Benedito Mamidji
47 min ·
Assim poupávamos tempo, dinheiro, e a vida das pessoas. No final, são eles que decidem os resultados. Desta vez os resultados são decididos por uma votação de 9 a favor e 7 contra, portanto, com 2 votos de diferença. E tudo aconteceu a portas fechadas, como sempre. O público não tem acesso aos debates e deliberações da CNE, nem sequer aos editais que o STAE usou para fazer a tabulação. Tal como no conclave de Roma que elege o papa, apenas recebemos o fumo branco, qual decisão emanada directamente de Deus.
Então façamos assim: nas próximas eleições, acabamos com as campanhas (custam milhões de dólares). Não fazemos registo dos eleitores (custam milhões de dólares, e a elevada abstenção não justifica tanta cobertura). Não formamos MMVs (custa milhões de dólares, e eles não aprendem nada na mesma). E não realizamos sufrágio universal (custa milhões de dólares, paralisa o país por um dia inteiro, causa violência pós eleitoral, prejudica a economia, estimula os instintos mais animalescos como assassinatos diabólicos; provoca manifestações destrutivas; o governo gasta mais milhões de dólares para combater os manifestantes alugando helicópteros e comprando gás lacrimogéneo, etc, etc, etc). Tudo isto para no fim a decisão ser feita por uma votação a portas fechadas na sede da CNE com uma diferença de 2 votos!
Portanto, vamos parar com a brincadeira, com jogos de faz de conta. Já somos um país autocrático na mesma (todas as classificações internacionais dizem isso). Fazer eleições deste tipo não nos tira dessa classificação. Pelo contrário, afunda-nos ainda mais. As imagens que correm pelo mundo da violência gratuita da polícia contra manifestantes pacíficos já são vergonhosos demais (como se já não fosse suficiente carregar a vergonha de sermos o oitavo país mais miserável do mundo!) A única coisa que podemos poupar, já que a nossa reputação está mesmo na lama, é o dinheiro que tanto precisamos para coisas mais úteis. Vem aí a cólera com as chuvas que se avizinham. É preciso Certeza para purificar a água. Tendas nos hospitais para acomodar os doentes (não falo em construir hospitais e coisas dessas, é pedir demais - como disse o candidato supostamente vencedor, essas coisas pertencem à Frelimo). As chuvas também vão destruir as escolas. Vamos precisar de chapas de zinco para as recobrir. E muita gente vai ficar sem teto. É preciso mantimentos. Portanto, esses rios de dinheiro que jogamos fora com eleições podem ser melhor usados em coisas que realmente precisamos.
Quanto a mim, jamais me farei a uma urna para votar num sistema assim. Não contem mais comigo. É insultar a minha inteligência (e pelo menos nisso não serei mais cúmplice). E não levarei a sério nenhum candidato nem partido que aceite participar em eleições em Moçambique enquanto o sistema e as regras forem estas. Deixemos isso para o bispo e a sua turma decidirem. Ah, e manifestações pacíficas? São uma perca de tempo (e de vidas e bens). Nenhuma mudança se faz com manifestações pacíficas. O cabrito agarra-se pelos chifres, não pela cauda.
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