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O Presidente da República, Filipe Nyusi, terminou, semana passada, a II edição das visitas às províncias do país, iniciadas em Niassa, tendo terminado província meridional de Gaza, região que a apelidou, de quilómetro zero, durante a sua derradeira caminhada rumo à Ponta Vermelha e foi indisfarçável o esforço de contenção.
Desta vez, e tal como anunciara em reunião com jornalistas, a 28 de Julho de 2015, na sede distrital de Changara, província de Tete, a IIª edição decorria debaixo de rigorosas medidas austeras e de racionalização dos meios financeiros, humanos e de tempo.
Em Changara, quando então completava, pela primeira vez, o périplo pelo país, na sua qualidade de chefe de Estado, havia sublinhado que as visitas subsequentes nem sempre seguiriam o modelo tradicional, pois, as prioridades do momento é que ditariam a movimentação do presidente da República pelo país.
Dissera igualmente que as prioridades residiriam nas divisões administrativas inferiores, por ser onde se produz a riqueza e se acha relativamente importante que as populações apreendam e interiorizem a filosofia do novo ciclo de governação.
Foi em Changara que o presidente da República advertiu aos jornalistas que nem sempre seriam convidados a fazerem parte das suas viagens, pois as deslocações futuras seriam iminentemente de trabalho, sendo que a imprensa seria obrigada a cobrir os acontecimentos e factos, conforme tivessem lugar recorrendo ao seu faro profissional.
Foi também naquele distrito onde se falou em primeira mão da contenção, antes mesmo de serem públicos os severos momentos por que teria que passar a economia nacional, assim como, foi dito que para racionalizar os meios financeiros e humanos nem sempre os jornalistas a cobrir as deslocações presidenciais deveriam sair da capital do país, sobretudo para as províncias com representações dos órgãos de comunicação social a que pertencem.
Por outro lado, ficou claro que a presidência abandonaria o aluguer de viaturas privadas para as suas viagens, pelo que usaria as existentes nos governos provinciais, na mesma esteira em que se explicava o uso, pelo chefe de Estado, dos meios aéreos da Força Aérea de Moçambique.
O tempo passou a ser racionalizado usando um máximo de três dias por província e a escolha de regiões (distritos, postos administrativos ou Localidades) demonstrativas das diferenças que as províncias contêm, para além da diminuição do número de intervenientes em comícios populares.
“ O tempo gasto por uma delegação presidencial em determinado lugar contribui largamente para a racionalização ou gastos supérfluos a nível do orçamento dessa região ou da própria presidência. Daí que, também o tempo entrou nas contas para a contenção que se pretende”explicou-nos fonte da Presidência, convidada a comentar este facto.
Contar com as próprias forças
Durante as visitas, o Presidente da República investiu no diálogo com a população de diferentes extractos sociais, associações de camponeses, assim como visitas a empreendimentos sociais e agro-pecuários.
Foram encontros carregados de simbolismo em que de uma forma aberta e sem preconceitos a população apresentou o seu pensamento sobre o que é que deve ser feito neste ciclo de governação iniciado a 15 de Janeiro de 2015.
Por se tratar de nova era da administração do país, vários foram os cidadãos que afluíram voluntariamente aos comícios para deixar as suas preocupações e ouvir orientações sobre o paradigma de governação que o Presidente Nyusi pretende introduzir.
Nesse contexto, o povo pediu a cessação das hostilidades militares e a disponibilização dos insumos agrícolas para lavrar a terra de modo a produzir comida para combater a fome e acabar com a pobreza.
A segunda edição das visitas presidenciais aconteceu num momento difícil de carências e dificuldades devido por um lado às calamidades naturais, cheias e inundações e por outro a guerra movida pela Renamo.
Mesmo assim, vimos uma população alegre e ávida em colocar as suas preocupações e ouvir as orientações do Chefe do Estado que, uma vez mais, deixou claro que a solução dos problemas está nas mãos dos moçambicanos que têm que arregaçar as mangas e trabalhar a terra.
O outro aspecto que vale apenas destacar nestas visitas é que mesmo nas capitais provinciais já existe a noção de que é preciso produzir apostando na chamada cintura verde, o que está a acontecer com bastantes exemplos, incluindo na cidade de Maputo.
Por outro lado, nos distritos existe uma mentalidade de que é preciso cada família ter pelo menos um hectare para desenvolver a agricultura onde o governo tem estado a desempenhar o seu papel, disponibilizando sementes melhoradas e extensionistas agrários.
