JES ordena expulsão de cidadãos turcos
Lisboa
– O Presidente José Eduardo dos Santos ordenou ao ministério do
interior a expulsão de professores turcos ligados ao colégio Esperança
Internacional, invocando “necessidade de garantir o bem- estar e a
segurança dos cidadãos , num clima de paz e harmonia social a unidade e a
integridade territorial, arduamente alcançada com o sacrifício do povo
angolano”.
Fonte: Club-k.net
Em solidariedade ao ditador da Turquia
A
decisão consta de um decreto presidencial de Outubro de 2006, que o
Club-K teve acesso, em que José Eduardo dos Santos autoriza o ministro
da educação “a proceder ao encerramento do Colégio Esperança
Internacional, na Republica de Angola, devendo acautelar a continuidade
dos estudos dos alunos a outras instituições de ensino legalmente
autorizadas”.
“É autorizado o ministro do interior
a proceder ao cancelamento dos vistos dos docentes e funcionários
obtidos por via do Colégio Esperança Internacional e que os seus utentes
sejam administrativamente expulsos do país”, le-se no despacho
presidencial.
Duas semanas após o PR, ter assinado o
referido despacho, o Club-K havia reportado que o governo de José
Eduardo dos Santos é o único na região que está a ceder as pressões do
ditador da Turquia Recep Tayyip Erdoğan para encerrar, o colégio
Esperança Internacional, vulgo “Colégio turco de Luanda”. O mesmo pedido
foi feito a países como África do Sul e Moçambique que entretanto
rejeitaram satisfazer as vontades daquele ditador.
O ditador da Turquia suspeita que o
dono desta rede de colégio internacional, Fethullah Gullen seja a pessoa
que agitou o fracassado golpe de Estado ocorrido a 15 de Julho, quando
uma facção das forças armadas da Turquia usou tanques, aviões e
helicópteros para tentar derruba-lo.
Em reação, o ditador da Turquia Recep
Tayyip Erdoğan solicitou a vários países com realces a regimes com a
mesma características com o seu para encerrarem esta rede de colégios e
expulsarem os docentes a fim de serem presos no seu país ou fuzilados.
Comentário do jornalista Nelson Sul d’Angola
José Eduardo dos Santos "deixa" o
poder mantendo a "sete chaves" os arquivos da barbárie do 27 de Maio de
1977, e nada ter feito para uma reconciliação de facto com as vítimas e
seus familiares. O veterano militante do MPLA, Lopo do Nascimento, que
por pouco, viu a sua vida por um fio, diz que o 27 de Maio é uma “ferida
não sarada, que não se vê mas dói internamente”.
José Eduardo dos Santos "deixa" o
poder sem perder a oportunidade de vir a contribuir na morte (por
fuzilamento ou por enforcamento) de centenas de cidadãos turcos que,
após verem encerrada a instituição de ensino onde leccionavam, o Colégio
Turco, só por milagre não serão entregues ao "dono" da Turquia.
E perguntam-me vocês: o que é que uma
coisa tem a ver com a outra? Pois é. Os factos continuam a revelar que
JES e a direcção do seu partido, o MPLA, não aprenderam nada com a
História.
Tema relacionado
Colégio Turco vai ter dono angolano
Luanda
- Os encarregados de educação dos alunos do Colégio Turco, encerrado na
passada sexta-feira, foram informados de que o estabelecimento já tem
um novo dono, de nacionalidade angolana, com o qual se deveriam ter
reunido ontem. Porém, segundo avançou ao Novo Jornal o pai de um dos
estudantes, o novo proprietário faltou ao encontro, adiado para hoje,
dia que poderá também ficar marcado por uma manifestação à porta do
Ministério da Educação.

Fonte: NJ
Fonte: NJ
Pais querem manifestar-se diante do Ministério da Educação
Ainda
sem qualquer esclarecimento oficial sobre as causas do encerramento do
Colégio Esperança Internacional, nem sobre o que vai acontecer aos
estudantes aí matriculados, os pais e encarregados de educação sabem
apenas que o estabelecimento vai passar para mãos angolanas.
O novo dono, segundo adiantou ao Novo Jornal um dos progenitores, convocou uma reunião de esclarecimento para domingo, mas acabou por não aparecer.
