Nyusi: “Uma democracia armada não é recomendável”
04Quarta-feiraMay 2016
E ao segundo dia de visita, Marcelo Rebelo de Sousa encontrou-se a sós com o seu homólogo, Filipe Nyusi. Reuniram-se, no gabinete do Presidente da República, durante cerca de 40 minutos, durante os quais os dois chefes de Estado se debruçaram, entrou outros assuntos, sobre “manutenção e consolidação da paz e estabilidade” em Moçambique.
À saída, Filipe Nyusi confessou aos jornalistas que “gostaria de viver num país onde não existissem partidos armados, onde os partidos discutem, debatem”, mas de momento, contou, vive numa “democracia armada” que “nao é recomendável”.
“Há homens armados da RENAMO, um partido político com assento parlamentar, portador de armas”. E se em Maputo o ambiente é tranquilo, prosseguiu, “há moçambicanos, no centro do país, que saem de casa de manhã e não sabem se regressam” à noite.
O Presidente moçambicano explicou que o conflito “parte da não aceitação” dos resultados de eleições com presença de imprensa e observadores internacionais. Questionados sobre a disponibilidade de Portugal mediar este conflito entre a Frelimo e a RENAMO, Nyusi afastou o mais possível a necessidade de mediação:”se chegar o dia, o momento em que há litígio, um antagonismo fatal, que a pessoas não se acreditam, então ali fica necessário dar o passo que estiver à altura”. O Presidente português, por seu lado, repetiu a ideia de que “os amigos são para as ocasiões”, para os momentos mais difíceis.
Fonte: Visão
04Quarta-feiraMay 2016
E ao segundo dia de visita, Marcelo Rebelo de Sousa encontrou-se a sós com o seu homólogo, Filipe Nyusi. Reuniram-se, no gabinete do Presidente da República, durante cerca de 40 minutos, durante os quais os dois chefes de Estado se debruçaram, entrou outros assuntos, sobre “manutenção e consolidação da paz e estabilidade” em Moçambique.
À saída, Filipe Nyusi confessou aos jornalistas que “gostaria de viver num país onde não existissem partidos armados, onde os partidos discutem, debatem”, mas de momento, contou, vive numa “democracia armada” que “nao é recomendável”.
“Há homens armados da RENAMO, um partido político com assento parlamentar, portador de armas”. E se em Maputo o ambiente é tranquilo, prosseguiu, “há moçambicanos, no centro do país, que saem de casa de manhã e não sabem se regressam” à noite.
O Presidente moçambicano explicou que o conflito “parte da não aceitação” dos resultados de eleições com presença de imprensa e observadores internacionais. Questionados sobre a disponibilidade de Portugal mediar este conflito entre a Frelimo e a RENAMO, Nyusi afastou o mais possível a necessidade de mediação:”se chegar o dia, o momento em que há litígio, um antagonismo fatal, que a pessoas não se acreditam, então ali fica necessário dar o passo que estiver à altura”. O Presidente português, por seu lado, repetiu a ideia de que “os amigos são para as ocasiões”, para os momentos mais difíceis.
Fonte: Visão
A CRISE
Centelha por Viriato Caetano Dias (viriatocaetanodias@gmail.com )
“O azarado não tem outra medicina que não a esperança. ” – William Shakespeare É um facto indefectível que o mandato do presidente Filipe Nyusi começou de modo curvilíneo e labiríntico devido mormente a actual situação política e militar e a “canzoada” de dívidas do Estado, contraídas pelo governo de Armando Guebuza, mas pode terminar de forma recta e triunfante se souber aglutinar o pensamento e o labor de todos os moçambicanos. Custa-me acreditar na eficiência e eficácia de outro antidoto, para ultrapassar os dois “assados”, sem o premente envolvimento de todas as forças vivas da sociedade moçambicana. Quando um país está à beira de exaurir económica e financeiramente é mister que o governo desse país “acabe”, literal e momentaneamente com todas as formas de “oposição política”, criando, destarte, um governo de salvação e unidade nacional.
