quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Fórum Econômico de Davos: previsões e realidades

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Em 21 de janeiro, na Suíça, vai abrir o 45º Fórum Econômico Mundial de Davos. Mais de 2.500 empresários, políticos e especialistas expressaram a sua vontade de participar do evento. A maioria deles usa a plataforma de Davos para difundir suas avaliações relativas ao ano passado e previsões sobre as evoluções no ano em curso. Contudo, a maioria das previsões, como mostra a história, acaba por ficar muito longe da realidade.

A edição de Davos de 2014 fez prognósticos assustadores, predizendo uma crise financeiranos EUA e o desemprego na Europa. Na altura, foi dito como isso afetaria a economia global em geral e cada um dos países em particular. Mas veio o ano de 2015 e verificou-se que os EUA não se sentem nada mal e que a ameaça de um colapso fiscal deixou mesmo de ser mencionada. O nível econômico europeu, igualmente, não é pior do que um ano antes, destaca Igor Nikolaev, diretor do Instituto de Análise Estratégica FBK (Consultoria Financeira e Contabilística):
"Infelizmente, nem sempre as estimativas, hipóteses e previsões feitas no Fórum de Davos dão certo. Se recordarmos a crise financeira global, cuja fase aguda eclodiu no outono de 2008, ainda no início de 2008 ninguém imaginava em Davos que a situação poderia chegar a tal desenlace.
"Há uma outra história, mais recente: no início do ano passado, os especialistas de Davos apresentaram estimativas que também não coincidem com as realidades. Assim, ninguém podia imaginar que no final de 2014 o crescimento econômico da Rússia poderia desacelerar e chegar praticamente a zero".
No início do ano passado, os especialistas não se mostravam preocupados com a febre ebola. Ninguém esperava também que a Ucrânia se tornasse palco de uma guerra civil. Já sem falar de que alguém pudesse calcular que o preço de petróleo cairia para metade ou até menos. Qual terá sido a razão disso – um acaso ou uma falta de profissionalismo ? O analista financeiro Igor Nikolaev acredita que tudo depende dos objetivos perseguidos pelo especialista:
"Sim, as previsões muitas vezes não se materializam. Isso sugere que devemos ser mais responsáveis e profissionalmente mais diligentes na previsão econômica. Devemos reunir-nos não só para discursar, mas sim para tentar, efetivamente, antecipar o que vai acontecer na economia global durante pelo menos o próximo ano. É perfeitamente possível aumentar o realismo das previsões. Mas para isso é imprescindível que rejeitemos tudo quanto é gerado por nossos desejos subjetivos e olhemos as coisas com realismo".
O problema ainda tem a ver com o fato de a política se ingerir cada vez mais na economia. Este ano, entre as figuras reunidas em Davos vemos em particular o primeiro-ministro chinês Li Keqiang, a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês François Hollande, o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, o secretário de Estado dos EUA John Kerry e o presidente sul-africano Jacob Zuma. A delegação russa é chefiada pelo vice-premiê Igor Shuvalov. O Brasil será representado por Joaquim Levy, recém-nomeado ministro da Fazenda, e Alexandre Tombini, presidente do Banco Central do país.
Naturalmente, cada um dos participantes vai trabalhar para si. Mas acontece que um fóruminternacional tão representativo como Davos é usado não só para “levar água ao seu moinho”, mas também para exercer pressão sobre a opinião pública. Às vezes chega uma personalidade renomada e vaticina em seu discurso alguns problemas graves, reforçando suas palavras com um par de provas adequadas, e os investidores assustados começam a fugir do país; ou, pelo contrário, o líder de um Estado relata de que forma ele pretende agir no futuro próximo e, vejam só, os fluxos de capitais se precipitam para o país. Agora, quanto ao curso real das coisas, isto é uma questão bem diferente. Ela poderá ser abordada no ano que vem no próximo Davos.

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