0DSXWR GH0DUoRGH $12;;9,1o
3UHoR 0W0RoDPELTXH
Poderá estar iminente substituição da PGR
O 1º PRÉMIO DA LOTARIA EXTRACÇÃO Nº 8, COM O VALOR DE 2.500.000,00 MT , FOI VENDIDO NA TABACARIA E PAPELARIA MANÉ - CIDADE DE INHAMBANE
!!
SOJOGO ESTÁ A DAR. *124#
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E a serra desceu à capital Pág. 8
Encontro Nyusi-Momade
Pág 3
TEMA DA SEMANA 2 Savana 01-03-2019
A
pesar dos alarmes várias vezes accionados, a alienação
das viaturas do Estado continua a ser um negócio simplesmente prejudicial ao Estado. Dirigentes públicos, do escalão central
ao provincial, estão a fazer ouvidos
de mercador, recusando-se a pagar os
valores que um dia juraram canalizar
aos cofres do Estado pelas viaturas
que alienaram. É a lei dos mais espertos em acção, perante a impunidade
reinante na gestão do património do
Estado.
São directores nacionais, chefes de
Departamentos e de Gabinetes, assessores de ministros, governadores
provinciais, secretários permanentes,
directores provinciais, presidentes de
instituições públicas, delegados provinciais, juízes presidentes, entre outros dirigentes públicos que não estão
a honrar os seus compromissos com o
Estado, que lhes confiou viaturas, das
mais modestas até as de alta cilindrada.
Como se não bastasse, alguns dos gestores que beneficiaram das alienações,
cujos prazos de pagamento das prestações estão já expirados, cessaram as
suas funções, outros foram transferidos para outras instituições do Estado
e continuam na posse das viaturas em
causa.
No seu Relatório e Parecer atinente
à Conta Geral do Estado de 2017,
o Tribunal Administrativo (TA), o
fiscalizador das contas do Estado,
contabiliza pelo menos 8 milhões de
Meticais em prejuízos na receita de
alienação.
O montante representa 97% do valor
total de alienação, que é de mais de 10
milhões de Meticais. Ou seja, dos cerca de 10 milhões, apenas 2 milhões é
que foram pagos, representando uma
ínfima percentagem de 21%.
No relatório do TA, não está claro se o
mapeamento das dívidas de alienação
de viaturas é representativo do país
ou uma simples amostra. No mapa,
apenas aparecem departamentos e
instituições subordinadas e/ou tuteladas pelo Ministério da Agricultura
e Segurança Alimentar (MASA) e
algumas direcções provinciais de Tete,
Nampula e Cabo Delgado.
Mas é pouco crível que estas sejam
as únicas instituições públicas com
registo de regabofe nas alienações de
viaturas, um negócio até aqui feito na
maior impunidade.
Só nos Departamentos e instituições
ligadas ao MASA há 31 “chefes” que
alienaram viaturas e não estão a pagar.
Um ex-director Nacional de Floresta
e Fauna Bravia alienou, em 2006, um
Audi 1.8 a 612 mil Meticais, mas até
2017, 11 anos depois, não tinha pago
sequer um centavo ao Estado.
Em 2008, um ex-director adjunto do
Instituto de Algodão de Moçambique
(IAM) alienou um Kia Shuma a 49
mil Meticais, mas até 2017 também
não tinha feito qualquer pagamento.
Em 2009, um ex-chefe de Departamento no Instituto de Investigação
Agraria de Moçambique (IIAM) levou uma Opel Astra a 52 mil, mas oito
anos depois, não havia feito qualquer
pagamento. Ainda em 2009, um chefe
de Departamento na Direcção Nacional de Terras e Florestas alienou uma
Dirigentes públicos não pagam viaturas alienadas do Estado
Ilustres devedores
Por Armando Nhantumbo
Opel Corsa a 158 mil Meticais, mas
nunca meteu um tostão no tesouro.
No mesmo ano, um ex-director do
Centro de Promoção da Agricultura (CEPAGRI) levou para casa uma
Ford Mondeo a 323 mil e, até 2017,
também não se dignou a pagar qualquer centavo.
O chefe do Departamento da Direcção Nacional de Terras e Florestas alineou, em 2011, uma Toyota Corrola
a 257 mil Meticais. Seis anos depois,
também não tinha feito qualquer pagamento. A directora do Instituto
de Fomento de Caju (INCAJU), em
2011, alienou uma Peugeot 407 a 326
mil, mas até 2017 não tinha canalizado o que deve ao Estado.
Uma Toyota Corrola foi alienada por
um chefe de Departamento no INAJU, em 2011, no valor de 336 mil, mas
nada pagou ainda.
Quantias irrisórias
Se há quem ainda não pagou sequer
um centavo do valor das alienações,
outros dirigentes e ex-dirigentes até
iniciaram os pagamentos. Mas foi
como uma gota no oceano. Pagaram
muito pouco do que devem e os prazos para a amortização das dívidas,
esses estão, largamente, ultrapassados.
É o caso de um ex-director do IIAM
que, em 2006, alienou uma Ford
Mondeo a 738 mil, tendo pago até
2017 apenas 33 mil, qualquer coisa
como 4% do total da sua dívida.
No mesmo ano, um ex-director na
Direcção Nacional da Agricultura
(DINA) alienou um Volvo S40 a 139
mil, mas só reembolsou 91 mil, representando 65% da dívida.
Um ex-assessor do Gabinete do ministro alienou, em 2006, uma Toyota
Corrola a 43 mil, mas só pagou 2.500
meticais, 6% da dívida.
Um ex-chefe do Departamento de
Recursos Humanos que, em 2006,
alienou uma Ford Ikon a 46 mil meticais, pagou apenas 3 mil, representando 7% da dívida. No esmo ano,
uma ex-directora ligada ao Ministério
alienou uma Toyota Corrola a 69 mil,
mas só pagou 12 mil, 17% da dívida.
Um chefe de Departamento CEPAGRI alienou uma Mitsubishi Lancer
a 302 mil, em 2009, mas só pagou 33
mil, apenas 11%.
Um ex-director do Instituto de Formação em Administração de Terras e
Cartografia (INFATEC) levou uma
Toyota Avensis, em 2010, com a promessa de pagar 502 mil Meticais, mas
só pagou 59 mil, qualquer coisa como
12% em relação à divida total.
No mesmo ano, um chefe de Departamento na Direcção Nacional de
Administração e Finanças levou uma
Toyota Corrola no valor de 167 mil,
mas só pagou 10 mil, aproximadamente 6%.
Um ex-chefe do Gabinete do ministro
também levou uma Toyota Corrola,
em 2010, a 118 mil, mas só pagou 57
mil, 48% em relação ao total da dívida.
Uma outra Toyota Corrola ficou com
a directora do INFATEC a 167 mil,
mas só pagou 57 mil, representando
34%. Outra ainda foi para um chefe
do Departamento dos Recursos Humanos, que a alienou, em 2011, a 262
mil, tendo pago 202 mil, representando 77%, a maior percentagem de
todas.
Ainda em 2011, um director da Direcção Nacional dos Serviços Veterinários (DNSV) alienou uma Toyota
Corrola a 248 mil e reembolsou apenas 60 mil, 24%. Também no mesmo
ano, uma Peugeot 407 foi parar com o
director de Planificação e Cooperação
Internacional (DPCI), que prometia
pagar 796 mil, tendo reembolsado 13
mil, apenas 2%.
Um chefe de Departamento na DPCI
alienou, em 2012, uma Toyota Corrola
a 257 mil, mas só pagou 125 mil, 49%.
Um chefe de Departamento no INFATEC levou uma Hyundai Accent
a 74 mil, mas só pagou 35 mil, 47%.
Um chefe de Departamento na Direcção Nacional de Administração e
Finanças alienou uma Toyota Corrola,
em 2012, a 102 mil e só pagou 50 mil,
49%. Igual viatura, e no mesmo ano,
foi alienada por um chefe de Departamento na DPCI a 257 mil, mas só
pagou 76 mil, 30%.
Uma Passat VW ficou com o director
do IIAM, em 2012, a 845 mil, mas
só pagou 547 mil, 65%. No mesmo
ano, um outro director ligado ao Ministério levava uma Toyota Corrola a
128 mil, mas só pagou 52 mil, 41%.
Enquanto isso, um chefe de Departamento no INFATEC alienava uma
Hyundai Accent a 72 mil para só pagar 23 mil, 32%.
Em 2013, o director Nacional de
Terras e Florestas alienou uma Ford
Mondeo a 261, tendo pago apenas 52
mil (20%); um chefe de Departamento na Direcção Nacional de Terras e
Florestas levou uma Toyota Corrola a
246 mil, mas só pagou 100 mil (41%),
enquanto o director Nacional de Extensão Agrária (DNEA) alienou um
Ford Mondeo a 289 mil e pagou apenas 76 mil (26%).
Do central ao provincial
Não são apenas os dirigentes do nível
central que devem o Estado por causa
da alienação de viaturas. Há também
ilustres devedores ao nível provincial.
Nas Direcções Provinciais de Economia e Finanças de Cabo Delgado
e Tete, por exemplo, embora estejam
dentro do período estabelecido nos
contractos (cinco anos), regista-se fraco pagamento das prestações vencidas
em 12 processos de alienação. Assim,
não obstante terem decorridos, até
2017, pelo menos três anos, os adjudicatários haviam pago apenas 23% do
valor total das alienações.
Em Cabo Delgado, o governador
da província, em 2010, alienou uma
Toyota Camry 2.4 a 683 mil e só pagou 159 mil, apenas 23%. Dois anos
depois, o seu director provincial de
Economia e Finanças alienou uma
Toyota Corrola a 321 mil e não reembolsou sequer um centavo.
Enquanto isso, o delegado provincial do Instituto Nacional de Acção
Social alienava, naquele 2012, uma
Ford Ranger 2.2 a 437 mil e só pagou
131 mil, 30%. Por sua vez, o director
provincial da Mulher e Acção Social
levava uma Toyota Corrola a 184 mil
e pagou apenas 15 mil, qualquer coisa
como 8%.
Mas antes, a secretária permanente
havia alienado, em 2009, uma Toyota
Corrola a 282 mil, tendo pago apenas
70 mil, 25%.
Nos termos no n° 1 do artigo 14 do
Regulamento de Alienação de Viaturas de Propriedade do Estado, aprovado pelo Decreto n° 17/2014, de 6 de
Maio, o preço de venda de viaturas
que sejam objecto de alienação pode
ser pago num máximo de 60 prestações a 15% e superior a um terço do
salário mensal do adquirente. Havendo diferenças, as mesmas devem
ser liquidadas num prazo máximo de
24 meses, conforme dispõe o n° 2 do
mesmo artigo.
Da dívida de perto de 9 milhões de Meticais, Cabo Delgado, Nampula e Tete, só pagaram perto de 2 milhões,
representando apenas 20%
(QTXDQWRR*RYHUQRGHVGUDPDWL]D 7$GL]TXHVLPSOHVPHQWHQmRVHMXVWLÀFD
Esta não é a primeira vez que o TA faz soar os alarmes
sobre o não pagamento dos valores das alienações de
viaturas do Estado por dirigentes e demais funcionários públicos. Há anos que o fiscalizador das contas do
Estado vem chamando atenção sobre a quase anarquia
na gestão do património do Estado.
Mas mais do que a prevalência do fenómeno, claramente, associada a impunidade reinante, é o próprio
Governo a desdramatizar uma prática que está a prejudicar o Estado em milhões.
“O aparente fraco pagamento das prestações resulta
do facto dos beneficiários remeterem os comprovativos após a conclusão do pagamento com vista à obtenção da declaração para efeitos de registo de propriedade”, referiu o executivo, em sede de contraditório.
É uma resposta que não convenceu o TA, que chega
mesmo a considerar que a alegação do Governo não
se justifica.
“Os beneficiários das alienações são funcionários públicos, devidamente, identificados, pelo que não se
justifica que haja dificuldades na solicitação, mensalmente, dos comprovativos dos pagamentos”, rebate o
TA.
Não é que, a dado passo, o executivo referiu que tem
desencadeado acções de persuasão dos adjudicatários
para efeitos de pagamento, tendo como base os contractos celebrados. Salientou ainda que, a par disso,
está em curso a revisão do Regulamento de Alienação
de Viaturas com vista a melhorar, dentre outras matérias, o processo de alienação de viaturas mediante a introdução da obrigatoriedade do pagamento, mediante
retenção na fonte, fixação de prazos de pagamento do
valor de alienação cujo incumprimento determine a
anulação do processo de alienação e perda do valor
correspondente às prestações pagas a favor do Estado.
1mRVHMXVWLÀFD 7$
TEMA DA SEMANA Savana 01-03-2019 3
N
uma altura em que o dossier
“dívidas ocultas” está em
ebulição, circulam com alguma insistência, nos meios
forenses, indicações de que o Presidente da República, Filipe Nyusi, se
prepara para não renovar o mandato
de Beatriz da Consolação Mateus
Buchili, no cargo de Procuradora
Geral da República (PGR), posição que ocupa desde Julho de 2014.
Não obstante, nesta fase, Buchili se
encontrar, empenhada como nunca, num desfecho exitoso da operação “dívidas ocultas”, uma acção
extremamente melindrosa que, se
ultrapassar as suspeições de medida
teatral, poderá mudar a forma de lidar com a corrupção praticada pelos
poderosos acolitados no partido Frelimo, dentro e fora de Moçambique.
Buchili foi indicada PGR por Armando Guebuza, em substituição de
Augusto Paulino, que pediu para sair,
alegando “razões de saúde”. Augusto
Paulino foi nomeado PGR em Agosto de 2007 e havia sido reconduzido para um segundo mandato em
Setembro de 2012. Uma versão não
oficial, indica que Paulino “bateu com
a porta”, cansado das manipulações
promovidas por Guebuza.
Mestrada em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
em 2007, Beatriz Buchili esteve sempre debaixo de fogo pela sua alegada
inoperância no processo das chamadas dívidas ocultas, contratadas
na administração Guebuza. As detenções de figuras ligadas às dívidas
ocultas efectuadas, há duas semanas,
foram vistas como um expediente
político e não propriamente como
uma acção enérgica da PGR. Em sua
defesa, os seus apoiantes, fazem notar
que a autonomia dos procuradores
em Moçambique é muito reduzida
e Buchili não poderia fazer diferente
dos seus antecessores.
Ao que o SAVANA apurou, Filipe
Nyusi poderá apostar na actual vice-
-ministra do Interior e antiga juíza de
instrução criminal do Tribunal Judicial da Província de Maputo, Helena
Mateus Kida.
Helena Kida, filha de Mateus Óscar
Kida, um antigo combatente natural
de Niassa, que foi chefe da segurança
do presidente Samora Machel, poderá substituir Buchili, depois da actual
PGR apresentar o informe anual à
Assembleia da República.
Segundo o programa da IX sessão
ordinária da oitava legislatura da Assembleia da República, que arrancou
nesta quinta-feira, a ida de Buchili ao
Parlamento está prevista para Abril.
Kida, magistrada judicial, foi nomeada vice-ministra do Interior em Novembro de 2017. Ela estava afecta ao
Tribunal da Polícia.
Lembre-se que em Outubro de 2012,
quando juíza de instrução criminal da
província de Maputo, Helena Kida,
esteve debaixo de críticas vindas de
alguns sectores policiais, por ter ordenado a soltura do empresário Bakhir
Ayoob, suspeito pela polícia de estar
envolvido nos sequestros.
A juíza Kida entendeu que não existiam provas suficientes para manter
Bakhir Ayoob detido. Este episódio
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+iWDPEpPXPDIRUWHJXHUUDLQWHUQDSDUDVXEVWLWXLU$GHOLQR0XFKDQJDQR6XSUHPR
incendiou as relações entre a polícia
e os tribunais, porque dias depois a
própria PRM veio a apresentar alegadas provas que incriminavam Bakhir,
mas este já havia fugido do país.
Conhecedores do dossier, disseram
na altura ao SAVANA, que partes
importantes do processo de Bakhir
foram retiradas ao processo, deixando
a juíza “num beco sem saída”.
Tribunal Supremo
Ao que apurámos, a iminente não
renovação do mandato de Buchili, que ingressou na magistratura do
Ministério Público em 1994, como
Procuradora Distrital, faz parte das
mexidas que o presidente Filipe Nyusi está a fazer na máquina dos sectores sensíveis do Estado.
A seguir à PGR, as mexidas deverão
atingir o Tribunal Supremo (TS),
actualmente dirigido pelo advogado
Adelino Muchanga, que sempre foi
visto como um homem de mão de
Guebuza no judiciário.
Muchanga, que está no cargo deste Junho de 2014, exerceu por cinco
anos o cargo de vice-presidente daquele órgão do topo da magistratura
judicial e a sua nomeação inflamou
uma velha polémica nos corredores
judiciais, com alguns a argumentarem de que a ascensão no Supremo
deve ser feita por carreira (mérito dos
juízes de carreira) e não por outros
agentes da administração da justiça.
Com a iminência da substituição de
Muchanga, que foi um dos homens
do presidente Guebuza no xadrez-
-jurídico do complexo dossier de reversão de Cahora Bassa, de Portugal
para Moçambique em 2007, voltam
a surgir nos corredores do Supremo
esforços de impedir que o órgão seja
dirigido por pessoas de fora. Ao que
o jornal apurou de fontes do judiciário, Osvalda Joana, juíza conselheira
do Supremo, é uma das defensoras de
que a ascensão no Supremo deve ser
feita por carreira.
É preciso notar que nos países de tradição legal anglo-saxónica, é normal
que outros profissionais da área jurídica ascendam a lugares no Supremo.
Na África do Sul, o advogado anti-
-apartheid Albie Sachs, ascendeu ao
Tribunal Supremo depois da queda
do apartheid.
Porém, internamente, argumenta-
-se que Osvalda Joana está mesmo
determinada a ocupar o cargo, caso
Filipe Nyusi não reconduza Adelino
Muchanga. Fontes do jornal fazem
notar que “se joga duro” no Supremo
para substituir Muchanga.
Matilde Monjane, a juíza conselheira do Supremo, que já foi apontada
como substituta de Machatine Munguambe, no Tribunal Administrativo
(TA), é um dos nomes também referenciados como provável sucessor de
Muchanga. Por causa da “guerra dos
tronos”, Monjane tem sido sujeita a
uma “guerra suja” de bastidores, pondo em causa a sua própria nacionalidade.
Novo xadrez
Em Outubro de 2017, Filipe Nyusi,
de uma assentada, fez mexidas nas
três hierarquias de topo das Forças de
Defesa e Segurança (FDS), um acto
demonstrativo de que procura ter
maior controlo sobre sectores sensíveis na área da soberania de Estado.
