Vincento Paglia gostaria de ver combatida a ideia, nalguns países, de que a homossexualidade é um delito.
O mundo político tem a responsabilidade de encontrar “soluções de direito privado” e de encontrar “perspectivas patrimoniais” para casais que optem pela união fora do casamento, disse em entrevista à AFP Vincento Paglia, "ministro" para a Família do Papa Bento XVI que não deixou de vincar o carácter sagrado do casamento cristão entre homem e mulher.
Vincento Paglia respondia assim a perguntas de jornalistas sobre a posição da Igreja perante as diferentes formas de união – casais gay, divorciados em segundos casamentos, mães solteiras, entre outros – que se tornaram muito frequentes mesmo entre pessoas católicas.
Paglia, da Comunidade de Santo Egídio, dirige desde o ano passado o importante ministério da Família do Vaticano e aborda esta problemática complexa com um espírito e um vocabulário mais abertos e modernos do que os seus antecessores, embora mantendo-se firme na defesa do casamento tradicional.
De um lado, há “o casamento e a família, fundada pela aliança entre um homem e uma mulher”, e do outro, “formas de vida comum não familiares, que constituem um verdadeiro arquipélago de situações”, disse citado pelo jornal católico italiano Avvenire.
“No quadro do actual código civil e patrimonial, soluções podem ser encontradas e tidas em conta, seja no plano patrimonial seja para facilitar as condições de vida de forma a impedir que injustiças atinjam os mais fracos”, continuou. “É evidente que há direitos individuais a garantir”, notou, salientando “a multiplicação dessas situações”.
O arcebispo italiano opôs-se a qualquer forma de discriminação contra os homossexuais de certos países, no Médio Oriente ou em África: se “em certos países”, a homossexualidade é considerada um “delito”, “gostaria que isso fosse combatido”, afirmou.
Vincento Paglia lembrou ainda a posição da Igreja em defesa da família tradicional e a sua oposição total à adopção de crianças por casais gay. O Parlamento francês discute actualmente um projecto que legaliza o casamento gay, ao qual se opõe a Igreja por razões religiosas e "antropológicas" em nome da "lei natural".
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