terça-feira, 2 de agosto de 2022

Tiro tribal de Chipande e a assunção do fracasso da construção da nação moçambicano

 

Tiro tribal de Chipande e a assunção do fracasso da construção da nação moçambicano
O antigo combante da Luta de Libertação Nacional, Alberto Chipande, a quem a história lhe atribui a autoria do primeiro tiro que deu início à luta contra o colonialismo português, insurgiu-se, ontem (Televisão de Moçambique), durante uma palestra aos jovens da Frelimo contra a tribalização da administração pública. Segundo ele, a administração pública é constituída por linhagens tribais.
"Você há-de ver num ministério, uma fila do mesmo tribo (sic). Eu fiquei escandalizado, sabe, quando vi aquele TRIBUNAL ali, naquela tenda ali (julgamento do caso das dívidas ocultas). A maioria são do sul. Desculpa lá. Maronga e manhambana, e machangana de Gaza. Um pouco txu, foram buscar mwanachuabo ali. E outros deixaram aonde? Macondes e macuas, senas e ndaus? É isto?" (Chipande in TVM, 24/07/2022).
A mensagem de Chipande encerra uma ambiguidade. Primeiro, não se percebe se está a defender que o tribunal que está a julgar o caso e a respectiva procuradoria deviam ser constituídos por juízes e procuradores de todas as regiões ou se está a defender que devia haver nos autores das dívidas ocultas pessoas doutros grupos como ndaus, senas, macondes, macuas, entre outros. Quer numa como noutra interpretação, os pronunciamentos de Chipande são bastante graves e reveladores de que o projecto de construção da nação, defendido por Samora foi abandonado e morto.
Se está a defender a segunda interpretação de que até na corrupção dever haver representatividade tribal, estamos lixados. Estamos lixados porque o caso das dívidas ocultas é o mais vergonhoso da história de corrupção em Moçambique. Defender a inclusão ou quotas nos actos de corrupção é, no mínimo, um comportamento de quem perdeu a consciência dos valores do Estado e do partido que ele mesmo participou na sua construção desde o início.
Se está a defender que os tribunal e Procuradoria estão constituídas por pessoas do sul de Moçambique, Alberto Chipande está a ser ingénuo, intriguista, manipulador e perigoso para a estabilidade sócio-política do país . E está a assumir que o partido de que é membro do Comité Central e da Comissão Política desde que foi fundado há 60 anos tomou decisões orientadas para o tribalismo. Está igualmente a assumir que o Estado de que ele é peça chave e detém o poder de influenciar no processo de tomada de decisão fracassou completamente no processo da construção do Estado-Nação.
Moçambique foi, desde 1975, governado por um único partido: a Frelimo. Nunca houve governo da oposição que a Frelimo pudesse atribuir-lhe a culpa pelo estrangulamento do seu projecto de construção do Estado Nacional. Foi sempre a Frelimo.
Chipande não precisava que Afonso Dhlakama morresse para lhe dar razão. É que esta alegação de sulização do país foi sempre o cavalo de batalha de Afonso Dhlakama. Na altura se dizia que Dhlakama estava a tentar fazer aproveitamento político.
Quando o tribalismo é destilado por um herói nacional da primeira linha, um membro do Comité Central da Frelimo e da Comissão Política, um antigo ministro e governador, isso sinaliza o que país não tem mais futuro. O futuro vai ser de conflitos tribais, em que o sul será o culpado de todos os males do país. Ora, essa é visão míope de quem não tem ou que finge não ter a dimensão dos problemas do país. Para o conhecimento de Chipande, a província de Gaza, dos tais machanganas de Gaza, é a mais pobre de Moçambique com uma despesa mensal por agregado familiar de 4.977 MT e uma despesa mensal per capita (por pessoa) de 1008 MT. Seguem-se Nampula e Zambézia com despesas mensais por agregado familiar de 5238 e 5380 MT e uma renda mensal per capital de 1124 e 1132 MT, respectivamente (IOF, 2021).
Tomar Maputo como todo o sul do país é o erro, não apenas metodológico como de concepção. O mesmo erro que fez com que a Frelimo, em 47 anos de independência, não conseguisse perceber que Maputo não é Moçambique. Por isso, foi concebendo os planos de desenvolvimento (se é que existiram) tomando Maputo como todo o país. É assim que se pensa neste país. A culpa de Gaza e Inhambane é justamente por se localizarem próprio a Maputo.
