AS MAMAS DA MATILDE CONJO E A “CULTURA DO ESPECTÁCULO” DE MARIO VARGAS LLOSA
Recebi ontem, pelo WhatsApp, uma série de vídeos onde uma cidadã moçambicana (também cantora, por sinal) aparece a despir-se num reality show a passar num desses canais de televisão por cabo a que qualquer um pode ter acesso, denominado Big Brother Angola-Moçambique. Lembrei-me duma dessas vezes em que estive a ver, no Youtube, alguns vídeos do escritor peruano Mario Vargas Llosa (Prémio Nobel da Literatura em 2010), comentando uma das suas mais recentes obras, intitulada “A Cultura do Espectáculo” (disponível para download grátis na Internet). Vou tentar resumir o que ele defende no livro. Em suma, Mario Vargas Llosa assume que a verdadeira cultura é aquela que torna as pessoas mais sensíveis, mais críticas e mais profundas em tudo o que fazem. Algo que faz com que as pessoas se desprendam de distracções e encarem a realidade frontalmente. Por exemplo, diz ele que ouvir música de qualidade, visitar uma séria exposição de artes plásticas ou ler um excelente livro leva as pessoas a fazerem amor de uma forma diferente, a explorarem a profundidade da condição de seres humanos que são ou a serem mais conscientes das diversas alternativas que o mundo poderia ser hoje, para além do que nos é mostrado. Para Mario Vargas Llosa, as pessoas têm, no mundo real, uma só vida; através da cultura, elas podem ter até mil vidas. Com ela podemos viver muitas outras coisas que, sem ela, nem sequer saberíamos que existem. Através da cultura, as pessoas tomam conhecimento e se insurgem contra as injustiças do mundo. A cultura cria sociedades livres, com cidadãos responsáveis e de espírito crítico. A cultura verdadeira não só diverte, como também questiona, problematiza e inquieta. Ora, isso é um perigo para as elites que nos governam.
Para Mario Vargas Llosa, a cultura é tão importante para a sociedade que é a primeira coisa que o poder político tenta controlar, quando quer dominar um povo. Precisamente porque a cultura estimula a rebeldia, a irreverência, a insatisfação e o inconformismo. Consequentemente, o primeiro passo que os políticos tomam quando ascendem ao poder é trivializar a cultura. Censuram-na, tornam-na básica e desprovida de conteúdo, de ambição e de moral, promovendo uma outra “cultura” que só distrai, entretém e emburrece as pessoas. Patrocinam tudo aquilo que, em nome da cultura, torna as pessoas mais passivas, mais alienadas e mais desligadas das suas próprias vidas. Transformam a cultura de um instrumento de consciencialização popular em uma arma de propaganda política. Tornam a cultura um passatempo efémero, banal e vulgar a que as pessoas se recorrem para se esquecerem dos seus verdadeiros problemas, para que deixem de pensar e de reflectir, para que deixem de reclamar e de exigir. Por essa via, é convenientemente esfregada na cara do povo, através de meios de comunicação social directa ou indirectamente controlados pelo poder do dia, uma “cultura” sem criatividade, sem beleza e sem arte, que é estampada como genuína cultura. A “cultura mainstream”, o passatempo popular. Tal como o próprio Mario Vargas Llosa diz na obra supracitada, “a diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, durar, continuar vivos nas gerações futuras, ao passo que os produtos deste são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer, tal como biscoitos ou pipoca”. É a celebração de algo que, ao invés de elevar e de dignificar a sociedade, a trivializa e destrói.
Pensei em Moçambique. Nos mesmos padrões, tem florescido no nosso país uma “cultura moçambicana” que é financiada pelas nossas maiores empresas públicas e privadas, promovida pelas nossas televisões e rádios ou apadrinhada pelas instituições estatais vocacionalmente orientadas para a gestão cultural. Tal cultura celebra hoje, em grandes holofotes e com o beneplácito e apadrinhamento do próprio Estado, expressões ridículas, vazias e descartáveis do que não é e jamais será arte, manifestações que têm acantonado a verdadeira cultura a uma actividade praticamente clandestina. Isso é promovido de forma deliberada ou em conluio cúmplice das figuras que gerem o nosso Estado, trocando a verdadeira cultura (que fiscaliza a realidade e denuncia os seus podres) com a indústria do entretenimento (assente no famoso “pão e circo” para o povo). Algo que mata as pessoas aos bocados, sem que elas próprias se dêem conta, em espectáculos afrodisíacos como os da Melancia de Moz, os do Festival de Zouk ou os do Big Brother Angola-Moçambique. Pessoas a quem são pagas autênticas fortunas para mentirem ao povo que são artistas e que merecem a sua atenção. Pessoas a quem o povo é capaz de pagar, estúpida e cegamente, entradas aos seus eventos. Ou contratos de fornecimento de canais televisivos onde tais banalidades são projectadas.
