segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Os falsos milagreiros – Elizeu Nguiniti.



Luanda – Hoje em dia, a maioria das igrejas, fundamentam seus ministérios sobre supostas curas e milagres. É assustador perceber que as maiores denominações em Angola estão envolvidas com este tipo de fundamento. Quase todas as denominações históricas também estão envolvidas com a ideia de que a missão da igreja é curar e fazer milagres e maravilhas.

Fonte: Club-k.net
A verdade é que todas estão erradas. Os sinais realizados por Jesus tinham o objectivo de aprovar sua messianidade, (Actos 2:22), e os sinais e maravilhas feitos pelos apóstolos foram para confirmar a partilha da aliança abraâmica com os Gentios, (Actos 14:3). Fora isso, não há nenhuma finalidade do milagre hoje na igreja, nem mesmo para a fé, pois os únicos milagres dados para a fé foram os registados na Bíblia, (João 20:30,31).

Além disso, a ideia de evangelizar com milagres é falsa, pois Paulo disse que a evangelização é pela Palavra de Deus, a qual já está confirmada pelos milagres de Cristo e dos apóstolos, (Romanos 10:17). Ninguém mais na terra tem autoridade para fazer dos milagres, (se eles existissem), a base de sua religião, pois eles não têm mais propósito na vida da igreja.

Não há sequer um versículo de Paulo às igrejas, ordenando e alicerçando os ministérios das igrejas com curas e milagres. Além do mais, o apóstolo disse que isso era uma prerrogativa do apostolado (II Coríntios 12:12), dos demais irmãos que participavam da era apostólica, (I Coríntios 14:37) e dos que pertenciam à escola apostólica, (Actos 13:1-3).

Paulo também deixou claro que não haveria mais apóstolos na igreja depois dele, pois o fundamento da igreja já estava lançado, terminando assim a utilidade e missão do ofício apostólico e profético, (Efésio 2:20). Jesus deixou muito claro que qualquer grupo que se levantasse fazendo milagres depois dele seria falso profeta, (Mateus 7:22; Mateus 24:24;).

Geralmente os milagreiros usam o texto de Marcos 16;17,18, mas nenhum deles bebe veneno pra todo mundo ver; suas curas são sempre na rádio e na televisão (depois de editadas), e entre quatro paredes. Só Cristo e os apóstolos fizeram curas públicas que puderam ser vistas sendo realizadas.

Os milagreiros modernos não realizam curas, eles apenas oram; as pessoas é que interpretam suas próprias ideias de curas e milagres, e chegam contando que foram curadas, nada mais que isso. Ninguém nunca viu uma cura realizada a olho nu e em público. Simplesmente porque não existem.

Não há milagreiros que possam imitar os apóstolos. O que há é muita propaganda falsa, falta de conhecimento do ministério apostólico, crendice popular, e muito desejo de se resolver problemas de saúde, na maioria doenças funcionais.

Tenho assistido na televisão e na rádio os boatos das curas e outros cavilosos, mas nunca vi estes homens realizando nenhum milagre que pudesse ser visto a olho nu. São, na maioria, relatos de dores que as pessoas chegam contando, somados a um monte de mentiras que inventam, e aí gritam e dão glória a Deus dizendo que houve milagre.

Gostaria de ver esses milagreiros dentro dos hospitais de doenças como câncer terminal, malária, cegueira crónica, e paralisia infantil. Por que eles não frequentam o sector de câncer pediátrico e libertam tantas crianças da morte? A verdade é que seus poderes miraculosos só funcionam na rádio, televisão, e nas quatro paredes de suas igrejas, porque lá o próprio povo mascara a mentira. Além do mais, eles precisam vender seus “milagres”, e no hospital não seria o melhor lugar para isso. Eles nunca iriam para dentro de um hospital curar, porque sabem que suas curas são uma farsa.