A concepção de Maputo como Moçambique foi e continua determinante na alocação dos grandes investimentos em Maputo. O projecto Ponte Maputo – Catembe e a respectiva circular consumiu investimento provavelmente suficiente para a reconstrução da Estrada Nacional Número 1. Pelo menos os troços problemáticos. Esta visão foi e está a ser responsável pelo êxodo dos jovens dos distritos e de todas as províncias para Maputo em busca de melhores oportunidades. Hoje, temos as cidades de Maputo e Matola e os distritos arredores (Marracuene, Boane, Namaacha, Matutuine, Moamba e Manhiça), com crescimento populacional juvenil assustador. É que todas as oportunidades estão em Maputo e nunca houve descentralização dessas oportunidades.
O primeiro maior problema da Frelimo foi centralizar o ensino superior e o sector de saúde. No sector de Saúde, os melhores hospitais estão em Maputo. O Hospital Central de Maputo ainda recebe doentes provenientes de outras províncias.
Durante muitos anos, as melhores universidades públicas (mais acessíveis à maioria das populações jovens) estavam centralizadas. A Universidade Eduardo Mondlane só existia em Maputo. Idem em relação à extinta Universidade Pedagógica. A Universidade Joaquim Chissano continua em Maputo. Isto significava que qualquer que quisesse fazer o ensino superior tinha que criar condições para abandonar o seu distrito e província para Maputo. No final da formação, as melhores oportunidades estavam em Maputo. Por isso, raramente regressavam aos seus distritos. Ainda hoje, as melhores oportunidades de formação continuam em Maputo.
Vamos imaginar um jovem de Mocímboa da Praia, Palma, Ibo (Cabo Delgado), de Memba, Moma, Angoche (Nampula), de Ngaúma, Marrupa (Niassa), de Massangena, Chicualacuala e Chigubo (Gaza), de Mabote, Funhalouro (Inhambane), de Ile e outras zonas de Zambézia, Sofala, Tete e Manica, que concluísse a 12ª classe e quisesse seguir o ensino superior, e essa oportunidade apenas estava em Maputo. Como faria? É aqui onde Gaza e Inhambane tinham maiores vantagens do que as restantes províncias, devido à sua proximidade com Maputo. Era mais fácil um pai em Gaza ou Inhambane vender duas ou três cabeça de gado para suportar os estudos do filho numa universidade em Maputo do que um pai nas províncias de centro e norte do país. Ademais, grande parte das famílias em Gaza e Inhambane tinham as minas e farmas sul-africanas como fonte de suas rendas para custear as despesas dos seus filhos nas universidades de Maputo. E não só, tinham sempre um familiar ou conhecido que pudesse acolher o seu filho. Foi assim comigo. Caso contrário não teria estudado até onde cheguei.
O que quero dizer com isso? Quero dizer que se temos uma administração pública cheio de pessoa do sul, como afirma Chipande, isso é, certamente, reflexo da política da Frelimo de privilegiar Maputo como Moçambique e ignorar as províncias. Por isso, todas as oportunidades foram sendo concentradas em Maputo, onde há maior concentração de pessoas do sul por razões óbvias de proximidade geográfica e de procura de melhores oportunidades e condições de vida. Até hoje, isso é visível. Ontem Tete empregava mais pessoas que vinham de Maputo do que os locais. Palma tinha mais pessoas a trabalhar nas multinacionais e nas empresas que prestam serviços a elas, provenientes de Maputo do que de Pemba, Macomia, Mocímboa e da própria Palma. Hoje, há muita gente de Maputo que sai para concorrer a vagas noutras províncias. Isso não é tribalismo. Não podemos criar essa confusão. Isso acontece porque as pessoas que se vêm formando em Maputo têm melhores oportunidades de estudos do que as de outras províncias. Gaza e Inhambane são também vítimas desse fenómeno.
De quem é a culpa disto tudo? A culpa é de Chipande e sua companhia que durante 47 anos da Frelimo no poder não conseguiram redistribuir as oportunidades pelas províncias. Não conseguiram distinguir Maputo de Moçambique. Foram concentrando tudo em Maputo.
Por outro lado, entendo este argumento tribal de Chipande como mobilização regional inserida no processo de sucessão política na Frelimo, no sentido de se evitar que a partir do sul surjam candidaturas à sucessão do Presidente Filipe Nyusi. Chipande está a emitir sinal para dentro da Frelimo de que estão atentos aos ventos que sopram do sul e os seus agitadores devem desistir dessa intenção de se envolver no barulho de sucessão interna, porque esse é assunto do centro e norte. Ou seja, está a alertar que se isso vier a acontecer, não haverá problemas de mobilização regional contra o sul. São processos internos de um partido que podem colocar o país todo em conflito.