O que é então, para Mario Vargas Llosa, a tal “civilização do espectáculo”? Simples e passo a citar: é aquela “onde o primeiro lugar na tabela de valores vigente é ocupado pelo entretenimento, onde divertir-se, escapar do tédio, é a paixão universal. Esse ideal de vida é perfeitamente legítimo, sem dúvida. Só um puritano fanático poderia reprovar os membros de uma sociedade que quisessem dar descontracção, relaxamento, humor e diversão a vidas geralmente enquadradas em rotinas deprimentes e às vezes imbecilizantes”. Então, para o autor, tudo o que é considerado como “cultura”, para os nossos tempos, tem de ser de compreensão fácil e acessível ao povo. Algo que lhes deixe imediatamente satisfeitos, sem algum esforço intelectual. Posso trocar em quinhentas: hoje o que é “cultura” não é o que é ditado por cientistas, pensadores ou filósofos; é o que é papagueado por ignorantes como o Bang, o MC Roger ou o Fred Jossias. Ou o que os directores de marketing da Mcel/Vodacom decidem patrocinar, o que os gestores da ZAP/DSTV decidem massificar e o que os directores criativos da Golo e da DDB decidem publicitar…
O povo não sabe o que é cultura, e nem tem como saber. Nunca saberá que, fruto da sua estupidificação institucionalizada, jamais perceberá que é apenas vítima de instrumentalização e de extorsão. Torrar o seu dinheiro pagando por essas lucubrações não é algo que interessa aos donos do país, muitos deles gerindo interesses corporativos privados que amealham lucros fabulosos introduzindo e fomentando essas frivolidades na nossa sociedade. Afinal, hoje estamos num mundo em que já não interessa se algo é bom ou mau… hoje estamos num mundo em que o que anestesia e estupidifica as pessoas é o que é mais bem pago, promovido e celebrado. Quem, por ventura, tentar se insurgir e questionar, mesmo já dentro da ”festa”, é sempre hipnotizado por mais uma 2M, não é verdade?
Voltando ao cerne do texto e citando mais uma vez Mario Vargas Llosa, na cultura do espectáculo de hoje em dia “é bom o que tem sucesso e é vendido; mau o que fracassa e não conquista o público”. Assim, eles nos transformam em autómatos, indivíduos que já não conseguem saber o que é que presta e o que é que não presta; indivíduos que tudo o que simplesmente têm a fazer é aceitar o que lhes é imposto, sem oportunidade de escolher. É só por isso que quase ninguém se escandaliza, hoje, com as mamas de fora da Matilde Conjo perante as cameras daquele canal de televisão. Pelo contrário, até celebramos. É a “cultura” moçambicana a se internacionalizar…
Recebi ontem, pelo WhatsApp, uma série de vídeos onde uma cidadã moçambicana (também cantora, por sinal) aparece a despir-se num reality show a passar num desses canais de televisão por cabo a que qualquer um pode ter acesso, denominado Big Brother Angola-Moçambique. Lembrei-me duma dessas vezes em que estive a ver, no Youtube, alguns vídeos do escritor peruano Mario Vargas Llosa (Prémio Nobel da Literatura em 2010), comentando uma das suas mais recentes obras, intitulada “A Cultura do Espectáculo” (disponível para download grátis na Internet). Vou tentar resumir o que ele defende no livro. Em suma, Mario Vargas Llosa assume que a verdadeira cultura é aquela que torna as pessoas mais sensíveis, mais críticas e mais profundas em tudo o que fazem. Algo que faz com que as pessoas se desprendam de distracções e encarem a realidade frontalmente. Por exemplo, diz ele que ouvir música de qualidade, visitar uma séria exposição de artes plásticas ou ler um excelente livro leva as pessoas a fazerem amor de uma forma diferente, a explorarem a profundidade da condição de seres humanos que são ou a serem mais conscientes das diversas alternativas que o mundo poderia ser hoje, para além do que nos é mostrado. Para Mario Vargas Llosa, as pessoas têm, no mundo real, uma só vida; através da cultura, elas podem ter até mil vidas. Com ela podemos viver muitas outras coisas que, sem ela, nem sequer saberíamos que existem. Através da cultura, as pessoas tomam conhecimento e se insurgem contra as injustiças do mundo. A cultura cria sociedades livres, com cidadãos responsáveis e de espírito crítico. A cultura verdadeira não só diverte, como também questiona, problematiza e inquieta. Ora, isso é um perigo para as elites que nos governam.
