente Guebuza, mesmo sem a concordância do Presidente Dhlakama".

O segundo texto é tirado do comunicado de imprensa divulgado neste blog Moçambique para Todos. O primeiro texto é tirado deste post, aparentemente citando uma informação da AIM.
Há uma diferença importante entre os dois textos. Qual é?

O comunicado de imprensa de Muchanga, o segundo texto, diz que os comandantes da Renamo, MESMO SEM A CONCORDÂNCIA DO PRESIDENTE DHLAKAMA, vão activar as forças nos outros cantos do país.

Porquê esta manipulação da mensagem da Renamo?

A Frelimo, segundo Alice Mabote, está a tentar adiar as eleições, porque não tem candidato suficientemente forte para levar o partido à vitória neste pleito eleitoral.

Creio que o argumento de Alice Mabote é difícil de dobrar. Ela deve estar a pensar assim:

- A nova lei eleitoral, imposta pela Renamo, retira à Frelimo muita margem de manobra para ganhar as eleições por meio de fraude.

- Se a Renamo consegue obrigar o governo a aceitar a integração dos seus quadros militares na polícia, a Frelimo não poderá impor a fraude pela força, como o tem feito em todas as eleições. A ameaça à Frelimo é agora a Renamo e Dhlakama ganharem as eleições, o que é proibido.

- Este o dilema da Frelimo: Aproxima-se o Fevereiro de 2015, data do fim do mandato de Frelimo e Guebuza. A quem entregar o poder?

- Uma saída é adiar as eleições para uma data posterior e tentar, nesse tempo, reconquistar a confiança do público. Para isto será preciso uma razão forte, e esta razão pode ser a tensão militar na região centro do País.

- O problema é que Dhlakama poderá não concordar, ou se concordar, os militares da Renamo não concordarem, porque eles já estão fartos de esperarem pela sua reintegração na sociedade de acordo com o Acordo Geral de Paz, desde 1992.

- Com efeito, a questão dos militares da Renamo é quente. Nenhum governo em Moçambique, mesmo que seja da Renamo e Dhlakama, pode simplesmente ignorar estas forças. Se não forem devidamente reintegradas na sociedade, passarão a constituir perigo para a sociedade.

- Por esta razão a Renamo insiste no segundo ponto da agenda das negociações com o Governo, que é a reintegração dos seus militares na sociedade, incluindo no exército e na polícia. Isto é importante para o futuro governo de Moçambique, que sairá destas eleições.

- Infelizmente, para a Frelimo, quadros militares da Renamo na cadeia de comando das forças de segurança é inadmissível, porque lhe retira a capacidade de garantir pela força a vitória nas eleições. Sim, pelas contas da Frelimo, leis eleitorais justas, forças militares que não obedecem aos dirigentes da partido, igual a vitória de Dhlakama e Renamo.
As consequências são impensáveis.

Acho mesmo que o pensamento de Alice Mabote está bem certo.

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