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Edição 278
Soberania para roubar
O Brasil de hoje caminha para se tornar, além de uma ditadura judicial neurótica, a nação mais corrupta do planeta
J. R. Guzzo
18 jul 2025 - 10h07a -A +
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Eis aqui um retrato desesperador do que o governo Lula e o STF, em parceria, fizeram deste país ao longo dos últimos anos. Não basta que o governo dos Estados Unidos tenha acabado de nos denunciar ao mundo como um país bandido, onde a mais alta Justiça foi transformada em polícia política para a caça a inimigos do regime. O Brasil de hoje também caminha para se tornar, além de uma ditadura judicial neurótica, a nação mais corrupta do planeta.
Os responsáveis pela criação da ditadura são exatamente os mesmos responsáveis pela roubalheira — cada vez mais, na verdade, fica evidente que o propósito central do estado de exceção imposto pelo consórcio Lula-STF ao país é fazer da corrupção um sistema de governo. Não apenas se rouba com agressividade inédita e por meios cada vez mais primitivos. (Nada de negócios complicados; agora estão roubando na boca do caixa, direto.) A impunidade está garantida na prática pela Justiça. “Roube que o governo garante” — eis aí o lema do Brasil recivilizado pelo STF e o Lula 3.
O retrato mencionado no começo do texto é um pedido de investigação feito pelo senador Jorge Seif — o mesmo cujo mandato queriam cassar, é claro, pouco tempo atrás. É uma monstruosidade — e uma amostra do que é, exatamente, o Brasil de hoje. Seif revelou que o número de pescadores no Brasil em 2022, último ano antes de Lula, era pouco inferior a 700 mil profissionais. Hoje, sem a pesca de uma sardinha a mais, é de quase 2 milhões. Por quê? Para roubar o INSS.
Essa multiplicação dos pescadores brasileiros por três, em dois anos e meio, não aconteceu; como você com certeza já adivinhou, os pescadores a mais do governo Lula simplesmente não existem. Foram inventados por uma das gangues que hoje mandam na máquina federal para receberem do INSS, e transferirem automaticamente para os bandidos, o dinheiro devido aos pescadores durante o período em que são legalmente proibidos de pescar — o chamado seguro-defeso.
O INSS, de novo? Sim, o INSS de novo. Cada vez mais gente, entre os barões assinalados do governo Lula, não tem mais paciência para esperar o resultado de operações de corrupção que exigem plano, esquema financeiro, propinas, retropropinas, pagamento em contas no exterior, “operações estruturadas” e outros aborrecimentos. A ordem, hoje, é ir logo para onde há dinheiro vivo e disponível na hora, como o INSS — já assolado por um escândalo que pode bater nos R$ 90 bilhões.
É, pelo que está visível, o maior roubo do Lula 3, talvez de todos os Lulas juntos — uma trapaça feita com fraudes na cobrança de contribuições e na falsificação de empréstimos consignados, numa tramoia montada para encher o bucho de banqueiros. Pior: o irmão do próprio Lula é beneficiário nesse frenesi de ladroagem. Pior ainda: não há nem sequer um ladrão na cadeia até agora. Muito simplesmente, o governo pediu ao STF a suspensão das investigações. É terra arrasada.
Voltam agora ao local do crime, como diria o vice-presidente Geraldo Alckmin, para trocar o milagre da multiplicação dos peixes pelo milagre da multiplicação dos pescadores. Os ladrões, cada vez mais, agem como se tivessem segurança absoluta de que ninguém vai ser punido. Não tentam nem disfarçar. O Maranhão, por exemplo, tem 590 mil pescadores registrados, mas apenas 600 barcos de pesca. Há uma cidade com 14 mil pescadores e 15 mil habitantes. É daí para pior.
Nunca existe uma “hora boa” para coisas ruins acontecerem, mas esta é certamente uma das piores que poderia haver. O Brasil precisa, com urgência urgentíssima, dar algum sinal de que ainda merece um mínimo de respeito perante o resto do mundo. Está sendo diretamente acusado por Donald Trump de violar os direitos humanos mais elementares com o linchamento legal de Bolsonaro. Até agora não obteve o apoio de nenhuma nação democrática. Descobriu-se que não tem um único funcionário capaz de arrumar qualquer conversa séria com o governo americano. Seu apoio popular na briga é zero. Isso é lá hora para ficar roubando desse jeito?
Justo agora, bem agora, o ministro Dias Toffoli tem mais um surto em seu desempenho à frente do órgão mais ativo do STF depois da vara penal do ministro Alexandre de Moraes — o SAC, ou Serviço de Assistência aos Corruptos. Toffoli, depois de fazer tudo, fez mais. Anulou agora todas as decisões da Operação Lava Jato contra o doleiro Alberto Youssef, a válvula-mestra que bombeava o dinheiro para a rataria dos governos Lula e Dilma.