Apesar de o encontro ter sido adiado para hoje, criando-se a expectativa de que poderá apaziguar algumas das inquietações sobre o futuro dos estudantes do Colégio Turco, os pais e encarregados de educação ponderam manifestar-se, às 16 horas, defronte do Ministério da Educação.
Além de desconhecerem as causas do encerramento do colégio - tendo em conta que o despacho assinado pelo ministro da Educação não as apresenta -, os pais questionam o timing da decisão governamental.
Em causa está o facto de o processo de matrículas ter decorrido normalmente, bem como o arranque do ano lectivo.
Aliás, o director provincial da Educação, André Soma garantiu, numa reunião com pais e encarregados realizada em Outubro de 2016, que o colégio estava em situação legal.
O que mudou entretanto? Caso não obtenham em tempo útil as explicações a que consideram ter direito, ou um compromisso para a resolução do problema, os progenitores vão avançar para o protesto de rua.
Não apenas para garantir que as crianças e jovens continuarão a estudar, mas também para assegurar que os programas serão respeitados, preocupação agravada pelo facto de a língua de ensino ser também o inglês e não apenas o português.
Fethullah Gülen, o dono do Colégio Turco de Angola
Lisboa
- Fethullah Gülen é um turco, muçulmano, literato, pensador, escritor,
poeta, líder de opinião, ativista pela educação, defensor da paz, e
pregador emérito. Ele é considerado fundador e inspirador do movimento
cívico-social, que hoje se espalha por todo o mundo, conhecido como
Hizmet (Serviço), ou Movimento Gülen, que se compromete com a educação,
diálogo, paz, justiça e harmonia social.
Fonte:vozdaturquia
Focado
na educação, onde currículos laicos são ministrados por professores que
aspiram a “representar” valores humanos elevados, este fenômeno social
não pode ser facilmente categorizado. Participantes voluntários do
movimento – composto por estudantes, acadêmicos, empresários,
profissionais liberais, funcionários públicos, agricultores, homens e
mulheres, jovens e velhos – contribuem para múltiplas formas de
serviços, que se concentram em centros de ensino, escolas, faculdades,
hospitais, organização de ajuda humanitária, editoras e instituições de
mídia, tanto na Turquia quanto em mais de 140 países do mundo.
Gülen publicou mais de sessenta livros
em turco, muitos dos quais foram traduzidos para mais de trinta idiomas.
Fethullah Gülen foi listado como um dos Maiores Intelectuais do Mundo
pela revista Foreign Policy, em maio 2008.
Fethullah Gülen é conhecido por sua
postura filosófica ativa em favor de direitos humanos, democracia,
diálogo inter-religioso e intercultural, ciência e espiritualidade e
contra violência, segregação e transformar religião em ideologia
política em momentos críticos na história da sociedade.
O discurso de Gülen enfatiza, e sua vida
exemplifica, valores como empatia, serviço altruísta para a comunidade e
para a humanidade em geral, os papéis complementares do intelecto e do
coração, sinceridade e visão holística do ser humano aprofundando a fé e
o amor pela criação. Compartilhando o sofrimento de seres humanos em
todos os cantos do mundo, Gülen sempre foi conhecido por seu profundo
respeito e conexão com toda a criação. “Servir à humanidade para servir à
Deus ” e “viver para deixar que os outros vivam” são os princípios
fundamentais de sua compreensão sobre o que é servir. Sua promoção da
solidariedade, compaixão e convivência harmoniosa pode ser comparada à
de Rumi, sufista e poeta espiritual do século XIII, que foi uma das
fontes de inspiração para Fethullah Gülen.
Gülen começou sua carreira como pregador
e ativista pela educação. Com o tempo, conseguiu mobilizar centenas de
milhares de pessoas com a finalidade de servir à sociedade, unindo-as em
torno valores humanos elevados. Apesar da alta consideração e respeito
que milhões de pessoas lhe destinam, ele se considera apenas mais um dos
voluntários do movimento cívico-social que ajudou a criar e condena
qualquer atribuição de liderança.
Fethullah Gülen, atualmente reside em um
retiro, na Pensilvânia, e passa a maior parte de seu tempo lendo,
escrevendo, editando, orando e recebendo cuidados médicos.