Para Mario Vargas Llosa, a cultura é tão importante para a sociedade que é a primeira coisa que o poder político tenta controlar, quando quer dominar um povo. Precisamente porque a cultura estimula a rebeldia, a irreverência, a insatisfação e o inconformismo. Consequentemente, o primeiro passo que os políticos tomam quando ascendem ao poder é trivializar a cultura. Censuram-na, tornam-na básica e desprovida de conteúdo, de ambição e de moral, promovendo uma outra “cultura” que só distrai, entretém e emburrece as pessoas. Patrocinam tudo aquilo que, em nome da cultura, torna as pessoas mais passivas, mais alienadas e mais desligadas das suas próprias vidas. Transformam a cultura de um instrumento de consciencialização popular em uma arma de propaganda política. Tornam a cultura um passatempo efémero, banal e vulgar a que as pessoas se recorrem para se esquecerem dos seus verdadeiros problemas, para que deixem de pensar e de reflectir, para que deixem de reclamar e de exigir. Por essa via, é convenientemente esfregada na cara do povo, através de meios de comunicação social directa ou indirectamente controlados pelo poder do dia, uma “cultura” sem criatividade, sem beleza e sem arte, que é estampada como genuína cultura. A “cultura mainstream”, o passatempo popular. Tal como o próprio Mario Vargas Llosa diz na obra supracitada, “a diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, durar, continuar vivos nas gerações futuras, ao passo que os produtos deste são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer, tal como biscoitos ou pipoca”. É a celebração de algo que, ao invés de elevar e de dignificar a sociedade, a trivializa e destrói.
Pensei em Moçambique. Nos mesmos padrões, tem florescido no nosso país uma “cultura moçambicana” que é financiada pelas nossas maiores empresas públicas e privadas, promovida pelas nossas televisões e rádios ou apadrinhada pelas instituições estatais vocacionalmente orientadas para a gestão cultural. Tal cultura celebra hoje, em grandes holofotes e com o beneplácito e apadrinhamento do próprio Estado, expressões ridículas, vazias e descartáveis do que não é e jamais será arte, manifestações que têm acantonado a verdadeira cultura a uma actividade praticamente clandestina. Isso é promovido de forma deliberada ou em conluio cúmplice das figuras que gerem o nosso Estado, trocando a verdadeira cultura (que fiscaliza a realidade e denuncia os seus podres) com a indústria do entretenimento (assente no famoso “pão e circo” para o povo). Algo que mata as pessoas aos bocados, sem que elas próprias se dêem conta, em espectáculos afrodisíacos como os da Melancia de Moz, os do Festival de Zouk ou os do Big Brother Angola-Moçambique. Pessoas a quem são pagas autênticas fortunas para mentirem ao povo que são artistas e que merecem a sua atenção. Pessoas a quem o povo é capaz de pagar, estúpida e cegamente, entradas aos seus eventos. Ou contratos de fornecimento de canais televisivos onde tais banalidades são projectadas.
O que é então, para Mario Vargas Llosa, a tal “civilização do espectáculo”? Simples e passo a citar: é aquela “onde o primeiro lugar na tabela de valores vigente é ocupado pelo entretenimento, onde divertir-se, escapar do tédio, é a paixão universal. Esse ideal de vida é perfeitamente legítimo, sem dúvida. Só um puritano fanático poderia reprovar os membros de uma sociedade que quisessem dar descontracção, relaxamento, humor e diversão a vidas geralmente enquadradas em rotinas deprimentes e às vezes imbecilizantes”. Então, para o autor, tudo o que é considerado como “cultura”, para os nossos tempos, tem de ser de compreensão fácil e acessível ao povo. Algo que lhes deixe imediatamente satisfeitos, sem algum esforço intelectual. Posso trocar em quinhentas: hoje o que é “cultura” não é o que é ditado por cientistas, pensadores ou filósofos; é o que é papagueado por ignorantes como o Bang, o MC Roger ou o Fred Jossias. Ou o que os directores de marketing da Mcel/Vodacom decidem patrocinar, o que os gestores da ZAP/DSTV decidem massificar e o que os directores criativos da Golo e da DDB decidem publicitar…
O povo não sabe o que é cultura, e nem tem como saber. Nunca saberá que, fruto da sua estupidificação institucionalizada, jamais perceberá que é apenas vítima de instrumentalização e de extorsão. Torrar o seu dinheiro pagando por essas lucubrações não é algo que interessa aos donos do país, muitos deles gerindo interesses corporativos privados que amealham lucros fabulosos introduzindo e fomentando essas frivolidades na nossa sociedade. Afinal, hoje estamos num mundo em que já não interessa se algo é bom ou mau… hoje estamos num mundo em que o que anestesia e estupidifica as pessoas é o que é mais bem pago, promovido e celebrado. Quem, por ventura, tentar se insurgir e questionar, mesmo já dentro da ”festa”, é sempre hipnotizado por mais uma 2M, não é verdade?
