Durante a vista ao MTC, o PR passou pelo Instituto Nacional dos Transportes Terrestres (INATTER) e pelo Porto de Maputo, antes de dirigir o Conselho Consultivo no INCM. Aqui, Filipe Nyusi dispensou a apresentação do relatório de Carlos Mesquita e pediu que alguns dirigentes falassem dos desafios nas respectivas áreas. Alguns passaram no teste oral e outros gaguejaram, com destaque para a chefe do Departamento dos Recursos Humanos do Ministério. Depois de ouvir e anotar, o Chefe de Estado resumiu as suas conclusões da seguinte maneira: “No Ministério, há muito pouca clareza sobre as funções e tarefas que estão a exercer. E, nas empresas, há défice de uma visão empresarial”. Depois das conclusões, as críticas: disse que o MTC está a tornar-se campeão em projectos que mal terminam. “Temos muitas embarcações no país que não estão a funcionar, que foram compradas com muito dinheiro. Agora, temos que pagar dívidas de coisas que não funcionam”, desabafou.
Mas não parou por aí. Desafiou os dirigentes a verificarem quem foram as pessoas que fizeram parte dessas equipas que tomaram más decisões. “Queremos conhecer esses medíocres que estão a hipotecar a economia do país”. Ladeado pelo ministro e pela vice-ministra, Nyusi deplorou a qualidade dos funcionários e defendeu que o MTC não pode ser um “armazém de quadros que não funcionam em outros sítios”. “A forma como a responsável dos recursos humanos respondeu às minhas questões mostra claramente que não estão a fazer a gestão do pessoal”. O PR chamou atenção para a necessidade de se apostar em dirigentes qualificados para cada área de especialidade. Para Nyusi, não faz sentido um director não dominar a linguagem da instituição que dirige.
Ainda nas críticas, Nyusi revoltou-se com a falta de um plano de poupança de fundos no MTC: “Devem estar a telefonar de qualquer maneira, a gastar muito combustível e a fazer deslocações prolongadas para as províncias”.
Sobre a segurança rodoviária, disse que não é preciso uma espécie de “Operação Tronco” para reduzir os acidentes de viação. “As pessoas estão a morrer nas estradas. Se há gente responsável pela segurança, a pergunta que faço é: qual é a acção de impacto que fizeram para reduzir os acidentes de viação?”.
E porque a data da visita ao MTC coincidia com o Dia Mundial da Imprensa, o Chefe de Estado saudou os jornalistas moçambicanos e disse que sente orgulho de dirigir um país onde há liberdade de imprensa. “Eu viajo com jornalistas e em alguns países não são permitidos fazer cobertura. Mas, aqui, acompanharam esta reunião onde discutimos assuntos da nação. Isso é uma demonstração de que em Moçambique a informação está ao vosso dispor”.
Está aí o governante dos nossos tempos: sincrético e cirúrgico. A visita de Filipe Nyusi ao ministerio dos transportes e comunicações contornou mais uma vez as minas retardadas do tardo-romantismo. Esteve sereno mas assertivo, preocupado mas consciente, consequente e inspirador. As instituições visitadas e seus respectivos dirigentes receberam orientações mais do que claras para reorganizar a sua agenda e plano de actividades para o alcance não das metas mas das aspirações do povo.
Algo assombroso que ressalta desta visita é a constatação por parte do Presidente de que aquele ministério é desorganizado: os papéis não estão claros. Em resumo "sahape up or shit out" Ou seja, ajustem-se ou saiam.
Falta agora seguir as acções consequentes. Aos espertos e malandros, estaremos aqui para os fulminar.
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