sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Conseguirá Itália levantar as sanções contra a Rússia? - Notícias - Internacional - Voz da Rússia


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Foto de arquivo. Federica Mogherini, nova Alta representante da União Europeia para a política externa e de segurança

A nova alta representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, a italiana Federica Mogherini, disse que sua “principal tarefa pessoal” é estabelecer o diálogo entre a Ucrânia e a Rússia. Ela assume o seu cargo em 1 de novembro de 2014.

Na liderança de uma das principais agências da União Europeia aconteceu um “roque” feminino. Em vez da baronesa britânica Catherine Ashton, a responsável pela política externa da UE será a italiana Mogherini, que já tem experiência em dirigir o Ministério das Relações Exteriores de seu país. E por isso pode-se esperar de Mogherini uma linha mais equilibrada e ponderada do que o de sua antecessora.
Segundo admitiu a própria Federica Mogherini, a prioridade-chave em seus esforços no novo cargo será a resolução da crise em torno da Ucrânia, inclusive através das relações no triângulo “Bruxelas-Kiev-Moscou”. Ela já prometeu “apoiar os esforços” de “estabelecimento ” de diálogo entre a Ucrânia e a Rússia. “A Itália assumiu essa obrigação”, e isso “será a minha principal tarefa pessoal”, frisou a Sra. Mogherini.
Este problema não será fácil de resolver. Demasiados problemas se “sobrepuseram” nos últimos meses sobre o problema ucraniano. E um deles é a “guerra de sanções”. Como se sabe, as sanções são mais fáceis de impor do que levantar, e por isso hoje a União Europeia continua refém de suas próprias decisões precipitadas e tendenciosas, em grande parte ditadas por Washington.
O caráter contraproducente, do ponto de vista político e econômico, das sanções é especialmente evidente para aqueles países que tradicionalmente desenvolvem relações mutuamente benéficas com a Rússia, inclusive para a Itália. Este país está atualmente ocupando a presidência rotativa da União Europeia, e foram justamente os dirigentes italianos que, nas últimas semanas, têm feito esforços consideráveis a fim de fazer sair as relações entre a Rússia e a UE do impasse de sanções. O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, durante a cúpula da UE que teve lugar na semana passada, levantou diretamente a questão do abrandamento imediato de sanções antirrussas. No entanto, a Polônia, a Suécia e os países bálticos se pronunciaram “contra”, e a decisão que parecia iminente não foi tomada.
Serão grandes as chances de que a Itália e os seus confederados na UE consigam vencer a resistência das forças antirrussas? A resposta a esta questão depende da influência desse campo. Segundo fontes em Bruxelas, nele, além da Itália, estão Finlândia, Áustria, Bulgária, Eslováquia, Grécia, Chipre, Luxemburgo. Vale a pena acrescentar aqui também a Hungria, bem como, talvez, mais alguns estados.
Falando das posições destes países dentro da UE, há que considerar não só a influência política, mas também a sua força econômica. Isso se aplica à capacidade de um país de não só conduzir uma política externa mais ativa e independente, mas também defender com mais determinação os seus próprios interesses econômicos, de reformar a economia nacional, disse em entrevista à Voz da Rússia o economista Yakov Mirkin.
As sanções antirrussas introduzidas pela União Europeia estão formalmente em vigor até 15 de março de 2015. Para levantá-las, ou pelo menos aliviá-las, é necessário que a UE reavalie seus próprios interesses. E aqui a política e a economia se interligam o mais estreitamente possível.
O fato de que as sanções podem levar muito, muito tempo a levantar é corroborado por um comunicado, divulgado recentemente pela mesma União Europeia, sobre o levantamento das sanções impostas contra o falecido ex-presidente da Sérvia e da Iugoslávia Slobodan Milosevic.
Milosevic foi afastado do poder em 2000 e morreu na cela de detenção do Tribunal de Haia em 2006. E todos os anos subsequentes as sanções introduzidas contra ele continuaram em vigor.
O que se pode dizer? A inércia nos corredores da UE em Bruxelas é muito forte. Só que quem paga por ela com perdas socioeconômicas reais são países específicos, já esgotados pela crise financeira “importada”, aliás, do mesmo ultramar...

