terça-feira, 2 de agosto de 2022

Uma guerra longa de atrito e aniquilamento mútuo

 

Uma guerra longa de atrito e aniquilamento mútuo
A guerra ucrano-russa pode durar meses, se não anos, enquanto ambas forças sistematicamente se trituram e se aniquilam umas às outras.
As coisas mudam à medida que um lado ou o outro sofre uma derrota táctica ou sucesso. Mas nenhum dos lados tem qualquer intenção de ceder. A Rússia dá entender que acredita que pode ser bem sucedida mostrando contenção estratégica e apostando que o Ocidente se cansará de ajudar a Ucrânia e concentrar-se-á na sua economia e na ameaça eminente chinesa.
Porém, o Ocidente tem demonstrado, até agora, determinação e continua a fornecer armas à Ucrânia e no campo de batalha, as linhas da frente praticamente emergiram e a guerra está gradualmente a degenerar numa "guerra posicional sem fim".
A curto prazo, não vejo a possibilidade de uma vitória táctica ou estratégica esmagadora para qualquer dos lados. Nenhum dos lados beligerantes demonstrou a capacidade de dar um golpe estratégico efusivo e decisivo.
Com a ocupação total de Lugansk e maior parte de Donetsk, Zaparojie e Kherson foi estabelecido um corredor terrestre para a Crimeia, portanto Kremlin poderia então tentar, a partir de uma posição de superioridade moral, forçar a Ucrânia a pôr fim às hostilidades e usar este estratagema em qualquer altura se quisesse jogar com o desejo da Europa de persuadir a Ucrânia a depor as armas e desistir de alguns dos seus territórios em troca de uma paz condicional. No entanto, a Ucrânia nunca aceitaria isso que se tem ouvido em Paris, Berlim e Roma para não continuar com a guerra, porque eles dizem ter chegado o tempo de pôr fim aos problemas económicos globais e procurar uma trégua.
No entanto, os EUA, o Reino Unido e a maioria dos países da Europa de Leste opõem-se a isto, cujos políticos estão convencidos de que a invasão russa deve fracassar tanto no interesse da própria Ucrânia como do resto da Europa, assim como da ordem mundial vigente.
Mas suponhamos que os exércitos dos beligerantes estejam esgotados, tanto em mão-de-obra como em equipamento, a continuação da guerra já não valeria o derramamento de sangue e os recursos despendidos, as perdas militares e económicas da Rússia sejam irreparáveis, o povo ucraniano também esteja cansado da guerra, já não estiver disposto a arriscar as suas vidas por uma vitória fantasma e se a liderança em Kiev, não acreditasse que o Ocidente continuaria a apoiar a Ucrânia, decidisse que é tempo de se sentar à mesa de negociações, o que aconteceria?
Para esta suposição eu partiria do que disse abertamente o Presidente dos EUA Joe Biden que o objectivo dos americanos é assegurar que a Ucrânia tenha a posição mais forte possível à mesa de negociações. Muitos dizem que o desejo do Ocidente de que a Rússia perca não é equivalente ao seu desejo de que a Ucrânia vença.
Contudo, um impasse no campo de batalha poderá estar a muitos meses de distância e uma solução política para o conflito será extremamente difícil de alcançar-se. Isto não é menos importante porque Kiev não confia em Moscovo mas porque Kiev acredita que qualquer acordo com Putin será utilizado como uma pausa para se reagrupar e preparar para outro assalto.
Assim, um acordo de paz pode não durar muito e as hostilidades serão retomadas com vigor renovado.
Adversitivamente a Ucrânia poderá, contra todas as probabilidades, alcançar alguma vitória e forçar as tropas russas a regressar às fronteiras em que estavam antes da invasão, quanto mais recuperar territórios tomados de volta há oito anos, antes de iniciar o inverno que poderá pôr a Ucrânia de joelhos pela crise energetica?
E agora a Ucrânia, tirando partido da artilharia de longo alcance e dos necessários lança-foguetes múltiplos, irá lançar uma série de contra-ataques e ocupar território através do qual correm as linhas de abastecimento do exército russo?