Recorde-se que Nyusi substituiu Lagos Lidimo (indicado a 31 de Janeiro
de 2017), apenas nove meses após ser
nomeado director-geral do Serviço de
Informação e Segurança do Estado
(SISE), Lagos Lidimo, cedeu lugar
a Júlio dos Santos Jane, uma figura
vinda da hierarquia militar, que ocupava o posto de comandante-geral da
Polícia da República de Moçambique
(PRM) desde Março de 2016. Lidimo foi substituído a contragosto, pois
foram problemas graves de saúde que
impossibilitaram a sua continuação à
frente do SISE.
A reputação do SISE foi severamente manchada, desde que veio a público que o grosso dos mais de dois
mil milhões de dólares de dívidas
ilicitamente avalizada pela administração Guebuza foram canalizados
a instituições participadas por aquela instituição, para a constituição de
empresas ligadas à segurança marítima e pesca. As dívidas foram constituídas no mandato de Gregório Leão
na chefia da “secreta”. Actualmente,
Gregório Leão e António Carlos
do Rosário, antigo director de inteligência económica do SISE estão
detidos a mando da PGR. Manuel
Chang, antigo ministro das Finanças,
está detido na África do Sul desde 29
de Dezembro e viu nesta terça-feira
adiado a discussão sobre a sua extradição. Os seus advogados defendiam
que os dois pedidos de extradição
(EUA e Moçambique) devem ser
discutidos simultaneamente.
Em finais de Outubro de 2017, Nyusi exonerou Graça Tomás Chongo
do cargo de Chefe do Estado-Maior
General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), também com a saúde muito debilitada.
Para o lugar de Chongo foi nomeado contra-almirante Lázaro Menete,
que depois foi promovido a general.
No mesmo mês Bernardino Rafael
foi nomeado Comandante-Geral da
Polícia da República de Moçambique
(PRM) em substituição do controverso Jorge Khalau, fechando um ciclo de mudanças nas forças de defesa
e segurança. (F.C.)
Beatriz Buchili Helena Kida
TEMA DA SEMANA 4 Savana 01-03-2019
O
s ataques da semana passada
a duas comitivas da Anadarko, em Cabo Delgado,
abriram um novo capítulo
na história da insurgência armada
que dilacera o norte da província
desde Outubro de 2017. O que era
o maior temor das autoridades moçambicanas aconteceu. Os ataques
atingiram, directamente, as operações da Anadarko, instalando total
nervosismo.
A imagem de um ser humano decapitado, cabeça separada do resto do
corpo, chocou o país e o mundo desde
quinta-feira da semana passada. Ali,
na estrada que liga Palma ao acampamento da Anadarko, na península de Afungi, estava o corpo de um
inocente barbaramente assassinado
pelo “al-shabab”, como é localmente
conhecido o grupo insurgente cujas
reivindicações não estão ainda claras.
A vítima mortal, mais uma, era um
condutor da Gabriel Couto, a empresa portuguesa contractada pela Anadarko para construir um aeródromo
para as operações petrolíferas a acontecerem em Afungi.
O outro ataque envolveu uma caravana, onde seis trabalhadores de
empresas contractadas sofreram sofrimentos.
Os dois ataques aconteceram cerca
das 17 horas, há cerca de 20 km das
instalações da Anadarko.
Relatos no terreno indicam que os
atacantes estavam vestidos a preto, a
marca dos movimentos de radicalismo islâmico.
Os ataques da semana passada vieram
instalar incertezas no sector, numa
altura em que os consórcios liderados pela Anadarko e a Exxon Mobil
ainda não tomaram as suas Decisões
Finais de Investimento (DFI).
A Anadarko suspendeu os trabalhos
no local da construção e restringiu
as movimentações dos seus colaboradores. A empresa norte-americana
precisa de garantir contractos de
venda de 12.88 toneladas de gás/ano
para anunciar a sua DFI. Até aqui, a
multinacional conseguiu fechar 9.58
toneladas, o que representa cerca de
74% do que é necessário para o anuncio da decisão. 9.58 toneladas/ano é
um número necessário em termos de
marketing para declarar o DFI.
Mas há sectores que argumentam
que as empresas quererão arrastar a
tomada das decisões por mais tempo
em função da situação de segurança
no terreno.
Mas também já teorias de conspiração. Que os americanos serão parte
interessada dos ataques como estratégia para oferecer soluções de segurança, colocando-os numa posição
privilegiada na negociação dos contractos com Maputo. Que também
quererão usar a insurgência como
moeda de troca em benefício de concessões mais generosas na exploração
do gás do Rovuma.
Numa entrevista ao SAVANA, ano
passado, o empresário e analista político, Amade Camal, defendia que a
solução imediata para a insurreição
no norte de Cabo Delgado era parar
com a exploração dos hidrocarbonetos.
“Na realidade, os investidores querem criar um território em que nem
o governo terá acesso sob pretexto de proteger seus investimentos.
Os insurgentes existem, estão profundamente enraizados, organizados
com objectivos concretos. Isto é, criar
focos de instabilidade permanente de forma que as multinacionais
consigam tudo o que não conseguiram na mesa das negociações.
Para tal, vão nos entretendo com estes movimentos terroristas para nos
desviar o essencial. Esta é a história
guerras nos hidrocarbonetos. Cabo
Delgado tem hidrocarbonetos, tem
rubis, grafite, esmeraldas, está numa
situação geoestratégia privilegiada”,
precisou Camal.
O que é certo é que os ataques que
atingiram as operações da Anadarko
tiveram uma resposta contundente
jamais vista desde a eclosão da insurreição em Outubro de 2017, quando
os insurgentes começaram a matar
civis e a incendiar residências.
O ministro do Interior, Basílio Monteiro, prometeu destacar o que chamou de “equipas complexas” para o
terreno. Por sua vez, o presidente da
República, Filipe Nyusi, exigiu as
forças especiais de reserva, graduadas
esta semana, em Matalana, a darem
uma resposta rápida ao extremismo
de Cabo Delgado.
Governo sai a perder na
mesa negocial – João
Pereira
Com as várias teorias no ar, o SAVANA procurou ouvir vozes autorizadas
na matéria. João Pereira é co-autor
do único estudo, publicamente, conhecido sobre a insurgência de Cabo
Delgado.
Também é docente de Ciência Política. Começou por dizer que a insurgência do norte de Cabo Delgado
requer uma abordagem holística, porque uma e única, no caso vertente, a
actuação militar, que parece a aposta
do Estado moçambicano, não é suficiente.
Para João Pereira, é preciso reforçar o
controlo das fronteiras, do mar, partilhar informação com a Tanzânia, que
integra o circuito dos insurgentes, estabelecer alianças com as comunidades locais e redefinir os investimentos do Estado para as zonas costeiras
em infra-estruturas e serviços sociais
como educação e saúde e o estabelecimento de alianças Governo-Sociedade Civil para juntos desenvolverem
formas alternativas de soluções.
Questionado se os ataques fragilizavam ou não a posição do Governo na
mesa negocial com as multinacionais,
Pereira respondeu que, numa situação de conflitualidade como a actual,
é difícil negociar e, claramente, o Governo sai a perder. Explicou que, por
causa dos ataques, o custo de investimento vai aumentar.
“(As multinacionais) vão dizer que é
preciso recuperar investimentos, que
não estão a produzir por questões de
segurança”, observou.
O docente universitário afasta teorias
de conspiração. Diz que elas sempre
existiram na história de Moçambique. Até contra a própria Frelimo nos
tempos da luta de libertação nacional.
Mas sublinha que não são as teorias
de conspiração que nos vão fazer desenvolver.
Mas o politólogo vai mais longe. Que
não haja preocupações com as multinacionais porque essas vão proteger
os seus negócios. O que deve haver é
a preocupação para com os moçambicanos que estão a morrer, inocentemente.
“O que pode impedir o projecto é se
a Anadarko não conseguir mercado”,
atirou, afastando qualquer paralisação dos projectos petrolíferos por
causa dos ataques. Sublinhou que as
multinacionais têm experiência de
operações em zonas de conflitos, com
o facto também de as operações vão
acontecer em mar, onde não há insurgência.
Insurgentes atingem operações petrolíferas
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Por Armando Nhantumbo
0oçambique registou,
na última campanha
agrícola 2017/218,
um crescimento agrário acumulado de 28%, indicam
dados do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar
(MASA). Os dados indicam
para uma produção global de
cerca de 3.2 milhões de toneladas
de cereais, contra 2.5 milhões registadas na campanha anterior.
No período em referência, as leguminosas registaram um crescimento de 25%, com as raízes e tubérculos a registar um crescimento de
50%.
Ainda na esfera da produção agrária, segundo o MASA, as hortícolas passaram de 1.7 milhões de toneladas na campanha anterior, para
três milhões de toneladas na campanha 2017/2018, representando
um incremento de 76.5%.
Nas culturas de rendimento destaca-se o subsector do caju, que conheceu uma subida assinalável nos
últimos quatro anos, com uma produção que passou de 81 mil toneladas na campanha 2014/2015 para
140 mil na campanha 2017/2018,
o que representa um aumento de
72.8%.
Como resultado, a renda gerada
pela exploração da castanha de caju
passou de 30.3 milhões de dólares
registados em 2017, para pouco
mais de 60 milhões de dólares, o
que representa um crescimento em
cerca de 100%.
Ainda de acordo com informações
do MASA, com a aposta do governo em revitalizar o subsector do
caju, os resultados começam a ser
visíveis, podendo por exemplo, assinalar-se que para esta indústria já
estão a operar em Moçambique 16
fábricas de processamento contra
as 10 que existiam em 2010, “uma
conquista que coloca Moçambique
no topo dos países africanos que
mais processam a castanha, gerando emprego para mais de 16 mil
moçambicanos”.
No subsector algodoeiro, o país
produziu cerca de 65.500 toneladas
de algodão caroço na campanha
2017/2018, o correspondente a um
crescimento de cerca de 56% em
relação as últimas três campanhas
que registaram uma produção em
média de 42 mil toneladas.
Por seu turno, a produção de feijão bóer conheceu um crescimento
assinalável no ano 2015 para 2018,
ao passar das 80 mil para 130 mil
toneladas, o que representa um incremento de 62.5%. À semelhança
destas culturas existem outras que
o seu crescimento não deixa de ser
notável, como é o caso do chá, tabaco, soja, entre outras.
(Eduardo Conzo)
Campanha agrícola 2017/2018
3URGXomRDJUiULDUHJLVWRXXPFUHVFLPHQWRHP
O ataque de quinta-feira, 21, abriu um novo capítulo na história da insurgência
armada que dilacera o norte de Cabo Delgado desde Outubro de 2017, com os
insurgentes a atingirem duas comitivas da Anadarko
João Pereira diz que é difícil negociar
QXPDVLWXDomRGHFRQÁLWXDOLGDGH
As viaturas da petrolífera norte-americana não escaparam às balas disparadas
pelos insurgentes
TEMA DA SEMANA Savana 01-03-2019 5
7(0$'$6(0$1$ PUBLICIDADE PUBLICIDADE
SOCIEDADE 6 Savana 01-03-2019
O
s membros da Renamo na
província de Sofala continuam desavindos, arrastando a crise de liderança do
partido naquele ponto do país, numa
altura em que o calendário eleitoral
galopa a passos largos.
Sandura Ambrósio, delegado político
provincial de Sofala, eleito pelas chamadas bases e deposto esta segunda-
-feira pelos militantes próximos do
presidente da Renamo, Ossufo Momade, promete não cessar a “guerra”,
enquanto não for reposta o que considera a verdade das urnas.
Nos próximos dias, Ambrósio diz que
vai submeter uma carta ao Conselho
Jurisdicional e ao Conselho Nacional
da Renamo, exigindo o cumprimento
dos estatutos, como forma de evitar a
violência.
É caso para dizer que a procissão ainda vai ao adro nas hostes da Perdiz. A
cidade da Beira, bastião da oposição,
testemunhou, nesta segunda-feira,
uma movimentação invulgar de viaturas, transportando membros da Renamo, em direcção à delegação política
provincial, para desalojar das instalações Sandura Ambrósio e seus aliados,
considerados pela direcção do partido
“insurgentes”.
A pronta intervenção da Polícia da
República de Moçambique (PRM)
evitou o pior.
Em declarações ao SAVANA, Sandura Ambrósio lamentou a violência
infligida a si e ao seu grupo para que
abandonassem as instalações do partido esta segunda-feira na cidade da
Beira.
Falando esta quarta-feira, instantes
depois da reunião do conselho provincial de Sofala alargado a outros quadros do partido, prometeu não descansar, enquanto não forem cumpridos os
estatutos do partido.
Nos próximos dias, vai submeter uma
carta ao Conselho Jurisdicional e ao
Conselho Nacional do partido, contestando, exigindo esclarecimento sobre a situação do partido.
Numa batalha que não promete cessar
por enquanto, o delegado político deposto diz que esta é apenas a primeira
fase e nada o impede de recorrer aos
tribunais para que a verdade seja reposta.
Falta de liderança
Manifestou a sua preocupação com
aquilo que chamou de falta de liderança de Ossufo Momade, alegando
que está sendo mal aconselhado pelos
seus conselheiros correndo o risco de
afundar o partido.
Acusou a direcção do partido de ter
organizado camiões que transportaram membros da “perdiz” idos de
Nampula e Zambézia, para espancarem quadros da província de Sofala e
com isso instalar dirigentes não reconhecidos pelas bases da província.
Explicou que os membros da Renamo
ao nível da província de Sofala negaram entrar nesta agenda, que é antidemocrática e, por causa disso, o partido
optou por baldear membros oriundos
doutras províncias.
Apelou à liderança do partido para
que acabe com a onda de violência
contra os delegados políticos, sob pena
de a mesma se tornar a marca de liderança de Ossufo Momade.
Lembrou a violência infligida contra
Sofrimento Matequenha, delegado
político provincial de Manica, acusado por alguns membros do partido de
ter sido o responsável pela derrota nas
eleições autárquicas de 10 de Outubro
do ano passado.
Referiu que durante 40 anos que
Afonso Dhlakama dirigiu o partido
não vivenciou algo de género.
Atacou o porta-voz do partido, José
Manteigas, referindo que, quando em
2000, ele e outros foram tomar posse como deputados da Assembleia da
República à revelia da liderança, em
nenhum momento, foram espancados.
Questionou o tipo de democracia que
Ossufo Momade pretende instalar no
seio da Renamo.
Indagado em torno dos motivos da recusa do convite do presidente do partido para se dirigir a Gorongosa para
explicar o assunto, Ambrósio disse
que “todo o cuidado é pouco”. Sandura Ambrósio e Luís Chitato, delegado político da cidade da Beira, foram
convidados para irem à Gorongosa
explicarem a situação, mas recusaram
o convite, por temerem o não regresso.
Apontou o caso de José Balaunde, que
terá sofrido ameaças, quando se recusou a deixar o posto de delegado político provincial de Sofala por discordar da indicação de Manuel Bissopo
como cabeça- de-lista do partido nas
autárquicas de ano passado.
Anotou igualmente que apresentou ao
presidente do partido a proposta de
debater o assunto via teleconferência,
que tem sido uma prática recorrente
para se comunicar com as delegações
e dar orientações, mas não teve correspondências.
Para o delegado deposto, o argumento partidário de falta de fundos para
a realização das conferências provinciais electivas não faz sentido, porque
os participantes deste evento são os
mesmos que foram chamados à cidade
da Beira para testemunharem as nomeações.
Falou também de falta de coerência no
discurso partidário, pois, em finais de
ano passado, criticava as nomeações
interinas dos oficias generais da Renamo nas Forças de Defesa e Segurança,
exigindo modo as definitivas, facto
que veio a materializar-se em princípios deste mês.
Estranhamente, prossegue, a liderança
do partido está a promover nomeações
interinas, que, ao serem criticadas, responde com onda de violência.
Ambrósio nega a acusação de estar a
dirigir um grupo promotor de “anarquia e indisciplina” e muito menos colocar em causa a nova liderança.
Considera que está a dar o seu contributo na defesa da democracia que a
Renamo sempre defendeu desde a sua
génese.
Aquilo é insubordinação
Esta segunda-feira, o porta-voz da
Renamo, José Manteigas, distanciou
o partido dos actos perpetrados pelo
grupo liderado por Sandura Ambrósio, considerando-os de nulos e de nenhum efeito.
Descreveu a situação como autêntico
acto de insubordinação, desrespeito
aos órgãos do partido, falsa qualidade
e exercício indevido de funções.
“A anarquia e os desmandos nunca foram prática, nem fazem parte da génese da Renamo. O partido apela a esses
cidadãos a acatarem as orientações do
partido e a respeitarem escrupulosamente os órgãos internos”, disse.
Manteigas alegou limitação de recursos financeiros por parte do partido
para as nomeações interinas em detrimento de eleições.
Disse que o congresso do partido, havido em Janeiro, exigiu uma logística
extremamente elevada, que faz com
que não seja possível para, num curto
espaço de tempo, realizar outros eventos de grande envergadura, como as
conferências províncias, que são o culminar das conferências distritais, de
Posto Administrativo, de Localidade
e de povoação.
As nomeações interinas, de acordo
com Manteigas, no intervalo das sessões dos órgãos competentes, são uma
prática reiterada no seio do partido,
cujo intuito é de colmatar situações
que impedem o normal funcionamento do partido, sempre que a situação
exigir. Disse que foi dentro deste prisma que foram nomeados interinamente os delegados políticos províncias de Cabo Delgado, Nampula, Tete,
Manica, Sofala entre outros de cidade.
Assegurou que quando estiverem criadas as condições, o partido vai avançar
com as eleições dos delegados nos seus
variados níveis.
Crise de liderança na Renamo
Delegado deposto em Sofala promete não cessar a “guerra”
Por Argunaldo Nhampossa
TEMA DA SEMANA Savana 01-03-2019 7
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SOCIEDADE 8 Savana 01-03-2019
&ƵŶĚĂĕĆŽ&ƌŝĞĚƌŝĐŚ ďĞƌƚͲDŽĕĂŵďŝƋƵĞ
ǀ͘dŽŵĄƐEĚƵĚĂ͕ϭϯϭϯʹ ͘W͘ϯϲϵϰʹDĂƉƵƚŽʹdĞů͗͘ϮϭͲϰϵϭϮϯϭʹ&Ădž͗ϮϭͲϰϵϬϮϴϲʹ ͲDĂŝů͗ŝŶĨŽΛĨĞƐͲŵŽnjĂŵďŝƋƵĞ͘ŽƌŐ
IV Curso de Formação para Jovens Líderes (2019 – 2020): Candidaturas abertas
A Fundação Friedrich Ebert (FES) em Moçambique gostaria de anunciar o início do quarto curso de formação “Jovens Líderes”.