Frelimo Wins General Election

Mozambique's National Elections Commission (CNE) on 30 October announced that former defence minister Filipe Nyusi, the candidate of the ruling Frelimo Party, has won the presidential election held on 15 October with 57% of the vote.
In second position was Renamo leader Afonso Dhlakama with 36.6%, while the third candidate Daviz Simango, the mayor of Beira and leader of Mozambique Democratic Movement (MDM), took 6.4%.
In the parliamentary election, Frelimo won a comfortable majority and will hold 144 seats in the new parliament to 89 for Renamo and 17 for MDM. The results were as follows:
Presidential election
Number of registered voters 10,964,978
Number who voted 5,333,665
Turnout 48.64%
Number of valid votes 4,871,804 (91.34%)
Blank ballots 290,186 (5.44%)
Invalid votes 171,675 (3.21%)
Candidates
Filipe Nyusi 2,778,497 (57.03%)
Afonso Dhlakama 1,783,382 (36.61%)
Daviz Simango 309,925 (6.36%)
Parliamentary election
Number who voted 5,316,936
Turnout 48.49%
Valid votes 4,508,142 (84.79%)
Blank ballots 458,919 (8.63%)
Invalid votes 252,535 (4.75%)
Parties
Frelimo 2,575,995 (55.97%)
Renamo 1,495,137 (32.49%)
MDM 384,538 (8.36%)
The remaining 3.18% of the parliamentary vote was scattered around no less than 26 minor parties, none of whom obtained even half a per cent.
The 250 parliamentary seats are allocated as follows:
Niassa
13 seats - Frelimo 7, Renamo 6, MDM 1
Cabo Delgado
22 seats - Frelimo 19, Renamo 3, MDM 0
Nampula
47 seats - Frelimo 22, Renamo 22, MDM 3
Zambezia
45 seats - Frelimo 18, Renamo 22, MDM 5
Tete
22 seats - Frelimo 11, Renamo 10, MDM 1
Manica
16 seats - Frelimo 8, Renamo 8, MDM 0
Sofala
22 seats - Frelimo 8, Renamo 10, MDM 3
Inhambane
14 seats - Frelimo 12, Renamo 2, MDM 0
Gaza
14 seats - Frelimo 14, Renamo 0, MDM 0
Maputo province
17 seats - Frelimo 12, Renamo 3, MDM 2
Maputo City
15 seats - Frelimo 11, Renamo 3, MDM 2
In addition, there are two seats for Mozambican communities abroad, one for Africa, and one for the rest of the world. Frelimo won both these seats.
While Frelimo has won a comfortable victory, it is far cry from the 75% of the vote it took in the previous elections in 2009. Frelimo has lost its two thirds majority in parliament, and so cannot pass amendments to the constitution on its own.
Questioned by reporters, the Frelimo national election agent, Veronica Macamo, made light of Frelimo's loss of 47 parliamentary seats. She said that, even when it had a two thirds majority, Frelimo always tried to work with the opposition benches and to pass legislation, whenever possible, by consensus.
Renamo ought to be pleased with the results. Dhlakama's share of the vote has more than doubled in comparison with the 2009 election, and Renamo's parliamentary representation is set to rise from 51 to 89. MDM's parliamentary group will double in size, from eight to 17.
Nonetheless, both opposition parties have rejected the results, and their election agents did not attend the announcement.
Renamo had submitted a formal appeal against the results earlier in the day
The CNE's results are broadly in line with the results announced by the 11 provincial elections commission. The main change is that the number of invalid votes has been greatly reduced. The CNE looked at every vote declared invalid at the polling stations. There were about three quarters of a million of these, and the CNE managed to rescue 174,614 of them (23%), which were then distributed among the parties for whom they were intended.
The changes, in comparison with the distribution of seats based on the provincial results prior to reclassification of the invalid votes, are that in Cabo Delgado Frelimo gains two seats, and MDM and Renamo each lose one, and in Nampula Renamo gains a seat at the expense of MDM.
CNE chairperson Abdul Carimo said that some members of the CNE had voted against the resolution containing the results - but he did not say how many. However, AIM learnt from another CNE member that seven out of the 17 CNE members voted against, mostly members appointed by Renamo and MDM. At the end, however, all members of the CNE signed the minutes of the meeting - though some of them, such as Renamo appointees Latino Ligonha and Fernando Mazanga, added riders describing the results as "fraudulent" or "not transparent".
Carimo admitted that although the elections had, in general, been "orderly, calm and tranquil", they had been marred by "administrative irregularities, electoral offences and common crimes". The CNE knew about these because they had been denounced, not by the competing parties, but by election observers and the media.
Despite the later Renamo and MDM claims of generalised fraud, Carimo said the CNE had not received a single complaint from any political party until the Renamo appeal. Nonetheless, the CNE had launched investigations into the cases reported in the press, and this investigation "is still under way, with the involvement of the relevant bodies of the administration of justice".
He hoped that a detailed report could be obtained on each of the cases so that the CNE could provide an explanation to the public about such matters as the late opening of polling stations, allegations of ballot box stuffing and the deliberate invalidation of votes by members of polling station staff.
The results announced by the CNE are not final. They still have to be validated and proclaimed by the Constitutional Council, the country's highest body in matters of constitutional and electoral law. The Council will also have to rule on any Renamo and MDM appeals.