A consecução deste tipo de paradigma não significa necessariamente a inclusão de figuras da oposição, no governo, mas fundamentalmente estabelecer uma plataforma comum de diálogo e de gestão da coisa pública. É claro que tudo isto impõe algumas cedências, ou seja, para ser mais exacto, implica uma certa “humilhação” política do partido no poder, algo que, em Moçambique, aconteceu no governo de Joaquim Chissano. Sei que é duro dizer isto, até porque esta posição é contrária aos desígnios do governo, mas é a única forma viável e saudável para termos uma paz infinita no país.
Não sou especialista em economia, mas aprendi durante o estádio que permaneci no garimpo da vida académica que o reescalonamento da dívida pública não anula a dívida em si, nem silencia o roncar ensurdecedor do estômago vazio do povo, pelo contrário, aumenta os prazos de pagamento e dos juros estabelecidos, bem como o risco de inadimplência. Portanto, com o conflito político-militar em marcha, os riscos de endividamento e de inadimplência são cada vez maiores. O presidente Nyusi terá que fazer pactos estratégicos, inclusive com o “diabo”, para inverter o estado clínico – político, económico e social – do país.
Um olhar mais acurado à actual situação política-militar permite concluir que a actuação dos homens armados da Renamo afectam a dinâmica económica do país. Os relatos de empresários e até mesmo de “desenrascados da vida” que decretam insolvência por causa do conflito militar não são poucos, um pouco por todo o país. Hoje a batata reno é comprada nos mercados informais a preço de 500 meticais, contra os anteriores 200 meticais. O tomate e a cebola dispararam a preços astronómicos. O “elevador da desgraça” também fará subir em breve o preço do pão, da energia eléctrica, da água potável, etc. Quero deixar bem claro que um conflito militar pode até ser isolado/localizado, mas as suas consequências serão sempre globais. O tiro que mata em Santungira afecta o familiar que está em Changara, prejudica o comércio na Matola, fere a estrutura social em Caia, deixa órfãos em Muxúnguè, fecha escolas em Gorongosa, carcoma o desenvolvimento do país. Por mais isolado que seja o conflito, afecta todo o país. Já aqui escrevi amiúde que a dor de uma ferida não só tem efeitos no local, como abrange o corpo todo.
É o país inteiro que está a ser dilacerado por este conflito absurdo e injustificável. O líder máxima da Renamo, Afonso Dhlakama não mentiu quando disse que o presidente Nyusi não teria uma governação fácil, pois os resultados dessa ameaça surgem aos olhos de todos. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, eu não vejo a actual crise económica e financeira como uma fatalidade. Dezenas de vezes escrevi, nestas minhas centelhas, que um abscesso quando surge no corpo humano deve ser retirado, sim, mas a sua existência é útil para a regeneração do nosso corpo e para a medição da nossa resistência perante a dor.
Temos que saber resistir a dor marchando para a frente, tal como no passado recente fizeram os nossos antepassados na conquista pela independência. O que pretendo, então, dizer com isso? A resposta assenta numa base comum: as dívidas contraídas pelo governo do presidente Armando Guebuza devem, sim, preocupar o actual executivo de Filipe Nyusi, mas não devem desfalecer a marcha da vitória.
Que este momento sirva, outrossim, de pretexto para encetar estratégias de combate ao despesismo. Por outro lado, é uma oportunidade para o presidente Nyusi materializar a sua política de desenvolvimento. Da nossa parte, como patrões, devemos testar a capacidade de resistência dos nossos dirigentes.(CONTINUA…).
WAMPHULA FAX – 25.04.2016
Centelha por Viriato Caetano Dias (viriatocaetanodias@gmail.com )
“O azarado não tem outra medicina que não a esperança. ” – William Shakespeare É um facto indefectível que o mandato do presidente Filipe Nyusi começou de modo curvilíneo e labiríntico devido mormente a actual situação política e militar e a “canzoada” de dívidas do Estado, contraídas pelo governo de Armando Guebuza, mas pode terminar de forma recta e triunfante se souber aglutinar o pensamento e o labor de todos os moçambicanos. Custa-me acreditar na eficiência e eficácia de outro antidoto, para ultrapassar os dois “assados”, sem o premente envolvimento de todas as forças vivas da sociedade moçambicana. Quando um país está à beira de exaurir económica e financeiramente é mister que o governo desse país “acabe”, literal e momentaneamente com todas as formas de “oposição política”, criando, destarte, um governo de salvação e unidade nacional.