A FES é uma fundação política alemã comprometida com os valores da democracia social que trabalha em 19 países do
continente africano em projectos de diálogo político e de formação com organizações partidárias, sindicais, académicas e da
sociedade civil. O programa “Jovens Líderes” é um curso de formação para jovens engajados na área pública, social e política.
O nosso objectivo é de envolver os participantes do curso em debates sobre democracia e desenvolvimento político e social,
fortalecer a troca de ideias e transmitir conhecimentos sobre métodos e ferramentas para liderar processos, moderar debates e
planear projectos no âmbito do seu trabalho. Trata-se de um curso de formação de alta qualidade, que ajuda aos actores jovens
de adquirir novos conhecimentos, se capacitar em métodos de moderação e facilitação e de fazer parte de uma rede
moçambicana e africana de jovens líderes que querem contribuir com novas ideias para o desenvolvimento económico, social e
democrático dos seus países.
O programa é dividido em vários módulos semanais durante um período de 2 anos, sobre temas e assuntos específicos
(democracia, estratégias de desenvolvimento, corrupção, globalização, média, direitos humanos, género, resolução de conflitos,
justiça social, etc.) bem como métodos e ferramentas de facilitação (técnicas/métodos e instrumentos de organização, gestão,
comunicação, moderação, etc.). Os participantes devem-se comprometer em participar no mínimo em 5 módulos de um total de
7 para obter um certificado no fim da formação.
A introdução ao curso e o primeiro módulo sobre técnicas de moderação de grupos irá realizar-se em Maputo, de 22 a 26 de
Abril de 2019.
Os requerentes interessados em participar neste curso de formação devem enviar a sua candidatura até ao dia 15 de Março
de 2019, devendo preencher todos os requisitos mencionados a seguir. Mulheres, pessoas portadoras de deficiências e jovens
de fora de Maputo são encorajados a enviar as suas candidaturas.
Requisitos para candidaturas:
x Idade entre 18 e 35 anos
x Engajamento politico e social no mínimo de 2 anos por exemplo em organizações partidárias, sindicais, de estudantes,
de direitos humanos, projectos sociais e de formação, cooperativas, etc.
x Carta de motivação (no mínimo 1 página)
x Carta de recomendação de uma organização/ uma instituição/ um movimento
x Curriculum Vitae (com detalhes de contacto e uma fotografia)
x Conhecimento da língua inglesa será uma vantagem.
As candidaturas devem ser enviadas ao escritório da Fundação Friedrich Ebert em Maputo. A selecção será feita por um comité
de representantes da FES e de Alumnis dos cursos de formação anteriores na base de critérios de relevância do engajamento
dos candidatos, qualificação e idade, igualdade de género e motivação do candidato. Os candidatos pré-selecionados serão
contactados para uma entrevista.
Favor de enviar a candidatura por uma das seguintes vias:
E-Mail: info@fes-mozambique.org
Webpage: https://www.fes-mozambique.org/
O
ssufo Momade, o auto-exilado presidente da Renamo veio
esta quarta-feira da Gorongosa ao palácio da presidência, para um amistoso encontro com
o PR, Filipe Nyusi. O pretexto, uma
vez mais, a revisitação do Memorando
de Entendimento sobre os assuntos
militares, agora que 14 oficiais do movimento rebelde integram a hierarquia
de topo das Forças Armadas, O encontro também serviu para delinear os
passos subsequentes, para, na linguagem da burocracia, acelerar a materialização das acções preconizadas.
Nyusi e Momade estavam acompanhados dos respectivos membros da Comissão dos Assuntos Militares e Grupos Técnicos Conjuntos. No encontro
esteve também o chefe do Grupo de
Contacto, o embaixador suíço, Mirko
Manzoni.
É a primeira vez que Nyusi reúne-se
com Momade na qualidade de presidente eleito da Renamo. Dois dias
antes, houve a nomeação de 11 oficiais
superiores (vindos da Renamo) para
cargos de chefias nas Forças Armadas
de Defesa de Moçambique (FADM),
uma exigência de Momade e o seu Estado Maior.
O primeiro encontro entre Nyusi e
Momade foi em Julho de 2018, e teve
lugar na cidade da Beira. Nessa altura, Ossufo Momade respondia como
Coordenador Interino da Comissão
Política da Renamo, tendo o encontro
resultado num memorando de entendimento anunciado em Agosto.
Momade levou para a reunião desta
quarta-feira, Leovegildo Buanancasso,
Eduardo Namburete e André Magibire, enquanto que Filipe Nyusi se
fez acompanhar pelo general Eugénio
Mussa, que integra a comissão dos assuntos militares, Paulo Chachine e
Manuela Masiambusse. Ossufo Momade chegou à presidência por volta
das 9horas a bordo de um Prado 4x4,
de vidros fumados. É o regresso de
Ossufo Momade a Maputo, após ter
passado a viver na Serra de Gorongosa em Junho de 2018, um mês depois
da morte de Afonso Dhlakama, a 3 de
Maio do mesmo ano. Ainda não está
claro se Momade regressará à Gorongosa, até que o processo de paz esteja
concluído.
A viabilização de uma paz definitiva
constitui um dos principais condimentos do memorando de entendimento
alcançado, em Julho do ano passado,
entre as partes que também é visto
como elemento chave para a realização
das eleições de Outubro próximo.
No final de duas horas de conservações, Nyusi e Momade não prestaram
declarações à imprensa, mas através de
um comunicado enviado à nossa Redacção, as partes reafirmaram o compromisso de implementar com sucesso
o memorando de entendimento para
que o mais cedo possível seja assinado
um acordo de paz.
De acordo com a nota da presidência
da República, as lideranças passaram
em revista os progressos alcançados
na implementação do memorando de
entendimento sobre os assuntos militares e delinearam os passos subsequentes para acelerar a materialização
das acções preconizadas na matriz de
trabalho.
Integração na Polícia
O encontro surge três dias depois do
chefe do Estado Maior General, Lazaro Menete, ter promovido a cargo de
chefia 11 oficias superiores a cargos de
chefias nas FADM que tomaram posse
esta quinta-feira.
Este grupo junta-se aos primeiros três,
perfazendo 14, que em Fevereiro ultimo foram nomeados definitivamente
a cargos de chefias, depois de inicialmente terem sido nomeados de forma
interina, o que levantou um mal-estar
entre as partes.
O presidente da Renamo assegurou a
entrega em breve da lista do seu pessoal por integrar na Polícia da República de Moçambique (PRM) à luz
dos acordos alcançados. Nos bastidores
fala-se de 10 oficias da Renamo que
serão integrados na PRM.
As negociações iniciais previam o enquadramento dos efectivos do maior
partido da oposição também no SISE,
onde este julga que são desenhados os
expedientes de espionagem e monitoria das suas acções. Segundo apurou o
jornal, o assunto não está abandonado,
mas não tem data marcada para implementação. São conhecidas as resistências na área securitária e na Frelimo à
integração de elementos da Renamo
na polícia e SISE, dois sectores que ficaram de fora do Acordo de Roma, de
Outubro de 1992.
“Os dois líderes comprometeram-
-se a honrar todos os compromissos
assumidos no âmbito do memorando
de entendimento, tendo instruído as
suas equipas de trabalho a acelerarem
a implementação do cronograma de
actividades nele previstas”, assinala o
comunicado.
O comunicado assinala igualmente
que os dois líderes reafirmaram a sua
determinação de continuar a manter
o diálogo ao mais alto nível, reforçar a
comunicação a todos os níveis e a criar
as condições propícias para que as suas
equipas de trabalho possam assegurar a
plena implementação do Memorando
de Entendimento, tendo concordado
em concluir a fase principal que culmina com um Acordo de Paz que marca a
Cessação Definitiva das Hostilidades,
o mais cedo possível.
Para acelerarem os trabalhos a Presidência da República anunciou em
Fevereiro último a realização de encontros semanais dos grupos técnicos
conjuntos, uma vez que o desejo do
embaixador Suíço é que haja um acordo de paz até Abril.
Encontro Nyusi-Momade
E a serra desceu à capital
Por Argunaldo Nhampossa
- mas o SISE continua fora das negociações
Savana 01-03-2019 9
PUBLICIDADE PUBLICIDADE
aos 29 anos é “A+”
O 1º de Março é a data de constituição
formal da Gapi. Neste ano, 2019, celebramos
o nosso 29º aniversário e temos uma razão
especial para comemorar o dia.
Neste 29º aniversário, além dos resultados
obtidos nas nossas intervenções com vista
a um desenvolvimento mais inclusivo,
comemoramos a conquista de um
“rating A+” no âmbito das avaliações de
desempenho organizadas pela Associação
Africana das Instituições Financeiras de
Desenvolvimento (AADFI).
Alcançámos um “rating A+” porque, em
2018, obtivemos uma pontuação de 89% na
avaliação sobre adequação e conformidade
com as normas de governação,
operacionalidade e sustentabilidade
estabelecidas pela AADFI. Isto é uma
conquista que nos coloca entre as melhores
LQVWLWXLo}HVÀQDQFHLUDVGHGHVHQYROYLPHQWR
(IFD) em África.
O “rating A+” que agora alcançámos é
também um orgulho para Moçambique.
Não são muitos os países africanos que
apresentam IFD inscritas no seu sistema
ÀQDQFHLUR IRUPDO FRP SDGU}HV GH
governação como os estabelecidos pela
AADFI e pelo BAD.
Alcançar um “rating A+” a nível da
AADFI é, primeiramente, o resultado do
trabalho de uma equipe de cerca de 160
técnicos nacionais e das várias instituições
parceiras, mas não só.
Desde a sua fundação, em 1990, a Gapi
alicerça-se e cresce com o empenho
de accionistas, clientes e de parceiros
que, através desta IFD, investem num
desenvolvimento inclusivo de Moçambique.
Juntos temos demonstrado que Moçambique
tem uma instituição nacional credível e
competente para conceber e implementar
programas de desenvolvimento económico
focados em:
3URPRYHUDLQLFLDWLYDHPSUHVDULDOQDFLRQDO
&RQWULEXLUQDHGLÀFDomRGHXPVLVWHPD
ÀQDQFHLURPDLVLQFOXVLYR
O “rating A+” TXHFRQTXLVWiPRVUHÁHFWH
os resultados e objectivos realizados em
programas focados na:
&ULDomRHFRQVROLGDomRGHHPSUHVDV
,QFOXVmR)LQDQFHLUD
(PSRGHUDPHQWRGD0XOKHU
HPSUHHQGHGRUD
)RPHQWRGH-XYHQWXGHHPSUHVDULDO
LQRYDGRUD
,QRYDomRDJUtFRODHVHJXUDQoD
DOLPHQWDUHQXWULFLRQDO
'HVHQYROYLPHQWRUXUDO
&RP HVWD FRQTXLVWD UHIRUoD VH R
compromisso da Gapi de contribuir para o
alcance dos Objectivos de Desenvolvimento
Sustentável (SDG).
10 Savana 01-03-2019 PUBLICIDADE
Savana 01-03-2019 11 PUBLICIDADE
12 Savana 01-03-2019 SOCIEDADE
O
s edis, que tomaram
posse há duas semanas e
juraram servir os munícipes das 53 autarquias
do país, herdam municípios mergulhados em grandes
limitações, que foram agudizadas
pela crise económica que se abate
sobre o país desde 2015. Na euforia das investiduras, o SAVANA
procura traçar o actual quadro dos
municípios, apontando os principais desafios que se colocam aos
recém-empossados presidentes
dos Conselhos Autárquicos.
A urbanização, os serviços públicos
e os recursos fiscais são dos principais desafios para as autarquias
moçambicanas, quadro que veio ser
agravado pela crise económica no
país.
Uma descrição sobre a situação dos
municípios moçambicanos é feita
pelo Instituto de Estudos Sociais
e Económicos (IESE), na edição
2018 da série “Desafios para Moçambique”, lançada em finais do
ano passado.
De acordo com o IESE, a geração
de receitas próprias por parte das
autarquias locais é um dos desafios
mais importantes do processo da
descentralização em Moçambique,
na medida em que está ligada não
só ao financiamento da provisão de
serviços, como ao próprio processo
de desenvolvimento e sustentabilidade das autarquias locais.
No artigo que abre o capítulo sobre a Política, os investigadores,
8, incluindo o director do IESE,
Salvador Forquilha, mostram as
fraquezas dos municípios moçambicanos na cobrança de receitas, o
que, praticamente, deixa as autarquias reféns das canalizações do
nível central.
Intitulado “Aptos para alcançar os
seus objectivos? Obstáculos de ordem administrativa à mobilização
da receita local nos municípios moçambicanos”, o artigo assinala que
a pesquisa no terreno revelou que
os processos a montante (definidos
como todos os passos que tem de
ser dados para identificar quem
deve pagar), e em particular o registo, representam o grande obstáculo
à mobilização de receita municipal.
É que a maioria dos municípios
não possui o registo necessário com
informação sobre os contribuintes,
o que é, certamente, um dos grandes desafios aos edis que tomaram
posse esta quinta-feira.
No que se refere aos processos a jusante (que abrangem todos os passos desde a identificação de quem
deve pagar o valor até a cobrança
real), a colecta e, particularmente,
a execução fiscal, são os principais
obstáculos.
“No geral, a fraca implementação
ou a inexistência de registos digitais
a nível municipal impede o registo
adequado de cidadãos e o rastreamento dos pagamentos, e afecta
também, portanto, a cobrança de
receitas”, referem os autores, assinalando tratar-se de um exemplo
de como a fraca implementação de
processos a montante resulta em
desafios adicionais relativamente
a processos a jusante, como a cobrança.
A falta de cadastro municipal é
também um grande obstáculo ao
qual os edis se devem concentrar
para a geração de receita. É que,
de acordo com a pesquisa, vários
Municípios têm dificuldades em
monitorizar se os contribuintes
cumprem ou não os seus deveres
fiscais por falta de cadastro e de informação suficiente.
A falta de gestão integrada entre
todos os departamentos do Conselho Autárquico também é crítica,
como também é fundamental a capacitação de pessoal para melhorar
a cobrança de receitas.
Os presidentes dos Conselhos
Autárquicos também deverão inverter o actual cenário em que que
a maioria dos Municípios não faz
análises formais de custo-benefício, nem baseia a sua estratégia de
cobrança de receita em estruturas
de custo-beneficio.
Corrupção
Ainda como resultado da falta de
registo, verifica-se dificuldades na
supervisão dos cobradores de receita.
“Como a maioria dos municípios
não possui um registo para as taxas
dos mercados contendo informação sobre os vendedores já registados, é mais difícil controlar quem
já pagou, o que, por sua vez, cria
oportunidade de apropriação indevida dos valores monetários por
parte dos cobradores”, observam os
estudiosos.
Concluem ainda que, para além do
pessoal administrativo, há também
apropriação indevida dos valores
por parte da Polícia Municipal.
A corrupção é também mencionada como um obstáculo na mobilização da receita municipal. “De
facto, o fraco ambiente de controlo
cria oportunidades de fraude, ao
mesmo tempo que os salários geralmente baixos também criam um
incentivo significativo a corrupção”,
referem.
De acordo com o texto, na verdade,
a lista das actividades fraudulentas
é extensa e variada e inclui até as
lideranças comunitárias, que são
acusadas de apropriação indevida
de dinheiro.
O tema sobre o financiamento da
provisão de serviços bem como o
processo de desenvolvimento e sustentabilidade das autarquias locais
é aprofundado no segundo artigo
da secção política do “Desafios para
Moçambique 2018”, que fala da
urbanização, dos serviços públicos
e dos recursos fiscais, como os principais desafios para as autarquias
moçambicanas.
Os autores, Abdul Ilal e Bernhard
Weimer, analisam a dinâmica da
geração de receitas próprias e a
evolução das transferências fiscais
alocadas pelo Governo central aos
municípios e, no fim, argumentam
que as receitas autárquicas, quer
transferidas quer arrecadas na base
tributária própria, não são suficientes para responder aos desafios de
financiamento dos investimentos
necessários para a melhoria da
prestação de serviços públicos básicos.
Ou seja, referem os autores, as
autarquias locais, em grande medida, são incapazes de satisfazer a
demanda gerada pela urbanização
para investimentos em infra-estruturas e na providência de serviços
públicos básicos de qualidade e cobertura suficientes, tais como saúde
e educação primária, água e saneamento, transporte urbano e gestão
de resíduos sólidos, bem como a
fraca capacidade fiscal das autarquias em financiar os investimentos
e serviços públicos, uma demanda
que vai aumentar como consequência da dinâmica demográfica e da
urbanização no país.
A
inda assim, no geral, os
presidentes dos Conselhos Autárquicos encontram municípios a
barcos com escassez de recursos,
que reduziram substancialmente
por conta da crise económica que
foi agudizada pelas chamadas dívidas ocultas.
É no artigo intitulado “Urbanização, Serviços Públicos e Recursos
Fiscais – os Principais Desafios
para as Autarquias Moçambicanas” que Abdul Ilal e Bernhard
Weimer abordam o que chamam
de crise económica e fiscal porque Moçambique passa.
Para os investigadores, a crise
produz impacto negativo sobre
as finanças públicas, em geral e,
as das autarquias, em particular.
Percorrendo as causas da crise,
incluindo as dívidas ocultas que
levaram a suspensão do apoio
ao orçamento pelos parceiros de
desenvolvimento, a análise indica
que, apesar de condições económicas globais externas mais favoráveis, como a subida do preço
do carvão, e medidas efectivas
levadas a cabo pelo Banco de
Moçambique, a situação macroeconómica do país continua frágil,
com uma situação fiscal não sustentável, que se reflecte na caída
da despesa para investimentos e
de uma execução dos orçamentos
para os sectores sociais.
A avaliação concluiu que a crise
económica e fiscal e as restrições
orçamentais afectaram todos os
municípios de três formas.
Primeira, a receita fiscal nacional diminuiu entre 2014 e 2017.
“Constituindo a base para determinar as transferências fiscais
para os municípios, a redução da
receita fiscal implicou a redução
do volume total de transferências
para os municípios de uma forma
dramática a partir de 2015, desta
forma reduzindo a sua receita total”, lê-se no artigo.
A segunda forma é que as transferências fiscais para as autarquias sofreram atrasos. “Por
exemplo, até Junho de 2017, a
execução orçamental da verba
para o FIIA [Fundo de Investimento de Iniciativa Autárquica]
e o PERPU [Programa Estratégico para a redução da Pobreza
Urbana] atingiu apenas 14,1% e
12,4%, respectivamente.