Juventude
Fethullah Gülen nasceu em uma família humilde em Erzurum, na Turquia, em 1941, e foi criado em um ambiente espiritualmente enriquecedor. Gülen completou sua educação em instituições modernas e tradicionais. Estudou Ciências Islâmicas e obteve certificado de professor.
Frequentou os círculos locais para
formação de professores sufistas, onde aprendeu os princípios da
espiritualidade islâmica e humanismo. Ele, também, foi apresentado aos
escritos de Said Nursi, um renomado estudioso do Islã, que ensinou que
os muçulmanos devem receber os benefícios da modernidade e encontrar
inspiração nos textos sagrados para lidar com eles.
Os pais de Fethullah Gülen desempenharam
um grande papel na sua formação inicial. Seu pai, um imã, gostava de
ler livros clássicos, recitar poesia, e meditar sobre o período inicial
do Islã. Foi ele quem incutiu o amor pelo aprendizado e o amor pelo
Profeta e seus companheiros no jovem Gülen. Sua mãe, uma professora
voluntária de Alcorão, ensinou-lhe a recitação do livro sagrado e o
exemplo de vida espiritual e perseverança. Gülen tornou-se um hafiz,
aquele que conhece todo o Alcorão de cor, aos doze anos, e começou a
pregar em mesquitas locais quando tinha apenas 14 anos de idade.
Início da Carreira
Depois de passar em um exame administrado pela Direção do Estado Turco de Assuntos Religiosos, em 1959, Gülen foi apontado como um pregador estadual para uma mesquita histórica em Edirne, uma província na parte europeia da Turquia. Neste período de sua juventude, ele era ao mesmo tempo socialmente ativo e pessoalmente ascético (devoto). Ele teve a oportunidade de aprofundar os seus conhecimentos na tradição islâmica e, informalmente, estudar ciências sociais e naturais e examinar os clássicos da filosofia e literatura oriental e ocidental. Entre as figuras históricas que tiveram o maior impacto sobre sua vida intelectual, podemos mencionar Abu Hanifa, Ghazali, Imã Rabbani, Rumi, Yunus Emre, e Nursi. Suas extensivas leituras o equiparam para suas famosas interpretações abrangentes.
Ao longo de sua carreira, Gülen manteve
um estilo de vida pessoal de ascetismo devoto ao mesmo tempo em que se
relacionava com a comunidade e permanecia em bons termos com as
autoridades civis e militares. Ele percebeu que os jovens estavam sendo
atraídos por ideologias extremistas e radicais e se esforçou, por meio
de sua pregação, para atraí-los para longe disto. Ele viu a erosão dos
valores morais tradicionais entre os jovens e o segmento educado da
sociedade turca, o que alimentava a criminalidade e o conflito
político-social. Por conta disto, ele organizou uma série de palestras
públicas. Estas experiências foram influências formativas na sua
liderança intelectual e comunitária e reforçou sua fé no significado e
valor do ser humano e da vida.
Em 1963, após o serviço militar,
Fethullah Gülen deu uma série de palestras em Erzurum sobre Rumi. Ele
também cofundou uma associação anticomunista, na qual deu palestras
noturnas sobre questões morais. Em 1964, recebeu um novo posto em
Edirne, onde se tornou muito influente junto à juventude educada e
pessoas comuns. Depois de ter sido enviado a Kirklareli em 1965, Gülen
organizou palestras e conversas noturnas. Nesta fase de sua carreira,
assim como antes, não tomou parte ativa na política partidária e ensinou
apenas sobre os valores morais e assuntos pessoais e coletivos.
Em reconhecimento ao seu sucesso no
serviço público, Gülen foi promovido aos cargos de pregador central e
diretor de um colégio interno em Izmir, uma grande cidade na costa do
Mar Egeu, na Turquia.
Pregador Nacional e Ativista pela Educação
Em 1966, Yasar Tunagur, que havia conhecido Fethullah Gülen mais cedo em sua carreira, tornou-se vice-diretor da Direção de Assuntos Religiosos do país e, ao assumir sua posição em Ancara, indicou Fethullah Gülen substituí-lo em Izmir. Em 11 de março, Gülen foi transferido para a região, onde assumiu a gestão de uma mesquita, de um colégio interno e da pregação na região do Egeu. Ele continuou a ter uma vida ascética. Por quase cinco anos, viveu em uma pequena cabana perto de Kestanepazari e não recebeu nenhuma gratificação por seus serviços. Foi durante estes anos que as ideias de Fethullah Gülen sobre educação e serviços para a comunidade começaram a tomar forma e a amadurecer. A partir de 1969, ele começou a marcar reuniões em cafeterias e a dar palestras em províncias e aldeias da região. Organizou, também, acampamentos de verão para alunos do ensino fundamental e médio.