Voltando ao cerne do texto e citando mais uma vez Mario Vargas Llosa, na cultura do espectáculo de hoje em dia “é bom o que tem sucesso e é vendido; mau o que fracassa e não conquista o público”. Assim, eles nos transformam em autómatos, indivíduos que já não conseguem saber o que é que presta e o que é que não presta; indivíduos que tudo o que simplesmente têm a fazer é aceitar o que lhes é imposto, sem oportunidade de escolher. É só por isso que quase ninguém se escandaliza, hoje, com as mamas de fora da Matilde Conjo perante as cameras daquele canal de televisão. Pelo contrário, até celebramos. É a “cultura” moçambicana a se internacionalizar…
Manuel Viriato Muito bom texto e boa reflexão. Estamos nos destraindo com trivialidades e perdendo o foco no que realmente devia ser importante.
Este caso é mais um igual a muitos que pode permitir que o povo perca o seu controle. Estou a imaginar que alguns agora poderão pagar um pouco mais para ter acesso ao canal que publicou as imagens e assim acederem a mais informações triviais e não buscar informação sobre o impacto do afastamento dos doadores para economia Moçambicana.
EliminarEste caso é mais um igual a muitos que pode permitir que o povo perca o seu controle. Estou a imaginar que alguns agora poderão pagar um pouco mais para ter acesso ao canal que publicou as imagens e assim acederem a mais informações triviais e não buscar informação sobre o impacto do afastamento dos doadores para economia Moçambicana.
Alves Manjate Óptima reflexão Barroso! Aquilo lá, de cultura tem nada! É sim uma vergonha! As pessoas perderam-se e estão dispostas a tudo por dinheiro e fama! Distraem-se do essencial e tornam-se seguidores de banalidades. A essência da cultura (moçambicana) passa muito longe daquilo. O que mais intriga é a falta de postura crítica dos moçambicanos. Em contraste aplaudimos e pedimos por mais. Entristece-me bastante ver as coisas no rumo em que estão. Tsk
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Dzole Yanga Em suma... "É a cultura moçambicana a se internacionalizar".
Nunca criticamos as masuazis com os seios fora. Fingimos que vivemos numa caixinha de fosforo, numa sociedade perfeita. Por vezes os tabus culturais caem que nem caju. Eu nao estou escandalizado de maneira nenhuma, nem julgo. Ha dinheiro em jogo e a menina so esfregou as mamas na caea dum "gajo". Infelizmente algo que so se faz em quatro paredes.
Ja dizia Mick Jagger, sexo e nudismo que é bom fazemos as escondidas, mas criminalidade faz-se a luz do dia.
EliminarNunca criticamos as masuazis com os seios fora. Fingimos que vivemos numa caixinha de fosforo, numa sociedade perfeita. Por vezes os tabus culturais caem que nem caju. Eu nao estou escandalizado de maneira nenhuma, nem julgo. Ha dinheiro em jogo e a menina so esfregou as mamas na caea dum "gajo". Infelizmente algo que so se faz em quatro paredes.
Ja dizia Mick Jagger, sexo e nudismo que é bom fazemos as escondidas, mas criminalidade faz-se a luz do dia.
Rildo Rafael Edgar Barroso na esteira do Karl Marx e a Escola de Frankfurt o texto desmistifica as artimanhas do aparelho ideológico e e evidencia a teoria crítica...Irei partilhar consigo uma obra "A sociedade do espectâculo''...Interessante leitura...