Terceira, o aumento da inflação,
em 2016, associado a deterioração da taxa de câmbio (relevante
para bens e serviços importados),
levou a um aumento do custo no
lado das despesas do orçamento municipal, diminuindo o seu
“poder de compra”, especialmente no que diz respeito aos investimentos (infra-estruturas, equipamento pesado, serviços públicos).
De acordo com a pesquisa, a crise económica causou ainda uma
contracção da base económica e
fiscal das autarquias.
“A redução da actividade económica é atribuível a uma redução
da demanda para os produtos
e serviços do sector da manufactura, comércio e serviços. Os
últimos dois sectores sofreram
ambos, em 2016, uma redução de
13%. Devido a esta contracção,
empresas foram encerradas e/
ou reduziram o efectivo dos seus
trabalhadores, aumentando o desemprego e reduzindo os gastos
privados”, sublinha.
Isto, prossegue a análise, afecta
negativamente a receita própria
dos municípios e, juntamente
com os dois pontos anteriores,
produz uma redução da capacidade dos municípios de melhorar
os serviços municipais, em termos de cobertura e de qualidade,
o que, por sua vez, leva a que o
cidadão municipal tenha menos
vontade de pagar impostos e a
uma informalização da economia.
Trata-se de alguns dos mais
prementes desafios com que os
recém-empossados edis se vão
defrontar, exigindo-se-lhes um
redobrar de esforços e capacidade de reinvenção em tempos de
crise.
Crise económica
Recursos reduziram de forma dramática
Situação das autarquias não é boa
Mãos à obra!
Por Armando Nhantumbo
Eneas Comiche é um dos 53 edis que juraram dedicar todas as suas forças ao serviço dos munícipes
Savana 01-03-2019 13 DIVULGAÇÃO
O Observatório do Meio Rural (OMR) publicou, no início de cada mês
de 2018, um Boletim de Preços Alimentares. Os dados foram obtidos em
cinco bazares em Maputo, cinco na Beira e três em Nampula, todas as semanas, às quartas-feiras, sensivelmente à mesma hora. Foram recolhidos
preços de quinze bens, considerados básicos na dieta alimentar: açúcar
castanho, amendoim, arroz, batata-reno, carvão, cebola, coco, farinha de
milho, feijão nhemba, massa esparguete, óleo alimentar, peixe carapau,
repolho, sal e tomate.
Este Destaque Rural procura compreender as razões da evolução do nível
médio dos preços dos bens estudados e discutir se esse facto constitui, ou
não, um sinal positivo da economia. Questionam-se algumas questões
HOHPHQWDUHVDFHUFDGDPHWRGRORJLDGHFiOFXORGDLQÁDomRGRSDtV
3DUDYHULÀFDUDPHWRGRORJLDGRFiOFXORGDYDULDomRGRVSUHoRVGRVEHQV
referidos, veja o Observador Rural Nº 71, de Fevereiro de 2019, com o
título “Evolução dos preços alimentares 2018” (veja em
http://omrmz.org/omrweb/publicacoes_categ/or/).
0XLWDVWHRULDVH[LVWHPDFHUFDGDLQÁDomR ,VVRQmRpPDWpULDGHVWHWH[WR
2VFXLGDGRVDFRQVLGHUDUQHVWDDQiOLVH DVVLPFRPRSDUDDLQÁDomRDQXQFLDGDSHOR,QVWLWXWR1DFLRQDOGH(VWDWtVWLFDHGR%DQFRGH0RoDPELTXH
são os seguintes: (1) as três cidades não representam o conjunto da economia, em termos de população; (2) a estrutura de consumo nas cidades
é muito distinta da do meio rural onde habita cerca de 70% dos moçambicanos; (3) pela experiência do OMR, nas cidades há preços bastantes diferenciados entre os bazares, sobretudo pela localização (bazares centrais) e
porque alguns desempenham simultaneamente as funções de grossista e
retalhista; e, (4) os preços dos supermercados e mercearias são diferentes
dos praticados nos bazares. Nestas condições, é muito difícil estabelecer,
com rigor, os factores de ponderação (territorial e social) para o cálculo
GDLQÁDomRJOREDOGRSDtV
$VVLP RVFLGDGmRVGHYHULDPVDEHUTXHDVWD[DVGHLQÁDomRDQXQFLDGDV
QmRUHÁHFWHPDUHDOHYROXomRGRVSUHoRV (VWDSRGHVHUXPDGDVUD]}HV
para que, regra geral, o que as pessoas referem sobre a evolução do custo
GHYLGD QmRFRUUHVSRQGDjVLQÁDo}HVDQXQFLDGDVRÀFLDOPHQWH
2FiOFXORGDLQÁDomRRÀFLDOFRQVLGHUDPDLVEHQVHVmRLQWURGX]LGRVIDFtores de ponderação, pelo que, em rigor, os números apresentados abaixo
não são totalmente equivalentes. Considera-se, no entanto, que os quinze
bens são representativos da dieta alimentar básica.
3HORVGDGRVREWLGRV YHULÀFRX VH DQtYHOGRSDtV XPDGHÁDomR LQÁDomR
QHJDWLYD ,VVRVLJQLÀFDTXHRQtYHOPpGLRGRVSUHoRVGRVEHQVFRQVLGHrados foi, em 2018, inferior ao de 2017. Se este resultado é considerado
ÀiYHO SDUDRVED]DUHVGDVWUrVFLGDGHV TXDLVSRGHULDPWHUVLGRRVIDFWRUHVTXHLQÁXHQFLDUDPQHVVHVHQWLGR"3DUDDDQiOLVHGHVWHFDVRHFRQVLderando o contexto, os preços dos bens e serviços diminuem quando: (1)
existe um aumento da oferta, seja como reacção dos produtores face a um
aumento da procura, como resultado de maior produtividade da produção ou em consequência por mais concorrência e menores distorções do
PHUFDGR VHYHULÀFDXPDXPHQWRGRVSUHoRVGHXPEHP TXHID]FRP
que haja mais consumo de um ou de vários bens sucedâneos (substitutos) mais baratos (por exemplo, se o preço da farinha de milho aumenta,
o consumidor pode substituir o milho por arroz, mandioca, batata-doce,
etc.); (3) o nível do rendimento das famílias diminui; e, (4) numa economia dependente de importações devido à depreciação da moeda nacional
(subida da taxa de câmbio).
A variação média semanal dos preços nas cidades de Maputo, Beira e
Nampula foi a seguinte, em percentagem: açúcar amarelo (-0,1), amendoim (-1,2), arroz importado (-0,1), batata-reno (2,8), carvão (-2,4), cebola
(-8,1), coco (-6,4), farinha de milho (-0,05), feijão nhemba (-4,7), massa
esparguete (-0,2), óleo alimentar (0,1), peixe carapau (0,9), repolho (-2,4),
sal (1,7), tomate (-4).
2V GDGRV GR 205 H RV RÀFLDLV LQGLFDP GHÁDomR SRXFR VLJQLÀFDWLYD
'RVTXLQ]HEHQV KRXYHUHGXomRGRVSUHoRVHPGR]H ,VWRp KRXYHXPD
GHÁDomR &RQVLGHUDQGRRVSULQFLSDLVIDFWRUHVGHYDULDomRGHSUHoRVDFLma mencionados, pode-se considerar: (1) o Metical teve em 2018 uma
ligeira apreciação face ao Rand, de 4,76 MZN para 4,59 MZN em 2018,
contribuindo para a redução dos preços internos; (2) em 2018, comparativamente com 2017, as importações de açúcar, arroz, carnes, hortícolas e
legumes diminuíram e aumentou em óleo alimentar; (3) nada indica que
as famílias tenham obtido maiores rendimentos (volume líquido de emprego, evolução do salário real e novas oportunidades de rendimento);
e, (4) as estatísticas do MASA indicam aumento da produção (o OMR já
UHIHULXDFHUFDGDQmRÀDELOLGDGHGRVGDGRVGDSURGXomRDJUtFROD
Se o aumento da oferta nacional foi derivado da redução de custos de
SURGXomRLQWHUQRVHGHPHQRUHVGLVWRUo}HVGRVPHUFDGRV RTXHVLJQLÀFD
PDLVHÀFLrQFLDGDHFRQRPLD p FRQVLGHUDGRSRVLWLYR 1DGDLQGLFD TXH
HVWDSRVVLELOLGDGHWHQKDDFRQWHFLGRHP ,JXDOPHQWH QmRH[LVWHHYLdências que comprovam o aumento da produção nacional em 2018.
Se os quatro aspectos do penúltimo parágrafo são aceites, pode-se deduzir que a redução de preços foi principalmente motivada pela combinação dos seguintes factores: (1) diminuição da procura por perda de
rendimento das famílias pobres urbanas (as que adquirem os bens de
consumo em bazares e/ou mercados informais); (2) apreciação do Metical; (3) eventual aumento da oferta nacional. Estes três factores tiveram,
HPSULQFtSLR PDLRULQÁXrQFLDVREUHDYDULDomRGRVSUHoRVHPEDL[DGR
que a diminuição da oferta de bens importados (o que provoca um aumento dos preços).
$GHÁDomRSRGHULD WHUVLGRRFDVLRQDGD WDPEpPSRUXPDPDLRUSURFXra de bens sucedâneos, reduzindo os preços dos bens considerados no
HVWXGR GHYLGRDRHIHLWRGHPHQRUSURFXUD ,VWRp RVFLGDGmRVSREUHV
nas três cidades passaram a consumir mais bens considerados na literatura económica como “bens inferiores” (no caso, poderia ser a mandioca,
batata-doce, folhas de diversas plantas), com consequências sobre a subnutrição.
(P UHVXPR R FiOFXORGDLQÁDomRQmRp IiFLOH DV EDVHVXVDGDVQmR
UHÁHFWHP SRUYiULDVUD]}HV DLQÁDomRGDHFRQRPLDH HPSDUWLFXODU GRV
EHQVDOLPHQWDUHV DH[LVWrQFLDGHXPDVLWXDomRGHGHÁDomR RXGHUHGXomRUiSLGDHGHJUDQGHDPSOLWXGHGDLQÁDomR QmRpQHFHVVDULDPHQWH
SRVLWLYD 3RURXWURODGR XPDLQÁDomRDOWDGHYHVHUHYLWDGDSRUTXHpIRUtemente penalizadora, num primeiro momento, sobre o investimento e
o consumo, sobretudo para os grupos sociais de menor rendimento; por
LVVRDLQÁDomRpFRQVLGHUDGDFRPRR´LPSRVWRGRVSREUHVµ eQHFHVViULR
saber quais os factores que provocaram a redução da média dos preços.
1RFDVRHPDQiOLVH SURYDYHOPHQWH DGHÁDomRQmRUHVXOWRXGHXPDHYRlução positiva de alguns aspectos da economia e da sociedade. Por estas
UD]}HV DVFRQVLGHUDo}HVVREUHDLQÁDomRGHYHPFHQWUDU VHVREUHTXDLVRV
factores que provocam essas evoluções.
'XDVVXJHVW}HVDRVyUJmRVUHVSRQViYHLVVREUHRFiOFXORGDLQÁDomR D
DSUHVHQWDomRGRVGDGRVGDLQÁDomRGHYHVHUDFRPSDQKDGDGRVLJQLÀFDdo e dos factores das variações, na medida em que, nem sempre, uma vaULDomRHPEDL[D VREUHWXGRTXDQGRUiSLGDHGHJUDQGHDPSOLWXGHUHÁHFWH
bons sinais da economia; e, (2) é necessário rever a metodologia para o
FiOFXOR GDLQÁDomR $LPSOHPHQWDomR GH XPDPHWRGRORJLD WHUi FXVWRV
elevados. Será esta a única razão para que a actual metodologia perdure,
QRHVVHQFLDO KiWDQWRVDQRV"
DESTAQUE RURAL Nº 50
20 de Fevereiro de 2019
DEFLAÇÃO (INFLAÇÃO NEGATIVA)
DOS PREÇOS ALIMENTARES EM 2018?
João Mosca
14 Savana 01-03-2019 Savana 01-03-2019 15
NO CENTRO DO FURACÃO
Por Thomas Selemane
Este texto é uma versão reduzida e adaptada da pesquisa
intitulada “A economia política do Corredor da Beira:
consolidação de um enclave ao serviço do hinterland”1
, realizada pelo
autor, com financiamento da Fundação Rosa Luxemburgo, publicada
pelo Observatório do Meio Rural
(OMR) em Janeiro de 2019.
Para além do mapeamento dos interesses económicos e da análise do
seu relacionamento conforme se
apresenta adiante, a principal conclusão da pesquisa é de que embora
existam investidores nacionais detentores de vários interesses económicos ao longo do Corredor de
Desenvolvimento da Beira (CDB),
efectivamente, estamos diante de
um enclave mais ao serviço do hinterland do que ao serviço da economia moçambicana, dadas as poucas
ligações existentes entre o CDB e
o resto da economia. Essas poucas
ligações contrastam com as muitas
ligações – de todos os pontos de
vista: físico, financeiro, comercial, de
mercado – existentes entre o CDB e
o mercado externo, particularmente
os países do hinterland: Zimbabwe,
Zâmbia, Malawi e República Democrática do Congo (RDC).
Dependência e enclave
económico
Dadas as características do Corredor da Beira – uma unidade económica concebida para servir de
ligação entre as economias do hinterland (Zimbabwe, Malawi e Zâmbia) e os mercados internacionais
(Ásia e EUA), foi usada a teoria da
dependência económica Poteete,
2009; Ferraro, 1996), particularmente o conceito de enclave. Isto
porque o Corredor da Beira localiza-se numa região geográfica com
características socioeconómicas
distintas daquelas que o corredor
apresenta, uma espécie de um oásis
de oportunidades económicas num
deserto que é a região de Manica e
Sofala sem muitas opções económicas tirando as grandes plantações e
a mineração.
O conceito de enclave económico
é uma das diversas interpretações
ou caracterizações de uma economia dentro do quadro analítico da
dependência. O enclave económico
é entendido como uma região geográfica com presença de actividade
económica, ou um ritmo de desenvolvimento relativamente mais
avançado do que as suas redondezas
(Conning e Robinson 2009), sem
uma ligação entre as duas partes,
e com dependência de dinâmicas
económicas estrangeiras – o capital
investido é estrangeiro; este é incorporado em processos produtivos
locais para, de seguida, os bens produzidos serem exportados (Cardoso
e Faletto, 1979).
Principais actores do
Corredor da Beira
Dados fornecidos pelo Porto da
Beira indicam que os dez provedores dos serviços respondem conjuntamente pelo emprego de 4.115
trabalhadores, sendo a RGB e Xigolo responsáveis, individualmente,
por 34% e 27% do total da mão-de-
-obra, respectivamente.
Durante o período de concessão
do porto da Beira e impulsionadas
pelos grandes investimentos implementados pela CdM surgiram,
igualmente, empresas de logística,
transitárias (Depots) e de despacho
(despachantes). Globalmente, estas
empresas contribuem com 56 armazéns multiuso, com uma capacidade
de armazenagem de cerca 600.000
toneladas métricas. Os armazéns
estão implantados numa área de
cerca de 262.000 m2 e empregam
cerca de 2.000 trabalhadores efectivos e 1.500 sazonais.
(Ver o quadro ao lado)
Da agricultura familiar/
FRPHUFLDOjVFRQÁLWXRVDV
plantações de eucaliptos
O lado do Corredor de Desenvolvimento da Beira que corresponde à
província de Manica, descontando o
período colonial, experimentou recentemente a promoção da agricultura comercial entre os anos 2001 a
2004, quando dezenas de farmeiros
zimbabueanos decidiram atravessar
a fronteira, fugindo da crise provocada pela reforma agrária naquele
país vizinho. Essa experiência fracassou devido a vários factores sucintamente estudados por Joseph
Hanlon e Teresa Smart num artigo
intitulado “O milagre de Manica
acabou” (Hanlon e Smart 2006).
Esse artigo viria depois a ser um
dos capítulos do livro dos mesmos
autores “Do Bicycles Equal Development in Mozambique?”, publicado
em 2008. Nele os dois estudiosos
lembram que a agricultura é considerada a força motriz do desenvolvimento de Moçambique, porém
argumentam que o falhanço da experiência de Manica mostra que a
agricultura comercial não pode ser
desenvolvida sem aumentar substancialmente o apoio governamental a todos os níveis. Investigadores
do então MINADER e actual Ministério da Agricultura e Segurança
Alimentar (MASA) são citados por
Hanlon e Smart como tendo argumentado que Moçambique fracassou no aproveitamento dos farmeiros zimbabweanos, muito por culpa
da complexidade de tomada de decisões em Moçambique.
Eles terão afirmado que organizações externas não podem construir
a base para o arranque dos investimentos em Moçambique e recordam que foi a USAID - Agência
Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional que conconflitos, principalmente três, esperando apenas por causas imediatas
para eclodirem, como se demonstra
a seguir.
Mineração versus produção alimentar. Um dos focos de conflito
é a contenda entre a produção alimentar e o garimpo. Os distritos de
Sussundenga e Manica não só são
férteis e propícios para produção
alimentar bem como têm registo de
ocorrência de ouro. A extracção desse ouro é maioritariamente praticada em moldes artesanais, sem segurança, sem planos de extracção que
possam prevenir a sobreposição de
áreas geográficas sendo umas para
a produção alimentar e outras para
a prática do garimpo. Na disputa,
a produção alimentar sai sempre a
perder tal como aconteceu com a
Associação Camponesa Eduardo
Mondlane, em Manica, que viu as
suas machambas desaparecerem
por força do garimpo. Outros estudos anteriores (por exemplo, Barra
2005; Selemane 2010) identificaram este conflito.
Irrigação das machambas versus
pesca. Outro foco de conflito reside
na competição do uso da água dos
rios. A mesma água necessária para
a irrigação das machambas – e em
alguns casos para consumo doméstico – é retirada dos mesmos rios
onde se pesca, para além de ser a
mesma água a que os garimpeiros
(legais e ilegais) recorrem tanto para
o processamento do ouro.
Demarcação de pipeline versus habitação e machambas. O traçado por
onde passa o pipeline que transporta
combustível do porto da Beira para
o Zimbabwe, nas bermas da estrada
nacional número 6, está a ser demarcado pela empresa proprietária.
