O nosso sistema político carece de algum retoque. Dhlakama tem razão quando fala de regiões autónomas, mas não tem razão quando fala de divisão do país. Este país é indivisível. Não é um político que vai dividir este país para acomodar as suas vontades. Onde entendo Afonso Dhlakama?
Entendo e dou razão ao Dhlakama quando fala das regiões autónomas. Mais uma vez entendo e dou razão ao Dhlakama. Mas não são regiões autónomas que a Renamo reivindica. A Renamo reivindicar governar onde ganhou. Não tem razão? Para mim tem. Se não queremos federação, então devemos evoluir para uma situação em que os governadores são eleitos. O que significa? Significa que a oposição vai governar onde ganhou, ou seja, vai eleger os seus governadores, constituindo, desta forma o seu governo provincial.
E já há um meio caminho andado porque a Frelimo já abriu um precedente ao criar as Assembleias Provinciais. Ora, as Assembleias Provincial só podem fazer sentido quando os Governos provinciais são eleitos, tal como os membros das Assembleias Provinciais. Não podemos ter uma Assembleia Provincial eleita que fiscaliza um Governo provincial nomeado. Se temos as assembleias Municipais eleitas, com decisões vinculativas, que fiscalizam os governos municipais eleitos e temos a Assembleia da República eleita, também com decisões vinculativas, que fiscaliza o Governo Central Eleito, também devemos ter uma Assembleia Provincial eleita, com decisões vinculativas, a fiscalizar os governo provinciais eleitos. Neste momento, as Assembleias Provinciais, embora eleitas, não só as suas decisões não são vinculativas, como também, são órgãos com uma acção nula.
Segundo, há sobreposição de funções, porque os governos provinciais são fiscalizados pelos deputados da Assembleia da República, eleitos nesses círculos eleitorais e ainda mais são fiscalizados pelas Assembleias Provinciais, estes últimos com decisões não vinculativas.
Se os governadores fossem eleitos, neste momento, a Renamo estaria a governar nas provinciais onde ganhou e onde detém a maioria nas Assembleias Provinciais. A Frelimo e o MDM seriam oposição. Da mesma forma, a Renamo e o MDM seriam oposição onde a Frelimo ganhou. Isto é, a Frelimo formaria governo central por força da maioria de votos obtidos, mas partilharia os governos provinciais com a Renamo.
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