© Colagem: Voz da Rússia
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O povo e a direção da Coreia do Norte deliciam-se com imagens do ataque nuclear de mísseis contra os Estados Unidos, filmadas a partir do espaço e, felizmente, virtuais. Os sonhos mais atrevidos de Pyongyang são encarnados num material vídeo, publicado há dias no portal oficial da Coreia do Norte. Na realidade, o país, após ter lançado com êxito um foguete balístico, pretende efetuar novos ensaios de cargas atômicas, que serão seguidas com certeza por novas sanções das Nações Unidas.
A julgar por comunicados da mídia sul-coreana, a Coreia do Norte já se encontra em estado de guerra, declarado, alegadamente, por uma ordem do líder do país, Kim Jong-un, em 29 de janeiro. Ao mesmo tempo, segundo os comunicados, os militares norte-coreanos são encarregados de terminar a preparação para testes de armas nucleares. Embora a Agência Telegráfica Central da Coreia tenha desmentido estas informações, o Conselho de Segurança da ONU mostra-se preocupado, prometendo que em relação à Coreia do Norte sejam aplicadas as medidas “mais decididas e duras”.
Tanto o material vídeo, em que um jovem coreano se delicia a partir de cabine da nave espacial com ruínas de uma megalópole americana, como os planos de Pyongyang de ensaiar cargas nucleares e as advertências do Conselho de Segurança da ONU são repercussões do lançamento do foguete Unha 3, que em 12 de dezembro do ano passado colocou com êxito um satélite em órbita circumterrestre. O Conselho de Segurança da ONU condenou em 22 de janeiro numa resolução o lançamento do foguete, capaz de portar, em princípio, uma ogiva nuclear. A ONU endureceu também as sanções econômicas contra a Coreia do Norte. Por seu lado, o Comité Estatal de Defesa da Coreia do Norte declarou os Estados Unidos como “inimigo mortal” e comunicou sobre os seus planos de efetuar novos testes nucleares. É nomeadamente contra este inimigo que serão orientados todos os futuros lançamentos de satélites e foguetes de longo alcance norte-coreanos, diz-se numa declaração do departamento militar da Coreia do Norte. Pyongyang anunciou também a intenção de renunciar às conversações sobre a desnuclearização da Península da Coreia e de continuar a intensificar o seu potencial militar.
Evidentemente, os americanos não podem deixar de preocupar-se com a probabilidade de a Coreia do Sul aperfeiçoar o seu foguete no futuro para assestar um golpe contra os Estados Unidos. Mas é necessário ter em vista que o foguete, após ter colocado um satélite em órbita, termina a sua missão, ressaltou o colaborador científico do Centro Coreano do Instituto do Extremo Oriente da Academia de Ciências da Rússia, Evgueni Kim, em entrevista à Voz da Rússia:
“O foguete, que deve transportar uma ogiva nuclear ao território dos Estados Unidos, após ter saído ao espaço deve voltar atravessando camadas atmosféricas densas e ser orientado para o respetivo objeto na Terra. O problema da proteção térmica é uma tarefa séria, que não é resolvida por enquanto pela Coreia do Norte. Portanto, este foguete não ameaça ninguém atualmente, nem os Estados Unidos nem a Rússia. Nos próximos anos, a probabilidade de um foguete norte-coreano atingir o território dos Estados Unidos é nula”.
Quanto a ameaças confusas de Pyongyang de empreender certas medidas em resposta às sanções da ONU, não se trata em nenhum caso de início unilateral de ações militares, diz Evgueni Kim. Nas suas palavras, a Coreia do Norte, diferentemente da Coreia do Sul, nunca falou de golpes preventivos. Pyongyang sempre anunciava a disposição de empreender ações de resposta.
A julgar pelos últimos passos, a Coreia do Norte pretende desenvolver um potencial nuclear de retaliação, que permita ao país seguir o seu próprio caminho. Mas esta via conduz hoje a Coreia do Norte a mais uma volta de chantagem nuclear em relação à comunidade internacional. Nenhumas sanções podem alterar a posição norte-coreana – as restrições não se refletirão nos principais adeptos das ideias Juche (espirito de autoconfiança), enquanto o povo não irá viver muito pior, porque viver pior já é impossível.
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