A demarcação consiste na colocação de marcos físicos, feitos de betão, para sinalizar o raio de distância
de 25 metros de cada lado – dentro
do qual não deve haver machambas
nem casas. Acontece que, como essa
demarcação só começou em Agosto de 2018, grande parte do troço
contém casas, machambas e igrejas
dentro do raio considerado proibido. Vários entrevistados no troço
Manica-Machipanda disseram não
ter conhecimento do plano de demarcação nem fazer ideia de como
será o processo de afastamento das
suas casas para fora do raio pretendido pela empresa. Desta forma,
sem diálogo nem negociação, é de
prever que surja um conflito naquela zona.
Consolidação de um enclave
ao serviço do hinterland
É possível evitar conflitos mantendo intacto o enclave, o formato extravertido da economia que caracteriza o Corredor de Desenvolvimento da Beira? Logicamente que não.
O paradigma de desenvolvimento
assente em grandes projectos, altos
EMPRESAS NO CORREDOR
DA BEIRA
PROPRIETÁRIOS
1- Cornelder de Moçambique Gestora do Porto da Beira, o coração do Corredor da Beira. Cornelder Corporation
Moçambique B.V. (uma empresa constituída na Holanda) com uma participação de
67% e CFM com 33%
2-Beira Grain Terminal Empresa detida por Valentina Guebuza- falecida a14 de Dezembro de 2016- com
Cornelder de Moçambique (15%), CFM (15%), Nectar Moçambique (12.5%),
Seaboard Moz, Limited (55%)
Opera na terminal de cereais do Porto da Beira. Foi fundada em 2007.
3- TCM-Transportes Carlos
Mesquita
Empresa do Grupo Mesquita. Opera no troço Porto da Beira-Zimbabwe. Os
accionistas são: Carlos Alberto Fortes Mesquita (Ministro dos Transportes e
Comunicações), conjuntamente com Joaquim Manuel Fortes Mesquita
Paulo Jorge Fortes, Adelino de Jesus Fortes Mesquita (Ferroviário e ex-administrador
da Cornelder Moçambique falecido num acidente)
Celso Alexandre Fortes Mesquita
Célia Maria do Rosário Fortes Mesquita
José Kataoo de Nascimento Amaral e Leonel de Jesus Fortes Mesquita.
4-Danmo Empresa de Estiva, participada pelo Grupo Mesquita (50%), a empresa familiar do
actual ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita. Os restantes 50%
são detidos pela Mespar, que também é uma empresa familiar de Carlos Alberto
Fortes Mesquita (Ministro dos Transportes e Comunicações), conjuntamente com
Natércia Maria Ismael Ornelas Fortes Mesquita
Joaquim Manuel Fortes Mesquita
Paulo Jorge Fortes
Celso Alexandre Fortes Mesquita
Célia Maria do Rosário Fortes Mesquita
José Kataoo de Nascimento Amaral.
5-Beira Logistic Terminals Actualmente (a partir de 2016) é participada pela Lift Haullers e Lift Logistics
holdco. Em 2011 era detida pela Asset Management Internacional LLC e Ingenious
Quality Investments LLC
6- Índico Logistic Danmo Services Sytems Limitada, Grupo Carlos Mesquita e Mespar, Limitada.
7-Bridge Shipping, Lda Participada pela C Steinweg Bridge (PTY), Limited e Júpiter Container Property
(PTY)
8-Bussness Logistic & Services,
Lda
Participada pela Lift Haullers e Lift Logistics holdco
9- Mozambique Logistic Park,
Limitada
Sócios: Grupo Mesquita e Mespar.
Está na exploração de terminais de carga rodoviária, ferroviária e multimodais de
carácter nacional e internacional em trânsito, a exploração de portos secos,
vulgarmente denominados dry-ports, exploração de armazéns de regime aduaneiro de
trânsito, o fornecimento, em regime de aluguer de equipamentos para a indústria de
transporte e manuseamento de cargas.
10-CWT Moçambique Empresa envolvida em operações de Terminal Intermodal de Carga e Serviços de
Logística, em Moçambique. Exerce ainda actividades comoAgente de despachos e
trânsito;
Agente de carga e navio;
Importação, exportação e comércio geral;
Armazém Alfandegário e outros;
Transporte rodoviário de carga. É detida pela CWT Europe B.V e a Sermoz -
Participada pelo Grupo Mesquita com 60%)
11-DSV DSV Air e Sea Holding
12-ETC-Adubos Maheshkumar Raojibhai Patel, ETC Group, ETG Inputs Holfco, Limited, Agro
Industries, Limitada
17-Olam Moçambique Actua em Moçambique desde 1999.É controlada pela Olam Internacional, com sede
em Singapura. É uma das maiores empresas de agronegócios do mundo, com presença
em 70 países. Fomenta a produção e distribuição de produtos agrícolas em
Moçambique. Ao longo do Corredor (Beira) possui uma refinaria de óleo alimentar.
Possui também uma unidade de descaroçamento de algodão na Beira.
18-Sermoz Grupo Mesquita (60%) e Mespar, Limitada (40%). Actua na área de consultoria,
prestação de serviços, aluguer de equipamentos e comércio geral.
19-Substantia International
Trading
Agenciamento e comercialização de bens e serviços detida por Samir Thakran e
Nelesh Aswin Goradia
20-Transcom Sharaf Tem por objecto principal a actividade de armazenamento e logística de mercadorias.
É detido Guy Harvey e Kapil Celly. Brae Breeze Hoding Limitada é o sócio
institucional.
21- Chele Participada pela família Chele, nomeadamente António, Vitória e Francisco
22-Grupo Mesquita Holding da Família Mesquita
23- Transportes Lalgy Empresa da família Lalgy. (Najibuniça Cassamo Ismael Lalgy
Luís Junaide Ismael Lalgy
Élio Ibrahimo Ismael Lalgy
Rui Iasser Ismael Lalgy
Anselmo Aly Lalgy
Zaina Ismael Lalgy
Sheila Aly Lalgy)
Com um capital de cerca de 11 mil milhões de meticais está envolvida em transportes
mistos, compreendendo o transporte de cargas, passageiros e turismo pelas rotas
nacionais e estrangeiras. A família Lalgy está envolvida também em vários sectores da
actividade, como construção civil, investimento no futebol, produtos alimentares e tem
apoiado o partido Frelimo em campanhas eleitorais.
24-Companhia de Vanduzi Nuno Miguel Perreira Cabeçadas (nacionalidade portuguesa) e Mozfoods, SA
25-FrutiManica Agriza Messinza-50% (Malcom Guy Wiggins-zimbabweano) e Fruta de Ouro,
Limitada 50% (David Florester Smithe-zimbabweano)
26-Empresa de comercialização
agrícola
Pequenos agricultores controlam 45% e os remanescentes 55% são da AgeDevCoorganização sem fins lucrativos registada no Reino Unido
27-Mozambique Honey Company Africa Agricultural Development Company Moçambique, Limitada ;
(Andrew Charles Kingman-britânico e Milagre Orhl Fabião Nuvunga-moçambicano)
Fundação ou Associação de Apicultores de Manica;
V e M Grain, Limitada. É uma sociedade sedeada em Manica, que tem por objectivo
o exercício das actividades de compra, processamento, empacotamento e venda de
mel, cera, e outros produtos florestais e fanáticos e ainda mais a prestação em geral de
serviços acessórios, complementares ou similares a: Agricultura, em específica
Apicultura:
28-Portucel Envolvida em actividade agrícola e florestal para produção de pastas celulósicas, de
papel e energia e seus derivados e afins. A Portucel Moçambique é controlada pela
portuguesa The Navigator Company (antigo grupo Portucel Soporcel) e é a empresa
que explora a maior área plantada de eucaliptos em Moçambique.
30- RGB Participada pelo cidadão Francisco Sabia Massuanganhe e pela RGB Serviços e
Investimentos Moçambique, Limitada.
Fonte: Construído pelo autor com base em vários Boletins da República.
Corredor da Beira: um enclave ao serviço do hinterland
13-Global Marine Services, Lda
Participada por Bercêncio Lourenço Vilanculo Júnior, Jefferson de Cândida Bercêncio
Lourenço Vilanculo, Emerson Lourenço Vilanculo, Bercêncio Lourenço Vilanculo
Empresa está envolvida em toda actividade relacionada com prestação de serviços na
área de transporte de carga líquida ou gasosa, secas, marítimas, aéreas ou terrestres;
Serviços de logística completa, agenciamento de navios, agenciamento de mercadorias,
serviços auxiliares de estiva, frete fretamento, agente transitário, peritagem
superintendida, desembaraço armazenagem, distribuição e outros serviços que possam
ser requeridos pelos clientes de tempo em tempos bem assim os serviços de estiva.
14-Independente Beira Logistc
Terminais
Empresa cuja actividade é o desenvolvimento e gestão da actividade de terminal,
logística e serviços;
Transporte e Logística e Armazenagem e conservação. É participada pela Beira
Logistics Terminal, Limitada e JJ Transportes, Limitada.
15-Mediterranean Shipping
Company
Empresa de agenciamento de navios, cargas aéreas, marítimas, ferroviária e rodoviária,
angariação de fretes, fretamento de cargas; actividade transitária e armazenagens,
despachos e conferência de cargas; prestação de serviços auxiliares de estiva; transporte
marítimo internacional, cabotagem nacional e tráfego local; gestão e operação de áreas
para manuseamento, armazenagem e reparação de contentores em trânsito
internacional ou nacional. Participada pela Mediterranean Shipping Company (PTY),
Limited;
Medite Marine Services (PTY), Limited
16-NewSpeed international, Lda Empresa de transporte e logística, construção civil, obras públicas, obras particulares,
indústria, turismo, comércio geral com importação e exportação, actividades mineiras
e seu processamento, prestação de serviços, imobiliária, comércio de veículos e seus
acessórios. É detido por duas cidadãs chineses, nomeadamente, Hui Sun (80%) e
Xiangle Mo (20%). Possui um capital de 500 mil meticais.
cedeu um financiamento inicial de
USD50 mil a título perdido para
50 farmeiros zimbabweanos. Parte
destes farmeiros abandonou Manica para a África do Sul. Um dos
grandes problemas para o colapso
é que os agricultores que fugiram
do Zimbabwe estavam habituados
a uma grande estrutura de apoio à
agricultura naquele país, situação
que não encontraram em Moçambique.
A Vilmar Roses, que exportava rosas de Manica para Europa,
fechou nos princípios de 2006.
Manica é uma província com um
enorme potencial agro-ecológico
e capital humano e atrai a cobiça
de vários investidores. De acordo
com Hanlon e Smart (2013), num
artigo intitulado “Making money
farming in Manica”, os problemas
enfrentados pela agricultura e pela
redução da pobreza pareciam esmagadores e intratáveis: mercados
inseguros, insumos inadequados,
pouca assistência técnica e nenhum
crédito e investimento. A primeira
resposta do governo e de outros foi
atrair estrangeiros com habilidades
e capital. Após a reforma agrária do
Zimbabwe em 2000, Moçambique
acolheu agricultores brancos que
perderam terras e ofereceram-lhes
terras em Manica. Dos 50 agricultores originais, apenas três permanecem.
Um dos indicadores reveladores da
complexidade de apoios à agricultura, sobretudo, no acarinhamento
de investidores estrangeiros está
no artigo da The Economist (13 de
Abril de 2013), citado por Hanlon e
Smart (2013). Segundo estes autores, a The Economist relatou que, de
18 fazendeiros brancos do Zimbabwe que se estabeleceram no estado
de Nasawara, na Nigéria, sete anos
atrás, a convite do então governador,
apenas uma família ainda estava lá.
O sobrevivente citado no livro de
Hanlon e Smart, Bruce Spain, explicou: “Não há marketing organizado aqui. Nenhuma placa de
marketing, nada - na Nigéria você
está por sua conta. No Zimbabwe,
você sabia qual era o seu preço de
pré-plantio - e o governo garantia
a compra do que você plantou. Não
há estruturas de apoio. No Zimbabwe, você enviava uma amostra de
solo para a empresa de fertilizantes
e eles diziam que tipo seria melhor.
Não há nada assim aqui. E não há
crédito, por isso é difícil encontrar
capital de investimento”. Este depoimento pode ajudar a explicar o
fracasso dos farmeiros zimbabweanos em Manica.
Como que a transitar da fracassada experiência de promoção da
agricultura familiar para uma nova
experiência de grandes plantações,
o governo de Moçambique aceitou receber a proposta da empresa
portuguesa Portucel para ocupar
milhares de hectares de terras na
Zambézia e em Manica (duas das
províncias mais aráveis do país) para
nelas plantar eucaliptos – matéria-
-prima para produção de polpa de
papel.
2XWURVFRQÁLWRVDRORQJRGR
Corredor da Beira
Para além do conflito entre o grande
capital estrangeiro (por ex., Portucel
Moçambique) e as comunidades locais à volta dos direitos de posse e
uso da terra, o Corredor de Desenvolvimento da Beira é uma panela
de pressão com vários potenciais
volumes de investimento directo
estrangeiro em linha com o extractivismo, secundarizando a economia e as comunidades locais não
pode evitar o conflito. A mudança
de designação de “corredores” para
“corredores de desenvolvimento”,
na premissa de que essa mudança
se possa traduzir numa abordagem
diferente em termos de conexão
entre capital estrangeiro e resolução de problemas locais não passou
de um fracasso. Assim, longe de se
transformar o Corredor da Beira
em Corredor de Desenvolvimento
da Beira apenas se consolidou o seu
carácter de enclave e se robusteceu
a sua capacidade de servir os países
do hinterland (Conning e Robinson
2009).
Na linha argumentativa de Fonseca (2003), “da mesma forma que
Portugal colonial revelou uma incapacidade política histórica para
controlar efectivamente o desenvolvimento das suas colónias e explorar
de forma eficiente os recursos das
mesmas, permitindo a entrada de
companhias estrangeiras e aceitando, impotente, decisões políticas de
outros países, sobre os seus territórios, também Moçambique actualmente, e desde a Independência,
tem revelado uma forte debilidade
política no campo das relações internacionais, daí resultando muitas
limitações à aplicação de um modelo de desenvolvimento socioeconómico concebido e construído internamente, pelo próprio país.” Ora, a
questão de fundo não é a local de
fabrico (“o made in”) do modelo de
desenvolvimento em vigor, mas sim
a sua natureza, funcionalidade e finalidade.
Independentemente de onde for
concebido o modelo de desenvolvimento, o seu efeito dependerá sempre de factores de como esse modelo cria, reforça e reproduz enclaves,
coloca a economia – neste caso o
Corredor da Beira – mais ao serviço dos interesses exteriores e menos
ao serviço da economia local ou ele
serve, à partida, interesses nacionais
– no sentido de estratégia económica nacional e não de empresas registadas em cartórios nacionais.
Por esta razão, a prevenção de conflitos, sejam eles entre investidores
estrangeiros e nacionais, ou entre
investidores e comunidades locais,
ou ainda entre actividades económicas concorrentes entre si, só é
possível com uma mudança de paradigma. Procurar evitar reassentamentos de camponeses, ou evitar
perda de terras aráveis sem sair do
modelo económico que vive e sobrevive de usurpação de terras e de
reassentamentos é simplesmente
contraproducente, porque afinal os
reassentamentos são feitios do modelo e não defeitos.
1 A pesquisa completa está disponível em http://
omrmz.org/omrweb/publicacoes/or-70-a-economia-politica-do-corredor-da-beira/ Todas
as referências estão disponíveis nessa versão
completa.
Principais empresas que operam no Corredor da Beira e seus proprietários
16 Savana 01-03-2019 DIVULGAÇÃO DESPORTO
Apesar de várias intervenientes no combate à violência baseada no género a todos os níveis e já com
resultados aceitáveis em termos da conscientização da sociedade sobre o impacto nefasto do fenómeno, as zonas rurais continuam a ser focos de casamentos
prematuros o que emperra o futuro de muitas crianças no país.
Angelina Lubrino, directora Nacional do Género no Ministério do Género, Criança e Acção Social (MGCAS) defende
que o combate à violência, seja ela baseada no género ou não,
“é uma acção que deve envolver todos os segmentos sociais
para o seu sucesso”.
Falando sobre o Mecanismo Multisectorial de Combate à
Violência Baseada no Género, criado pelo Governo em 2012
e coordenado pelo MGCAS que inclui os sectores de Saúde,
Interior, Justiça (através do IPAJ) e Organizações da Sociedade Civil, Lubrino disse que o fórum permite que todas as
vítimas de violência tenham recurso para a resolução do seu
problema, a partir dos gabinetes existentes em todas as esquadras do país, para responder a situação de violência.
“Esta é a forma que o governo encontrou para resolver, de
forma imediata, a situação daquele cidadão que se encontra
nas zonas recônditas e que está numa situação de vítima de
violência baseada no género. Portanto, isto visa resolver com
rapidez os problemas que podem ocorrer ao nível da comunidade”, disse.
Sobre as responsabilidades de cada sector envolvido nesta iniciativa contra a violência baseada no género, a nossa entrevistada referiu que o sector da Saúde tem o papel de cuidar da
saúde da vítima, enquanto a polícia é chamada a garantir a
segurança da mesma.
“O IPAJ faz o seguimento do caso do ponto de vista jurídico
e o MGCAS faz o acompanhamento e a inserção da vítima
depois de tudo estar resolvido, estar apaziguado para a pessoa
voltar ao convívio no seu meio social porque muitas vezes
acaba havendo situações de divórcio e as pessoas terminarem
ficando em locais separados”, contou.
Para a directora Nacional do Género, o sector social tem o
papel de intervenção psicossocial e trabalha com as duas pessoas, tanto a vítima, como a pessoa que cometeu a violência de
modo que haja reconciliação para permitir que os dois voltem
à vida normal.
“Fazemos intervenção psicossocial nas crianças porque sofrem traumas e precisam de um trabalho para que voltem à
sua vida normal”, esclareceu Angelina Lubrino, sublinhando
que estas actividades têm um impacto positivo e vasto na medida em que reconcilia famílias.
Questionado sobre que avaliação faz sobre a situação de
violência baseada no género em Moçambique, a nossa entrevistada disse que a ideia de que a violência está a atinZonas rurais continuam focos de violência
Apesar de maior consciencialização no país
gir proporções alarmantes é resultado do facto das comunidades,
principalmente urbanas, terem ganho a consciência dos males da
violência e passarem a denuncia-la.
“A violência era uma situação de portas fechadas onde marido e
mulher batiam-se dentro das quatro paredes e o assunto morria ai.
Mas, hoje as coisas mudaram devido aos instrumentos criados pelo
governo e outros, internacionais e ou regionais, divulgados através
dos media”, explicou.
Um dos momentos de divulgação desses instrumentos são campanhas dos 16 Dias do Activismo que decorrem anualmente de 25 de
Novembro a 10 de Dezembro no país, e não só, onde “falamos especificamente da violência e nessas campanhas procuramos chegar
até ao local mais recôndito do distrito”, afirmou.
