18:02 18.11.2023 (atualizado: 18:16 18.11.2023)
© AFP 2023 / Timothy A. Clary
Para analista entrevistado pela Sputnik, "os líderes ucranianos optam por acreditar nas palavras e não nos fatos na primavera de 2022", e com isso acabam tendo que pagar o preço neste momento em que outro conflito está em curso e países vivem crises internas.
Na quinta-feira (16), o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, voltou a dizer que a guerra entre Israel e Hamas está impactando negativamente o envio de artilharia por parte dos aliados de Kiev. Zelensky apontou que combatentes no Oriente Médio têm procurado munições de 155 milímetros, um componente-chave para o fornecimento de armas de que a Ucrânia necessita.
"No Oriente Médio, o que você acha que eles começaram a comprar primeiro? [Projéteis] de calibre 155 [...] agora, os estoques estão vazios. Há um mínimo legal para que este ou aquele Estado faça doações. E isso não é suficiente", afirmou o líder citado pela agência Bloomberg.
As palavras de Zelensky parecem ser "simbólicas e reais", já que as "esperanças de vitória da Ucrânia, que já eram fracas, cairão no esquecimento" se o fluxo constante de armas e munições do Ocidente cessar, argumentou Jacques Sapir, diretor da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais (EHESS) em Paris em entrevista à Sputnik.
Além do conflito no Oriente Médio, a Ucrânia ainda enfrenta a crise interna nos Estados Unidos, onde orçamentos estão sendo elaborados em caráter de emergência e sem contar com verbas para Kiev, assim como o atraso no programa da União Europeia que prometeu enviar um milhão em cartuchos de munição até março do ano que vem, mas até agora só enviou 30% do que foi prometido.
Segundo Sapir, apoiar Kiev nunca foi uma "prioridade máxima" para as potências ocidentais, independentemente das declarações que fizeram sobre o assunto.
"Os líderes ucranianos optam por acreditar nas palavras e não nos fatos da primavera de 2022, mas uma guerra de tiros não é travada por palavras, mas por hardware real. Este é agora o dia do acerto de contas para a liderança ucraniana", afirmou.
Entretanto, o major-general reformado do Exército dos EUA e presidente da Stand Up America US Foundation, Paul E. Vallely, observou, em entrevista à Sputnik, que ainda assim lideranças europeias reafirmaram na última semana seu compromisso com a Ucrânia.
Vallely ressaltou que um dos principais atores da Europa, a Alemanha, tem "atrasado no apoio à Ucrânia em grande medida", mas que Berlim prometeu na semana passada "duplicar seu apoio para US$ 8,5 bilhões [R$ 41,7 bilhões] em 2024 e também fornecer sistemas de defesa aérea cruciais" para Zelensky.
"O que eles dizem e o que fazem podem ser duas coisas diferentes", refletiu Vallely.
Ao manifestar seu ceticismo sobre a capacidade dos EUA e da Europa de cumprirem as suas promessas mais recentes, Vallely também sugeriu que a situação no campo de batalha poderá em breve piorar para Kiev à medida que "o inverno avança e as operações ofensivas russas avançam".
"Zelensky continua a dizer que eles estão ganhando e parte da imprensa ocidental diz que a Ucrânia está vencendo, mas, na realidade, não está. Portanto, no que me diz respeito, os próximos 60 dias serão críticos na Ucrânia", complementou.
As Forças Armadas da Rússia prosseguem a operação militar especial na Ucrânia, anunciada pelo presidente russo Vladimir Putin em 24 de fevereiro de 2022. Segundo o chefe de Estado da Rússia, entre os objetivos principais da operação lançada estão a "desmilitarização e desnazificação" do país vizinho.
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