sábado, 14 de junho de 2014

RELIGIOSOS DISPOSTOS A APOIAR RENAMO PARA A CONSTRUÇÃO DA PAZ

RELIGIOSOS DISPOSTOS A APOIAR RENAMO PARA A CONSTRUÇÃO DA PAZO presidente Afonso Dlhakama teve uma longa Teleconferência com os líderes religiosos onde depois de terem escutado uma explanação sobre a situação político-militar em Moçambique, os Reverendos tiveram a oportunidade de exprimirem os próprios sentimentos, colocar preocupações, fazer apelos e perguntas.

O Vice-Presidente do Conselho das Religiões em Moçambique Dr. José Guerra, que também é Pastor na Igreja Universal do Reino de Deus, solicitou depois de ter afirmado que “acreditamos que o sofrimento de Dlhakama em Gorongosa tenha o mesmo espírito que teve o sofrimento de Cristo no Calvário” que seja dito com precisão como as igrejas podem apoiar para que a Paz seja instaurada em Moçambique. Guerra, propôs também que este apoio seja concretizado através da equipa negocial que se encontra em Maputo a trabalhar no Centro de Conferências Joaquim Chissano. Ele referiu que no passado havia dificuldade de se aceitar a paridade, mas hoje a Lei Eleitoral já contempla a paridade nos Órgãos Eleitorais, e as igrejas ali representadas deram, a sua participação para que isso acontecesse. Em acto contínuo, rematou asseverando a voz, que se é o abandono do Acordo Geral de Paz firmado em Roma que está a provocar mortes de cidadãos, então que seja de novo retomado e respeitado o tal Acordo.
Dinis Matsolo, o Bispo da Igreja Metodista Wesleyana que também pertence ao observatório Eleitoral, usou da palavra para pressionar o Presidente da RENAMO a parar com as mortes de Moçambicanos. Matsolo indagou: “qual é o método ou a forma que é necessária para parar com as mortes?” “Qual é a possibilidade de realizar rapidamente o encontro com o Presidente da República?” O Bispo fez estas perguntas depois de ter asseverado que “Somos pela Verdade e não pela razão”.
Estas perguntas indignaram o Líder da RENAMO que prontamente respondeu: “para a guerra findar é preciso que os líderes sejam líderes”. Para enfatizar sublinhou que no seio dos líderes há todas as camadas de pessoas (dirigentes, intelectuais …) e repreendeu-lhes de seguida por não explicarem aos seus crentes e ao povo em geral, a verdade sobre a situação de Moçambique.
“Nunca procuraram investigar quem na verdade aceita sacrifícios para manter a Paz. Recordou de seguida que já em 94 a RENAMO era atacada. Estes ataques duraram 20 anos com todo o mundo a aplaudir”.
O Presidente não poupou críticas aos próprios líderes religiosos, por faltarem ao dever de mostrar a verdade. Criticou a hipocrisia do Governo de começar a atacar enquanto se falava de diálogo. Lembrou que a FRELIMO havia chegado ao ponto de mobilizar todos os Hotéis do País para que não aceitassem Dhlakama como hóspede pelo simples facto de ser o Líder da RENAMO a quem os governantes odeiam.
Ainda na senda da crítica ao silêncio dos líderes sobre a situação política de Moçambique, Dhlakama asseverou: “Vocês religiosos não são sérios. Têm medo de quê? Guebuza é Deus?
” Será que ele é o segundo Deus aqui na Terra? ”
Depois de lembrar que a revolução que está fazendo é feita em nome do Povo e não em nome da própria família, garantiu que se morrer na luta vai morrer tranquilo porque sabe que depois da morte vai estar bem porque morreu a lutar pela liberdade. Contestando as vozes dos que pressionam para que ele mande seus soldados deporem as armas antes de alcançadas as garantias do cumprimento do AGP, o Líder afirmou depois de se ter identificado como “um General de 4 Estrelas, portanto um profissional militar” e também ter recordado que se formou em ciências políticas numa universidade da África do Sul: “não existe estratégia que deixa o inimigo a sair de 300 km ficando à espera que ele chegue para atacar”. Dhlakama acusou os líderes religiosos de pecadores afirmando textualmente: “ Estão a pecar quando deixam a FRELIMO chamar a RENAMO de bandidos. “
Voltando à resposta directamente dirigida pelo Bispo Matsolo, o Presidente da Perdiz esclareceu que “o ponto que está a fazer confusão é a reunificação das Forças Armadas de Moçambique. Nem a RENAMO nem a FRELIMO tem direito de ter um exército. Quem tem direito de ter exército é o país. A solução é o Guebuza aceitar.” E logo de seguida recomendou : “marcar uma reunião com o Guebuza para perguntar sobre a posição dele”.
