quarta-feira, 12 de abril de 2017

Baixa procura ainda afecta crescimento económico


Economia só vai recuperar no segundo semestre

“Os indicadores de actividade económica sugerem uma continuidade do enfraquecimento da actividade económica, atenuada pela melhoria da procura externa”, prevê o governador do Banco de Moçambique, que espera recuperação só no segundo semestre. Rogério Zandamela justifica o abrandamento com o facto de o indicador de clima económico, que revela a apreciação dos empresários dos diferentes sectores em relação ao desempenho da actividade económica, ter reduzido em Fevereiro, contrariando o movimento de melhoria de Dezembro e Janeiro, indiciando a prevalência de fraca actividade no primeiro trimestre de 2017. Assim, “as perspectivas económicas continuam a ser negativamente afectadas pela fraca procura interna, sustentada por menor consumo e investimento, bem como pelas condições de financiamento à economia menos favoráveis”.
RISCOS AO CRESCIMENTO
O crescimento económico, que se espera que seja de 5.5% este ano, depois de 3.3% no ano passado, está ameaçado por factores internos e externos. A nível internacional, os factores de risco incluem a volatilidade dos preços das commodities com impacto sobre os produtos exportados (carvão térmico, açúcar, gás natural, alumínio) e importados (combustíveis líquidos, trigo, arroz). A estes, adicionam-se incertezas associadas a factores políticos na África do Sul, com impacto na taxa de câmbio, nível de actividade económica e preços.
A nível doméstico, os riscos estão associados às operações financeiras do Estado, num contexto de suspensão de ajuda externa directa ao orçamento, perante a sua necessidade de realização de despesas; bem como a continuação do processo de ajustamento dos preços dos produtos administrados, com destaque para os combustíveis líquidos.
DÍVIDA PÚBLICA INTERNA CONTINUA A CRESCER
O Estado continua a pressionar a dívida pública, desde que os parceiros suspenderam apoio ao Orçamento do Estado, em Abril do ano passado, levando a que o Estado recorresse à dívida interna para financiar a despesa pública. Em Dezembro de 2015, estava a um nível de pouco mais de 50 mil milhões de meticais e terminou o ano com pouco mais de 70 mil milhões de meticais. E, só nos primeiros três meses do ano, passou de 70 a 88 mil milhões de meticais.
O metical manteve, em Fevereiro e Março de 2017, a tendência de apreciação face às moedas dos seus principais parceiros comerciais. Registou, no período em análise, uma apreciação acumulada de 3,94% em relação ao dólar norte-americano, 4,12% face ao euro e 0,96% em relação ao rand. Informação sobre estes indicadores, referente ao mês de Abril de 2017, continua a evidenciar a consolidação da estabilidade da taxa de câmbio.
Ademais, a entrada em vigor, a 3 de Abril de 2017, da taxa de câmbio de referência, que resulta da taxa de câmbio média aplicada pelos bancos nas operações com a sua clientela, e o princípio de unicidade da taxa de câmbio vão garantir maior transparência e credibilidade das taxas de câmbio praticadas no mercado cambial.
Espera-se, igualmente, que a inflação continue a evoluir no sentido de descida, podendo situar-se em torno dos 12,2% em 2017, abaixo das projecções apresentadas no último CPMO, que apontava para 14%. Mas estas projecções continuam sujeitas a incertezas e riscos já mencionados.

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