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Heleno Bombe puto puto parabéns pelo texto, cabe a nós definirmos o que é Cultura moçambicana e se o acto mostrado em cameras de televisão é ou não culturalmente aceite, mas qnt a mim não fez diferença nenhuma visto a exposição que temos sido sujeito todos os dias ao ligarmos as nossas televisões mocambicanas e além fronteiras
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Paula Martins Não se martirizem a pensar que este tipo de programas que entitulo de " putrefactos" é um mal nacional. Esta receita importada foi um sucesso em outros países tal como Portugal. Tem razão, funciona como 2M, entretém, embebeda, vicia e anestesia o pensamento. Excelente texto o seu, resta descobrir o porquê de programas tão " burlescos" terem tanta audiência......
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Paula Martins Deixou sequelas sim mas ainda hoje está a decorrer. As sequelas para o público em geral, não se vêm mas para os concorrentes é mortal. A pressão lá dentro é enorme, está estudado que as pessoas perdem a noção que estão expostas 24 horas por dia então aquilo destroi carreiras, casamentos, relações familiares é uma razia. Também lança alguns muito poucos mas só para o mundo das revistas cor de rosa. Dali não sai nenhuma carreira séria nem dignificante. Certo é que o povo embebeda-se daquilo. Perceber porquê, seria a questão....
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Carmen Fumo Porquê? Talvez porque mais vale entreter o povo com futilidades, onde o vencedor ganha migalhas que pelas condicoes em que os seus países se encontram, mesmo que trabalhasse mil anos não conseguiriam amealhar. Contudo esse mesmo valor daria para umas pacatas salas de aulas ou mesmo patrocinar olimpiadas academicas que elevariam nao so o conhecimento, mas tambem a cultura. E desviar a atenção a essas banalidades, peermite quese distanciem mais do seu dever fiscalizador sobre as acoes do governo. E olha que estes sao colocados em períodos estratégicos.
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Alex Paulo Dos Anjos Mas também o povo já está intoxicado pelas nossas televisões e rádios de programas musicais sem bandeira nem identidade cultural. Para mim que sou promotor de eventos musicais se chamo para espectaculos musicos de interesse educativo e cultural o povo não vai, aliás tens que ter bom patrocineo para dar espectaculos com maximo de mil pessoas nos lugares como CCFM ou CCUEM...nos locais para massa a aderencia não é nem de 20% se promoveres bom espectaculo cultural. Moçambicano infelizmente vive uma imoralidade tal que o Big Brother Angola Moçambique está sendo aplaudido pela maioria dos jovens.
A imoralidade pública vai de vento a popa.
EliminarA imoralidade pública vai de vento a popa.
Marcelo Machava Tb nao celebro nada de merda pois nunca vou gostar de ver a minha filha daquele modo. Edgar aconselho a adicionar à sua academia um pouco de jornalismo a ver se aprende a ser objecto e directo, economizando as palavras e tempo de leitura. Argumentas muito como se estivesses numa sala de aulas. eh eh eh Parabens
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Carmen Fumo Bem dito. Aliás tudo dito, claro e esclarecido. Gostei. So nao tenho um comentário acerca disso, porque acho um desperdício de tempo, dos neurônios e pode desgastar minha massa cinzenta. Pois cabe a cada um decidir o que assiste, e eu nem por Decreto Lei assisto a futilidades, ja me basta as notícias maquiadas, que me obrigam a ver e requerem de mim um exercício extra de pensar, duvidar e investigar para alem do que nos dao a consumir. Resumindo: eu escolho o que meter nas memorias interna e externas do meu cerebro. É um livre arbítrio de cada um.
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Savage Thomas Sankara Rich Espectacular
LIKE!!!
Yo. Miguel Delacasa Cristiano Carvalho, good stuff right here.
EliminarLIKE!!!
Yo. Miguel Delacasa Cristiano Carvalho, good stuff right here.
Poetry Melody Adorei a Reflexao...contudo, estamos hipnotizados pelo liberalismo dos outros paises e, a todo custo queremos nos igualar, esquecendo-nos do nosso mozaico Africano que é diversificado de valores e principios. Pesa embora, seja tradicao nalguns povos africanos que as mulheres nao se cubram com vestimentas. Isso nao faz delas emocionadas e muito menos exibidas.
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Custodio Faustino Mabunda Perante este quadro, aduzo que já tempo de se pensar num programa (talvéz BBM), no qual se espalhará o que, realmente, nos espelha. Acreditando ou não, no BBAM, estamos a ser humilhados. Estamos a pagar a factura da nossa ingenuidade. Paremos de lamber as ''plantas do pés'' do Angolanos.