Tal cenário é bastante admissível para fazer os políticos pensar já agora sobre as possíveis consequências. Afinal de contas, se Moscovo enfrentar a derrota, não gostaria de escalar o conflito utilizando armas químicas ou mesmo nucleares?
Parece-me improvável que Putin admita a derrota numa guerra convencional quando tem armas nucleares, assumindo a superioridade numérica das forças russas, juntamente com a vontade do comando de continuar a gastar as vidas dos seus soldados com facilidade, Russia começa a compensar, enquanto as forças ucranianas continuam a sofrer baixas e o pais territórios.
O cenário é um mosaico muito variado, enquanto alguns ucranianos querem continuar a guerra, outros querem a paz e o regresso à vida comum. E alguns países ocidentais podem ficar cansados de ajudar a Ucrânia enquanto os EUA, terão que ir até as últimas consequências, incuindo a caida do governo como acontece em alguns paises europeus.
Mas, por outro lado, se a Rússia a ganhar vantagem, alguns dos aliados da Ucrânia poderão querer levar o conflito para o nível seguinte, testar armas nucleares no Pacífico como um aviso à Rússia e um TPC para a China para não alimentar o seu sonho de tomar de volta o Taiwan.
Portanto, infelzmente, o futuro desta guerra não está de todo predeterminado e a paz não chegará agora.
Munguambe Nietzsche, Rildo Rafael ve 11 diğer kişi
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  • Lyndo A. Mondlane
    Mas quanto ao último parágrafo
    Nao tem sentido testar armas nucleiares contra maior potência nucleiar do mundo
    Porque este também pode decidir testar porque parece que ha determinação de chegado o caso usa las (da parte russa)
    Por certo leste a nova doctrina naval russa???
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  • Francisco De Assis Cossa
    Excelente comentário e imparcial.
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  • Dinis Carlos Batista
    Uma perfeita e imparcial análise de uma situação de apocalipse na Ucrânia
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  • Gilberto Correia
    Egidio Vaz e Filho da Patria, parece que ha mais como eu ( desta feita de fontes que conhecem a realidade) que não consegue ver a tal vitória russa que tanto apregoam.
    Boa noite.
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    • 23s
  • Alberto Tomás Reis Pereira
    Uma análise com todo sentido. Excelente. Quanto á guerra nuclear duvido muito as forças estão muito eclibradas (Russia e ocidente), e quando assim é ninguem está interressado em reduzir os seus paises a pó. Já a guerra quimica não duvido.
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    • 23s
  • Maria Costa
    Como tomar de novo Taiwan?! Taiwan é chinês.
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    • 18s
    • Alvaro Simao Cossa
      Maria Costa mas os americanos reconheceram informalmente a independência de Taiwan, da China, com a visita do ministro de saúde dos EUA à Taiwan no momento do surto de covid-19 em 2019, sem o visto ou formalidades diplomáticas chinesas. A visita foi quase um reconhecimento da independência de Taiwan. Foi uma atitude bem calculada por Washington para provocar uma reação de Pequim
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      • 9s
    • Maria Costa
      Alvaro Simao Cossa desconhecia. A atitude e resposta dos chineses às ameaças da política de uma única China pode ser muito negativa. Não creio que a China aceite a independência da ilha. Nem creio que os chineses estejam a fazer bluff. O dito Ocidente está mal orientado, fazendo análises erradas da realidade. Logo, a cometer erros. Preocupante. Acho que os políticos, que decidem sobre as nossas vidas, deviam, antes de exercer cargos, ser obrigados a aprender Geografia, Filosofia, História Mundial, História Política Mundial… no mínimo. Numa escola própria. Caso contrário, ignorantemente, repetem os erros do passado.

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