“Os indicadores de actividade económica sugerem uma continuidade do enfraquecimento da actividade económica, atenuada pela melhoria da procura externa”, prevê o governador do Banco de Moçambique, que espera recuperação só no segundo semestre. Rogério Zandamela justifica o abrandamento com o facto de o indicador de clima económico, que revela a apreciação dos empresários dos diferentes sectores em relação ao desempenho da actividade económica, ter reduzido em Fevereiro, contrariando o movimento de melhoria de Dezembro e Janeiro, indiciando a prevalência de fraca actividade no primeiro trimestre de 2017. Assim, “as perspectivas económicas continuam a ser negativamente afectadas pela fraca procura interna, sustentada por menor consumo e investimento, bem como pelas condições de financiamento à economia menos favoráveis”.
RISCOS AO CRESCIMENTO
O crescimento económico, que se espera que seja de 5.5% este ano, depois de 3.3% no ano passado, está ameaçado por factores internos e externos. A nível internacional, os factores de risco incluem a volatilidade dos preços das commodities com impacto sobre os produtos exportados (carvão térmico, açúcar, gás natural, alumínio) e importados (combustíveis líquidos, trigo, arroz). A estes, adicionam-se incertezas associadas a factores políticos na África do Sul, com impacto na taxa de câmbio, nível de actividade económica e preços.
A nível doméstico, os riscos estão associados às operações financeiras do Estado, num contexto de suspensão de ajuda externa directa ao orçamento, perante a sua necessidade de realização de despesas; bem como a continuação do processo de ajustamento dos preços dos produtos administrados, com destaque para os combustíveis líquidos.
DÍVIDA PÚBLICA INTERNA CONTINUA A CRESCER
O Estado continua a pressionar a dívida pública, desde que os parceiros suspenderam apoio ao Orçamento do Estado, em Abril do ano passado, levando a que o Estado recorresse à dívida interna para financiar a despesa pública. Em Dezembro de 2015, estava a um nível de pouco mais de 50 mil milhões de meticais e terminou o ano com pouco mais de 70 mil milhões de meticais. E, só nos primeiros três meses do ano, passou de 70 a 88 mil milhões de meticais.
O metical manteve, em Fevereiro e Março de 2017, a tendência de apreciação face às moedas dos seus principais parceiros comerciais. Registou, no período em análise, uma apreciação acumulada de 3,94% em relação ao dólar norte-americano, 4,12% face ao euro e 0,96% em relação ao rand. Informação sobre estes indicadores, referente ao mês de Abril de 2017, continua a evidenciar a consolidação da estabilidade da taxa de câmbio.
Ademais, a entrada em vigor, a 3 de Abril de 2017, da taxa de câmbio de referência, que resulta da taxa de câmbio média aplicada pelos bancos nas operações com a sua clientela, e o princípio de unicidade da taxa de câmbio vão garantir maior transparência e credibilidade das taxas de câmbio praticadas no mercado cambial.
Espera-se, igualmente, que a inflação continue a evoluir no sentido de descida, podendo situar-se em torno dos 12,2% em 2017, abaixo das projecções apresentadas no último CPMO, que apontava para 14%. Mas estas projecções continuam sujeitas a incertezas e riscos já mencionados.
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