Em Izmir, a maior província da costa
oeste da Turquia, o discurso notável de Fethullah Gülen começou a se
fortalecer e sua audiência a se expandir. Ele viajou de cidade em cidade
para dar sermões em mesquitas, fazer discursos em reuniões, em lugares
diversos, incluindo teatros e cafeterias onde falava sobre temas
essenciais que iam desde paz e justiça social até o naturalismo
filosófico. Seu principal objetivo sempre foi incitar a geração mais
jovem a harmonizar a iluminação intelectual e a espiritualidade,
ancorada na tradição de fé, e a servir a outros seres humanos de forma
altruística.
As palavras de Gülen, que podiam ser facilmente distinguidas pela sua profundidade de conhecimento, lógica, sensibilidade, referência adequada e eloquência brilhante, atraiu a atenção de cidadãos educados, incluindo a comunidade acadêmica e estudantes universitários, bem como pessoas comuns em todo o país. Seus discursos eram gravados e distribuídos, mesmo em aldeias, e zelosamente acatados. Ele afirma, francamente, que simplesmente tentou cultivar esta confiança pública, “embora não a mereça”, canalizando boas intenções e energia devocional para um fim positivo.
Fethullah Gülen descreve este ideal, nacional e posteriormente universal, como “uma reunião em torno de valores humanos elevados” por meio da educação e do diálogo. Com relação a este ideal, Fethullah Gülen sempre se descreveu como, no máximo, um “conselheiro” ou “motivador”. Seus ouvintes, em Izmir, serviram como uma semente para formar uma comunidade de cidadãos, de todas as esferas da sociedade, com ideias em comum que, mais tarde, se expandiu a cidadãos das mais diversas origens, inclusive não-muçulmanos que compartilhavam a dimensão humanista da visão de Gülen, mesmo que não compartilhassem suas raízes islâmicas.
Em 1970, como resultado do Golpe de 12 de março, muitos muçulmanos proeminentes na região que haviam apoiado Kestanepazari e atividades associadas à juventude da região, foram presos. Em 1 de maio, Fethullah Gülen, também, foi preso e mantido encarcerado por seis meses sem acusação até sua libertação em 9 de novembro. Mais tarde, todos os outros presos foram liberados, também sem acusações. Quando questionadas sobre estas detenções, as autoridades disseram que haviam detido tantos esquerdistas que se sentiram na obrigação de prender alguns muçulmanos proeminentes, para não serem acusadas de injustiça. Curiosamente, eles soltaram Fethullah Gülen com a condição de que ele não desse mais palestras públicas.
Em 1971, Fethullah Gülen deixou seu posto em Kestanepazari, mas manteve seu status de pregador autorizado pelo Estado. Ele, então, começou a criação de mais centros de ensino e internatos na região do Egeu: o financiamento para estes vinha de pessoas locais. É neste momento que um determinado grupo, de cerca de cem pessoas, começa a ter visibilidade como um grupo de servidores, ou seja, um grupo que se reuniu em torno do entendimento de Fethullah Gülen sobre serviço à comunidade e ação positiva.