Chipande não é gago, não é ingénuo, não perdeu suas faculdades mentais. O que ele diz é resultado de conversas dentro das alas do partido Frelimo.
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Gabriel Muthisse, Estevao Matusse ve 83 diğer kişi
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  • Gabriel Muthisse
    Uma dúvida. Os filhos do General Chipande, nascidos em Maputo e formados em (ou a partir de) Maputo, quando forem procurar emprego em Tete ou em Palma, dir-se-á que são de onde? De Mueda? Ou de Maputo? Eu acho que essa regionalização (ou tribalizacao) começa a ser problemática.
    Veja-se que ainda não cheguei aos netos do General. De onde são os netos do General Chipande?
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    • Lázaro Mabunda
      Gabriel Muthisse Boa pergunta. Engrossam o sul odiado.
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    • Raul Junior
      Gabriel Muthisse, o General disse o que lhe vem na alma. Não vamos tentar colocar paninhos no que disse fazendo questionamentos. Presidente Guebuza disse num dos fora político que sentia o tribalismo similar ao de 1962. Há pessoas que realmente não tiraram isso das suas consciências e, no caso, das suas subconciências. Parece que o General não aprofundou muitos os estudos e isso tem consequências. Cabe às pessoas que aprofundaram ter de compreender. Não cabe a ele. Ele já disse que os do Sul estão cheios nas repartições públicas e são ladrões (portanto inclui os seus camaradas com se senta nos cafés e em todos os momentos. Imagine Chissano se não fosse ponderado? Como engoliria este sapo?). Não é só hoje que o general Chipande aparece publicamente a alfinetar o suposto imaginário Sul (dos machanganas e dos marhongas). Ele já disse, no passado de forma poética, que o Presidente Nyusi tinha apanhado os cofres vazios. Isto diz muito. A mensagem ficou e cabe a cada um do tal Sul se conformar como quem enche as repartições públicas e que só pensa em roubar. Podíamos trazer elementos que sustentam o contrário (makondização dita pelo edil de Quelimane), mas não somos pequenos (palavras de Samora Machel). O general poderia neste momento explicar a todos por que razão a frente Cabo Delgado durante todo o conflito armado não conseguiu progredir em todo então distrito. Por que razão se abriu a frente Tete. Somos moçambicanos, as diferenças são naturais tal como filhos do mesmo pai e mesma mãe. Eu é que estou lixado nestas conversas porque meu pai nasceu em Palma, minha mãe Mussorize, eu no Chibuto e meus filhos em Maputo. Acho não tenho pátria e pior para os meus filhos. O general está na reserva, pois não? Por que razão insistem - no que fale em público?
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    • Gabriel Muthisse
      Vasco Bento José Chaleca para debater é preciso entender o argumento do outro. Já agora em que província nasceu? Vamos supor que nasceu em Sofala e estudou e vive no Maputo. Se for a concorrer por uma vaga em Tete ou em Palma os nativos dirão que é donde? Sabe quantos somos que viemos estudar no Maputo e não regressamos para as nossas províncias? Centenas? Milhares? Ou mais de um milhão? O argumento é este. E se não entende isto não tem como debater. A questão nunca foi do número de filhos deste ou daquele.
      Não reparou que eu afirmei por aí que o meu Primo Cal Barroso era do Maputo, apesar de eu saber que ele é de Maganja da Costa?
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    • Cal Barroso
      Gabriel as pessoas leem as pressas primo 😂😂😂.
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    • Ana Paula Tui
      Se todos eles imigraram para o sul onde constituíram famílias se tornaram desta feita do sul
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    • Zacarias Matuassa
      Gabriel Muthisse. Uma colocação extremamente inteligente.
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  • Elvino Dias
    Um texto que devia ser publicado num jornal. Excelente colocação.
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  • Sergio Serpa Salvador
    De facto, foram pronunciamentos muito problemáticos.
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  • Rafael Duarte
    Eu tenho uma percepção diferente alicerçada na segunda hipótese. Se forem a prestar atenção, os caloteiros são pessoas do mesmo círculo ou seja, existe ali uma proximidade parentesca na sua maioria, o que significa que as instituições são muitas vezes a base do regionalismo. Eu trabalhei num distrito onde uma familia tinha lá 10 funcionários, será que essa familia é a mais merecedora. Se quiserem podem visitar empresas publicas verão que Chipande tem razão. Nesse post os maiores criticos ao general notoriamente são da mesma zona, isso denota o grande problema que ninguém quer tocar ou debater honestamente.
