30 Abril 2013, 00:05 por Fernando Sobral | fsobral@negocios.pt
Os ministros são como os fusíveis. Quando queimam devem ser trocados.
A política de austeridade sem fim, que tem origem da barragem alemã e que tem contado em Portugal com as centrais distribuidoras de Vítor Gaspar e Passos Coelho, está com excesso de carga. Por isso os fusíveis começam a fundir-se. O braço-de-ferro no Conselho de Ministros, entre quem vê o mundo como um Excel e quem sabe que a economia se faz para as pessoas e não para os modelos académicos, é o corolário deste choque de civilizações.
Gaspar teve como missão aniquilar o Estado social, empobrecer o país e dinamitar a economia interna. Tudo em nome da batalha final: equilibrar o Orçamento e regressar aos mercados. Os seus múltiplos falhanços mostram que Gaspar, empurrado por uma Europa míope e que quer replicar o modelo cultural alemão, não conhece outro discurso. Tem ganho sem vencer. E sobretudo sem convencer. Mas percebe-se hoje que se a história na Europa mudar, Vítor Gaspar deixa de ser um intérprete com futuro. Porque o seu pensamento é um Excel que queima quando entra em contacto com a realidade. A sua tentativa para agravar ainda mais a austeridade, destruindo o resto da economia interna, mostra que Gaspar continua a acreditar que é o mundo que gira à sua volta e não o contrário.
Os cortes e os impostos são o espelho de quem nos governa. Mas quando Bill Gross, da Pimco, vem pedir que a Europa gaste para voltar a crescer, é evidente que mesmo os "mercados" pedem o que Gaspar e os alemães são incapazes de ver.
A política de Gaspar rebentou como um fusível. Já não dá luz. Ele vai sair. Resta saber se empurrado pela realidade ou promovido pelos "credores" para ir iluminar outra província.
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