Entre 1972 e 1975, Fethullah Gülen ocupou o cargo de pregador em várias cidades nas proximidades dos Mares Egeu e de Mármara, onde continuou a pregar e disseminar suas ideias sobre educação e ética assistencial que havia desenvolvido. Ele continuou a criação de albergues para estudantes de nível médio e superior. Naquele momento, as oportunidades educacionais ainda eram escassas para as pessoas comuns, na Anatólia, muitos alojamentos estudantis, nas grandes cidades, eram controlados ou infiltrados por esquerdistas e direitistas extremos, e fervilhavam em um ambiente hiperpolitizado. Pais em cidades do interior, cujos filhos haviam passado exames de admissão para as universidades ou escolas de ensino médio de grandes cidades, se viam em um dilema – entregar o cuidado de seus filhos a ideologistas ou negar-lhes educação e mantê-los em casa. Os albergues criados por Fethullah Gülen e seus companheiros ofereciam aos pais a oportunidade de enviar seus filhos às grandes cidades para continuarem a sua educação laica, protegendo-os do ambiente hiperpolitizado. Para apoiar estes esforços educacionais, pessoas que compartilhavam a ideia de serviço-ética de Fethullah Gülen criaram um sistema de bolsas de estudo para alunos. O financiamento para os albergues e bolsas veio, inteiramente, de comunidades locais, entre as quais a ideia de serviço-ética (hizmet) de Fethullah Gülen foi se espalhando de forma constante. Com o incentivo de Fethullah Gülen, e seu discurso de ação positiva e responsabilidade, as pessoas comuns começaram a se mobilizar para combater os efeitos das ideologias violentas e da desordem social e política em seus filhos e na juventude em geral. Estudantes em albergues também começaram a desempenhar um papel na difusão do discurso de serviço e ação positiva. Periodicamente, eles voltavam às suas cidades de origem e visitavam cidades e vilas vizinhas, relatando suas experiências e as ideias que haviam encontrado, conscientemente, difundindo a ideia de hizmet na região. Além disso, a partir 1966, palestras e conferências de Fethullah Gülen eram gravadas e distribuídas por toda a Turquia por terceiros. Assim, por meio de redes primárias já existentes, este novo tipo de ação comunitária, as atividades dos alunos, e as novas tecnologias de comunicação, o discurso hizmet foi se tornando conhecido em todo o país.
Em 1974, os primeiros cursos pré-vestibulares foram estabelecidos em Manisa, para onde Fethullah Gülen havia sido enviado, na época. Até então, os únicos a terem acesso ao ensino universitário eram, em grande parte, filhos de famílias ricas e privilegiadas. Os novos cursos de Manisa ofereciam a esperança de que, no futuro, haveriam melhores oportunidades para as crianças de família comuns, na Anatólia. Sustentava-se a ideia de que, se apoiadas corretamente, as crianças de famílias comuns poderiam ter acesso e ser bem-sucedidas no ensino superior. Estas notícias se difundiram rapidamente e Fethullah Gülen foi convidado, no ano seguinte, a falar em uma série de palestras em toda a Turquia. A ideia do “serviço” tornou-se amplamente reconhecida e firmemente enraizada em várias cidades e regiões do país. Desde então, a mobilização de pessoas atraídas para apoiar a educação e os serviços não-políticos altruístas, em todo o país, pôde ser chamado de movimento – o movimento Gülen.
Em 1976, a Direção de Assuntos Religiosos enviou Fethullah Gülen para Bornova, Izmir, local de uma das principais universidades da Turquia com uma grande população estudantil e uma grande dose de ativismo militante típico das universidades, na década de 1970. Chegou até ele a informação de que grupos de esquerda estavam criando esquemas de vigilância para extorquir dinheiro de pequenos empresários e comerciantes da cidade e deliberadamente prejudicar a atividade comercial e da vida social da comunidade e de que os desordeiros já havia assassinado algumas de suas vítimas. Em seus sermões, Fethullah Gülen pediu que aqueles que estivessem sendo ameaçados não cedessem às ameaças e violência, nem reagissem com violência e agravassem a situação. Exortou-lhes a denunciar os crimes à polícia para que os criminosos fossem punidos pelos canais legais. Esta mensagem levou à ameaças contra a sua vida. Ao mesmo tempo, ele desafiou estudantes de esquerda e direita a irem à mesquita para discutirem suas ideias com ele e ofereceu-se para responder a quaisquer perguntas, seculares ou religiosas, que lhe fossem feitas. Um grande número de estudantes aceitaram esta oferta. Assim, além de seus deveres diários, dando instrução religiosa tradicional e pregando, Fethullah Gülen dedicou todas as noites de domingo a estas sessões de diálogo.
Em 1977, ele viajou ao norte da Europa,
visitando e pregando para comunidades turcas, visando aumentar a sua
consciência sobre valores e educação e para incentivá-los à mesma ética
hizmet de ações positivas e serviço altruísta. Estimulando-os a
preservarem seus valores culturais e religiosos e a se integrarem às
suas sociedades hospedeiras. Aos trinta e seis anos, Fethullah Gülen
tornou-se um dos três pregadores mais reconhecidos e influentes da
Turquia. Por exemplo, em 1977, quando o primeiro-ministro, outros
ministros e autoridades de Estado compareceram a uma oração de
sexta-feira na Mesquita Azul, em Istambul, uma ocasião politicamente
sensível na Turquia, Fethullah Gülen foi convidado a pregar a eles e ao
resto da congregação.