A consecução deste tipo de paradigma não significa necessariamente a inclusão de figuras da oposição, no governo, mas fundamentalmente estabelecer uma plataforma comum de diálogo e de gestão da coisa pública. É claro que tudo isto impõe algumas cedências, ou seja, para ser mais exacto, implica uma certa “humilhação” política do partido no poder, algo que, em Moçambique, aconteceu no governo de Joaquim Chissano. Sei que é duro dizer isto, até porque esta posição é contrária aos desígnios do governo, mas é a única forma viável e saudável para termos uma paz infinita no país.
Não sou especialista em economia, mas aprendi durante o estádio que permaneci no garimpo da vida académica que o reescalonamento da dívida pública não anula a dívida em si, nem silencia o roncar ensurdecedor do estômago vazio do povo, pelo contrário, aumenta os prazos de pagamento e dos juros estabelecidos, bem como o risco de inadimplência. Portanto, com o conflito político-militar em marcha, os riscos de endividamento e de inadimplência são cada vez maiores. O presidente Nyusi terá que fazer pactos estratégicos, inclusive com o “diabo”, para inverter o estado clínico – político, económico e social – do país.
Um olhar mais acurado à actual situação política-militar permite concluir que a actuação dos homens armados da Renamo afectam a dinâmica económica do país. Os relatos de empresários e até mesmo de “desenrascados da vida” que decretam insolvência por causa do conflito militar não são poucos, um pouco por todo o país. Hoje a batata reno é comprada nos mercados informais a preço de 500 meticais, contra os anteriores 200 meticais. O tomate e a cebola dispararam a preços astronómicos. O “elevador da desgraça” também fará subir em breve o preço do pão, da energia eléctrica, da água potável, etc. Quero deixar bem claro que um conflito militar pode até ser isolado/localizado, mas as suas consequências serão sempre globais. O tiro que mata em Santungira afecta o familiar que está em Changara, prejudica o comércio na Matola, fere a estrutura social em Caia, deixa órfãos em Muxúnguè, fecha escolas em Gorongosa, carcoma o desenvolvimento do país. Por mais isolado que seja o conflito, afecta todo o país. Já aqui escrevi amiúde que a dor de uma ferida não só tem efeitos no local, como abrange o corpo todo.
É o país inteiro que está a ser dilacerado por este conflito absurdo e injustificável. O líder máxima da Renamo, Afonso Dhlakama não mentiu quando disse que o presidente Nyusi não teria uma governação fácil, pois os resultados dessa ameaça surgem aos olhos de todos. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, eu não vejo a actual crise económica e financeira como uma fatalidade. Dezenas de vezes escrevi, nestas minhas centelhas, que um abscesso quando surge no corpo humano deve ser retirado, sim, mas a sua existência é útil para a regeneração do nosso corpo e para a medição da nossa resistência perante a dor.
Temos que saber resistir a dor marchando para a frente, tal como no passado recente fizeram os nossos antepassados na conquista pela independência. O que pretendo, então, dizer com isso? A resposta assenta numa base comum: as dívidas contraídas pelo governo do presidente Armando Guebuza devem, sim, preocupar o actual executivo de Filipe Nyusi, mas não devem desfalecer a marcha da vitória.
Que este momento sirva, outrossim, de pretexto para encetar estratégias de combate ao despesismo. Por outro lado, é uma oportunidade para o presidente Nyusi materializar a sua política de desenvolvimento. Da nossa parte, como patrões, devemos testar a capacidade de resistência dos nossos dirigentes.(CONTINUA…).
WAMPHULA FAX – 25.04.2016
Centelha por Viriato Caetano Dias (viriatocaetanodias@gmail.com )
Quanto mais a sociedade se distancia da verdade, mais ela odeia aqueles que a revelam. George Orwell, escritor inglês (1903-1950).
