Venezuela: “Se não for agora, jamais será”
30.04.2019 às 16h36
Nicolás Maduro tem o apoio de aliados fortes que facilmente se tornam ainda mais fortes e, portanto, se não for destituído agora, não voltará a sê-lo, diz ao Expresso a analista política venezuelana Yorbis Esparragoza, que não acredita, contudo, num “processo de libertação total”. “Para mim, isto não é liberdade, é apenas uma mudança de atores políticos”
“Se não for agora, jamais será”, assim diz ao Expresso, a partir de Caracas, Yorbis Esparragoza, analista política. E explica: “É preciso ter em conta que quem manda no país não é apenas Maduro e o seu gabinete, mas também os serviços secretos cubanos e russos, paramilitares, membros do Hezbollah, o ELN [Exército de Libertação Nacional, da Colômbia] e todos os grupos armados que lutaram contra todos aqueles que apoiam Guaidó e Leopoldo López”. O que significa que, se Nicolás Maduro, presidente venezuelano, não for destituído agora, “serão tomadas ações por essas forças aliadas para impedir qualquer futura tentativa” de retirar Maduro do poder
Assim que Juan Guaidó, líder da oposição venezuelana, anunciou esta terça-feira que estava em curso a fase final da “Operação Liberdade”, destinada a derrubar Maduro, este acusou a oposição de ter orquestrado um golpe de Estado. Acusação que Yorbis Esparragoza considera perigosa. “A oposição deve concentrar-se na luta contra a tirania, para que a sua iniciativa de hoje não seja considerada um golpe, em vez de estar simplesmente a chamar a população às ruas”, afirmou a analista política, referindo-se aos apelos de Guaidó, mas também de Leopoldo López, que se encontrava a cumprir uma pena de quase 14 anos em prisão domiciliária, mas que foi libertado por ordem de Guaidó, para que a população tome as ruas do país.
Apesar dos desenvolvimentos recentes e da mobilização contra Maduro, Yorbis Esparragoza não acredita num “processo de libertação total”. “Leopoldo López e Guaidó são socialistas e, portanto, o mais provável é que haja uma negociação sem aplicação da lei. Serão mantidos os mesmos padrões à esquerda, mas apenas com outros rostos. “Para mim, isto não é liberdade, é apenas uma mudança de atores políticos”.
Juan Guaidó, reconhecido como Presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, anunciou esta terça-feira que chegou a fase final daquela a que a oposição se tem referido como “Operação Liberdade”, para terminar “de vez com a usurpação” da Presidência por Nicolás Maduro. “O 1 de maio, o fim definitivo de usurpação, começou hoje”, disse Guaidó num vídeo publicado na sua conta na rede social Twitter, em que aparece acompanhado por um grupo de soldados na base de La Carlota, a leste de Caracas.
Já o Governo de Maduro denunciou que o país está perante um golpe de Estado conduzido por um “grupo reduzido de militares traidores” que estão a ser neutralizados.
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