Para acabar com a Guerra a FRELIMO tem que deixar de atacar. Disse para de seguida enfatizar que “a RENAMO se tornou para a FRELIMO e seu Governo, numa etnia que deve desaparecer”. Explicou ainda que durante a trégua unilateral, de 27 de Abril, até segunda-feira última, FRELIMO se empenhou em juntar canhões, blindados, e toda a espécie de armamento pesado na zona da Gorongosa para o aniquilar fisicamente junto com os seus colaboradores e esta foi a razão para a quebra da trégua.
Comentando sobre o curso das realidades políticas em Moçambique, Dhlakama afirmou que a Guerra terminou a 4 de Outubro, em Roma, depois de 2 anos de negociações. A FRELIMO depois de 94 não quis implementar o Acordo de Paz. Aceitou tudo em Roma mas foi queimando tempo para recuperar e mais tarde eliminar a RENAMO.
Na sequência desta recordação o líder fez questão de mais uma vez, e como frequentemente acontece, manifestar a sua gratidão a Deus pelo facto de não terem conseguido lograr tal intento de aniquilar a RENAMO, e fez questão de frisar que foi mesmo graças a Deus reconhecendo de seguida que ele e os membros do Partido que dirige não seriam capazes de resistir às perseguições que sofrem.
Esclareceu que “a partir de 2012, nós a RENAMO, decidimos escolher entre a morte e a escravatura” Recordou que nessa altura, a 4 de Outubro, ele próprio declarou publicamente numa entrevista ao jornalista Ponguane, o fim da escravatura. “Exigir os direitos e deixar de ser moçambicano de segunda ou de terceira”. Começou-se a exigir: a correcção da Lei Eleitoral, a entrada nas forças armadas, o fim da expulsão dos oficiais da RENAMO das Forças Armadas da Defesa de Moçambique. O Líder afirmou a propósito que: “começamos a perguntar porquê nos enganaram em Roma? Porquê não recusaram a Paz perante as Nações Unidas?
O Bispo Mateus Basquete depois de se declarar transportador de um fardo do Povo que chora de luto e dor, quis saber como é possível trocar as armas pelas enxadas. “Moçambicanos que choram de luto e dor”. Enfatizou para de seguida advertir que há interesses ocultos por detrás da escalada de violência que se bate sobre Moçambique apelando a que a Igreja e os partidos se unam para em conjunto ultrapassarem as causas deste sofrimento. “Se existe algo dos Acordos de Roma que está a ser espezinhado, então vamos olhar e corrigir”.
Foi nesta altura que o Presidente Afonso Dhlakama apelou a que a Igreja demonstre que está a entender os argumentos da RENAMO de modo a poder reunir com a FRELIMO e ouvir também a sua razão. E garantiu que “tudo isto pode parar em 24 horas desde que haja correspondência da FRELIMO”
A pastora Rosalina Matola da Igreja Evangélica, aproveitou o momento da sua intervenção para levantar bem alto a bandeira da maternidade. Sublinhou que como mulher que conhece a dor do parto, sente pelos filhos que tem que estar no mato, incluindo o próprio Presidente Dhlakama. Mostrou-se ansiosa pelo fim da guerra e pelo regresso à Paz que custou sangue do Povo moçambicano. Agradeceu as palavras do Presidente quando ele disse que tem pena de todos nós e que tem pena também de si mesmo. Apelou:” Precisamos de ti na nossa presença!”
Octávio Mabunda, o Secretário do Conselho de Líderes, uma associação filiada ao Conselho das Religiões de Moçambique, quis saber como se comportaria o exército em caso de o vencedor das eleições em 15 de Outubro não ser RENAMO nem FRELIMO, ao que o Líder respondeu prontamente que os seus soldados estão a lutar para formar um exército da República, que deve fidelidade ao Presidente eleito e não a RENAMO e a FRELIMO. Se um terceiro partido ganhar as eleições, o exército da República deverá obedecer a Constituição, respeitando o Presidente eleito e seu Governo. O exército é da República, para defender o país.
Esta Teleconferência terminou com uma oração pela Paz, Ministrada pelo Pastor José Guerra, na sua qualidade de Vice-presidente do Conselho das Religiões de Moçambique.


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