O outro aspecto a ter em conta é que os dirigentes a vários níveis estão conscientes em relação às metas de produção e clareza das actividades a serem desempenhadas para cada director provincial, administradores, chefes do postos e de localidades.
“É importante notar que visitamos as províncias incluindo a cidade de Maputo num ano muito difícil, de carências, dificuldades, em que estamos a gerir a seca, o que significa que tivemos que fornecer água e alimentação às populações e não só. Fizemos isso mesmo com escassez do orçamento para a viabilização do Plano Quinquenal”,explicou Filipe Nyusi para quem o povo está moralizado e disposto a produzir riqueza ao apontar soluções concretas para os problemas do país.
Em Gaza onde terminou a edição deste ano, foi notório algum esforço dos dirigentes em dar resposta às inquietações do povo com a construção de infra-estruturas sociais, como por exemplo, a central eléctrica de Mapai, o tribunal judicial de Mabalane, sistemas de rega por aspersão, entre outros empreendimentos.
Estas acções estão inscritas no Plano Quinquenal, de que faz parte o combate à corrupção e a província de Gaza, por exemplo, considera-se estar na dianteira ao apontar questões concretas neste capítulo.
De referir que neste ano, o Chefe do Estado escalou nas 11 províncias, incluindo a cidade de Maputo, 51 distritos, 11 postos administrativos, 4 vilas municipais e outras regiões.
É mediocridade
alegrar-se com pouco
O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi diz que é normal que as pessoas exijam com acutilância aos membros do governo resposta às acções plasmadas no Programa Quinquenal.
Para o estadista, seria mediocridade o povo contentar-se com as poucas acções visíveis um pouco por todo o país. O povo quer mais, pelo que tudo está a ser feito para harmonizar o desenvolvimento do país.
O domingo perguntou ao presidente da República no final desta edição etapa de visitas presidenciais sobre que percepção tinha em relação a algumas correntes de opinião que dizem ainda não terem sentido a sua governação em virtude de estar a gerir o líder da Renamo.
Filipe Nyusi refutou que tal seja verdade, pois, na sua opinião, estão em curso várias acções para a melhoria da vida da população, destacando entre outros aspectos as infra-estruturas sociais.
Segundo defendeu, a insatisfação sempre existirá. Para Nyusi, seria de estranhar, ou pouco credível, que houvesse quem se contentasse com tudo.
“ É normal que algumas pessoas digam que continuam sem sentir a governação e a insatisfação. Faz parte do processo, se é verdade que o povo quer sempre o melhor”, disse o chefe de Estado, que acrescentou:
-Aliás, o descontentamento é natural. Se todas as pessoas ficassem satisfeitas com o pouco seria mediocridade, é por isso que queremos fazer mais para responder às preocupações dos moçambicanos.
Apontou algumas acções em curso um pouco por todo o país nomeadamente, a inauguração do hospital de referência no distrito de Mapai, que vai atender a região norte da província de Gaza, assim como as obras da construção da Linha férrea Cuamba/Lichinga, cuja conclusão está para breve, restando um troço de pouco menos de 10 quilómetros.
No seu entender, não fosse a guerra na região central que dificulta a circulação de pessoas e bens as reclamações não seriam muitas, uma vez que as diferentes actividades se desenvolveriam sem ameaças de qualquer espécie.
O que o governo pretende, segundo Filipe Nyusi, e está plasmado no Programa Quinquenal 2014/2019 é reduzir cada vez mais as assimetrias, razão por que estamos apostados no desenvolvimento integrado de todo o território nacional, o que significa que as actividades principais têm que acontecer em todas as províncias. Isso está-se a verificar.
Acrescentou que dizer que o povo ainda não sentiu a governação é referir-se a algo completamente relativo, se bem que nas suas mensagens ele aponta as realizações do governo ao mesmo tempo que fala das prioridades para cada província.
“Não é verdade que nada está a ser feito, porque o país está a andar e não parou. Há explicações sobre aquelas acções que não acontecem e nunca foi nosso apanágio dar esclarecimento, porque muitas vezes nós não queremos falar, mas sim fazer as coisas”,disse o presidente da República.
Segundo Filipe Nyusi para falar há muitas pessoas, como os comentadores e analistas políticos e não fica bem que os membros do governo também passem para o grupo de comentadores.
No seu entender o mais importante são as acções em curso no terreno e que respondem às aspirações da população.
“Portanto, sentir a governação significa beneficiar da acção governativa no terreno e é o que está acontecer. Não há nenhuma província visitada em que a população não apontou as realizações do governo. Mesmo em relação a produção, na agricultura, neste ano, se não fosse a questão da chuva estaríamos muito avançados”.
