terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Mais membros da Renamo agredidosem Cabo Delgado

Por terem hasteado uma bandeira da Renamo na localidade de Quelimane, distrito de Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, quatro membros desse partido contraíram ferimentos graves na sequência de agressões cometidas por indivíduos que se supõe serem membros da Frelimo Os atacantes destruíram a sede da Renamo.

Segundo disse ao CANALMOZ um responsável da Renamo em Cabo Delgado, o caso deu-se ao princípio da tarde de domingo, 21 de Fevereiro, quando um grupo de pessoas que se identificaram como sendo membros da Frelimo invadiram a sede da Renamo onde membros deste partido estavam a hastear a sua bandeira.
Em consequência deste ataque, ficaram gravemente feridos Abdala Charque (chefe da mobilização da Renamo em Mocímboa da Praia), Latifo Mussa, Niro Momade, Salimo Falume e Sumail, que se encontram internados no Hospital Rural de Mocímboa da Praia, para tratamentos.
A Renamo acusa Amisse Omar Makwelo, Jafar Ibrahimo (presidente da localidade), Bacar Nhongo, Omar Amisse (filho do presidente), Benedito, Mandhufy e António, todos residentes na localidade de Quelimane, como sendo os membros da Frelimo autores da agressão.
O responsável da Renamo, Alberto José Bacar, responsabiliza alguns elementos da etnia maconde dos distritos de Macomia, Chai, Muedumbe, Nangade e Mocímboa da Praia de serem os autores das agressões, com a assistência passiva do Governo local. A Renamo diz que estes actos atentam contra a estabilidade do país, e semeiam o tribalismo e o regionalismo.
A comandante distrital da PRM em Mocímboa da Praia disse ao CANALMOZ que o que ocorreu foi agressão física, mas não apontou quem provocou o incidente. Josefina Moca disse que estava fora do distrito e que o assunto está a ser acompanhado pelo chefe das Operações. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 23.02.2016

Fasquia subiu e os moçambicanos já acordaram

Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Toda a gente já abriu os olhos.
A TVM, STV, RM e as suas congéneres até podem esforçar-se em apoiar ofensivas mediáticas e dedicar tempo de antena mais do que merecido a cultores daquilo que chamam “agenda nacional”.
O que se esperava da comunicação social pública deixa muito a desejar, e isso já foi sobejamente comentado.
Mas não se pode deixar de apontar o dedo ao que se tem revelado como um serviço contra a justiça, contra a paz e o desenvolvimento nacional.
Aqueles comentaristas e analistas convidados pela RM, TVM e STV quase sempre, com raras e conhecidas excepções, alinham por um diapasão semelhante à tristemente famosa “Rádio das Mil Colinas”, incentivando acções que acabaram por ser um genocídio. A ONU, a UA, a Bélgica, a França e os vizinhos fizeram vista grossa ao que se passava, e deu no que deu.
Hoje, quase todo o mundo faz vista grossa ao que acontece em Moçambique, em que já há refugiados de guerra no Malawi.

Os porta-vozes e outros dignitários repetem-se, mentindo que está tudo bem.
Os que hoje dizem que a Renamo é a causa da instabilidade esquecem-se que, nos dias de ontem, o Departamento de Trabalho Ideológico da Frelimo vendia aos moçambicanos a ideia de que aquele movimento rebelde era unicamente uma criação dos regimes racistas da região. Jamais explicaram aos moçambicanos sobre a razão da rebeldia, nem deram a conhecer que, num passado recente, sangue de irmãos tinha sido derramado por motivos oficialmente nunca esclarecidos. Uns falam de alegada traição, mas escusam-se a dizer que foi uma luta interna pelo poder que separou compatriotas. Nunca conseguem trazer à luz do dia os graves acontecimentos que minaram aquilo que não se cansam de pregar como “Unidade Nacional”.
Em nome de uma ideologia que “compraram” em campos de treino de guerrilha ou em seminários e conferências com os seus compadres do Leste europeu, nos cafés de Paris ou algures na China Popular subjugaram compatriotas e foram juízes e algozes de compatriotas.
Agora que se sonhava com as recentes descobertas de riquezas minerais e outras, muitos afiavam os dentes para abocanharem em exclusividade o que descoberto e redescoberto.
É daí que se devem tirar ilações sobre o que está acontecendo. Não vale a pena inventar ou tentar encontrar explicações complexas para algo que é relativamente simples.
Um país que recusa reconciliar-se e em que as assimetrias regionais pontificam numa abordagem de cegos é um país em perigo permanente, como se pode ver.
Um país em que se repetem tentativas de alguns apropriarem-se da sua história, em detrimento de uma larga maioria, é um vulcão adormecido, mas não extinto.
Como diz o ditado, a mentira tem pernas curtas, da mesma maneira que “fintar” os adversários é de utilidade temporária.
Há batalhões colocados no terreno em defesa de uma suposta pureza do regime.
Aqui não se trata de defender ou de apoiar as partes em conflito.
O apelo e os esforços devem ser feitos no sentido de prestar ajuda aos nossos compatriotas desavindos. Há tendência de fingir que não vemos aquilo que afectaria o nosso ganha-pão, e isso tem prejudicado o país.
O nosso país já deu passos, e os resultados alcançados demonstram que é possível fazer muito mais e melhor. É preciso que, enquanto compatriotas, aprendamos a aceitar que isso é inalienável e tudo deve ser feito para que salvemos o nosso país daqueles que pretendem que mergulhemos em mais uma guerra.
Não podemos descair para Estado-falhado só porque alguns dos compatriotas têm um apetite exacerbado no que diz respeito às possibilidades e riquezas nacionais. O “bolo até chega para todos”. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 23.02.2016

1 comentário:

MTQ