Mais adiante, a directora Angelina Lubrino afirma que o desafio da
sua direcção é a consciencialização da população que se encontra
nas zonas rurais desprovida de informação sobre como denunciar
actos de violência baseada no género.
“A violência que nós registamos hoje não reflecte na totalidade o
que está a acontecer na sociedade. Existem casos de violência nas
zonas rurais que são resolvidos pelos líderes comunitários e tudo
termina por lá e não chegam ao conhecimento do governo. Este é
ainda o nosso desafio”, disse.
Explicou que os governos provinciais estão a trabalhar com os distritos, postos administrativos e localidades na tentativa de estancar
a violência baseada no género. “É uma campanha e como tal todos
devem estar em movimento, desde a sociedade civil, ONG e governo para que de facto possamos atingir o objectivo almejado. Estamos a trabalhar até à base para a resolução deste problema”, disse.
“O mecanismo multisectorial visa resolver com rapidez os problemas da Violência Baseada no Género que podem ocorrer ao nível da comunidade”, Angelina Lubrino, directora Nacional do Género no
MGCAS
Savana 01-03-2019 17 DIVULGAÇÃO
Os casamentos prematuros têm sido responsáveis
pela desistência das raparigas do processo de ensino e aprendizagem. Dados do Ministério da
Educação e Desenvolvimento Humano indicam
que perto de três mil raparigas abandonaram a escola em
2017 em consequência de gravidezes precoces, também fortemente ligadas à casamentos prematuros.
Sobre esta questão, a directora Nacional do Género no MGCAS, Angelina Lubrino, considera ser preocupação do sector social no país e observa “do ponto de vista de intervenção,
a Direcção Nacional da Criança tem o papel de combater
os casamentos prematuros, enquanto a do Género faz o trabalho de sensibilização tomando em consideração que ela
(a criança) foi tornada adulta precocemente no processo de
violência.
“Quando uma criança é forçada a casar-se, ela deixa de brincar e de viver como uma criança e passa a ter a responsabilidade de cuidar de casa e de outra criança, uma vez que, vezes
sem conta, os casamentos prematuros são acompanhados de
gravidezes precoces. Quando isto sucede, o trabalho de sensibilização desta menor é feito ao nível da Direcção Nacional
do Género, em articulação com outros intervenientes”, disse
Angelina Lubrino.
Mais adiante, afirmou que a Direcção Nacional do Género
tem trabalhado no sentido de sensibilizar a rapariga a deixar
de viver naquele meio e empoderá-la economicamente para
que possa ser auto- sustentável. “Isto porque ela já experimentou uma vida com um homem como seu companheiro
Empoderar menores em situação de
casamento prematuro
e provavelmente tenha um filho. É verdade que vai continuar a
estudar, mas as suas oportunidades acabam- se reduzindo. Então
temos que empoderar esta rapariga, capacitando-a através de habilidades que ela tem. Depois da capacitação, oferecemos um kit
em função da sua formação, para poder iniciar um negócio, na
casa dos pais ou dos avós, dependendo de onde ela estiver a viver”.
A nossa entrevistada lamentou o facto de algumas lideranças não
terem ainda assumido uma única postura em relação aos casamentos prematuros, tomando dois posicionamentos, um quando
está com as autoridades centrais demonstrando total impugnação
e outra quando está com a comunidade, mostrando-se, em certos
casos, coniventes.
“As nossas lideranças comunitárias ainda não têm uma única posição em relação aos casamentos prematuros. Quando as nossas
brigadas escalam as localidades, mostram- se a favor das políticas
do governo central. Mas, quando estão diante da sua comunidade
têm outro posicionamento. Isto acontece porque ainda não acham
que seja momento oportuno para mudar esta realidade na sua comunidade, pois muitas vezes os casamentos prematuros são vistos
como meio de satisfação de necessidades financeiras”, sublinhou.
Questionada sobre que idade se considera casamento prematuro
ou forçado, Angelina Lubrino diz que à luz da lei de família em
vigor no País, o casamento é prematuro quando ocorre antes dos
18 anos. Porém, “há casos em que a lei permite casamento a partir
dos 16 anos, mas somente quando há consentimento em primeiro lugar, da rapariga e depois dos pais. A nossa luta é que toda e
qualquer união matrimonial seja a partir dos 18 anos de idade,
sem excepções”, concluiu.
“As nossas lideranças comunitárias ainda não têm uma única posição em relação aos casamentos prematuros…”, Angelina Lubrino
18 Savana 01-03-2019 OPINIÃO
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Cartoon EDITORIAL
N
uma altura em que a Anadarko atingiu o número mágico
(9.5 milhões de toneladas/ano) de pré-vendas para anunciar a decisão final de investimentos na Área 1 na Bacia de
Rovuma, um grupo de jihaddistas, em quatro acções em simultâneo, atacou um “comboio de viaturas” da petrolífera, a 20 km
do seu centro de operações, aumentando as incertezas sobre o futuro
da região de Cabo Delgado, actualmente a mais importante placa
giratória de todas operações de gás no país.
O ataque a interesses de uma multinacional pode ser, ostensivamente, a forma que os autores encontraram para que a sua presença em
Moçambique passe a constar do mapa mundial. Foi assim, há anos,
com um ataque a um centro de produção, numa zona remota da
Argélia,
Investir militarmente contra alvos empresariais da maior potência
do mundo é um dos rituais de ingresso a um estatuto maior, um
atrevimento que não está ao alcance de muitos. A Anadarko reduziu
substancialmente os trabalhos no local de construção e a movimentação de pessoal encontra-se restringida a mínimo. O processo de
reassentamento, que deveria começar este mês, também foi suspenso, o que mexe com todo os cronogramas. O estado-maior da petrolífera esteve, esta semana, em Maputo, a reavaliar a situação.
Se são malfeitores, como as autoridades governamentais os tratam,
já não são malfeitores quaisquer, se se confirmar que as gigantes petrolíferas e as empresas subcontratadas passam a ser um dos principais alvos dos ataques.
Mais uma vez, o laxismo das autoridades moçambicanas vai servir a
muitos, menos aos legítimos interesses do país: oferecer de bandeja
a uma multinacional ou ao seu país de origem, por sinal a maior
potência militar do planeta, o exercício de tarefas de soberania que
normalmente são da competência do país anfitrião: defesa e segurança. Quem deve estar na expectativa é o mercenário Erik Prince,
que se oferece para montar um projecto de inteligência e segurança
militar para travar os ataques militares no norte de Moçambique.
O incidente de Afungi pode ter repercussões gravíssimas para o
argumento, agora mais fragilizado, de manutenção de lei e ordem
a cargo de forças nacionais. Se o Estado moçambicano não pode
assegurar a protecção dos avultadíssimos investimentos, de que tão
desesperadamente precisa, então o caminho estará aberto para que
os outros o façam. Não é apenas uma questão de auto-estima, são
também contribuições importantes que têm revertido para as forças
de defesa e segurança, desde o tempo das escoltas aos barcos que
levavam o material de perfuração às plataformas, a partir do porto
de Pemba.
Também, mais uma vez, os Serviços de Informação e Segurança
do Estado (SISE), muito “competentes” e “solícitos” na perseguição
a políticos da oposição em tascas, a funcionários do Estado “mal-
-comportados” ou na “análise de mexericos” dos membros das organizações da sociedade civil, voltam a manifestar uma impotência
grosseira na neutralização de focos de atentados aos bens essenciais
da comunidade moçambicana. Os serviços de informações e a academia podem e devem encontrar soluções para a instabilidade no
norte de Cabo Delgado, cuja panóplia de vectores são um verdadeiro
“cocktail molotov” com espoleta ao retardador.
A história, no caso do Estado moçambicano, volta a mostrar que
nada se aprende do passado. Os antecedentes de todos os conflitos
militares que grassaram o país começaram por ser ignorados, sendo
levados a sério, apenas depois de feita a contabilidade dos horrores.
Após o ataque da quinta-feira da semana passada, o governo anunciou o envio de um contingente para proteger as petrolíferas. O
governo deveria ter anunciado o reforço da protecção a todos os
que vivem e trabalham em Cabo Delgado. O ministro do Interior,
garantiu que o Governo tem a convicção de que irá consolidar o
ambiente de segurança, não apenas nos acampamentos das petrolíferas, mas nos locais de trabalho destas empresas. Resta saber se essa
garantia será suficiente para tranquilizar as petrolíferas que actuam
na Bacia do Rovuma.
E tranquilizar os moçambicanos, que, para já, vêm nas petrolíferas o
seu próprio inferno.
Incertezas em Cabo Delgado
E
m 1917, um urinol branco de
porcelana, em cujo rebordo
lateral se lia toscamente pintado o pseudónimo R. Mutt foi
submetido à apreciação do júri que
seleccionava as peças para a Exposição da Sociedade para Artistas Independentes de Nova Iorque. O urinol,
que tinha um nome: A FONTE, foi
rejeitado, mas a sua fotografia, de Alfred Stieglitz, apareceu na revista The
Blind Man, onde se defendia a peça da
acusação de que seria «uma mera peça
de canalização», e na legenda lia-se: «É
irrelevante que o senhor Mutt tenha
ou não tenha feito a fonte com as suas
próprias mãos. Mutt ESCOLHEU-
-A. Pegou num objecto vulgar do dia-
-a-dia, colocou-o de modo a que o
seu significado útil desaparecesse sob
o novo título e perspectiva – criou um
novo pensamento para esse objecto.»
Divulgava-se assim o conceito de «ready-made» desenvolvido por Marcel
Duchamp, que até fazia parte do júri
da exposição e que, supostamente, de
uma forma provocatória, teria enviado
o mictório para a mesma.
Este gesto cindiria a arte em duas.
Em 2004, a Fonte foi descrita na imprensa britânica como a obra de arte
moderna mais influente de sempre, já
se escreveram centenas de livros sobre
a revolução que a peça ocasionou nos
rumos da arte e milhares de artigos
corroboram desde então o bifurcamento das práticas artísticas, sobretudo
desde que a Art Pop e a Arte Conceptual
tornaram o autor de Nu Descendo as
Escadas como seu profeta.
E a categoria de Belo foi à viola; que
um objecto artístico tivesse ou não
propriedades estéticas tornou-se irrelevante, pois arte passava a ser o que o
sistema institucional da arte designava
como arte, ou validava-se mediante o
penhor do nome do artista. O que redundou numa enorme liberdade, mas
igualmente abriu as portas aos maiores
Um urinol desvalorizado
embustes, que têm por exemplo expressão num “artista” como Jeff Koons,
uma verdadeira pop-star.
O que está em questão foi resumido,
de forma talvez demasiado sucinta
pela brasileira Valentina Corrêa Trigo, mas serve como primeira reflexão:
«Por que ninguém fala mais em Picasso
e tanta gente ainda se inspira em Duchamp? A resposta é simples: a arte de
Picasso exige talento, técnica, reflexão
sobre a vida e a História, enquanto Duchamp, por genial que tenha sido em seu
momento, traz uma mensagem muito
mais fácil de ser assimilada e copiada:
qualquer um pode ser artista.»
Quando Duchamp morreu o Picasso
comentou «Duchamp foi um artista
que se enganou, e muito». O tempo, contudo, parecia correr a favor de
Duchamp, mais influente hoje do que
Picasso.
A ironia detonou, de manselinho
modo, nos últimos tempos. Afinal, o
“engenheiro dos ready-made” ludibriou toda a gente. ELE NEM SEQUER ESCOLHEU. O mais célebre
mictório do mundo, o qual foi objecto
de réplicas, autorizadas por Duchamp
e vendidas por milhares de dólares a
alguns dos museus mais proeminentes
do mundo (o Centre Pompidou em
Paris, o Tate Modern em Londres e o
San Francisco MoMA, por exemplo),
pois o urinol deve ser creditado à artista Dada alemã, a Baronesa Elsa von
Freytag-Loringhoven.
Desde 1982, quando apareceu uma
carta de Duchamp em que ele nega
qualquer envolvimento, que vários
académicos, tentam determinar quem
é o criador real. Em 2002, a académica Irene Gammel escreveu na biografia da Baronesa que esta foi pelo
menos parcialmente responsável pelo
trabalho, e, entretanto, numa carta de
Duchamp para a irmã, o artista refere,
preto no branco, que foi mesmo Elsa
von Freitag quem enviou o urinol para
a Exposição de Nova Iorque.
Ora, é muito diferente a provocação
do urinol aparecer da parte de quem
André Breton considerava o homem
mais inteligente do século XX e que
concebeu este projecto de “ready-made
recíproco”: utilizar um Rembrandt como
tábua de engomar”, do que da simpática
baronesa. Duchamp criou toda a vida
objectos artísticos e uma reflexão congruentes com uma obra de que afinal
não foi o autor; em relação à baronesa
a Fonte seria a sua “melhor” obra, pois
foi sobretudo poeta.
Imagino a cena, dado Duchamp e a
baronesa terem sido amantes, ela tem
a ideia e fartam-se de rir com o efeito
que a peça terá junto do júri (de que
Duchamp fazia parte). Ele de manhã
desvaloriza a ideia e diz-lhe que não
vai em frente com o atrevimento. Ela
fica meio perplexa e diz-lhe que vai
enviar o urinol, e ele anui, Força. Depois de observar o efeito que a peça foi
produzindo e que a autoria da mesma
se mantinha o anonimato, Duchamp
apropria-se, e é ela quem então recua,
devido ao crescente prestígio dele. E
foi um dos grandes negócios da vida
dele.
Na sua conversa com Pierre Cabanne,
a dado momento Duchamp refere:
«Quando Rubens ou qualquer outro necessitava da cor azul, tinha de pedir tantos gramas à sua corporação e discutia-se
a questão para se saber se lhe podiam
dispensar 50, 60, ou mais. Eram verdadeiros artesãos…» Sim, eram cedidos os pigmentos consoante o grau de
responsabilidade que fosse inerente ao
artista. Duchamp, nesta perspectiva,
portou-se como um verdadeiro sofista.
No fundo, ele reconhece, apenas forçou
a sorte, pelo que «(…) nunca trabalhei
para viver. Considero que trabalhar para
viver é algo ligeiramente estúpido, desde
o ponto de vista económico». Smart, e
pessoalmente defensável, mas com isso
abriu a caixa de Pandora.
Suspeito que retorna o tempo de Picasso.
COMO É BOM VER UM ROSTO AMIGÁVEL...
Savana 01-03-2019 19
parecer, a verdade é que estão vertidos em papel num processo judicial: o general Higino Carneiro é
um homem importante, representa grandes investidores em Portugal, razão pela qual não pode ser
investigado e o inquérito deve ser
arquivado.
Face a esta postura de arrogância
assumida pelo general Higino
Carneiro perante as autoridades
portuguesas, em que se identifica com o MPLA e com o poder
político angolano, não admira que
esteja surpreendido pelo facto de
se terem atrevido a abrir um processo-crime contra si em Angola,
aplicando-lhe medidas de coacção. O general tem de se apresentar periodicamente às autoridades
judiciais e está interdito de se ausentar do país.
Hoje, o general Higino Carneiro
é arguido em seis processos-crime
relacionados com a gestão danosa
de Luanda enquanto governador
(2016-17): peculato, violação de
normas de execução do plano e
orçamento, abuso de poder, associação criminosa e corrupção passiva e branqueamento de capitais.
Estranhamente, este general, que
se fazia representante do próprio
MPLA, não suspende agora o seu
mandato de deputado, assim prejudicando enormemente o partido. O povo angolano e, em particular, os eleitores do MPLA, que
ele diz representar, merecia esse
gesto de dignidade, de que o general é incapaz.
Como disse o padre António
Vieira, “quem quer mais do que
lhe convém, perde o que quer e o
que tem”.
*makaangola.org
OPINIÃO
621
Email: diariodeumsociologo@gmail.com
Portal: https://oficinadesociologia.blogspot.com
C
orria o ano de 2013. O
general Higino Carneiro,
na altura governador do
Kuando-Kubango, era um
dos homens mais poderosos de
Angola. Quando o “homem grande” caminhava, fosse em Angola,
fosse em Portugal, a terra tremia
sob o peso da sua importância.
Em Lisboa, no Departamento
Central de Investigação e Acção Penal, corria um processo
de inquérito criminal com o n.º
142/12.0TELSB contra o general
Higino Carneiro, por suspeita de
branqueamento de capitais. Era
um daqueles processos que teriam o destino típico na época: o
arquivamento ou o esquecimento.
Nesse tempo, numa peça simbolicamente inacreditável, o advogado
do general, Paulo Amaral Blanco, veio requerer o arquivamento
desses autos. Ao lermos hoje essa
peça, o que impressiona não são
os argumentos jurídicos ou a elegância do raciocínio apresentado,
que aliás não existem, mas sim a
General Higino Carneiro: o Vácuo da Soberba
arrogância brutal, a soberba destes
homens que se julgavam donos do
mundo.
Começa o requerimento por dizer
que o inquérito em curso em Portugal contra Higino Carneiro devia ser arquivado, porque o general
“possui um vasto curriculum vitae,
obtido na antiga União Soviética e, posteriormente, em Angola,
onde desempenhou vários cargos
militares e políticos”. Na perspectiva do advogado, portanto, o facto
de ter estado a fazer algo na União
Soviética e de ter desempenhado
cargos em Angola seria razão para
arquivar um processo-crime em
Portugal! .
Os crimes são actos puníveis que
as pessoas praticam, independentemente da sua categoria social,
económica ou política. Estas categorias apenas poderão relevar
para contextualizar as intenções
do arguido e fixar a medida da
pena. Não têm qualquer relevância
para a determinação da culpa ou
da inocência. Mas vê-se que a elite
angolana não pensa assim. Basta
ser um “homem grande” para não
se ser submetido à justiça. Pensavam assim, e ainda pensam. É
por isso que a actuação de João
Lourenço contra a corrupção os
deixa perplexos. Um homem com
currículo obtido na União Soviética e que tenha ocupado vários
cargos políticos e militares não
deveria ser importunado por uns
magistrados quaisquer, que provavelmente nunca assistiram às brilhantes demonstrações do poder
soviético na Praça Vermelha, em
Moscovo.
Voltando ao requerimento, tentava-se desmanchar a credibilidade do denunciante (embaixador Adriano Parreira) e de uma
testemunha da acusação (Rafael Marques de Morais). Sobre
Adriano Parreira, através do seu
advogado Paulo Amaral Blanco,
o general Higino Carneiro afirmava que era da UNITA e tinha
sido condenado judicialmente em
Luanda. Portanto, Parreira apenas
visava “enlamear o nome de PEPs
[Pessoas Expostas Politicamente]
em Angola, todos eles ligados ao
MPLA, e perturbar e condicionar
o MPLA e o seu líder”.