Não à banalização do país
O Chefe do Estado concluiu esta etapa numa altura em que os moçambicanos aguardam pelas respostas relativas à questão da dívida pública por causa da qual alguma corrente de opinião propõe uma auditoria forense.
Sobre este assunto, o Presidente da República afirmou que em nenhum momento as autoridades se opuseram a tal intenção, estando o assunto a ser investigado pela Procuradoria – geral da República e o Parlamento.
“Não há nenhum governante que disse que não se faria a auditoria forense. Em nenhum momento. O que tenho ouvido dos governantes é que os processos já estão em investigação na PGR e na Assembleia da República”,disse Filipe Nyusi respondendo a perguntas dos jornalistas.
Relativamente à tensão militar e o diálogo político, o Chefe do Estado afirmou que o desejo era que as diferenças fossem ultrapassadas o mais rápido possível. “Nós queremos que o diálogo termine rapidamente com acções concretas para o fim da guerra”.
“Reparem que por ocasião das celebrações do 7 de Setembro, dia dos Acordos de Lusaka referi-me a eles como sendo os únicos sérios que tivemos no país, porque uma vez assinados, a guerra terminou”,disse o Presidente da República.
Ainda sobre a questão do diálogo político, Filipe Nyusi afirmou que não gostaria que se discutissem assuntos sem nenhuma evolução. “Está a ser difícil porque as pessoas por vezes esquecem que neste país existem leis e se nós começarmos a rever em cada momento e em cada fase vamos criar uma Nação falhada ou de anarquia porque nunca vai haver satisfação para todos”.
O presidente fez analogia com um jogode futebol em que quem perde nunca está satisfeito, mas reconhece a derrota e felicita o vencedor.
O que perdeu prepara-se para a próxima batalha. Se nós admitirmos que num jogo o que perdeu exija o recomeço do jogo ou a divisão dos resultados, sempre haverá uma parte que vai reclamar e neste assunto não podemos olhar apenas para o Governo e a Renamo é preciso ter em conta outros partidos que participaram nas eleições de 2014”.
Para o Presidente da República todos que tomaram parte das eleições têm uma palavra a dizer, razão por que o assunto não deve dizer respeito a apenas duas partes “mas à Nação inteira, ou seja, ao Estado moçambicano. Não podemos banalizar o país. A discussão em curso tem que ser no sentido de encontrar consensos definitivamente".
Pele de cabrito, vaca e crocodilo dá dinheiro
O Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA), através da Direcção Nacional de Veterinária (DNAV) está a estimular os estabelecimentos de abate de cabritos, bois e crocodilos a darem um tratamento adequado às peles destes com vista a conferi-los valor comercial, pois estas podem constituir uma forma de arrecadação de divisas para o país.
Cruzeiros geram desagrado em KaNyaka
A atracagem de cruzeiro de turistas junto à ilha de KaNyaka, ao largo da cidade de Maputo, está a gerar uma onda de descontentamento entre os comerciantes e pequenos operadores do ramo de restauração e similares, que reivindicam a exploração de oportunidades de negócio que podem despontar com a chegada daquele tipo de embarcação.
A cultura gera riqueza
A Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane está a promover uma série de conversas e seminários, envolvendo a comunidade académica e oradores especialmente convidados, como forma de abrir as portas daquele estabelecimento de ensino superior para outros saberes e experiências.
Mais três centros de saúde em Maputo
Três centros de saúde serão abertos durante o próximo ano na província de Maputo, sendo dois no município da Matola e um no posto administrativo de Macaneta, distrito de Marracuene, no quadro do alargamento da rede sanitária levado a cabo pelo Governo, através do Ministério da Saúde.
Processados 300 polícias e 27 expulsos em oito meses
A Polícia da República de Moçambique reuniu-se semana passada no seu XVI Conselho da PRM, um órgão consultivo do comandante-geral, preocupada em se aperfeiçoar para melhor enfrentar os novos desafios da criminalidade. Entretanto, 300 polícias foram processados e 27 expulsos da corporação de Janeiro a Agosto deste ano por infracções de vária ordem.
HÁ 35 ANOS: Domingo a domingo, domingo informa
É assim há 35 anos, que se completam exactamente hoje, dia 25 de Setembro de 2016. Este produto da Sociedade Notícias (SN) continua alicerçado na sociedade moçambicana e tem sabido estar e acompanhar as mutações de uma sociedade, de uma nação, de um país, ainda em construção.
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