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Escrito por Adérito Caldeira em 19 Junho 2019 |
Em plena guerra comercial entre os Estados Unidos da América (EUA) e a China a capital moçambicana tornou-se nesta quarta-feira (19) no epicentro dos negócios entre os EUA e África. Num centro de conferencias construído e gerido por chineses, que no ano passado disponibilizaram 60 biliões de dólares para serem investidos no nosso continente, o Presidente Filipe Nyusi avisou: “Espero que os americanos saibam que quem chega primeiro em Moçambique e em África será o primeiro a sair”.
Dez chefes de Estado africanos eram aguardados na Cidade de Maputo para a 12ª Cimeira de Negócios EUA – África, apenas sete fizeram-se presente no evento que decorre até sexta-feira (21) e clama contar com a presença de mais de mil empresários, investidores, membros do governos e funcionários das agências financiamento multilateral.
Filipe Nyusi, único Chefe de Estado africano que compareceu a edição anterior da bi-anual Cimeira em Washington DC, assinalou que as “relações entre África e os Estados Unidos tem vindo a conhecer um crescimento significativo nas últimas décadas (...) nos últimos 3 anos o volume do comércio externo entre a África e os Estados Unidos aumentou de 49 biliões de Dólares para 69 biliões de Dólares, regozijar-nos em saber que 60 por cento desse valor corresponde as exportações de África para os Estados Unidos da América”.
“Apesar dos progressos alcançados na relação entre os Estados Unidos da América e África, o continente africano ainda apresenta enormes desafios e oportunidades cuja materialização demanda recursos financeiros avultados que não se encontram prontamente desenvolvidos localmente, só para mencionar alguns destes desafios, o continente apresenta um défice de financiamento de infra-estruturas estimado entre 68 a 108 biliões de Dólares norte-americanos, de acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento. A mobilização destes recursos é vital para acelerar o processo de integração económica no continente”, acrescentou o Presidente moçambicano.
No entanto Nyusi, quiçá recordando-se do 3º Fórum de Cooperação China-África que reuniu em Pequim os presidentes e chefes de governo de 53 países africanos, deixou um sério aviso: “Espero que os americanos saibam que quem chega primeiro em Moçambique e em África será o primeiro a sair”, com os recursos que o nosso país e o continente tem para serem explorados.
Luísa Diogo desafia Estados Unidos a criar “linhas de crédito concessional”
Secundando o Presidente de Moçambique a antiga primeira-ministra e agora banqueira, Luísa Diogo, assinalou que “África ao passar para economia de mercado, ainda não tem capitalistas. São sociedades e economias orientadas para o mercado, ainda não são economias capitalistas porque não tem capital”.
“Esta falta de capital em África pode-se transformar em oportunidade para fazer se fazer negócio, é uma questão de sermos mais criativos (...) os africanos ao organizar-se e fazer mudanças estão a preparar-se cada vez mais para acomodar o capital e criar ambiente para o desenvolvimento de negócios. A primeira fase de reformas, os africanos já estão muito avançados e alguns posso considerar que concluíram a primeira fase, que era a fase da abertura dos mercados, a fase da liberalização”, declarou a presidente do Conselho de Administração do Barclays Bank.
Na perspectiva de Luísa Diogo, “África precisa de infra-estruturas que possam permitir fazer negócios e conectar, aí o capital é atraído pela forma como essa construção de infra-estruturas é feita. A abertura a participação do sector privado e creio que os Estados Unidos tem uma experiência muito profunda de envolvimento do sector privado nas infra-estruturas, esta seria uma grande oportunidade e os bancos e as instituições financeiras abraçariam este tipo de iniciativa porque permite que se possa desenvolver, fazer com que o mercado possa continuar a fazer negócios”.
“A área de capacidade institucional e as linhas de apoio, e aí eu creio que os Estados Unidos teriam um papel muito grande abrindo-se linhas de crédito concessional, em que o Estado americano poderia apoiar em linhas de crédito e atrair cada vez mais investidores para África”, acrescentou Luísa Diogo.
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