Alessandro Dantas
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Redução da pobreza extrema de 38,2% para 15,2%, derrubada da taxa de analfabetismo de 15% para 2,4%, desemprego em queda de 9,2% para 4,1%. Esses foram os principais “crimes” praticados pelos governos do presidente boliviano Evo Morales, entre 2006 e 2018. E é por isso que ele foi alvo do golpe militar que está espalhando o terror naquele país.
“É fácil entender por que precisam golpear a democracia e atentar contra a vida de Morales”, avalia o senador Jean Paul Prates (PT-RN), para quem o processo de inclusão social e ampliação da qualidade de vida da maioria da população da Bolívia não daria a mínima chance à direita de conquistar o governo por meios democráticos.
No domingo (11), dia do golpe na Bolívia, o ex-presidente Lula manifestou preocupação com a situação no país vizinho. Informado sobre a renúncia de Morales, Lula se manifestou pelo Twitter, lamentando que “a América Latina tenha uma elite econômica que não sabe conviver com a democracia e com a inclusão social dos mais pobres”.
Golpe de Estado
O senador Jean Paul Prates ressalta que o modelo de Economia Plural implantado por Evo Morales na Bolívia ao longo de três mandatos presidenciais é o grande responsável pela impressionante virada experimentada pelo país vizinho. “Não ganham dele por isso”, aponta o senador, referindo-se ao quarto mandato consecutivo conquistado por Morales nas urnas, em 20 de outubro deste ano.
Apoiada pelos Estados Unidos e pelo governo Bolsonaro, com a chancela da Organização dos Estados Americanos, a oposição boliviana trocou o respaldo do voto popular pelo golpe de Estado — reeditando cenas de violência que se acreditava confinadas à História na América Latina. Na manhã do último domingo, numa tentativa de deter a barbárie, Morales renunciou à presidência.
Florescimento econômico
Evo Morales iniciou seu ciclo na Presidência da Bolívia em 2006. Desde então, o país — um dos mais pobres das Américas, vinha experimentando um inédito florescimento econômico. Em 2019, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) boliviano.
Só para comparar, a previsão do FMI para o PIB brasileiro este ano é de 0,9%
O crescimento boliviano projetado para 2019 não é uma novidade. “Na última década, o país vem crescendo em média a 5% ao ano. O ciclo, que já foi chamado de milagre econômico boliviano, começou em 2006, quando Evo Morales chegou ao poder”, reconhece a rede de notícias britânica BBC.
Cobiça
Uma das primeiras e principais medidas de Evo Morales foi a nacionalização do petróleo e do gás natural e o investimento dessas riquezas na promoção do bem-estar da população boliviana.
Para o senador Jean Paul Prates, “a cobiça pelo gás natural da Bolívia e pelo lítio” explica o apetite dos apoiadores estrangeiros do golpe contra Morales.
A Bolívia tem a maior reserva de lítio do planeta. A área do Salar de Uyuni, em Potosí, concentra metade do total das reservas mundiais desse mineral estratégico, utilizado na fabricação de baterias.
“O lítio é uma das matérias-primas mais importantes da economia internacional e já é tido como um dos potenciais substitutos do petróleo”, aponta a rede de notícias alemã Deutsche Welle. O preço internacional do carbonato de lítio puro chega aos US$ 13 mil dólares por tonelada, segundo a revista britânica The Economist.
Solidariedade
O Líder do PT no senado, Humberto Costa (PE) manifestou solidariedade ao povo da Bolívia, golpeado em sua decisão nas urnas, e ao presidente Evo Morales. Lembrou que a renúncia do chefe de Estado é uma tentativa de conter a violência de militares e forças de direita contra a população e lideranças populares.
“Na tentativa de pacificar a situação, Evo anunciou a realização de novas eleições. Mas foi golpeado pelas Forças Armadas. Morales decidiu renunciar para evitar um ainda maior derramamento de sangue”, explicou Humberto.
O líder petista ressalta que “a direita não sabe conviver com a democracia”. Evo Morales foi reeleito democraticamente para mais um mandato na Presidência da Bolívia ainda no primeiro turno. A oposição porém, contestou o resultado—como ocorreu na vitória de Dilma Rousseff, em 2014.
“Morales aceitou auditoria da OEA. Não adiantou. A oposição seguiu realizando ações violentas que culminaram com a morte de civis, ameaçando lideranças e seus familiares”, lembrou Humberto.
Por PT no Senado
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