por MÁRIO SOARES03 fevereiro 2015
É certo que nos últimos dois anos o clima mudou e Portugal e o oceano Atlântico, em consequência, também. No ano passado a costa marítima portuguesa mudou, com grandes ondas de mais de dezasseis metros e a perda de areia das praias, engolida pela força do nosso velho Atlântico.
Este ano, julgo eu, o fenómeno poderá repetir-se. Em 2014 houve calor e bastante turismo, apesar da pouca areia, mas também muito frio no final do verão e muita neve e gelo, como há muito tempo não se via na nossa serra da Estrela.
Na América, quer do lado do Pacífico quer do Atlântico, também houve imensa neve e gelo, que têm causado, como se tem visto, inúmeros estragos.
Entretanto, o presidente Barack Obama evitou que os mercados usurários continuassem a furar a terra na descoberta de mais e mais petróleo e gás, o que fez baixar o preço do petróleo em vários países, como por exemplo na Rússia de Putin.
No entanto, o mundo vai mal, em todos os continentes. E ou se acaba com a globalização dos mercados e com as inúmeras guerras que afetam o mundo árabe e Israel, como é o caso do fanático primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, embora sejam ambos contra o terrorismo dos jihadistas e da Al--Qaeda, ou tudo será cada vez pior...
O louco do presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, que é um assassino, devia ser julgado no Tribunal de Haia. Seria um exemplo importante para o mundo. Mas a ONU está incapaz de agir.
É certo que num mundo tão diverso e incerto quanto ao futuro há duas figuras exemplares que tudo têm feito para mudar a situação deste nosso planeta, que pode desaparecer de um momento para o outro. Refiro-me ao Papa Francisco e ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Todas as pessoas conscientes devem ajudá-los e é importante que o façam para salvar o nosso planeta, antes que seja tarde demais... A nossa Terra está em grande perigo.
A GRANDE GRÉCIA
O maior acontecimento político da semana que passou, no sentido da União Europeia, foi a vitória de Tsipras na Grécia, e o fracasso da Senhora Merkel quando quis, em vão, dominar Tsipras.
Pelo contrário, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou a Alexis Tsipras a dar-lhe os parabéns e ao novo governo grego. Cito: "Como amigos e aliados desde há muito tempo dos gregos, os Estados Unidos esperam trabalhar com o novo governo para ajudar a Grécia e sua tão grande cultura a voltar a um caminho de prosperidade a longo prazo."
No referido telefonema, que impressionou a União Europeia, Obama disse querer "relações de cooperação entre os Estados Unidos e o novo governo grego em áreas como a segurança europeia e o combate ao terrorismo". Quanto ao primeiro-ministro de Portugal, considerou a vitória de Tsipras como uma brincadeira de crianças e pre-tende manter a austeridade que, segundo o Papa Francisco, mata.
E na verdade está a matar Portugal, por causa do seu governo, que não tem eira nem beira e está a pouco tempo do fim. É inevitável.
Note-se que a nossa vizinha Espanha exultou com a vitória de Alexis Tsipras, à exceção de Rajoy, claro, graças ao Podemos e os restantes Estados europeus também, bem como a própria Alemanha da social-democracia de Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, que abraçou longamente Tsipras.
Quer isto dizer que a longa crise europeia está a passar e Portugal, devido ao seu governo e ao seu aliado, o Presidente da República, Cavaco Silva, não passam da cepa torta e estão no fim, como a grande maioria dos portugueses já percebeu e deseja.
Pelo contrário, o líder socialista, António Costa, manifestou-se como amigo de Tsipras. Ou seja, tudo muda na União Europeia para melhor e as políticas de austeridade, queira o governo português ou não, deixaram de ter sentido. A crise da União Europeia está a acabar.
DE NOVO SÓCRATES
Já passaram mais de dois meses desde que o ex-primeiro-ministro José Sócrates está preso, sem ser ouvido pela Justiça. O juiz responsável pela prisão, Carlos Alexandre, não conseguiu ainda encontrar - que se saiba - nada de concreto que justifique esta prisão. É extraordinário.
Contrariamente à situação referida, nunca tantos portugueses se manifestaram em favor de Sócrates e furiosos com a prisão por ele sofrida. Não só os socialistas mas também personalidades de outros partidos.
No recurso que foi apresentado pelos seus excelentes advogados, João Araújo e Pedro Delille, que muito estimo, para anular a prisão de Sócrates, a atuação do juiz, Carlos Alexandre, é posta em causa, sendo acusado de ter ultrapassado os seus deveres. Por isso se diz que o juiz citado foi além das suas funções, como, por exemplo, se escreve e bem no último Expresso.
Aliás, a Senhora bastonária da Ordem dos Advogados, Elina Fraga, disse na Rádio Renascença - cito - "que é a própria investigação criminal que entrega e tem relações perigosas e promíscuas com a comunicação social". Ou seja, parece que o Ministério Público, por via de Rosário Teixeira, violou o segredo de Justiça, bem como o juiz Carlos Alexandre no caso Sócrates.
Seja como for, a esmagadora maioria dos portugueses está indignada com a situação infame e intolerável em que se encontra José Sócrates. Nunca tantos portugueses se manifestaram em favor de José Sócrates, estando ao mesmo tempo indignados pelo que lhe aconteceu. Sintomaticamente, o Presidente Cavaco Silva não tem tido a coragem de dizer uma palavra sobre o assunto. É espantoso.
Nesta fase final de um governo incapaz e de um Presidente da República que nunca se dignou dizer uma palavra acerca de um ex-primeiro-ministro, com o qual durante tantos anos dialogou, a indignação e a solidariedade dos portugueses para com Sócrates não podia ser maior. Como se tem visto em inúmeras visitas que, de norte a sul, lhe têm feito, com enorme carinho. Valha-nos isso. E o juiz Carlos Alexandre que se cuide...
TRÊS BREVES NOTAS
Foi no dia 27 de janeiro que se comemorou o septuagésimo aniversário da libertação dos prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz criado pelo ditador louco Hitler muito antes de se suicidar. Auschwitz e a memória das vítimas do Holocausto, que visitei no pós-guerra e que tanto me impressionaram e à minha mulher.
Morreram nesse campo de concentração mais de um milhão de pessoas. Que tragédia horrorosa. E há ainda quem fale - quando há tantas guerras no mundo - numa terceira guerra mundial. A ONU tem obrigação de estar atenta e de impor quanto antes a paz.
A Espanha de Pablo Iglesias, dirigente do Podemos, reuniu no sábado passado cerca de trezentos mil espanhóis para saudar Tsipras e a nova Grécia.
A União Europeia está a mudar e Portugal não tem outro remédio se não mudar o mais depressa possível. Porque o tempo urge...
No dia 31 de janeiro manifestaram-se no Aeroporto de Lisboa centenas de pessoas, de várias origens, contra a privatização da TAP. O general Loureiro dos Santos, grande patriota, enviou uma mensagem saudando a iniciativa, tal como já o havia feito antes o general Ramalho Eanes.
A TAP é uma companhia importantíssima para toda a lusofonia. Todos os países independentes que falam português gostam da TAP e a utilizam sempre. Veja-se assim a desgraça que seria se fosse vendida como o governo quer a estrangeiros. A posição do atual governo, mais uma vez, é antipatriótica. O que é muito triste.
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