Em 2008, Joseph Hanlon e Teresa Smart publicaram um livro com o título " Moçambique: há mais bicletas, mas há Desenvolvimento?". Os autores tentam compreender a importância simbólica e real que a bicicleta assumiu na vida de milhares de moçambicanos nas provincias do Centro( Zambézia concretamente).
Relembro os dois autores a propósito do baleamento ontem , em Lichinga( norte de Moçambique), pela Polícia da República de Moçambique, de 05 cidadaos, com uma vítima mortal. O motivo foi a bicicleta, de acordo com as alegacoes. Ou seja, o cidadao, vendo-se na iminência de perder a sua bicicleta a favor da polícia por nao ter pago o respectivo imposto (30, 00mt menos de u$d 1.00), resistiu em entregar a bicicleta o que resultou no baleamento. Depois a revolta popular.
O motivo é aparentemente torpe. Entretanto, considerando que a bicicleta é o único meio de produçao que milhares de moçambicanos possuem, retira-la do proprietário significa retirar-lhe o meio de subsistência, reduzindo-o a um indigente. E torna-lo um improdutivo, ante as responsabilidades que ele tem para com os seus dependentes. O pacato cidadao vive do seu trabalho e a bicicleta é o único meio de que dispoe para trabalhar.
Um trabalho árduo que, talvez, diariamente, nem consegue fazer os 30,00 meticais cobrados pela polícia municipal como imposto. Nao entendo qual a fórmula usada para este o cálculo deste imposto num país onde se vive com menos de u$d 1.00, ou seja, menos de 30,00 meticais por dia.
Aquele cidadao baleado apenas estava defender um direito: a Vida digna atraves do seu trabalho em que a bicicleta é crucial.
A polícia e as nossas instituiçoes de impostos parece que nao entendem este outro lado da moeda.
Ao finado nessa mais uma vergonha nacional Paz a sua alma!
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