Moçambique, África do Sul e Suazilândia projectam linha férrea comum



No âmbito da promoção das potencialidades turísticas dos países integrados na iniciativa East3Route, caravanas transportando operadores turísticos têm vindo a visitar áreas de interesse turístico dos países parte do evento
Os governos de Moçambique, África do Sul e Suazilândia ponderam iniciar proximamente discussões sobre a construção de uma linha férrea entre os três países da África Austral, escreve hoje o Notícias, o maior diário moçambicano.
"O país está preparado para que nos próximos dias iniciemos a discussão para a efetivação da iniciativa. É um projeto que, pela sua importância económica na região, vai merecer uma atenção do Governo de Moçambique e comparticipação na sua execução", afirmou Hiuane Bacar, diretor do Instituto Nacional do Turismo, em declarações ao Notícias, à margem do East3Route, uma iniciativa que vista promover Moçambique, África do Sul, Suazilândia e Seychelles como um destino turístico único.
Segundo Bacar, estão reunidas as condições para que seja materializado o projeto da linha férrea que vai ligar Moçambique, Suazilândia e África do Sul.
No âmbito da promoção das potencialidades turísticas dos países integrados na iniciativa East3Route, caravanas transportando operadores turísticos têm vindo a visitar áreas de interesse turístico dos países parte do evento.
"Não queremos que seja uma expedição acordada pelos governos sem que haja algum documento diretor para tudo o que temos vindo a fazer. Esperamos que seja firmada uma parceria entre todos os envolvidos para que os ganhos sejam efetivos para todos", afirmou o ministro de Desenvolvimento Económico e Turismo da região sul-africana de Kwazulo-Natal, Michael Mabuyankulu, citado pelo Notícias.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa

O DIA EM QUE RUBEM ALVES SALVOU A MINHA VIDA


Cada um de nós possui um sol interior  e é  a esperança quem o faz nascer. Quando a esperança esmorece, as noites se acumulam no solo da emoção. A esse amontoado de noites há quem chame de diversos nomes, os médicos o chamam “depressão”.  Quero contar que já passei por isso e que, acreditem, Rubem Alves, em dia de máxima angústia, salvou a minha vida.

Descobrir a verdadeira face do mundo, da vida, despir a máscara que camufla os sentimentos hostis, a vaidade histérica, a deficiência do afeto,  isso é tarefa de gigante. E gigantes são todos aqueles que penetram a natureza das coisas, que  não temem conhecer os abismos do mundo e de si.