Muito recentemente, o município de Namaacha adjudicou a construção do muro de vedação da residência oficial do edil, com pouco menos de 60 metros quadrados, por dois milhões e oitocentos mil meticais. E agora a questão: se só o muro de vedação custa este balúrdio, então, quanto custaria para a reabilitação da residência oficial do edil? Para quem tem um mínimo de inteligência, este orçamento é de bradar aos céus, mormente num país em “estiagem” económica e financeiramente exaurido.
Quero acreditar que nem a vedação (simples e comedida) do luxuoso Palácio de Buckingham, em Londres, custou tanto dinheiro quanto o município de Namaacha pretende gastar para o capricho do edil.
Tenho curiosidade em saber, se o muro dessa residência será feito de betão armado, ouro maciço, diamante, prata, bronze? Afora isso, adensa-se a criação de instituições públicas com dupla ou tripla subordinação. Para quê? Para acomodar os “Vagabundos da Pátria” (para empalmar o título do recente livro de Marcelo Panguana).
Por outro lado, é notório observar, em quase todos os parques automóveis do Estado, viaturas topo de gama que são sujeitas a uma “eutanásia mecânica”, para depois beneficiar aos mesmos “Vagabundos da Pátria”, através do processo de leilão. Esta é uma forma dissimulada de ludibriar o Estado. E o que mais?
Conheço alguns edis que não ficam uma só semana nos seus municípios. Sequer colocam os pés nos seus escritórios. Passam a vida a voar, dentro e fora do país. É bem provável que, pelo número de viagens que fazem, tenham mais horas de voo que um piloto da LAM. Destarte, instalaram seus escritórios nos aviões e em classes executivas. Entretanto, durante a campanha eleitoral, prometeram transformar seus municípios em Canaã, defraudando o povo. Resultado: o povo, que os colocou no poleiro, continua a definhar. Ainda que mal pergunte, afinal o que tanto fazem esses presidentes dos concelhos municipais no estrangeiro? Simples: fuga à responsabilidade e à responsabilização. É o espírito de recompensa “já que não tive no passado, faço-o agora e em excesso”.
Temos no país dirigentes que transformaram instituições do Estado em suas propriedades privadas, para albergar vadios e parasitas familiares. Acomodaram suas amantes. Acomodaram seus afilhados. Acomodaram seus amigos. Acomodaram amigos dos seus compadres, etc., ocupando cargos de chefia. São profissionalmente inúteis ao Estado. A única tarefa que desempenham com zelo e dedicação é a criação de buracos de ozono nas contas públicas em benefícios pessoais.
Voltando à crise. Sinceramente, não percebo patavina. Como é que nas províncias ricas em recursos minerais e energéticos haja gente, moçambicanos, a morrer de fome? O que é que de concreto fazem esses governantes? Rien (nada). E o que dizer daquele ministro que tem olhos, mas não vê. Por outras palavras, é incapaz de recorre a abundância da arte, do artesanato, do talento, enfim, da cultura, para dinamizar o turismo e a economia nacional.
É chegado o momento de o presidente da República, Filipe Nyusi, fazer um saneamento político desses dirigentes que não estão alinhados (e nem querem estar) com os seus discursos e governação. Para terminar: esta semana enderecei ao meu amigo e poeta anónimo Nkulu um email, com a seguinte pergunta. “Porque é que facilmente Moçambique passa de uma economia robusta para uma economia frágil? Afinal onde é que falhamos? Porque é que nunca conseguimos sair da situação de emergência?”
A resposta não se fez esperar e transcrevo na íntegra: “Não é uma fatalidade. Obedece a esquemas e planos bem delineados. Conheces algum país africano que, tarde ou cedo, não fica na posição de emergência? Existem factores endógenos e exógenos concorrentes ou condicionantes. Isto precisa de entender bem os seguintes aspectos: a governação tradicional, a governação moderna, as dificuldades de ruptura ou de coabitação entre as duas formas de governação, o colonialismo e o neocolonialismo, o terceiro mundo como fonte de enriquecimento dos imperialistas.” ZICOMO (Obrigado e um abraço Nhúngue a todos os trabalhadores, endividados ou não).