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Julio Lilito Boene Edgar Barroso, igual a si próprio. Optima reflexão da qual estou plenamente de acordo.
Culturalmente fiquei rico.
EliminarCulturalmente fiquei rico.
Inocencio Macuacua Tiro chapeu a esta análise. Muito obrigado Edgar Barroso pelas reflexões e de facto disse tudo o que eu também gostaria de ter dito.
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Toberto Lembrança Matavela Para mim mais uma vez ficou patente que estamos vivendo momentos de crise profunda de valores e uma dissociação até mesmo rotura total com a educação que recebemos dos nossos pais, que se manifesta numa juventude totalmente despreparada para a vida que caminha para o abismo. E o futuro, este é no mínimo assustador porque estes jovens já são pais hoje e que educação estão dando aosseus filhos? Muita pena mesmo ver este espetáculo triste acontecendo e pior com aprovação de alguns seguimentos da sociedade. Muito triste e lamentavel, parece que o ocidente esta avançando e ganhando mais espaço na futilização das sociedades africanas.
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Valente Manhique Crise de identidade, eis para mim o reflexo que faço do escândalo do tal BBAng-Moz, é de arrepiar a mente, como uma pessoa, que se presume que tenha tido uma educação, como a nossa, fazendo jus ao facto de a menina Matilde ser da nossa geração , crescemos sabendo respeitar os mais velhos, fomos incutidos a educação moral na igreja e na comunidade, penso eu que esses valores a prezada Matilde deles não gozou.
Olhando mais afundo, tentando fazer uma avaliação científica, actualmente o fenómeno globalização tem em vista ofuscar o lado bom da cultura e priorizar o lado perverso da mesma.
Realtys das ditas sociedades hegemonicamente globalizada nunca saltam à vista, mas das sociedades periféricas, sobretudo a brasileira, aliada ao factor língua, são usadas na actualidade para manipular as sociedades lusófonas, sobretudo as que estão num ascendente económico, ou que gozem de riquezas.
A globalização económica, esta no cerne deste desvirtualidade, aliada à inoperância e a dependência das sociedades perifericas.
EliminarOlhando mais afundo, tentando fazer uma avaliação científica, actualmente o fenómeno globalização tem em vista ofuscar o lado bom da cultura e priorizar o lado perverso da mesma.
Realtys das ditas sociedades hegemonicamente globalizada nunca saltam à vista, mas das sociedades periféricas, sobretudo a brasileira, aliada ao factor língua, são usadas na actualidade para manipular as sociedades lusófonas, sobretudo as que estão num ascendente económico, ou que gozem de riquezas.
A globalização económica, esta no cerne deste desvirtualidade, aliada à inoperância e a dependência das sociedades perifericas.
Timoteo Maposse ...quando se fala de Big Brother ou programas restrito a menores de 18 anos nos canais que lá são transmitidos evocam se aos pais pra maior controlo mas o que acontece é que não há tempo suficiente pra os mesmos o fazerem eis que...
Estamos numa era em que deitamos a baixo aquilo que são os valores morais dessa mesma cultura assim como não ao respeito pelos nossos filhos que hoje estão mais focados pra ver aquilo que é de entretenimento...
Chamamos a isto de entretenimento ou bajula dos corpos a olho nu... Já não estamos em África mas sim num mundo sem noção.
EliminarEstamos numa era em que deitamos a baixo aquilo que são os valores morais dessa mesma cultura assim como não ao respeito pelos nossos filhos que hoje estão mais focados pra ver aquilo que é de entretenimento...
Chamamos a isto de entretenimento ou bajula dos corpos a olho nu... Já não estamos em África mas sim num mundo sem noção.
Sergio Mawelele Triste, muito triste. Não me lembro de quem disse que nós somos aquilo que lemos/comemos. A nissa cultura de pouco ler nos faz aceitar o que nos dão. O problema não é somente o que nos obrigam a ingerir mas o facto de não termos capacidade de " nao comer o que nai mas aquilo que qyeremos. " Quem nada sabe, nada (de bom) pode escolher
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Tsutsi Fumo TF Algo que lhes deixe imediatamente satisfeitos, sem algum esforço intelectual. Posso trocar em quinhentas: hoje o que é “cultura” não é o que é ditado por cientistas, pensadores ou filósofos; é o que é papagueado por ignorantes como o Bang, o MC Roger ou o Fred Jossias. Ou o que os directores de marketing da Mcel/Vodacom decidem patrocinar, o que os gestores da ZAP/DSTV decidem massificar e o que os directores criativos da Golo e da DDB decidem publicitar…
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Donaldo Chongo É a tal "Indústria do Nada" cantada por Valete. "Em todo movimento empresarial, a industria do nada é a maior invencão de todas. Nós criamos tudo a partir do nada. Criamos actores de sucesso que mal sabem representar...cantores que mal sabem cantar." Prossegue ironizando, o rapper português.
