sexta-feira, 23 de abril de 2021

É a Covid-19, é a chuva, é a seca. Nunca é o MPLA

 

É a Covid-19, é a chuva, é a seca. Nunca é o MPLA

O Governo angolano assumiu hoje que a pobreza multidimensional no país se tenha “agravado para mais de 54%”, sobretudo devido às “dificuldades impostas pela Covid-19”, que se juntam ao “excesso de chuvas, à seca e outras calamidades”. Para dizer que tudo esta “pobreza multidimensional” tem na sua origem outras causas estamos cá nós. É essas devem-se a um vírus para o qual não existe, por enquanto, cura. Trata-se da pandemia MPLA-45.

Segundo o ministro da Economia e Planeamento angolano, Sérgio Santos, que admitiu um “aumento da população em condição de vulnerabilidade no país” (pobreza em português acessível), os dados sobre a pobreza em Angola estão a ser permanentemente actualizados.

“Os dados mais recentes da pobreza multidimensional, publicados pelo INE (Instituto Nacional de Estatística), davam um nível preocupante de pobreza em Angola na ordem de 54%, sabemos que este número poderá ter-se agravado, sobretudo no último ano”, afirmou hoje o ministro angolano, quando questionado pela Lusa.

Para Sérgio Santos, a Covid-19 contribuiu para o “aumento do grau de vulnerabilidade” (repita-se: pobreza em português acessível) de muitas famílias no país, que perderam o seu rendimento em consequência da pandemia, agravado com “situações preocupantes como excesso de chuvas ou a falta delas”. É a Covid-19, é a chuva, é a seca. Nunca é o MPLA.

As “calamidades naturais poderão também ter tirado rendimento a muitas famílias, portanto esses dados têm de ser permanentemente actualizados”, apontou.

O ministro falava hoje no final de cerimónia de apresentação do programa sobre o “Reforço das Sinergias entre a Protecção Social e a Gestão das Finanças Públicas”, orçado em 1,8 milhões de euros, financiados (é claro!) pela União Europeia (UE).

O governante considerou que o programa apresentado visa melhorar a condição de vida dos angolanos, porque o “nível de vulnerabilidade no país ainda é elevado” e, com a crise da Covid-19 e outras situações, a população vulnerável tem estado a aumentar.

“Por isso, queremos agradecer aos nossos parceiros de desenvolvimento, porque a preocupação principal do nosso Governo é com o bem-estar social, o que queremos com todos os programas que temos é melhorar a condição de vida dos angolanos”, assinalou.

O programa lançado hoje, em Luanda, que será implementado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), prevê fortalecer a capacidade das instituições públicas para aumentar o orçamento e melhorar a prestação de serviços de protecção social em Angola.

Sérgio Santos reiterou a agradecimento do Governo angolano para com as Nações Unidas e a UE “neste momento que é difícil para todos os países do mundo”.

Considerou o momento “muito importante” na cooperação com os parceiros internacionais porque, notou, é preciso “fazer tudo para não deixar ninguém para trás”, para apoiar as populações, “principalmente aquelas mais vulneráveis”.

O envelope de financiamento da União Europeia “é destinado para oito países do mundo, Angola foi seleccionada como sendo um país preocupado com o desenvolvimento social, alinhado com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável”.

A “melhoria de sinergias” entre os vários departamentos ministeriais dedicados aos três pilares da protecção social em Angola, nomeadamente a protecção social de base, segurança social e complementar, consta entre as “acções imediatas” a serem desenvolvidas.

“Pensamos que com este esforço financiado pela UE vamos poder, até ao final do projecto, em 2022, trazer coisas concretas para melhorar as sinergias dos nossos programas na área social”, frisou.

Um dos produtos concretos desta sinergia, sublinhou Sérgio Santos, vai ser a melhoria das estatísticas.

“Portanto, aos beneficiários dos programas sociais, queremos promover maior digitalização, capacitação dos técnicos que trabalham com a protecção social e melhor alinhamento dos programas por forma a optimizarmos os poucos recursos que temos”, rematou.