Minha vida é marcada por uma sucessão de fatos que me fizeram conhecer muitos abismos.  A falta de recursos materiais e o excesso de reflexões prematuras roubou-me, em parte, a infância. A religião aprisionou-me  a adolescência numa redoma de culpa e de medo. O excesso, o transbordar do sentimento me roubou o gozo do efêmero.  E tudo isso, somado a uma gravidez de risco, um casamento fracassado, um divórcio dolorido, a problemas de saúde de natureza grave que me fizeram passar por três cirurgias seguidas, somado ainda a trabalhos que não me realizavam e ainda não me realizam, somado à solidão de me ver incompreendida pelo mundo, somada à dor de não conseguir ser nada daquilo que sonhei, acarretou na minha desistência de tudo. 
Foram dias, meses, mais de três anos sem sonho. Sem nenhum projeto. Eu mal conseguia descer do apartamento em que morava. Advogada, ao me lembrar de que necessitava ir ao fórum, tinha náuseas. Desliguei telefones. Passei meses sem olhar noticiários. E a única coisa que me ligava a mim mesma era a minha escrita. Eu escrevi, nesse tempo, centenas de poemas. A necessidade cotidiana me fazia a cada dia ainda mais derrotada. Não conseguia prover as necessidades minhas e de minha filha; já havia gasto todas as minhas economias. Então, nesse ápice de angústia, decidi que não mais viveria. Foi quando me deparei, em meu e-mail, com um vídeo de Rubem Alves, no qual ele dizia:
“Uma vez um aluno me pediu uma entrevista, chegou na minha casa e me fez essa pergunta: ‘como é que o senhor se preparou, como é que o senhor planejou a sua vida para chegar aonde chegou?’ Eu percebi logo que ele me admirava, que queria o mapa do caminho e eu disse a ele, ‘eu cheguei aonde cheguei porque tudo o que planejei deu errado. Então eu sou escritor por acidente. Já fui outras coisas, já fui professor de filosofia, já fui teólogo, já fui pastor. Agora eu sou um velho.”

Creio que muitos desconheçam a força de suas palavras, a contundência, a capacidade que elas possuem de ser, no outro,  a alavanca que faz reerguer o sol interior que jaz adormecido. Essas palavras do Rubem, em mim, dissiparam a noite angustiosa da culpa por meus fracassos e me fizeram valorar o sol (o meu sol) que ainda estava a nascer.

DA IMPORTÂNCIA DO AGORA


O pior prisioneiro é aquele que jaz trancafiado no tempo. Aquele que se fecha dentro das grades imaginárias de um passado estancado na memória, e não deixa o presente fluir.
Aquele que morre de medo de ser, de existir, de enfeitar a masmorra de suas emoções com as flores do agora, e alega "flores não tardam: desfalecem". Ele não se permite a perplexidade, o encantamento, o deslumbramento com as ínfimas, mas grandiosas e infinitas alegrias que o cercam. E, assim, se desvencilha da poesia que o visita a cada fração de segundo.
Há, também, aquele que se faz  prisioneiro do futuro e vive na ansiedade de quem adia, dentro de si,  o pulsar das emoções. Assim, aquilo que de belo se lhe apresenta na alma, ele o faz abafar, o despreza, o desqualifica, pois ele aguarda um futuro que há de ser ainda mais grandioso e mais perfeito.
A vida é uma sucessão de oportunidades únicas, todas efêmeras, cada qual com sua rara e insubstituível beleza, para adornar o instante de cada um.
Não é possível desfrutar do eterno se ele não se fizer  fracionado em instantes.
Então, que os ponteiros do agora indiquem a nossa melhor hora de íntimo mergulho nas turbulências da nossa paz interior; eis a nossa libertação. E não se preocupe: ninguém morre afogado de si. Ninguém.

31 de Outubro de 2014.

Moçambicanos tornaram-se numa sociedade com as “malas às costas”

30/10/2014