WAMPHULA FAX – 05.05.2016
SELO: Do ódio e do endividamento indevido ao proteccionismo partidário da Frelimo - Por Júlio Khosa
Eduardo Mondlane e Samora Machel falavam e defendiam a Unidade Nacional. Não se pode falar de Unidade Nacional havendo outros compatriotas que odeiam outros compatriotas.
Nós somos totalmente diferente, com cultura e modo de pensar o mundo diferentes. Para falarmos de uma verdadeira Unidade Nacional, precisamos de aceitar as nossas diferenças e sermos Unidos nas Nossas Diferenças. Isso não é uma coisa fácil, requer uma luta constante em cada um de nós, de buscar o reconhecimento do outro tal como é, priorizando sempre o espírito de tolerância e de encorajamento para a prática do bem. Falar do bem, significa deixar-te a ti mesmo para garantir o bem comum, isto é, desejar que o próximo tenha o bem. Esse esforço não deve ser somente de uma parte, deve ser de ambas partes, o que vai se consubstanciar em amor ao próximo.
O perdão tem a ver com o reconhecimento do próximo como merecedor do bem. Portanto, esforços são envidados para que esta pessoa, que é vista como praticante do mal, seja transformada, mudada para ser praticante do bem. Para o efeito, não se aconselha o uso da forca. Apela-se à calma e à sabedoria. Maquiavelismo, para mim, significa atear o fogo, apagar o fogo com o petróleo! Onde há Maquiavelismo, a lei de Moisés não falta! Não há imortal, todos são mortais. Quem tenta acabar com a vida do outro, que conte com o seu fim.
Já, no contexto da situação actual de Moçambique, o país está mergulhado numa dívida muito grande! O endividamento do país era desnecessário na medida em que as tais dívidas (EMATUM e Proindicus) foram cometidas. A EMATUM e a Proindicus foram criadas indevidamente, violando-se até certo ponto a Constituição da República. Tudo isso por motivo de ódio que Guebuza tem de Dhlakama, e pelo mesmo ódio que a Frelimo tem da Renamo.
A EMATUM foi criada para a pesca de atum, mas analisando bem os factos, no sentido metafórico, o atum que Armando Guebuza pretendia capturar é Afonso Dhlakama, e no ponto de vista grupal, os atuns que a Frelimo queria pescar são os homens da Renamo, principalmente os que encabeçam a estrutura partidário, daí a lista elaborada no contexto de “esquadrões de morte” para abater os homens da Renamo pelas forcas multissectoriais do governo da Frelimo (FIR, FADM e PRM).
Importa-me referir que, o pensar diferente não é sinónimo de inimigo, mas sim, estar em pleno gozo da liberdade de expressão consagrada na Constituição. Enquanto vemos outros compatriotas como atuns, não é possível falarmos de Unidade Nacional. Se essa ideia não constitui verdade, como também, não se justificam as 150 (cento e cinquenta) rondas negociais do Centro Internacional de Conferencias Joaquim Chissano sem consensos logrados entre as delegações da Frelimo e da Renamo.
Nós o povo moçambicano testemunhamos isso. Assistimos e chegamos a conclusão de que a questão de representatividade da parte dos partidos políticos foi posta do lado. Também, ironicamente pode-se afirmar que a Assembleia da República não tem nenhuma função. Quando a Renamo pediu para que o Governo da Frelimo se apresentasse para explicar ao povo sobre as razões das dívidas do país não declaradas, a bancada maioritária, a da Frelimo, votou contra. Em contrapartida, o mesmo partido, a quando do pronunciamento do Fundo Internacional Monetário (FMI) sobre as mesmas dívidas, o partido Frelimo, na sua V Sessão Ordinária, instruiu o governo para o esclarecimento dessas dívidas! Caricato!