Entretanto, o ministro da Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, disse hoje à agência de informação financeira Bloomberg que a economia deverá crescer 1% este ano e que as taxas de juro poderão descer quando a inflação abrandar. Por outras palavras, quando forem plantadas com a raiz para baixo… as couves vão sobreviver.

A economia vai crescer 1% este ano depois de cinco anos de contracção, graças ao crescimento em sectores como a agricultura e a construção, com várias reformas lançadas para diversificar a economia, disse Manuel Nunes Júnior, salientando que uma recuperação nos preços do petróleo também ajudou a estabilizar as reservas totais do país para cerca de 15 mil milhões de dólares, cerca de 12,5 mil milhões de euros, o equivalente a um ano de importações.

“Em 2020, a tendência claramente descendente da inflação foi interrompida pelo impacto da pandemia de Covid-19”, afirmou o governante em resposta a questões da Bloomberg, na qual afirmou que “este ano será retomado a trajectória descendente da inflação e serão criadas as condições económicas para que as taxas de juro nominais possam ser ajustadas em baixa”.

O Banco Nacional de Angola mantém a taxa de juro de referência inalterada nos 15,5% há quase dois anos, apesar de vários bancos centrais africanos terem abrandado a política monetária em 2020 para proteger as economias do impacto negativo da pandemia.

O regulador angolano, ao invés de usar os instrumentos de política monetária, tentou moderar a subida dos preços ajustando o montante de circulação de kwanzas na economia, mantendo-o em linha com os objectivos da inflação, já que muita da pressão sobre os preços vem do aumento das importações na sequência de uma depreciação do kwanza.

“O problema com as taxas de juro em Angola tem a ver com a estrutura da economia, que é ainda muito dependente das importações, ao mesmo tempo que depende de um só produto para as suas exportações”, explicou o ministro, referindo-se ao petróleo, que vale cerca de 90% das vendas de Angola ao estrangeiro.

Ora aí está. Incompetência governativa que brada aos céus e que, apesar de já ter 45 anos sempre nas mãos dos mesmos, o MPLA, continuar a apostar nos néscios bajuladores e a “assassinar” os génios críticos.

A inflação em Angola está nos 24,8%, tendo descido ligeiramente face aos últimos meses, mas em 2016 estava acima dos 40%, tendo caído para menos de 20% em 2019, quando a moeda começou a depreciar-se.

O desenvolvimento de Angola depende da diversificação económica, daí que não se deve perder o foco em relação ao ambiente de negócios, adoptando-se um processo de melhoria contínua e sustentável, afirmou no dia 7 de Janeiro de 2019 o ministro Manuel Nunes Júnior. O mundo parou perante tão original e inédita conclusão. Quem sabe… sabe.

De pérola em pérola, e com todos os líderes mundiais e pedir traduções da entrevista feita à medida e por medida ao Jornal de Angola, Manuel Nunes Júnior sublinhou que “a questão da melhoria do ambiente de negócios é fundamental”, tendo em conta que “a economia nacional ainda precisa de melhorar em diversos aspectos”.

Com efeito, disse o ministro que esta tem sido uma preocupação do Executivo, que pretende resolver com urgência duas das principais inquietações dos investidores estrangeiros e nacionais, designadamente a escassez de divisas e a corrupção.

Neste sentido, e em relação à corrupção, Manuel Nunes Júnior adiantou que embora haja ainda muito a fazer, já não restam dúvidas de que o Executivo, liderado pelo seu patrão, o Presidente João Lourenço, tem dado passos claros para moralizar a sociedade e minimizar os seus efeitos na gestão do país.

“O futuro de Angola depende da diversificação económica e portanto não perderemos o foco em relação ao ambiente de negócios – adoptaremos um processo de melhoria contínua e sustentável”, referindo que o Kwanza está agora relativamente mais estável.

Segundo o ministro, na altura tinha a designação de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, a estabilidade política que Angola oferece era vista com admiração (diríamos até com veneração) pelo resto do mundo e é algo a preservar, uma vez que a influência do país na região já está mais do que comprovada em África e no mundo. Está mesmo. Estamos, aliás, em crer que Manuel Nunes Júnior é um sério candidato ao Prémio Nobel da Economia… se não for para João Lourenço.

Folha 8 com Lusa

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