O raciocínio era o seguinte: acusar o general Higino Carneiro é
acusar o MPLA, consequentemente, é ilegítimo. Volta-se agora
a defender o argumento de que os
dinheiros desviados por Higino
foram para o MPLA, promovendo a fraude eleitoral. Obviamente,
tais especulações são desmentidas
pelas autoridades oficiais.
Sobre Rafael Marques, o general
Higino Carneiro defendia que
este teria “feito acusações sobre
factos fantasiosos de corrupção”.
Como está hoje mais do que comprovado, as denúncias publicadas
por Rafael Marques obedeceram
a rigorosos critérios jornalísticos e
são confirmadas pelas variadas investigações judiciais lançadas pela
Procuradoria-Geral da República.
Mais adiante, o mandatário do
general Higino Carneiro brinda
as autoridades portuguesas com
um “mimo” que as deve ter feito
corar de vergonha. Escreve ele: “A
República de Angola desempenha
um papel fundamental e muito
importante para a recuperação da
economia portuguesa”. O que tem
isto que ver com o general? Nada
e tudo. Trata-se de uma afirmação
que deixa plasmado o pensamento reinante em Angola, já antes
mencionado. Os dirigentes angolanos estão a investir em Portugal,
por isso devem permanecer imunes a qualquer investigação, caso
contrário desinvestirão, e Portugal entrará em falência. Por mais
primários que raciocínios possam
Por Moiani Matondo*
N
o último ano centenas de
fenómenos climáticos extremos - ondas de calor,
inundações, secas e tempestades - afectaram centenas de
milhões de pessoas em todas as
regiões do mundo, incluindo Portugal e Reino Unido.
A temperatura média subiu 1°C
desde a década de 1850, mas esse
valor pode acelerar rapidamente
para 1,5°C nos próximos 12 anos, o
que poderia traduzir-se numa perda irreversível de glaciares, e uma
subida de subida do nível do mar
de vários metros.
Com um aquecimento acima de
2°C, tudo pode acontecer. Os recifes de coral morrerão, centenas de
milhões de pessoas sofrerão mais
do que com uma subida de 1,5°C,
e haverá impactos inimagináveis
na natureza e nos ecossistemas dos
quais dependemos. A investigação científica indica que isso pode
acontecer dentro dos próximos 12
anos e segundo a ONU, se continuarmos na trajectória actual,
seriam precisas duas Terras para
acompanhar o crescimento do consumo e da população.
Então o que devemos fazer de forma diferente? É essencial haver
novas abordagens na política, na
economia e na sociedade. Por um
lado, as alterações climáticas são o
desafio global mais complexo da
história da humanidade. Mas por
outro, também pode ser simples:
“limpar” a economia mundial dará
uma resposta a este problema, tornando-nos mais felizes, saudáveis e
prósperos. Foi disso que falei com o
Ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos
Fernandes, em Lisboa na semana
passada.
Energia, transportes, agricultura e
indústria mais limpos e sustentáveis, traduzem-se em energia mais
barata, mais e melhores empregos,
ar mais limpo, melhor saúde e nutrição, e cidades mais habitáveis. O
“Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050” de Portugal demonstra como o Governo Português está
a levar esta questão muito a sério, à
semelhança do Governo Britânico.
Todos têm um papel a desempenhar. As crianças estão a mostrar
aos pais o caminho certo, reciclando e preocupando-se com os
animais e o meio ambiente. Os
cientistas devem comunicar eficazmente as provas que existem. A
comunicação social deve noticiar o
que está a acontecer. As empresas
devem limpar as suas cadeias de
abastecimento e abraçar uma economia circular de baixo desperdício. A sociedade civil deve ajudar as
comunidades a envolver-se e a agir.
Os governos devem criar estruturas
que sustentem esses esforços.
Há muitos sinais encorajadores.
Em 2018 o RU comemorou o
10º aniversário UK 2008 Climate
Change Act - a primeira lei climática em todo o mundo - e reduziu
as emissões de carbono “per capita”
mais rapidamente do que qualquer
país do G20. Celebrámos recentemente o nosso 1º dia sem energia
à base de carvão, desde 1882. Portugal está na primeira linha das
energias renováveis, tendo como
objectivo produzir 80% da energia a partir de fontes renováveis
até 2030. Partilhamos o interesse
pela energia eólica offshore. O RU
detém 40% da capacidade eólica
offshore mundial, e Portugal está a
construir o seu primeiro parque eólico offshore na costa norte do pais.
O sector das tecnologias com baixa
emissão de carbono no RU está a
crescer a um ritmo quatro vezes superior do que o resto da economia.
Mas há muito mais a fazer no RU
e a nível internacional, juntamente
com parceiros como Portugal.
Este é um desafio global que abrange finanças, saúde, educação, energia, agricultura, indústria, habitação
e transportes. Temos de assumir os
prejuízos que causámos, e a escala e
a urgência do desafio. Mas também
temos de ter energia para agir, para
bem dos nossos filhos e das gerações futuras. Podemos e devemos
passar de uma abordagem que destrói o nosso ecossistema, para outra
que prospera dentro dele.
Representante Especial do Governo
Britânico para as Alterações Climáticas
A 12 anos de uma potencial catástrofe
climática - como recuar da beira do
precipício?
N
o racismo actua-se por marcadores físicos - é a racialização
do social; no etnicismo, por marcadores simbólicos (língua,
anterioridade de chegada a um território) da comunidade
imaginada de origem - é a etnicização do social; no xenofobismo, por marcadores simbólicos alargados ou globais da comunidade imaginada alargada (nação) - é a nacionalização do social. No
racismo temos a visibilidade somática, no etnicismo a visibilidade
das pequenas raízes originárias e, no xenofobismo, a visibilidade
agrupada das grandes raízes originárias. É racista quem defende a
superioridade sócio-genética de um grupo; etnicista quem defende
a superioridade da sua comunidade imaginada de origem; xenofobista quem defende a supremacia de uma nação. Nos três casos
temos a luta pelo monopólio dos recursos de poder em função de
marcadores: pigmentação no primeiro caso, pequena comunidade
imaginada no segundo, grande comunidade no terceiro.
Racismo, etnicismo e
xenofobismo
Por Nick Bridge*
20 Savana 01-03-2019 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
“
Afinal não era hoje que iam decidir para ele ir ficar preso na
América?” Ouvi esta pergunta
algures na cidade de Maputo,
enquanto esperávamos pelo transporte
semi-colectivo, vulgo “chapa 100”. Uma
pergunta que não esperava por uma resposta, mas que expressava um desejo de
justiça. Nesse mesmo lugar, paragem de
ocasião, alguém desconfiado ainda disse: “Estão a demorar muito com ele; os
advogados devem estar mais interessados em mamar-lhe as molas. Andamos
a pressionar o Governo sul-africano
não sei porquê. Querem-lhe fazer voltar
para Moçambique para depois lhe darem pudim envenenado. É melhor ele
ir para a terra do Trump do que esperar
ser apagado por cá.” A referência ao pudim criou-me algum interesse. Ah, sim,
o pudim. Ao olhar para um dos presentes no local onde nos encontrávamos
Como o pudim nos (des)uniu
deu para perceber que ele queria perguntar
o que era um pudim. Afinal, quando sabemos o que é um pudim somos tentados a
pensar erradamente que toda gente à nossa volta também sabe o que é um pudim.
Mais grave fica se falarmos em pudins envenenados. Ainda olhei para o indivíduo e
perguntei-lhe, civilizadamente, se sabia o
que era um pudim. “Pudim não são aquelas
coisas das festas? Afinal aquilo é veneno?
Mas eu sei o que é, já ouvi falar. Ou são
aquelas coisas que estão a julgar na África
do Sul sobre as dívidas elegantes?” Ao meu
lado, alguém com muita vontade de lhe dar
uma lambada, fez soar a sua voz de trovão:
“Sabes ou não sabes o que é um pudim? Se
não sabes o que é, não custa nada perguntar”. Não saber o que é um pudim estava
começar a criar problemas. Na defensiva o
outro gritou destemido: “E você sabe o que
é um pudim? Anda aqui a armar-se de um
gajo importante como quem sabe o que é
um pudim, quando afinal não sabe nada!”
Mais do que força foi preciso muita determinação para separar aqueles dois homens
que, ao que parece, não se lembravam que
estavam naquela paragem à espera de um
“chapa”. O que mais nos chamou à atenção
foi mesmo o estrondoso estalo da primeira
bofetada seguida da correspondente resposta do visado. Bofetadas bem esticadas
e certeiras. Tudo por causa de um pudim
que nenhum deles sabia muito bem o que
era. Ao aparecer o “chapa” entramos. No
entanto, o mais molestado evitou entrar no
mesmo. Preferi descer para lhe fazer companhia. Seguiria no “chapa” seguinte. Sugeri a ele que procurássemos a pastelaria mais
próxima para saborear um pudim. Nas pastelarias onde entrávamos, ao invés de nos
dizerem a verdade, diziam que o produto
acabava de se esgotar há alguns minutos.
Fartos de percorrer os mais prováveis locais
de venda de pudins, sentamo-nos num café
ali próximo. Explique-lhe o que era um
pudim, até criar água na boca. Disse-
-lhe que havia pudins armados para
provocar danos ao ser humano. Pudins
que ardiam na boca, aqueles, por exemplo, que contém pesticida orgânico
fosfórico. Pudins criminosos. Preparados por este ou aquele que já não nos
quer bem. Pudins que têm a ver com o
poder. Pudins de um poder em zanga
consigo mesmo. Mas também expliquei que havia pudins saborosos, inofensivos, viciantes. Pudins caprichados
e que faziam esquecer a pobreza. Pouco
depois vimos o servente a colocar na
prateleira um pudim. Virei-me para
ele e disse: “Pudim é aquilo. Vamos
pedir um.” Para meu espanto, de um
momento para outro, fiquei sem aquela
companhia. Sentado onde estava vi-o
a correr para o “chapa” que acabava de
parar. “Um pudim, por favor.”
É
fundamental nestes tempos de tensão estarmos atentos e vigilantes para
potencial uso desvirtuado das prerrogativas do Presidente brasileiro que
deve ser guiada pelo sistema constitucional
de crises.
Esta semana a escalada do conflito na Venezuela ganhou contornos bélicos. Civis
morreram na fronteira atacados pelo exército que defende o Governo. A ajuda humanitária não encontra formas de chegar
devido a fronteira estar militarmente fechada. O Presidente Bolsonaro consultou
os presidentes do Supremo Tribunal Federal, da Câmara e do Senado sobre possibilidade de declaração de guerra contra o
país que sofre opressão diante do Governo
autoritário de Nicolás Maduro.
Ao falarmos de guerra, estamos necessariamente falando de direito internacional. A
Carta da ONU estabelece que os membros
deverão abster-se nas suas relações de recorrer à ameaça ou ao uso da força, quer
seja contra a integridade territorial ou a independência política de um Estado ou por
qualquer outro modo incompatível com os
objetivos da ONU. No entanto, a mesma
carta prevê exceções: (i) a legítima defesa;
(ii) as medidas adotadas ou autorizadas pelos seus órgãos competentes para manter
ou restabelecer a paz e a segurança; (iii) as
medidas adotadas contra anteriores Estados inimigos; (iv) as medidas adotadas por
organizações regionais, no caso das américas a organização de maior relevo seria a
OEA.
No que diz respeito ao direito interno, a
Constituição Federal do Brasil autoriza o presidente declarar guerra, no caso
de agressão estrangeira, autorizado pelo
Congresso Nacional. O presidente deverá
decretar a mobilização nacional que consiste em ato pelo qual se divide a população
entre combatentes e não combatentes. Actualmente o número do efetivo do exército
brasileiro é de 222.234 mil. Este número é
estabelecido todo ano em tempos de paz
por meio de Decreto do Presidente, mas os
reservistas podem ser chamados a integrar
as forças armadas em caso de guerra.
É por isso que o Decreto Lei nº 1.187/1939
diz que em caso de guerra externa, ou para
manter a integridade nacional, todo brasileiro maior de 18 anos e até uma idade
que o Governo fixará poderá ser chamado
a prestar serviço em defesa da Pátria. No
mesmo decreto está previsto o crime de insubmissão que se constitui pelo fato de o
cidadão chamado à incorporação no Exército ou na Marinha de Guerra deixar de
apresentar-se no lugar designado e dentro
do prazo marcado.
Uma dúvida importante: Qual é a capacidade das forças armadas brasileiras?
Exército, Aeronáutica e Marinha juntos,
actualmente tem o maior contingente militar da América Latina. Em 2017 o Brasil registou gastos de 1,4% do PIB com as
forças armadas. De acordo com dados do
GlobalFirepower, que desde 2006 analisa a
situação do poderio militar de 136 países
do mundo, o Brasil é uma potência militar
e está em 14.º lugar no ranking que leva
em consideração quantidade de pessoal e
quantidade e qualidade de armamentos
para construção do indicador de poderio
militar.
Dito isto, qual seriam os efeitos para a sociedade em geral?
A Constituição prevê a possibilidade da
pena de morte em caso de guerra externa
declarada. O instituto que regula a pena
capital em caso de guerra é o Código Penal
Militar, os crimes punidos com a perda da
vida são: traição, motim, revolta ou conspiração e espionagem. A execução da sentença deve se dar por meio de fuzilamento.
Não se pode esquecer que o Brasil é signatário da Convenção Americana de Direito Humanos e nela está previsto que:
(i) em nenhum caso pode a pena de morte
ser aplicada por delitos políticos, nem por
delitos comuns conexos com delitos políticos; (ii) toda pessoa condenada à morte
tem direito a solicitar anistia, indulto ou
comutação da pena, os quais podem ser
concedidos em todos os casos. Não se
pode executar a pena de morte enquanto o
pedido estiver pendente de decisão ante a
autoridade competente.
Outro impacto a ser considerado é que
uma guerra poderia interferir na agenda
do Congresso Nacional e, por consequência na tão falada Reforma da Previdência,
pois trata-se de Projeto de Emenda Constitucional que ficaria suspenso, por determinação constitucional, enquanto durar a
vigência de intervenção federal, de estado
de defesa ou de estado de sítio.
Para além disto, existem as hipóteses de
eventuais medidas que poderiam ser adoptadas contra a população. São possíveis durante o estado de defesa ou de estado de
sítio: A obrigação de permanência em localidade determinada; restrições relativas à
inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão; a suspensão da liberdade
de reunião; a busca e apreensão em domicílio; a intervenção nas empresas de serviços
públicos; a requisição de bens; ocupação e
uso temporário de bens e serviços públicos,
na hipótese de calamidade pública.
É facto que os custos de uma guerra para
a sociedade brasileira são imensos, temos
questões internas prementes que exigem
concentração da liderança política do país.
Urge recordar de nossa experiência bélica do século XIX no Paraguai que gerou
flagrante desequilíbrio orçamentário e no
Tesouro brasileiro, o conflito custou quase
onze anos do orçamento público anual da
época e registou perdas de 50 mil homens.
Portanto, é fundamental nestes tempos de
tensão estarmos atentos e vigilantes para
potencial uso desvirtuado das prerrogativas do presidente que deve ser guiada pelo
sistema constitucional de crises. Faz-se necessário empenho da comunidade internacional na tentativa, sempre mais produtiva,
de solução da crise venezuelana pelas vias
diplomáticas.
*Advogado, cientista social e pesquisador
da Universidade de São Paulo, Instituto de
Relações Internacionais
O Sistema constitucional de crises e
a eventual guerra contra a Venezuela
Por João Pedro Paro*
Savana 01-03-2019 21 DESPORTO
S
e num passado recente Francisco Mabjaia, o
actual presidente da Federação Moçambicana
de Basquetebol (FMB), era uma
figura que transmitia muito respeito e admiração no seio dos
amantes do bola ao cesto e não
só, não fosse ele Primeiro Secretário do Partido na Cidade de
Maputo, desde que foi afastado
do cargo, passam aproximadamente três meses, este deixou de
sê-lo. O que demonstra que foi se
cultivando um culto de personalidade à volta da sua pessoa não
olhando para o abismo com que
este estava a levar a federação e
quiçá, a modalidade.
Na verdade, Mabjaia sempre teve
dificuldades em conciliar as suas
actividades partidárias com as
da direcção da FMB, mas pelo
poder que gozava, derivado do
cargo político que ocupava, foi-
-se transmitindo uma imagem de
um dirigente federativo impoluto, bastante trabalhador e quiçá
proactivo. Daí que tenha continuado a ser intocável, dirigindo
ilegalmente a retromencionada
federação.
Mas porque a verdade sempre
aparece, bastou ser afastado do
cargo de Primeiro Secretário para
virem à ribalta as fragilidades de
um homem que, do ponto de vista
político se diz, de boca cheia, que
foi usado e abandonado. Triste
sina.
Concretamente , Mabjaia está a
Francisco Mabjaia, cada vez mais enfraquecido, prestes a ceder à pressão do Ministério da Juventude e Desportos
O triste fim de um presidente da FMB
Por Paulo Mubalo
dirigir a federação, fora do mandato para tal, desde Junho do ano
passado, perante a condescendência e cumplicidade do Ministério
da Juventude e Desportos, pois
este organismo, de forma patética
continua, via Fundo de Promoção Desportiva, a disponibilizar
apoios. E a única coisa que este
ministério fez até aqui foi dizer
que vai deixar de dar apoios àquela instituição, o que não deixa de
ser uma aberração.
Sabe-se que em Janeiro deste
ano, a FMB efectuou, na cidade
de Chimoio, à margem da realização, naquela parcela do país
, dos nacionais de juvenis , a sua
Assembleia Geral, a qual foi tida
como para enganar os incautos,
pois, não se sabe com que motivação as associações provinciais presentes nesse encontro defenderam
a continuação da ilegalidade. Ou
seja: aprovaram a continuidade da
direcção da Federação encabeçada por Francisco Mabjaia até Dezembro deste ano.
E para que esse desiderato (manutenção do actual elenco) se
concretizasse, as associações argumentavam que havia seleccões
nacionais que estavam envolvidas
em competições internacionais,
como o afrobásquete em seniores
masculinos e femininos, o sub-16
em masculinos e femininos, os
Jogos Africanos em masculinos e
femininos, e o mundial de sub- 19
em femininos, sendo que a entrada de uma nova direcção poderia
mexer com todo um plano de
preparação anteriormente traçado
para essas provas. O que não passa de uma estória para boi dormir.