Por sua vez, o Movimento Democrático de Moçambique, quando propôs a criação de comissões para a fiscalização da empresa pública da Electricidade de Moçambique (EDM) e para a averiguação das reais causas sobre os refugidos de guerra no Malawi, precisamente no campo de refugiados de Kapise, incluindo a proposta de eliminação de células partidária no aparelho do Estado, a bancada da Frelimo votou contra. Logo, está-se perante o proteccionismo partidário entre os camaradas. O partido protege o governo. A Assembleia já não esta para os assuntos do povo, mas sim, para os interesses e caprichos partidários. A oposição não faz diferença pois as suas propostas são chumbadas antes de serem apreciadas. Não tem voz na Assembleia da República. A única função que aparentemente a Assembleia tem, é a de aprovar as leis, mas que para quem cumprir? Também essa função perde a sua relevância pois, os que aprovam essas leis são os primeiros a não respeita-las. Os programas do governo passam mesmo sem o consentimento dos partidos da oposição! A diferença de assentos na Assembleia, não deve retirar por completo a questão de representatividade dos deputados da oposição, pois, se estes detêm cerca de 45% (quarenta e cinco por cento), significa que estão representando interesses de cerca de 45% dos 23 (vinte e três) milhões dos moçambicanos, estimados em cerca de 10.350.000 (dez milhões e trezentos e cinquenta mil) moçambicanos. Esse número não é pouco. Os seus interesses não devem ser hipotecados pela exclusão provida pela bancada maioritária da Frelimo.
Espera-se da Assembleia da República (AR), das Assembleias Provinciais (AP) e das Assembleias Municipais (AM) uma apreciação crítica que favoreça ao povo e não aos interesses partidários.
O ódio e o proteccionismo partidários são alavancas do abuso do poder, do uso abusivo dos fundos e outros recursos do Estado, materializando-se no endividamento indevido do Estado e na impunidade dos seus actores (resultado do proteccionismo partidário).
Se Guebuza e a Frelimo tivessem optado pelo diálogo com Dhlakama e a Renamo, para encontrarem respostas aplicáveis aos reiais problemas do país, nenhum moçambicano teria sido qualificado como atum, nem sequer investidas que endividassem o Estado moçambicano num intervalo estimado em duas ou três gerações teriam acontecido. O Estado moçambicano foi hipotecado, vendido, comprometendo o futuro das próximas gerações por motivo de ÓDIO!
As riquezas que o nosso país tem, não deviam constituir um empecilho para os moçambicanos, muito pelo contrário, deviam constituir um motor que impulsione o desenvolvimento do país ao encontro do bem-estar social de todo o povo moçambicano. Mal que se descobriram os vastos recursos minerais começamos a lutar uns aos outros!
A má gestão da coisa pública prejudicou a nós todos! A culpa de uns recai sobre todos nós. A teimosia de um prejudica toda a nação. Esta é a lição para o povo moçambicano não deixar tudo para os políticos. Há assuntos que exigem a intervenção do povo no sentido de influenciar na tomada de decisões para o futuro ou rumo do país. Por isso, mesmo a prevista greve de que se fala nas redes sociais, para mim, é tardia, pois, ela devia ter acontecido antes de alguém morrer, isto é, antes de acontecer o pior. É verdade que temos o direito de reivindicar pelo nosso bem, mas, neste preciso momento, a nossa reivindicação será vã. No fim da greve, teremos de sentar e repensar em como pagar a dívida. Não temos como escapar da divida pois, ela foi cometida em nome do Estado. Apelida-se como uma dívida soberana. Onde é que estávamos? Devemos saber pressionar o governo para fazer a nossa vontade sempre que possível, no momento oportuno, prevenindo-nos do perigo. Agora estamos no abismo! A não ser que seja uma Revolução. Mas a dívida, teremos de pagar. Consequências da passividade do povo e da arrogância do governo da Frelimo.
O Estado é do povo moçambicano. Povo não é apenas aquele que é membro e simpatizante do partido no poder. Moçambique não é apenas território dos sulistas. Há que reconhecer a existência dos outros e considera-los, também, como moçambicanos, dignos e capazes de liderar os assuntos e destinos do Estado.
A ideia de subestimar o outro é que fomenta o divisionismo e a necessidade da divisão do país por parte de alguns compatriotas. A Constituição considera moçambicano todo aquele que aqui foi nascido ou que adquiriu a nacionalidade moçambicana conforme previsto na mesma. Todos somos iguais perante a lei. Temos que nos respeitar e considerar para que juntos, unidos nas nossas diferenças, possamos construir o nosso belo Moçambique e vivamos em harmonia uns aos outros.
@VERDADE - 03.05.2016
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