quarta-feira, 28 de agosto de 2019

“O dia em que a independência da Escócia se tornou inevitável” ou em que a democracia “morreu”, afirma Nicola Sturgeon


28.08.2019 às 20h45
Boris Johnson e Nicola Sturgeon
DUNCAN MCGLYNN/GETTY IMAGES

Nicola Sturgeon, primeira-ministra escocesa, reagia assim ao pedido de suspensão do Parlamento britânico

Nicola Sturgeon admitiu que esta quarta-feira pode vir a ficar marcada como o dia em que a “independência da Escócia se tornou inevitável”, em entrevista ao jornal escocês “Heart Scotland”. O pedido de suspensão do Parlamento britânico levado a cabo por Boris Johnson é, para a primeira-ministra escocesa, uma derrota para a democracia.
“Isto não é democracia, é uma ditadura. Se os deputados não se unirem e não encontrarem uma forma de parar Boris Johnson, hoje será a data que ficará na história como o dia em que a democracia morreu”, disse ao jornal regional. “Este pode muito bem ser o dia em que a independência da Escócia se tornou completamente inevitável.”
Para Sturgeon a suspensão do Parlamento tem um único “claro objetivo”: “toda a gente sabe que esta é uma tentativa de impedir que o Parlamento expresse a sua vontade” em relação ao acordo para o Brexit.
A chefe de Governo defendeu ainda que a Escócia deve ser um país “moderno, progressista e democrático” e que, “embora respeite as legítimas razões daqueles [a maioria, 55%] que votaram ‘Não’ à independência da Escócia” no último referendo, é um movimento em crescimento. “Sei que muitas pessoas estão agora a olhar para a situação no Reino Unido e a pensar que não querem fazer parte deste tipo de sistema. Penso que há cada vez mais convertidos à independência por esta causa.”
O Governo escocês já havia feito saber que esta quarta-feira era um “dia negro”. Num comunicado enviado às redações considerava que “tentar fechar o Parlamento para forçar a saída sem acordo” era um “ultraje e um ataque aos princípios básicos da democracia”. “Ao fazê-lo no quadro do que ainda é uma democracia parlamentar, Boris Johnson age mais como um ditador do que como um primeiro-ministro”, pode ler-se na nota.
Ao anunciar esta quarta-feira a decisão de suspensão das atividades parlamentares até vésperas da data agendada para a consumação do Brexit, Boris Johnson defendeu que, ainda assim, “os deputados terão muito tempo para debater o programa do Governo e a sua abordagem ao Brexit antes do Conselho Europeu [a 17 e 18 de outubro] e podem, uma vez conhecido o resultado, depois votar a 21 e 22 de outubro”.

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