Na verdade, nenhum desses curandeiros de rádio viu sequer uma cura que dizem fazer; eles apenas ouvem as pessoas dizerem que foram curadas. Mas eu gostaria muito de ver um milagreiro desses dentro de uma enfermaria de hospital realizar algum milagre. Sei que isso é uma utopia.

A ordem de Cristo foi que a igreja evangelizasse o mundo pregando arrependimento para remissão dos pecados, (Lucas 24:46,47). As curas e milagres não são citados nesse texto. Mas qual é a igreja hoje em dia que fala em pecado? Se não falam em pecado, não há arrependimento; se não há arrependimento, então não há conversão; e se não há conversão, não existe igreja. Portanto, não havendo igreja, o que persiste é um movimento de falsa fé e falsa esperança em nome de Cristo.

Se não há modelo bíblico para tais igrejas milagreiras, qual modelo eles seguem? Certamente seguem o modelo do falso profeta, mudando a natureza do verdadeiro evangelho, desviando a verdadeira missão da igreja, e transformando a igreja de Cristo em uma caricatura religiosa existencial.

Na verdade, o fenómeno milagreiro dos nossos dias nada mais é do que o velho populacho do Israel incrédulo dos dias de Moisés. Eles viram o milagre das dez pragas do Egipto, atravessaram o mar, comeram maná e codornizes, beberam água no deserto, tudo à base de milagre. Mas no momento em que Moisés se distanciou um pouquinho deles, logo mostraram quem eram: idólatras. Adoraram o bezerro de ouro porque só queriam ver milagres; um bezerro de ouro era possível ver e tocar, mas o Deus de Moisés era invisível.

Então a história do pecado sempre se repete. O que de facto está por trás da busca e do desejo de ver milagre não é a fé, e sim a idolatria. Todos os dias eles precisam de um testemunho visível para convencer o coração, exactamente porque não têm fé. A qualquer descuido e a qualquer momento eles perecem no mundo da superstição e da idolatria.

Observemos a que pontos estão chegando as igrejas!

O fenómeno evangélico em Angola adquiriu uma caricatura. O Evangelho de Jesus Cristo ficou em segundo plano em nome de "uma nova visão". Ser cristão implica uma identidade difusa:

1) Ser "crente" se resume basicamente à magia religiosa, exercitada em auditórios onde se promete cura e protecção, sucesso financeiro e soluções imediatas para problemas e conflitos;

2) O discipulado de Jesus foi substituído pela venda de soluções fáceis;

3) A vida comunitária foi substituída pela metodologia empresarial como recurso de expansão;

4)
A celebração da fé foi substituída por rituais grotescos, numa mistura de superstição, feitiçaria;

5)
Pastores "Padres" foram substituídos por apóstolos e outros heróis, mais ocupados em comandar um grande exército que em conduzir pessoas à intimidade com Deus;

6)
A Bíblia foi substituída por uma teologia popular, com discursos extraídos das falas dos líderes carismáticos, na qual o sentido original da bíblia é deturpado e diluído de boca em boca, até chegar ao último da fila como sal que para nada mais presta;

7)
O engajamento no Reino de Deus foi substituído pela adesão ao "ministério do fulano", a "cobertura do Sicrano" e à "visão do Beltrano";

8) A cruz, como símbolo maior do cristianismo, foi substituída por bonés, adesivos e camisetas com estampas da comunidade A, ministério B e apóstolo C.

Enfim, parece mesmo que "outro evangelho" está sendo anunciado, e por ser outro deve ser anátema.

Tanto Jesus quanto Paulo afirmaram que o verdadeiro Cristianismo era fundamentado na fé, e não em milagres, (II Coríntios 5:7.). Portanto, as igrejas que fizeram dessa farsa milagrosa suas bases ministeriais são falsas desde a raiz.

2 comentários:

Unknown disse...

Verdade Mais que verdade

Unknown disse...

Triste saber que somos muito poucos que entendemos isso..