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    • Constantino Pedro Marrengula
      Rafael Duarte, o tribalismo é normal. Faz sentido, nalguns casos. O problema ocorre quando este é facilitado, normalizado,por via das instituições formais, ou quando estas são facilmente contornadas para perpectuar lógicas privadas a custa do colectivo.
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    • Rafael Duarte
      Constantino Pedro Marrengula Brazao Catopola fez um belo texto sobre as falas do General Alberto Chipande. Com a sua permissão, reproduzo-a. Leiam a seguir
      Os Problemas do General Chipande
      O general Chipande fez uma exposição há dias que provocou um alvoroço de reações interessantes sobretudo pela forma como disse, pela aparente incoerência e por tocar naquilo que machuca. Devo dizer que esta palestra e o conteúdo não me surpreenderam. Há pouco mais de 5 meses assisti uma palestra dada por ele na ACIPOL e questionei sobre algumas “coisas estranhas”. Identifiquei neste sentido, três problemas graves:
      1) Do tipo de exposição discursiva e uso da língua portuguesa na construção de um discurso linear e consequente.
      Como acima disse assisti uma palestra dada por ele nestes moldes. Eu acredito que o problema inicial está nas instituições e ou pessoas que o convidam para assim proceder. Acho que o ponto importante quando chamamos alguém para uma palestra ou fazer passar o seu pensamento, temos de ser capazes de identificar as características deste indivíduo. O General Chipande não é uma pessoa para esse tipo de exposição. No meu ver, podia se pautar por uma conversa aberta dirigida e controlada pelos interessados, estilo uma entrevista pública. E é aqui onde começa o problema. Chipande pode falar português, mas saberá respeitar a lógica discursiva para uma palestra que exige mais do que apenas falar? Creio que não, e fundamento com exemplos: a) O General Chipande tem como sua tese a tribalização do estado como um problema sério e atentado a unidade nacional. Para demonstrar fá-lo com recurso a exemplos de instituições do estado em que os chefes estão ladeados dos seus conterrâneos. Os lugares de posses são para eles. No entanto, no mesmo discurso usa as dívidas ocultas como tendo sido praticas por “machanganas” e alguns “machuabos” e ainda questiona onde ficam os makondes, makhuwas etc. Em linguística existe, quando se fala de coerência e coesão textual – macrolinguística -, a figura de coesão imediata, mediata e posterior. É a este nível onde se situa o problema do General Chipande, na transição discursiva e o recurso a conectores (que podem ser de vários estilos e modos). Quando ele questiona onde ficam os makhuwas, Makondes, etc. não está a tribalizar a corrupção e muito menos dizer que uns são mais corruptos que os outros. Está, sim, a usar um exemplo de como a tribalização do estado levou a que as dívidas ocultas fossem apenas por um grupo (repare que ainda não estamos no âmbito da corrupção ser boa ou má). O que cria ruído nesta frase é a conexão completamente tardia entre a ideia de tribalização do estado e as dividas ocultas como exemplo. Não se trata de tribalizar a corrupção, mas de exemplificar a tribalização do estado num caso mediático.
      2) Da coragem tardia de tocar na ferida
      O único diferencial do que o general aponta no seu discurso sobre a tribalização do estado é o facto de nós não sabermos que ele estava zangado com este fenômeno. Embora nos sintamos mal com isso, não deixa de ser verdade que é uma realidade e aliás, o exemplo que ele mesmo dá pode ser usado como uma questão da tribalização do estado. Vamos partir dos eventos mais simples: há anos se debatia sobre a sucessão do poder em Moçambique e que o ponto era “o próximo presidente de Moçambique deveria ser do Norte”. Podemos falar, se quisermos, de coincidência, mas foi o que aconteceu. Faz anos em que o Ministério da Defesa nas suas estruturas de poder é conotado com Makondes e Yaos. Faz anos em que os ministérios de grandes recursos financeiros e importantes como Finanças, transportes, turismo têm uma conotação como de pertença aos do sul. Faz anos em que as principais instituições financeiras do estado estão conotadas com as pessoas do sul. Gostemos ou não esse é um facto. Faz anos que os grandes empregos e postes de trabalho são conotados com pessoas de certas regiões. Alias, no estudo sobre governação e paz, entrevistados de Cabo Delgado diziam que em Palma e Afungi não vendiam nada as pessoas do Sul (nos projetos de gás), por que estas iam lá ocupar seus lugares e eles os nativos não tinham acesso a nada. O Professor Feijó há dias na TVM disse que 90% das pessoas evacuadas nos distritos de palma, nos projectos de gás eram do sul. Terá essa informação algum peso para discutir a tribalização do estado? Penso que sim. Quando uma população discrimina outra, passa a não as considerar parte do processo de desenvolvimento local isto é um sinal claro da tribalização quer do estado. Recordemo-nos que a etnização se desenvolve na relação. Eu apenas serei diferente do outro se houve elementos que nos separam e neste caso o acesso aos recursos é o fator da etnização do estado. Daqui surge o terceiro fator.