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Jay Cee Malôa Poxa Edgar... granda post... estou a imaginar os produtores deste espectaculo a terem um meeting com estas crianças (sim, sao adultos de idade mas com mentes subdesenvolvidas), informando que as audienças ñ estao ao nivel desejado, as votações estão fracas, a lucratividade em baixo. Comparam os lucros do BB Moz Ang com os da Nigeria, Brazil e blabla... Lá, o manager sugere maior agressividade no marketing, maior espetacularidade, mais nudismo, erotismo e estupidez. Compensações garantidas, mentes trabalhadas, a formula para mediocridade esta criada. Eu tenho muita pena dessa geração. Me lamentei pelas pessoas que estao nesse programa, seus familiares, seus filhos e todos que perdem seu rico tempo nisso. Nao ha dinheiro no mundo que pague o preço de um homem cultivado.
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Taiboz Taibo Texto coerente e próprio para relançar as pedras aos buracos (in) devidos. É preciso dizer que o pacote capitalista — onde o consumo é o valor "nobre" — engloba esse corpo seminu na tv. Moral, no caso em análise, seria referente a quem não se despe publicamente. A verdade é que, despida ou não, a mulhe sempre foi objecto de usos e abusos em nome de algumas tradicionalizações. Isso também é despir a mulher publicamente. Pelo que percebo, é legítimo que ela seja vítima de corpo vestido, porque nua atenta a moral, esse ideal complexo e discutível. Não faço apologia ao caos mas acho que parece fácil demais diferenciar uma espécie de boa da má "cultura".
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Dulce Celina Bila Normalmente não sou de perder muito tempo com textos longos no facebook, mas confesso que leio teus textos atentamente e bolas são brilhantes! Parabéns por mais este excelente texto e permita-me partilhar pois ví gente ontem achar normal os vídeos desta moçambicana que se espalharam pelas redes sociais...O pior é que não eram pessoas pouco informadas e me perguntei o porquê, e eis que tu com este texto consegues me responder!!! Obrigada
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Manuel Mageta Taque Concordo com abordagem segundo Mario Vargas, mas é repugnante quando não se pode ter em conta que parte das pessoas que funcionam como ópio do povo, não são enquadras como seres que também pode estar a ser vítimas da cultura do espectáculo, e mais repugnante ainda quando queremos ditar regras de se portar na sociedade. Experimenta ir descalço a uma bomba de gasolina na EN1/EN4 (estação de serviços) e veja o contrário de um "branco" no mesmo cenário. A razão disto se centra no fato de um ter nascido e crescido com sapato e ou contrário do outro que no seu meio nunca teve, ou seja, não que de um outro lado não exista pobreza, mas a questão mental é que forte e dita os valores e princípios de cada um.
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Joaquim Manuel Esta no sangue ...artigo de 2014
http://mozmassoko.com/.../representante-de-mocambique-fez...
Eliminarhttp://mozmassoko.com/.../representante-de-mocambique-fez...
Gervasio Avelino O Mario Vargas Llosa já tudo disse. Os valores morais e culturais vão a cada dia que passa se degradando - ou já se degradaram. Na verdade o que o Público quer ver é mesmo esse espectaculo vil e sem nenhum interesse, que é propalado aos olhos de quem se interessa em ver. Diz-se que o programa é para maiores de dezoito anos. Alguém aqui que me diga se nos dias de hoje, existe algum pai ou encarregado de educação, que ainda controla assiduamente o que o filho ve ou devia ver? Nenhum de certeza. Os nossos filhos vão crescendo já formatados com a ideia de que cultura é mesmo aquilo, o que identifica uma nação em termos culturais é a exposição ao ridículo de actos insignificantes e de atentado ao pudor-se assim quisermos dizer.
Portanto, é uma situação quase que irreversível, ou se não, podemos considera-la difícil, pois um dos valores culturais perdidos é o de hábito de leitura. E essa informação não será nunca trazida ao público pelos mídia ou mesmo através desses programas de Entretenimento. Tem que se ir buscar em livros ou ler arigos publicados nas redes sociais por "gajus" que nem o #Barroso.
