quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Somos todos peões



Não se pode afirmar que o Marcos andava a alta velocidade, o ponteiro da viatura, novinha em folha - uma Land Cruiser VX indicava apenas 120 km/h, o dia estava lindo, no interior da mesma rodava uma música do Mr Bow.
Acelerava, não se sentia embriagado, aliás, acreditava que nunca se embriagava, tinha tomado apenas 14 cervejas heineken.
Quando passou pela zona de Infulene "A", próximo ao Estádio da Machava um "cão" com dois "pés" tentou atabalhoadamente atravessar a estrada.Conduzia enquanto falava ao telefone, quando subitamente reparou no animal, não pôde evitar, um cão qualquer tinha sido projectado para o ar e caído no chão, já sem vida.
O condutor da Land Cruizer VX - não parou, não podia parar, afinal, nem era o culpado, os peões não respeitavam os carros. 
Ele tinha tomado algumas cervejas e a família do cão ávida em ter alguns trocados diria que ele estava bêbado. 
Não podia parar, até porque seria apenas mais um morto para as estatísticas, quem iria se importar?

Parou numa casa de pasto no bairro do Jardim, constatou aliviado que ninguém o tinha seguido. Comprou mais uma heineken, celebrou a vida e a sorte.
Seguiu viagem um pouco animado, tinha um encontro com a Joana, a dama que quis ter a vida inteira. Finalmente, após uma árdua conquista ela estaria nos seus braços. Um sorriso malandro "bailava" nos lábios.
Quando chegou ao destino - Versalhes, estacionou o carro, galgou o passeio, do outro lado da estrada, Joana lhe acenava, inesperadamente quando ia atravessar ouviu-se um baque.
Um corpo estava estatelado no chão. Marcos jazia na estrada "pintada" do seu próprio sangue, uma imagem de um "cão" atropelado algures na Machava "desfilou" na sua mente.
Foi então que aprendeu: Afinal, somos todos peões!!! Os olhos do Marcos fecharam-se para sempre...
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