      3) Da não compreensão da origem do problema
      Parece-me que o general Chipande está agastado com o problema atual cuja origem não é atual, mas sim, de um processo gradual de exclusão social e de pobreza do País. A tribalização do estado não começou hoje. A tribalização do estado tem um percurso histórico que vem desde a colonização, passando pela incapacidade de o estado mudar isso e o agravar da pobreza. Não pretendo fazer um decurso a era colonial. No entanto, as regiões nortes e centro do país foram as menos potencializadas nesse período em termos de infraestruturas. Isso teve seus efeitos, um dos quais é a falta de condições educacionais saudáveis, o que condicionou de alguma forma o acesso à educação, formação de muitos jovens. No entanto, após independência as políticas públicas, as estratégias de desenvolvimento entre outras não foram capazes de sanar essas assimetrias regionais e ainda se deterioram mais com a explosão demográficas e outras. Por outro lado, a pobreza faz com haja uma tendência natural de proteção dos “seus” e isto leva muitas vezes ao nepotismo. O problema do tribalismo é muito mais do que a vontade de um grupo de pessoas, mas resulta de um conjunto de estratégias e políticas que pouco resultaram. Resulta da não aceitação do diferentes, em último caso, essa herdade sobre o tribal, resultado da forma como quisemos construir o estado, aceitando a exclusão como um fenômeno normal.
      Questão é vamos debater o país que queremos ter. sem tabus e nem criar guerra porque se tocou na ferida.
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    • Constantino Pedro Marrengula
      Rafael Duarte, li o texto. Esta manha. Acho que o nosso maior problema é reduzirmos a política a casos de debates entre os adeptos do porto e do benfica. Isso não vai nos tirar do beco em que estamos. Fora as questões do foro científico da área do Brazão, que não entendo, há uma questão primária. Ninguém é masoquista e numa nação todos precisam de todos. Se uns manhambanizam as coisas, os culpados são os que sempre geriram este Estado, incluindo o general. A mudança tem que partir deles, pressionados pelas massas, claro. O agora é nossa vez é muito perigoso, pior, tentando homogeneizar o sul, o centro e o norte. Não sei se CD não é consequência disso. Assim, como o general colocou não é coisa de esperar dos mais velhos. Deles espera-se ponderação ligada à idade.
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  • Inacio Maicolo
    O país precisa de verdadeiros nacionalistas e patrióticos para desenvolver, gostar e amar Moçambique e não abusar da condição de ser eleito e se tornar colono é deveras triste para todos nós os moçambicanos incluindo familiares deles(colonos) actuais.
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  • Rodrigues Marques
    A velhice está a lhe trazer lucidez. Finalmente conseguiu enxergar o que há décadas tem sido um dos grandes males na gestão desta pátria amada.
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  • Aldino Mafuzeste
    São Gatunos esses frelimistas ☹️ esse Kota chipande sempre cria polémica, recordo me daquelas palavras absurdas, quando disse que, foram eles que lutaram e libertaram o país, por isso tem direito de ficarem ricos 🙄 acho que agora os seus comparsas estão a lhe minhar esse ☹️ focofo pá
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  • Felix Wiliamo Macuacua
    Aproxima se as eleições... Chipande não é gago não é ingênuo, etc...
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  • Andre Mahanzule
    Esse cota não poderia ter sido mais inoportuno. Foi inconsequente, ingénuo e irresponsável. Deve estar num estado de menopausa racional. Enfim velhice tem dessas também. Perdoemo-lo.
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  • Mario Albano
    Mais não digo, subscrevo tudo o que disse foi com está percepção que fiquei. O no seu último parágrafo , de Gagá Chipande não tem nada, estes ancião servem mesmo para isso dar tiro no pé quando é necessário passar o recado lá dentro.
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  • Alex Amur Amur
    onde sai isso na boca de uma grande figura dakelas nao imagino malta nos.
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