
Mz | Poder e Povo:
VENÂNCIO MONDLANE. SENTAR OU NÃO SENTAR? A CADEIRA QUE PESA MAIS QUE O CORPO
.
------ >> Um gesto constitucional que se tornou político, simbólico e pessoal: o dilema de Venâncio Mondlane sobre aceitar ou não o seu assento no Conselho de Estado. A cadeira está vaga. E agora, Venâncio?
.
.
Beira, Moçambique, 20 de Junho de 2025 (Hanif CRV – Media | “Verdade pela Verdade”) – A cadeira está lá. Reservada. Garantida pela Constituição. Não é um favor.
Mas o corpo que nela se deve sentar ainda hesita.
Venâncio Mondlane, segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2024, foi formalmente convocado pelo Presidente da República, Daniel Chapo, para participar na primeira reunião do Conselho de Estado, marcada para 24 de Junho — véspera do cinquentenário da independência nacional (Convocatória oficial, publicada no Facebook de Venâncio Mondlane, 20.06.2025 - https://www.facebook.com/share/p/19Nsze7jPZ/](https://www.facebook.com/share/p/19Nsze7jPZ/).
Mas a resposta ainda não veio. E não virá de ânimo leve.
“A aceitação ou não de fazer parte do Conselho de Estado vai depender de uma série de factores, batalhas, que eu já havia feito, que é a questão dos direitos humanos e respeito a um conjunto de acordos que tínhamos assumido de parte a parte que muitos deles não estão a ser cumpridos...” (Vídeo publicado por Venâncio Mondlane na sua página oficial, Facebook, 20.06.2025 - https://www.facebook.com/share/v/1ESL6NxHLq/)
Disse mais: que essa é uma reflexão partilhada com os seus “assessores e conselheiros”. Que não é um “almoço grátis”. Que a Constituição lhe dá esse direito — mas é o país que lhe exige uma decisão com peso.
UM LUGAR, MUITOS FANTASMAS
A disputa não começa na convocatória.
É o reflexo de uma eleição contestada, marcada por denúncias de fraude, apagamento da vontade popular e uma vitória que, para muitos, nunca foi legítima.
Venâncio foi, no papel, o segundo mais votado. Mas, no discurso popular, é ainda chamado de “Presidente do povo”.
Sentar-se agora ao lado de figuras do regime é mais do que um acto protocolar.
Pode ser lido como rendição — ou como infiltração estratégica.
Nas palavras do seu assessor político, Dinis Tivane, o dilema é profundo:
“Uma pessoa que leva chapada não se esquece nunca da ofensa, porém, quem deu a bofetada tem a ilusão de que a vítima se esqueceu ou se esquecerá... Venâncio Mondlane só vai tomar uma decisão que espelha seus valores e princípios.” (Facebook de Dinis Tivane, 20.06.2025 - https://www.facebook.com/share/p/1BxChhTaLR/)
O POVO JÁ FALOU. E ESPERA.
Nas redes, o debate ferve.
Comentadores deixam conselhos, cobranças, metáforas e advertências.
A maioria — quase unânime — quer vê-lo sentado. Mas não em silêncio.
“Se for para sentar e calar, então fique de pé. Mas se for para encarar esses velhotes e o Presidente Daniel Chapo nos olhos e dizer o que se passa cá fora, então sente-se já.” (Comentário de internauta/Facebook, 20.06.2025)
Alguns falam em servir a pátria. Outros invocam o pragmatismo político:
“Tem que estar muito próximo do inimigo para melhor lhe controlar.”
Há quem veja utilidade até nas regalias:
“Aquelas regalias vão servir de uma base para o povo tomar o PODER.”
E há vozes que reconhecem um líder que pensa com mais que a razão:
“Venâncio Mondlane atingiu o nível superior da inteligência onde não é só o sentido que o guia. Ele usa e confia cegamente na intuição, na abstracção... e quase nada nas emoções.”
(Dinis Tivane, ibidem)
SENTAR... MAS COMO?
O Conselho de Estado é, por definição, um órgão de consulta do Presidente.
O que se espera ali, historicamente, é deferência. Palavras polidas. Aplausos formais.
Mas o país espera outra coisa. Espera "ruído bom".
Espera que a cadeira "não domestique o corpo". Que Venâncio vá, não para ajustar-se — mas para "ajustar contas com a verdade". Que se sente — se for sentar — "como espinho, não como almofada".
E se não for? Haverá quem entenda. Mas também haverá quem diga que, mais uma vez, "o sonho foi adiado na última curva".
O GESTO QUE MARCARÁ OS 50 ANOS
Moçambique assinala meio século de independência num momento em que a democracia está sob profunda contestação.
O gesto de Venâncio Mondlane — seja ele qual for — não será apenas sobre um assento num conselho.
Será uma "declaração de rumo".
De identidade.
De luta.
De visão.
Ele sabe disso.
O país também.
Agora, resta esperar.
E quando decidir — que não seja apenas sentar-se. Que seja ocupar. Com tudo o que isso exige. © 2025 | Hanif CRV – jornalista freelancer / Hanif CRV – Media | Nome legal: Mahamad Hanif Mussa (MhM) | mhm.b.mz@gmail | +258 84/87 572 8092 | Revisão: ChatGPT | Foto: reprodução)
No comments:
Post a Comment