Fethullah Gülen encorajou participantes no movimento a abrirem editoras e empresas de comunicação. Alguns de seus artigos e palestras foram publicados como antologias e um grupo de professores inspirados por suas ideias estabeleceram a Fundação de Professores para apoiar a educação e alunos.
Em 1979, esta fundação começou a publicar sua própria revista mensal, Sizinti, que se tornou o periódico mensal mais vendido, na Turquia. Em termos de gênero, ela foi um empreendimento pioneiro, por ser uma revista sobre ciências, humanidades, fé e literatura. Sua missão editorial era mostrar que ciência e a religião não são incompatíveis e que o conhecimento de ambos são necessários para ser bem-sucedido na vida. Todos os meses, desde sua fundação, Fethullah Gülen tem escrito um editorial e uma seção sobre os aspectos internos ou espirituais do Islã, ou seja, sufismo, e o significado da fé na vida moderna.
Em fevereiro de 1980, uma série de palestras de Fethullah Gülen, com a participação de milhares de pessoas, em que ele pregava contra a violência, anarquia e terror, foi disponibilizada em cassetes áudio. Também na década de 1980, pela primeira vez, na Turquia, os sermões de um religioso foram gravados e distribuídos em vídeo. Assim, apesar da atmosfera de intimidação após o golpe militar de 1980, o discurso sobre o hizmet, longe de ser suprimido, continuou a se espalhar de uma maneira, ironicamente, ainda mais eficaz. Nos anos subsequentes ao Golpe de Estado, o Movimento continuou a crescer e agir com sucesso. Em 1982, os participantes do movimento criaram uma escola particular em Izmir, Yamanlar Koleji.
Em 1989, Fethullah Gülen foi abordado pela Direção de Assuntos Religiosos, que lhe pediu para retomar as suas funções. Sua licença foi restabelecida para capacitá-lo a servir como um pregador emérito com o direito de pregar em qualquer mesquita, na Turquia. Entre 1989 e 1991, ele pregou nas maiores mesquitas de Istambul, às sextas-feiras, e em Istambul e Izmir, em domingos alternados. Seus sermões atraiam multidões de dezenas de milhares, um número sem precedentes na história da Turquia. Estes sermões eram gravados em vídeo e televisionados. No início da década de 1990, a polícia descobriu uma série de conspirações por militantes islâmicos marginais e outros pequenos grupos ideológicos para assassinar Fethullah Gülen. Estes grupos, também, infiltravam agentes provocadores nas áreas em torno das mesquitas onde ele pregava com o objetivo de fomentar a desordem quando as multidões estivessem se dispersando depois dos sermões. Devido aos avisos de Fethullah Gülen e as práticas pacíficas já estabelecidas pelo Movimento, essas tentativas falharam e a polícia lidou com os agentes provocadores.
Início de uma Nova Era
Em
1991, Fethullah Gülen, mais uma vez, deixou de pregar para congregações
de grandes mesquitas. Ele sentia que algumas pessoas estavam tentando
manipular ou explorar a sua presença e a presença de participantes do
movimento nestas grandes reuniões públicas. No entanto, ele continuou a
ser ativo na vida da comunidade, ao ensinar pequenos grupos e tomar
parte na ação coletiva do Movimento. Em 1992, ele viajou aos Estados
Unidos, onde se encontrou com acadêmicos turcos e líderes comunitários,
assim como líderes de outras comunidades religiosas americanas. Nesta
fase, o número de escolas, na Turquia, estabelecidas por participantes
do Movimento Gülen, havia ultrapassado uma centena, sem contar outras
instituições, como centros de ensino e cursos pré-vestibulares. A partir
de janeiro de 1990, os participantes do movimento começaram a criar
escolas e universidades na Ásia Central, muitas vezes, trabalhando em
condições bastante adversas.
