terça-feira, 26 de março de 2013

Chipre está dando passos comedidos rumo à falência: Voz da Rússia

26.03.2013, 11:01, hora de Moscou
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Chipre, economia, banco, Banco Central Europeu, crise, União Europeia, zona do euro, Fundo Monetário Internacional (FMI)
EPA

O governo do Chipre está pronto para proceder a reformas econômicas. O plano consiste em bloquear provisoriamente a movimentação da moeda escritural no país, congelar por um prazo indefinido os depósitos superiores a 100 mil euros e reestruturar os principais bancos.

Os maiores depositantes irão perder até 60% de suas poupanças, mas dentro de dois meses o Chipre receberá da União Europeia (UE) um empréstimo no valor de 10 bilhões de euros.
Na véspera, a troika de credores (UE, Banco Central Europeu (BCE) e FMI) e o presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, assinalaram um acordo preliminar sobre o resgate do sistema financeiro do país. Para o setor bancário está previsto, grosso modo, um cenário seguinte: o Banco Laiki, o segundo maior do país, será dividido em duas partes. Uma – a com os ativos "bons" – passará para o principal banco da ilha, Bank of Cyprus, enquanto a outra – a com os ativos "ruins" – será liquidada.
Porquanto no Chipre estão assegurados só os depósitos até 20 mil euros, os titulares de depósitos mais volumosos irão perder uma parte considerável de seu dinheiro (até 60%, segundo previsões). As autoridades calculam obter com isso os 5,8 bilhões de euros faltantes, explica o professor catedrático da Escola de Altos Estudos Econômicos (campus de São Petersburgo), Andrei Zaostrovtsev. É que para evitar uma falência são indispensáveis, no total, cerca de 16 bilhões de euros. A UE concordou em emprestar 10 bilhões sob a condição de que o Chipre por si mesmo arranjasse o dinheiro faltante.
"Trata-se de um tributo de caráter confiscatório, algo que nos tempos antigos se chamava de cobrança coerciva. Em geral, foi um erro a introdução do euro, a extensão da zona do euro para os países incapazes de se encontrarem num mesmo sistema monetário, por exemplo, com a Alemanha".
No entanto, a maioria dos analistas não olham retrospectivamante para os acontecimentos tão distantes, coincidindo em a ameaça de falência que pesa sobre o Chipre ter sua causa principal na crise grega. Quarenta por cento dos créditos entregues pelos dois principais bancos cipriotas eram para clientes gregos. Além disso, os bancos possuíam obrigações gregas. Por conseguinte, foi a Grécia que tirou o Chipre após si para o abismo de endividamento. Mas as medidas às quais recorre o governo cipriota, não salvarão a economia do país, acreditam os peritos. Até a terça-feira, como mínimo, todos os bancos do país permanecerão encerrados, mas o levantamento deste bloqueador, na essência, não irá mudar nada. O país segue escorregando para baixo, afirma Nikita Krichevsky, presidente de conselho de expertos da organização social OPORA Rossii (OPORA é um acrônimo, em russo, de Liga de Organizações Empresariais, que soa como a palavra "apoio" ou "suporte", portanto a denominação, em seu todo, pode ser traduzida como "Apoio à Rússia").
"O governo cipriota recebeu faculdades sem precedentes. Pode congelar contas, transferir saldos em contas correntes para depósitos e formalizá-los como depósitos. Pode também restringir a quantidade de dinheiro a retirar do banco e adaptar outras medidas que, desde logo, não contribuem para a recuperação nem o saneamento das finanças cipriotas".
Já se tornou de conhecimento público que o maior banco do Chipre, o Cyprus Popular Bank, será fechado. O que significa que a ilha irá se defrontar com mais um problema grave, o desemprego. Como é de esperar, os cipriotas toparão igualmente com uma avalanche de vendas de bens imóveis.
Os analistas estão certos: enquanto forem desbloqueadas as operações bancárias, os correntistas irão fugir do Chipre. Inclusive aqueles que tenham em depósitos menos de 100 mil euros. A economia cipriota é um buraco negro e já não poderá ser salvada por nenhuns empréstimos da União Europeia, acredita Nikita Krichevsky. A Rússia também não salvará a economia que está indo a pique.
"Ajudar uma economia em situação de bancarrota, no fundo, é o mesmo que jogar o dinheiro ao vento. Claro está, no futuro este dinheiro, talvez, retornar qualquer dia, mas a coisa é que hoje, quando o entregamos, tem um poder aquisitivo que amanhã já não vai ter, será muito mais baixo. O único que os cipriotas poderão conseguir nas negociações com a Rússia, seria, o mais provável, um prolongamento do empréstimo anteriormente concedido de 2,5 bilhões de euros. Contar com algo mais, o Chipre não pode".
No decorrer do debate em torno das medidas anti-crise, mencionava-se também uma eventual nacionalização dos fundos de pensões. Havia, além disso, propostas de aumentar o imposto sobre lucros, o qual é, na atualidade, o mais baixo da eurozona. Essas medidas foram rejeitadas, ou, melhor dito, por enquanto declinadas. Especialistas não excluem que essas opções podem voltar a ser reconsideradas para salvar, custe o que custar, já o quinto país da UE que urge a assistência financeira. Na opinião dalguns analiticos, no caso do Chipre está sendo treinada uma tática de falência controlada, que no futuro poderá ser implementada em outros países críticos da zona do euro.

1 comentário:

Anónimo disse...

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