O SAC não falha nunca. Você rouba? Consegue provar que rouba? Confessa que rouba e devolve o dinheiro que roubou? Então é só enviar o seu caso ao ministro Toffoli e todos os problemas se resolvem. Já aconteceu com a Odebrecht e a JBS. Já aconteceu com todo mundo. Por que não aconteceria com Youssef? Ele também é filho de Deus. O fato, para resumir a ópera, é que o STF pegou o maior trabalho já feito contra a corrupção neste país e destruiu tudo peça por peça — praticamente 100%. É um feito de classe mundial.
É também tudo de que o Brasil menos precisa neste momento. É como se o STF estivesse mandando uma mensagem a Trump e ao mundo: “Aqui a junta de governo não se submete a pressões, venham de onde vierem. Não estão gostando que a gente vai condenar Bolsonaro? Pois fiquem sabendo que aqui a gente pode tudo. Podemos socar 14 anos de prisão na moça do batom. Podemos devolver R$ 20 bilhões a ladrões confessos. Podemos inventar 1,3 milhão de pescadores em dois anos”.
Lula, a extrema esquerda e o ministro Sidônio, na verdade, acham que estão num grande momento — ou fingem que estão. Sua última ideia é aproveitar os 50% de tarifa que Trump lhes socou no lombo e conquistar, de graça, o apoio das massas que tentam encontrar e não encontram. Por que não? Já tentaram de tudo, e nada deu certo: picanha, arroz “do governo” a preço tabelado, colheita “no ano que vem”, PAC, luta pela “Palestina”, imposto para os ricos.
Que tal, com as coisas do jeito que estão, tentar um bom nacionalismo de 70 anos atrás, tipo vintage? “Fora ianques”, ou coisa parecida? A ideia é que o povo brasileiro, para se defender da ameaça americana, esqueça todos os seus problemas e corra para apoiar Lula. A mídia e os analistas acreditam nisso como o vigário acredita no Padre Nosso. Dizem, todos os dias, que Donald Trump virou “o maior cabo eleitoral” de Lula. Deu um tiro no próprio pé. O governo, que estava péssimo, nunca esteve tão bem.
Vamos ver, mais adiante, o que a vida real terá a dizer disso tudo. O sanduíche de ditadura com ladroagem que é a cara do Brasil de hoje produz efeitos que não são controlados pelo consórcio Lula-STF, ou pelos esforços da Rede Globo. Já passaram a envolver a possibilidade de sanções mundiais pela prática de transações comerciais desonestas por parte do Brasil. A corrupção fora de controle pode expor o Brasil e as empresas brasileiras a punições penais complicadas perante a lei americana e a internacional. Países da Europa começam a se cansar do apoio cada vez mais estabanado do governo brasileiro ao terrorismo, à invasão da Ucrânia e a outros delitos — além das questões ambientais em que já somos um Judas de Aleluia malhado sob a apatia extraterrestre de Marina Silva e outras nulidades do governo.
O problema, evidentemente, não está nos Estados Unidos, em Trump nem na União Europeia. Está no governo Lula e no STF. Acham, ali, que o Brasil pode romper com cinco séculos de cultura, vivência, valores, afetos, costumes e mindset do Ocidente e se reconstruir como uma colônia da China (“aqui todos nós admiramos o regime chinês”, informou o ministro Gilmar Mendes ao falar, a propósito, sobre censura nas redes sociais). É nesse tipo de crenças, e nas consequências concretas que elas trarão para o Brasil, que está o caminho da perdição.
Os editoriais da imprensa sustentaram até agora que, em nome da “soberania”, o consórcio Lula-STF tem direito de condenar Bolsonaro da forma que achar mais adequada, não podendo aceitar nenhuma interferência no funcionamento do Poder Judiciário e no desenrolar do processo penal do Brasil. E para o resto das questões que começam a escurecer o horizonte? Vão invocar autodeterminação dos povos para roubar o seguro da pesca? Vão dizer que crimes cometidos fora do Brasil têm imunidade diplomática?
O Lula que de repente se enrola na bandeira nacional, a mesma que até outro dia era pisoteada por seus militantes, fica indignado com os pedidos de arquivamento do caso Bolsonaro. Mas vai visitar a amiga Cristina na prisão domiciliar de Buenos Aires, onde cumpre pena por corrupção — e exige que seja solta. Manda um avião da FAB buscar uma ladra de suas relações que estava condenada e presa no Peru. E o seu papel como o Santo Padre Cícero da ladroagem — da Petrobras à Lava Jato, do INSS 1 ao INSS 2, ao INSS 3 etc.?
Lula e o STF não têm moral para falar de democracia, posto que vão comandar um massacre da serra elétrica para seus inimigos — e posto que entrarão para a história como carrascos que rasgaram a Constituição brasileira para eliminar o principal obstáculo ao seu plano de ficar no governo para o resto da vida. Têm menos moral ainda para encarar a fama, cada vez mais presente no mundo, de que sob a sua direção o Brasil se transformou num país de escroques.
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