A partir de 1994, Fethullah Gülen conduziu o rejuvenescimento do espírito de diálogo inter-religioso da tradição turco-muçulmana, que havia sido esquecido em meio aos anos problemáticos do início do século XX. A Fundação de Jornalistas e Escritores, da qual Gülen era presidente honorário, organizou uma série de reuniões envolvendo líderes das minorias religiosas na Turquia, como o patriarca greco-ortodoxo, o patriarca ortodoxo armênio, o rabino-chefe na Turquia, o representante do Vaticano na Turquia e outros. A Plataforma “Abant”, que recebeu este nome em homenagem ao local do primeiro encontro, em Bolu, Turquia, reuniu os principais intelectuais de todas as esferas do espectro político, esquerdistas, ateus, nacionalistas, conservadores religiosos, e liberais, provendo, pela primeira vez na história recente da Turquia, um lugar onde pudessem debater livremente sobre as preocupações comuns de todos os cidadãos e problemas sociais urgentes.
Durante este período, Fethullah Gülen se
disponibilizou, ainda mais, para comentários e entrevistas na mídia e
começou a se comunicar mais com dignitários de Estado, a fim de ajudar a
aliviar as tensões geradas por debates artificiais em torno de uma
ameaça fantasma contra a natureza secular da República Turca. O
confronto entre a ala militar do Conselho de Segurança Nacional e a
coalizão Partido da Virtude- Partido Caminho Verdadeiro levou ao chamado
“Golpe Militar Pós-Moderno de 28 de fevereiro de 1997”, o que obrigou o
governo de coalizão a renunciar e impôs um conjunto de duras medidas de
engenharia social a ser seguido pelo novo governo, sob rigoroso
escrutínio militar.
A crescente influência de Fethullah
Gülen e a importância do movimento cívico que ele ajudou a fundar,
preocupava alguns círculos, na Turquia, que se beneficiavam de uma
sociedade fechada com empresas favorecidas pelo governo, monopólio sobre
a vida intelectual e uma abordagem isolacionista para assuntos
estrangeiros. Estes círculos acusaram Gülen de ter ambições políticas de
longo prazo e eventualmente persuadiu um promotor ultranacionalista a
abrir um processo legal contra ele, em 2000, baseado em um conjunto de
vídeos manipulados, que apareceram pela primeira vez na mídia, em junho
de 1999. Embora estas acusações tenham se provado infundadas e o
processo ter sido extinto, em 2008, o caso causou um retrocesso no
espírito de diálogo inter-religioso e intercultural que Gülen ajudou a
reconstruir.
Atualmente, ele vive em um de retiro, na
Pensilvânia, juntamente com um grupo de estudantes, estudiosos e alguns
visitantes que consideram ser um “bom dia” quando sua saúde permite que
ele seja capaz de ter uma conversa de meia hora respondendo às suas
perguntas.
Anos de Retiro nos Estados Unidos
Em 1999, Fethullah Gülen viajou para os Estados Unidos para receber cuidados médicos para um problema cardiovascular. Ele foi submetido a uma cirurgia cardíaca em 2004, após a qual médicos recomendaram que ele evitasse estresse. Por esta razão, ele escolheu viver longe da atmosfera politicamente carregada da Turquia, a residência permanente lhe foi concedida pelo governo dos EUA, em 2006. Ele foi um dos primeiros estudiosos muçulmanos a condenar publicamente o 11 de Setembro. Sua mensagem de condenação foi publicada no The Washington Post, em 21 de setembro de 2001.
Gülen, atualmente, vive com um grupo de
estudantes e médicos em um retiro, na Pensilvânia, onde dedica seu tempo
à leitura, escrita, ensino, oração individual e em pequenos grupos, e
recebe alguns visitantes, quando sua saúde permite. Ele foi visitado por
acadêmicos norte-americanos e líderes religiosos, bem como membros da
comunidade turco-americana. Ele mantém o seu estilo de vida ascético e
espiritualizado, passando a maior parte do tempo em seu modesto quarto.
Continua preocupado com a felicidade e em aliviar o sofrimento de seres
humanos em todo o mundo. Ele também incentiva as pessoas a se envolverem
na organização de campanhas de ajuda humanitária para as pessoas
afetadas por desastres naturais em todo o mundo, por exemplo, Indonésia,
Mianmar e Haiti. Na maioria dos dias, ele dedica meia hora para
conversa, respondendo a perguntas, e, às vezes, é consultado sobre
projetos. Suas conversas são gravadas e disponibilizadas ao público em
um website (www.herkul.org). Ao longo dos anos, na Pensilvânia, ele foi
entrevistado várias vezes por jornalistas locais e internacionais.
