Situação causa inúmeros prejuízos aos residentes de quatro distritos
É uma batalha diária… de uma guerra que parece não ter um fim à vista. À madrugada, à tarde e à noite, milhares de utentes inundam paragens com objectivo de entrar ou sair da cidade de Maputo. Se antes, o transporte público chegou a ser solução, hoje não se pode dizer o mesmo. Devido a uma greve recente de trabalhadores que revindicam o pagamento de subsídios, não se tem vindo a cumprir com algumas rotas e horários.
5:50h da manhã. Chega um autocarro ao terminal de Nkobe, no município da Matola. Apesar de atrasado, constitui um alívio para dezenas de passageiros. Embarcamos no autocarro, mas em menos de 10 minutos ficou lotado. Hélio Pelembe é um dos vários utentes da rota e que depende do transporte público. Conta que devido a deficiências no seu funcionamento tem sido prejudicado.
Os prejuízos não são poucos. Na ausência do transporte público, Pelembe chega a usar seis “chapas” para chegar ao serviço.
Entramos na cidade de Maputo. O relógio aponta 17h. O corre-corre inicia. A batalha é de regresso a casa. Na baixa da cidade, enquanto uns correm para tomar o comboio, outros formam filas para apanhar o transporte rodoviário. Entretanto, quando a temperatura muda, o sofrimento é a dobrar.
18h, terminal do Museu. A realidade não podia ser diferente. Entre dezenas de pessoas, encontramos Omar Massango que vive em Marracuene, 30 km da cidade de Maputo. Conta que a escassez de transportes está a causar impactos negativos na sua casa.
Até à saída da nossa reportagem, Massango continuava naquele local aguardando a sua sorte. Começa a escurecer na cidade… as paragens continuam cheias. Enquanto fazíamos a ronda, encontramos estudantes que vivem no distrito de Boane. Gerson Muchanga é um deles, que também enfrenta um drama diário. Gerson diz que há dias que não dorme mais de cinco horas, facto que afecta o seu desempenho como estudante.
E porque os problemas de transporte na região metropolitana de Maputo são causados, em parte, pela ineficiência do transporte público, a nossa reportagem ouviu a gestão da empresa EMTPM. Lourenço Albino, administrador de operações reconheceu as lamentações dos utentes e disse que as recentes deficiências nos serviços devem-se a uma greve de mais de 100 trabalhadores que contestam a suspensão do pagamento de subsídios.
Devido à situação, 42 carreiras só ficam operacionais a partir das 6h da manhã até às 20h, uma situação que o administrador garante que irá mudar nos próximos dias.
Da cidade à periferia. Reencontramos outra realidade, a do “my love”. Crianças, jovens e adultos lutam para chegar aos seus destinos. Aqui a habilidade e agilidade são fundamentais.
Embarcamos num dos carros. Ao logo da viagem encontramos Félix José, com o sorriso de um sofredor. José diz que depende desse transporte para chegar ao serviço todos os dias. Apesar deste drama, o passageiro diz que o mais difícil é regressar a casa.
O País procurou ouvir a Vereação de Transportes do Município de Maputo, para questionar sobre o que estará a fazer para minimizar a escassez de transporte na urbe, mas todas as tentativas redundaram num fracasso.
O transporte, um drama de milhares de famílias, um problema que mexe com os bolsos e com bem-estar das pessoas, continua a ser uma batalha de uma guerra que não parece ter um fim à vista.
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