Atentado no Natal reacendeu os debates sobre migração com fake news disseminadas pelo X do bilionário
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, dissolveu o Parlamento nesta sexta-feira (27) e oficializou a convocação de eleições antecipadas para 23 de fevereiro, após a queda do governo do social-democrata Olaf Scholz.
A coligação de Scholz ruiu devido a disputas internas sobre como reativar a principal economia da União Europeia (UE). O atentado no mercado de Natal de Magdeburg, na semana passada, reacendeu os debates sobre segurança e migração. O suspeito do crime é um médico psiquiatra de 50 anos, da Arábia Saudita, que mora na Alemanha desde 2006.
Publicações nas redes sociais rapidamente classificaram o caso como um atentado de motivação terrorista, vinculando-o a medidas de acolhimento a refugiados, sobretudo sírios, adotada pela então chanceler Angela Merkel em 2015.
O bilionário Elon Musk, que no começo do dia havia elogiado o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que promove discursos anti-imigração, compartilhou publicações na sua rede social X que associavam o ataque à imigração.
Mas pouco depois do crime, mais informações sobre o perfil do suspeito vieram à tona: autodenominado "crítico do Islã", com falas a favor da AfD e restrições à imigração, o que contraria a hipótese de motivação islamista. Até o momento, acredita-se que ele agiu sozinho.
Steinmeier pediu que a campanha eleitoral seja conduzida "com respeito e decência" e alertou para o perigo de "influências estrangeiras (…) particularmente fortes no X", rede social do magnata Elon Musk.
Durante a campanha eleitoral americana, vários estudos apontaram para a propagação de informações falsas, especialmente por robôs, na rede social X. "O ódio e a violência não devem ter espaço nesta campanha eleitoral, nem a difamação ou a intimidação", insistiu Steinmeier. "Tudo isso é veneno para a democracia", acrescentou.
Steinmeier insistiu que o país precisa de "estabilidade política" e apontou "instabilidade econômica, guerras no Oriente Médio e na Ucrânia" como desafios do futuro governo, além de debates sobre migrações e a mudança climática. Olaf Scholz permanecerá no cargo de chefe de Governo interino até que um novo Executivo seja formado, o que pode levar vários meses.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito
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