Tema relacionado
Ditador da Turquia pressiona regime angolano a encerrar colégio turco de Luanda
Lisboa
– O governo de José Eduardo dos Santos é o único na região que está a
ceder as pressões do ditador da Turquia Recep Tayyip Erdoğan para
encerrar, o colégio Esperança Internacional, vulgo “Colégio turco de
Luanda”. O mesmo pedido foi feito a países como África do Sul e
Moçambique que entretanto rejeitaram satisfazer as vontades daquele
ditador.
Fonte: Club-k.net
Por suspeitar que a escola pertença a opositores do seu regime
A
medida do líder turco faz parte do primeiro decreto assinado desde o
estabelecimento do estado de emergência na nação destinado a erradicar
os supostos inimigos do Estado que, na opinião do presidente, são os
responsáveis pelo fracassado golpe de Estado ocorrido a 15 de Julho,
quando uma facção das forças armadas da Turquia usou tanques, aviões e
helicópteros para tentar derrubar o presidente do país. O ditador pediu
igualmente ao regime angolano a expulsão de uma quinzena de famílias
turcas suspeitas de serem parentes dos alegados golpistas.
O Colégio Turco de Luanda é
propriedade da organização do clérigo Fethullah Gülen, 75 , um
activista turco exilado nos Estados Unidos e que o Presidente do seu
país acredita que tenha sido ele que financiou o fracassado golpe.
Fethullah Gülen é considerado
fundador e inspirador do movimento cívico-social, que hoje se espalha
por todo o mundo, conhecido como Hizmet (Serviço), ou Movimento Gülen,
que se compromete com a educação, diálogo, paz, justiça e harmonia
social. Ele nega qualquer envolvimento na tentativa deste golpe de
Estado em que pelo menos 246 pessoas foram mortas.
Em retaliação ao mesmo, o Presidente
Turco decidiu encerrar as suas escolas espalhadas pelo mundo. Em África,
os governos de Moçambique e da África do Sul rejeitaram prejudicar o
ano lectivo dos alunos para agradar o líder Turco. Apenas, o
Presidente José Eduardo dos Santos q que aceitou o pedido do seu
homologo. Porém para convencer os encarregados de educação angolanos, a
cerca da medida, o regime do MPLA, invoca questões de legalidade do
colégio.
Recentemente
o diretor provincial da educação de Luanda, André Soma reuniu-se com os
encarregados de educação angolanos tendo transmitido que estava
mandatado pela Casa Civil da Presidência para informar aos país
angolanos que o governo sob liderança do Presidente José Eduardo dos
Santos (JES) decidiu encerrar aquele estabelecimento escolar.
André Soma, disse por outro lado aos
encarregados que o regime estava disponível em ajudar inscrever os
alunos angolanos em escolas estatais sob sua jurisdição.
Inconformados com a situação, os
encarregados decidiram fazer um abaixo assinado destinado ao
Presidente da República, José Eduardo dos Santos a apelar a sua
sensibilidade e espirito nacionalista para não ceder as pressões do
ditador turco Recep Tayyip Erdoğan, em encerrar o colégio que acolhe
crianças angolanas.
Segundo apurou o Club-K, a direção do
colégio Turco de Luanda tinham programado uma excursão que previa
levar os alunos á cidade do cabo, na África do Sul, em Dezembro . Há
poucos dias, a direção da escola comunicou que o programa foi
cancelado.
O Colégio Esperança Internacional, com
instalações no bairro Benfica, existe em Angola desde 2010. A
estrutura possui 12 salas de aulas, três laboratórios, uma sala de
primeiros socorros, quatro gabinetes, um refeitório, uma sala de
conferência, entre outros compartimentos, e conta com a colaboração de
vários professores nacionais e quatro estrangeiros.
O ensino neste colégio é de alta
qualidade satisfazendo os país angolanos que tem os seus filhos. Neste
fim de semana, o jornalista e professor universitário Ismael Mateus,
recorreu as redes sociais para reconhecer os atributos colégio turco.
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