EliminarPortanto, é uma situação quase que irreversível, ou se não, podemos considera-la difícil, pois um dos valores culturais perdidos é o de hábito de leitura. E essa informação não será nunca trazida ao público pelos mídia ou mesmo através desses programas de Entretenimento. Tem que se ir buscar em livros ou ler arigos publicados nas redes sociais por "gajus" que nem o #Barroso.
Mahigho Ngoka confesso que m desagradou esse episodio. ha pessoas que nao teem conhecimento de si proprias e acabam agindo em funcao de certos estimulos externos (dinheiro, fama, sucesso). na sociedade actual eh dificil a propagacao e promocao de programas que visem o desenvolvimento cultural das pessoas pois isso permitiria o "explorarem a profundidade da condição de seres humanos que são ou a serem mais conscientes das diversas alternativas que o mundo poderia ser hoje". promover a cultura eh muito caro e dificil, promover banalidades eh facil, barato.
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Melody Obc Obrigado caro Edgar Barroso pela indicacao da obra, eh pena meu celular(plataforma pala qual acedo a essa rede) esteja com problemas, nao consegui ler todo post, mas tava gostar.
=As Matildes dessa vida=
Como é hábito, não faltam os (bons) moralistas desta nação para vilipendiar a atitude da Matilde Conjo, devemos (antes) lembrar que o programa passa num canal fechado, portanto, esse pode ser indicativo que vai limitar as pessoas que devem assistir - segundo sua capacidade financeira de adquirir um pacote DStv ou mesmo de escolha, embora hoje nada seja privado com o Facebook - Twitter e WhatsApp. Porém, lembrem-se que há aviso prévio para maiores de 18 anos neste programa.
Mas, o que é Big Brother?
O Big Brother Angola e Moçambique é um reality show baseado no conceito de que todos os participantes estão sujeitos a uma vigilância constante. Vivem juntos numa casa cenográfica, estando isolados do mundo exterior por um período superior a 60 dias, privados do contacto com os seus familiares, actividades sociais, das notícias do mundo exterior e constantemente monitorizados através de câmaras de televisão e de microfones estrategicamente posicionados na casa.
Temos aqui que perceber os objectivos dos participantes deste reality show são meramente dois: uns procuram a fama e outros o dinheiro. Diante disto, alguns podem chocar com a sensibilidade de várias pessoas porque há quem não vai medir as suas armas e esforço para atingir tais objectivos e numa sociedade pluralista e universal, o consenso sobre boa e má moral "fica para os anjos", seja aqui ou fora do país.
Amigos, não se distraiam com Big Brother ou seja o que for, pensem o país com serenidade - não se esqueçam que estamos num marasmo incerto como nação, deixem a Matilde lutar pelos seus $ 100 mil. Coitada, ela nem sabe que cá fora há uma estupenda dívida que lhe espera.
Como é hábito, não faltam os (bons) moralistas desta nação para vilipendiar a atitude da Matilde Conjo, devemos (antes) lembrar que o programa passa num canal fechado, portanto, esse pode ser indicativo que vai limitar as pessoas que devem assistir - segundo sua capacidade financeira de adquirir um pacote DStv ou mesmo de escolha, embora hoje nada seja privado com o Facebook - Twitter e WhatsApp. Porém, lembrem-se que há aviso prévio para maiores de 18 anos neste programa.
Mas, o que é Big Brother?
O Big Brother Angola e Moçambique é um reality show baseado no conceito de que todos os participantes estão sujeitos a uma vigilância constante. Vivem juntos numa casa cenográfica, estando isolados do mundo exterior por um período superior a 60 dias, privados do contacto com os seus familiares, actividades sociais, das notícias do mundo exterior e constantemente monitorizados através de câmaras de televisão e de microfones estrategicamente posicionados na casa.
Temos aqui que perceber os objectivos dos participantes deste reality show são meramente dois: uns procuram a fama e outros o dinheiro. Diante disto, alguns podem chocar com a sensibilidade de várias pessoas porque há quem não vai medir as suas armas e esforço para atingir tais objectivos e numa sociedade pluralista e universal, o consenso sobre boa e má moral "fica para os anjos", seja aqui ou fora do país.
Amigos, não se distraiam com Big Brother ou seja o que for, pensem o país com serenidade - não se esqueçam que estamos num marasmo incerto como nação, deixem a Matilde lutar pelos seus $ 100 mil. Coitada, ela nem sabe que cá fora há uma estupenda dívida que lhe espera.
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