Volte face
Entretanto, numa posição que
surpreendeu muita gente ligada
à bola ao cesto, segundo noticiou,
recentemente, o jornal Desafio, a
Federação Moçambicana de Basquetebol não terá direito a verbas
do Estado para a realização das
suas actividades, isto no âmbito
dos contratos-programa, tendo
em conta o facto deste organismo,
dirigido por Francisco Mabjaia,
estar a funcionar ilegalmente, ou
seja, fora do mandato.
Esta posição do Ministério da
Juventude e Desportos foi tornada pública, através da vice- ministra, Ana Flávia Azinheira, o que
leva muita gente a pensar que,
claramente, Francisco Mabjaia já
não passa, usando a hermenêutica
popular, de um leão sem garras,
pois, não assusta ao Ministério da
Juventude e Desportos, em especial, porque caso contrário, esta
medida teria sido tomada o ano
passado, logo depois do término
do mandato da actual direcção,
o que não aconteceu. Antes pelo
contrário, assistiu-se a um mutismo fora do normal .
Na retromencionada entrevista ,
Azinheira, explicou que a instituição que dirige está atenta não
só em relação à situação da FMB,
mas também de outras federações
e associações que estão na mesma
situação, o que , à priori, remete ao
entendimento de que o que está a
faltar são medidas mais enérgicas
e coragem para cortar, uma vez
por todas, esse mal.
Para já, perspectiva-se, em função
deste cenário, uma saída de Francisco Mabjaia pela porta pequena,
tal como aconteceu quando este
foi obrigado a deixar de ser Primeiro Secretário da Frelimo na
cidade de Maputo. Consta que
um grupo de membros do secretariado deste órgão submeteu
uma carta, aos órgãos superiores
do partido, com um único ponto
de agenda: a análise do relatóriobalanço do gabinete de preparação das eleições autárquicas de
2018, acto que Mabjaia tentou
impedir logo que percebeu que
pretendiam afastá-lo do cargo.
O relatório em questão, ora reprovado, foi apreciado na última
semana de Outubro passado e
constatou-se que continha um
conjunto de irregularidades que
deviam ser analisadas e corrigidas
para a sua aprovação.
Recorde-se que na missiva endereçada a Margarida Talapa, na
qualidade de chefe da Brigada
Central de Apoio à Cidade de
Maputo, na altura, e submetida a
outros órgãos superiores do Frelimo, os signatários defendiam que
a análise do relatório- balanço era
muito importante para a vida do
partido na cidade.
Mas como a sua queda, diríamos, saída pela porta pequena
era inevitável, em Dezembro do
ano passado, Francisco Mabjaia,
incluindo todo o secretariado da
Frelimo na cidade de Maputo foi
destituído.
Tudo aponta que Francisco Mabjaia sairá pela porta pequena
P
ela primeira vez ,
cerca de 35 atletas
em representação
de nove províncias do país, exceptuando
Niassa e Gaza, sendo 10
juniores, igual número em
seniores e 14 em femininos,
protagonizaram, durante
uma semana, em Inhambane, um dos mais concorridos campeonatos nacionais
de xadrez.
Para já, segundo Mateus
Viageiro, secretário geral da
Federação Moçambicana
de Xadrez, como resultado
do trabalho que está sendo
desenvolvido nas camadas
de formação, alguns atletas
emergentes conseguiram
“passaporte” para a selecção
nacional.
“No ano passado houve
um grande trabalho, o qual
Falta de árbitros tira sono à FMX
está a reflectir- se agora”, disse,
para depois acrescentar que os jovens- atletas estão motivados pelo
tamanho dos prémios que a federação está a disponibilizar, daí que
continuam a treinar muito mais,
tendo como horizonte as próximas competições.
A par disto, destacaram-se no
evento, particularmente em femininos, algumas atletas, sendo uma
de 11 anos e que já faz parte da
selecção nacional, que se revelou
nos últimos jogos desportivos escolares, realizados na província de
Gaza.
Em termos regionais, a província
de Cabo Delgado, com um total
de quatro atletas, foi a que mais
atletas apresentou no certame,
comparativamente às restantes, o
que significa, para a direcção da
FMX, um prémio do trabalho
que está sendo realizado na zona
norte.
“Globalmente o país estava, sob
ponto de vista geográfico, muito
bem representado. Na zona centro havia, também, um número
considerável de atletas, para além
de que este campeonato passou
por várias fases de apuramento
até chegar a esta fase , o que significa que o facto de termos nove
províncias é encorajador e mostra
que estamos no caminho certo”,
afirmou.
Enquanto isto, terminado o campeonato nacional , a FMX vai entrar, doravante, no calendário para
2019-2020, porque a prova anterior era referente à época passada.
“Os vencedores participarão no
campeonato africano, campeonato regional , e este ano teremos,
ainda, os Jogos Africanos, agendados para Marrocos”, anotou
Acrescentou, ainda, que todas as
provas programadas pela FMX
estão a ser realizadas, incluindo
as internacionais, sendo que no
ano passado o país acolheu uma
competição zonal, ou seja, de dimensão africana, com uma das
melhores premiações de sempre.
“Temos feito muito esforço, e só
para ter uma ideia, a organização
do campeonato nacional rondou
por aí em um milhão e seiscentos mil meticais, o que exigiu, da
federação, um desdobrar muito
grande de esforço à procura de
recursos para podermos realizar
estas actividades” .
Quanto à formação, a FMX diz
pretender, com estas acções, elevar o nível dos árbitros e dirigentes, isto porque, desde que o actual elenco tomou posse todas as
provas contaram para o ranking
internacional , faltando replicar
esta ideia para os campeonatos
provinciais.
Em relação aos cerca de 50 dirigentes que participaram da formação, o objectivo é fazer com
que estejam actualizados sobre os
desafios que o desporto, no geral,
enfrenta, num contexto de
escassez de recursos.
Igualmente, a FMX pretende
ver todas as provas organizadas no território nacional a
contarem para a pontuação
da federação internacional da
modalidade, daí a necessidade de formação de árbitros
preparados para cumprirem
com as exigências internacionais para o efeito.
Neste momento, uma das
grandes dificuldades que alguns técnicos enfrentam é
organizar provas que estejam de acordo com as regras
da Federação Internacional
de Xadrez. Neste momento
existem, no país, apenas quatro árbitros com credenciais
internacionais, o que constitui um grande desafio para o
país, a organização de provas
a contar para o raking internacional.
22 Savana 01-03-2019 PUBLICIDADE DESPORTO
Eni Rovuma Basin B.V., Mozambique Branch – Operadora Offshore da Área 4, convida às empresas interessadas a submeterem a sua Manifestação de Interesse para
a prestação de serviços de subcontratação de mão de
REUDORFDOFRPRHVSHFLÀFDGRDEDL[R
ÂMBITO DO TRABALHO
1) Pesquisa de candidatos locais para cobertura de vaJDVSDUDDWLYLGDGHVHVSHFtÀFDVRXSRUXPFXUWRSHUtRdo de tempo, administração plena dos recursos (contratação, folha de pagamento, impostos, segurança
social, seguro de saúde etc.)
2) Administração completa (contratação, folha de pagamento, impostos, segurança social, seguro de saúde
etc.) do recurso sempre que o candidato for nomeado
pela Eni Rovuma Basin B.V., Mozambique Branch
3) Pesquisa e pré-seleção de candidatos locais para coEULUYDJDVSDUDDWLYLGDGHVHVSHFtÀFDVVRE(QL5RYXPD
Basin B.V., Mozambique Branch.
DOCUMENTAÇÃO SOLICITADA
As empresas interessadas neste convite podem submeter a sua Manifestação de Interesse em participar no
processo do concurso para “prestação de serviços de
subcontratação da mão de obra local” fornecendo as
seguintes informações obrigatórias e documentos:
1- Estrutura da Empresa e do grupo com a lista dos prinFLSDLVDFLRQLVWDVHEHQHÀFLiULRVÀQDLV FDVRQmRHVWHMD
cotada na bolsa de valores);
2- Cópia digital autenticada do Registo Comercial, nome
Legal da Entidade e a pessoa de contacto para receber
TXDOLÀFDomRHRXWUDVLQIRUPDo}HVUHOHYDQWHVDSDUWLU
da Eni Rovuma Basin B.V., Mozambique Branch;
&DVRGHVHMHSDUWLFLSDUGD0DQLIHVWDomRGH ,QWHUHVVH
FRPR FRQVyUFLR RX MRLQW YHQWXUH LQIRUPDo}HV VREUH
FDGDPHPEURGRFRQVyUFLRRXMRLQWYHQWXUHHRSDSHO
GHFDGDSDUWLFLSDQWHQRSURMHWRHPSRWHQFLDO (VVDLQtenção de formar um consórcio ou uma JV deve ser
suportada por um Acordo ou “Memorando de Entendimento” devidamente assinado por cada entidade
no grupo;
4- Demonstrações Financeiras dos últimos três anos e
Relatórios Anuais, incluindo Balanço Patrimonial,
/XFURVH3HUGDVH)OX[RGHFDL[DFRPSURYDQGRDFDSDFLGDGHÀQDQFHLUDPtQLPDSDUDH[HFXWDURHVFRSR
Estes documentos devem ser fornecidos para o Grupo
GD(PSUHVD VHDSOLFiYHO HWDPEpPSDUDDHQWLGDGH
GD(PSUHVDTXHSRWHQFLDOPHQWHFHOHEUDUiRFRQWUDWR
em questão;
([SHULrQFLDFRPSURYDGDQDSUHVWDomRGHVHUYLoRVGH
subcontratação da mão de obra local em Moçambique, incluindo quaisquer referências relevantes de
clientes anteriores para a prestação de serviços semeEXPRESSÃO DE INTERESSE
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SUBCONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA LOCAL
OKDQWHVQDLQG~VWULDGH3HWUyOHR *iV
6- Brochura / folheto;
&HUWLÀFDo}HVGRVLVWHPDGH*HVWmRGD4XDOLGDGHH
RX FHUWLÀFDGRV TXH FRPSURYHP D FRQIRUPLGDGH GD
(PSUHVDFRPRV3DGU}HVGH4XDOLGDGH1DFLRQDLVRX
,QWHUQDFLRQDLV SRUH[HPSOR ,62
5HJLVWRGDHPSUHVDHP0RoDPELTXH
0DQXDOGR6LVWHPDGH*HVWmRGD4XDOLGDGHHPFRQIRUPLGDGHFRPDV1RUPDV,QWHUQDFLRQDLVGH4XDOLGDGH ,62
&DSDFLGDGHGHUHDOL]DUDDWLYLGDGHHPGLIHUHQWHVORcais dentro do país;
4XDOTXHU RXWUDLQIRUPDomR TXH HVWDEHOHoD TXH VXD
empresa é capaz de cumprir o escopo do trabalho.
As empresas interessadas deverão submeter as suas MaQLIHVWDo}HVGH,QWHUHVVH DQH[DQGRWRGDDGRFXPHQWDomR
solicitada acima, para o e-mail:
Erb.Public.announcement@eni.com
IMPORTANTE:
2( PDLOGHVXEPLVVmRGHYHUiID]HUUHIHUrQFLDDR$Q~Qcio Público “Prestação de serviços de subcontratação da
mão de obra local” e também ao seguinte código:
SS04AB05 – SERVICES RELATED TO PERSONNEL:
TEMPORARY PERSONNEL
6XMHLWRjHQWUHJDHFRQIRUPLGDGHGHWRGDDGRFXPHQWDção acima, as Empresas interessadas nesta Manifestação
de Interesse poderão receber da Eni Rovuma Basin B.V.,
R3DFRWHGH4XDOLÀFDomR HSRGHPDLQGDVHULQFOXtGDVQR
processo de concurso para as atividades.
A presente consulta não deve ser considerada como um
convite à apresentação de propostas e, portanto, não representa nem constitui qualquer promessa, obrigação ou
compromisso de qualquer tipo por parte da Eni Rovuma
%DVLQ % 9 H VXDV 6XFXUFDLV 0RoDPELFDQDV GH FHOHEUDU
qualquer acordo ou tratado com você ou qualquer Empresa que participe desta Manifestação de Interesse.
4XDOTXHU FXVWR LQFRUULGR SHODV HPSUHVDV LQWHUHVVDGDV
QDSUHSDUDomRGD0DQLIHVWDomRGH,QWHUHVVHVHUiGDWRWDO
responsabilidade das Companhias as quais não poderão
UHFRUUHUjQHPD(QL5RYXPD%DVLQ% 9 HVXDV6XFXUFDLV
Moçambicanas a este respeito.
Todos os dados e informações fornecidos de acordo com
esta Manifestação de Interesse serão tratados como estritaPHQWHFRQÀGHQFLDLVHQmRVHUmRGLYXOJDGRVRXFRPXQLcados a pessoas ou empresas não autorizadas.
A data limite de submissão da Manifestação de Interesse
SRUH PDLOLQGLFDGRDFLPDpÀ[DGDSDUD11 March 2019,
23:59 pm Hora da Africa Central. A Eni Rovuma Basin
% 9 QmR LUi DFHLWDU QHQKXPD GRFXPHQWDomR UHFHELGD
após a data e hora indica.
Savana 01-03-2019 23 PUBLICIDADE DESPORTO
Eni Rovuma Basin B.V., Mozambique Branch – Offshore Operator of Area 4, invites interested companies to
submit Expression of Interest for the provision of outsourFLQJORFDOPDQSRZHUVHUYLFHVDVVSHFLÀHGEHORZ
SCOPE OF WORK
1) Research of local candidates to cover vacancies for
VSHFLÀFDFWLYLWLHVRUIRUDVKRUWWLPHIXOODGPLQLVWUDWLRQ
RI WKH UHVRXUFHV KLULQJ SD\UROO WD[HV VRFLDO VHFXULW\
health insurance etc.)
)XOO DGPLQLVWUDWLRQ KLULQJ SD\UROO WD[HV VRFLDOVHcurity, health insurance etc.) of the resource whenever
the candidate is appointed by Eni Rovuma Basin B.V.,
Mozambique Branch.
3) Research and preselection of local candidates to cover
YDFDQFLHVIRUVSHFLÀFDFWLYLWLHVXQGHU(QL5RYXPD%DVLQ
B.V., Mozambique Branch.
DOCUMENTATION REQUIRED
Companies interested in this invitation may submit their
([SUHVVLRQRI,QWHUHVWWRSDUWLFLSDWHLQDWHQGHUSURFHVV
for “provision of outsourcing local manpower services” by providing the following mandatory information
and documentation:
&RPSDQ\DQGJURXSVWUXFWXUHZLWKWKHOLVWRIPDMRU
VKDUHKROGHUV DQGXOWLPDWH EHQHÀFLDULHV LI QRWOLVWHG
LQWKHVWRFNH[FKDQJH
6FDQQHG FHUWLÀHG FRS\ RI WKH 7UDGH 5HJLVWHU /HJDO
(QWLW\QDPHDQGFRQWDFWSHUVRQIRUUHFHLYLQJTXDOLÀcation and other relevant information from Eni Rovuma Basin B.V., Mozambique Branch;
,QFDVH\RXZLVK WRSDUWLFLSDWHLQ WKH([SUHVVLRQRI
,QWHUHVWDVDFRQVRUWLXPRUDVDMRLQWYHQWXUH LQIRUPDWLRQDERXWHDFKPHPEHURIFRQVRUWLXPRUMRLQWYHQWXUHDQGUROHRIHDFKSDUWLFLSDQWLQWKHSRWHQWLDOSURMHFW
6XFK LQWHQWLRQ WR IRUP HLWKHU D FRQVRUWLXP RU D -9
must be supported by an Agreement or “Memorandum of Understanding” duly signed by each entity in
the group;
/DVWWKUHH\HDUVRI)LQDQFLDO6WDWHPHQWVDQG$QQXDO
5HSRUWVLQFOXGLQJ%DODQFH6KHHW 3URÀWDQG/RVVDQG
&DVK)ORZ6WDWHPHQWSURYLQJPLQLPXPÀQDQFLDOFDpability to carry out the scope. These documents must
be provided for the Company Group (if applicable),
and also for the Company’s entity that will potentially
HQWHULQWRWKHVXEMHFWFRQWUDFW
3URYHQH[SHULHQFHLQWKHSURYLVLRQRIRXWVRXUFLQJORcal manpower services in Mozambique, including any
relevant references from previous clients for the provision of similar services in Oil & Gas industry;
6- Brochure/booklet;
4XDOLW\ 0DQDJHPHQW 6\VWHP FHUWLÀFDWLRQV DQG RU
FHUWLÀFDWHV SURYLQJ WKH &RPSDQ\ FRPSOLDQFH ZLWK
1DWLRQDORU,QWHUQDWLRQDO4XDOLW\6WDQGDUGV H J ,62
&RPSDQ\·VUHJLVWUDWLRQLQ0R]DPELTXH
4XDOLW\0DQDJHPHQW6\VWHP0DQXDOLQFRPSOLDQFH
ZLWK,QWHUQDWLRQDO4XDOLW\6WDQGDUGV ,62
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EXPRESSION OF INTEREST
PROVISION OF OUTSOURCING FOR LOCAL MANPOWER
SERVICES
24 Savana 01-03-2019 CULTURA
ESCOLA SABURA/TEATRO AVENIDA/JORNAL SAVANA
APRESENTAM
“DÁ-ME CEM GRAMAS DE PLATÃO MAL PASSADO?”
Curso sobre Arte e Pensamento, desde as Vanguardas do Século XX até hoje,
administrados pelo professor e escritor António Cabrita.
O curso dirige-se ao público em geral que queira ampliar de forma sistematizada a sua
cultura geral embora tivesse sido concebido tendo como público-alvo os jornalistas que
se queiram especializar na área cultural.
Em três módulos (de dois meses cada, com um intervalo de um mês entre cada um deles)
pretende-se explicar o percurso da arte e do pensamento que fertilizou os movimentos
sociais, no século que moldou definitivamente o nosso olhar e o nosso quotidiano.
Aula Aberta no dia 13 de Março, dia de início do curso.
Cada módulo terá a duração de 2 meses (3 horas semanais).
Só se aceitam 25 inscrições por curso.
Alguns dos tópicos que serão tratados:
1. Nietzsche e a nova sensibilidade artística. Modernidade, hiperestímulo e o início do
sensacionalismo: a dramatização como efeito do Cinema e da Fotografia. As Vanguardas,
caracterologia e manifestos, o seu entrosamento na atmosfera política e a gradual
aproximação entre a arte e a vida. Do Cubismo à Pop Arte, cinquentas anos de uma
«tradição da ruptura».
2. A Agência Magnum. O advento das Indústrias Culturais e o pensamento de Adorno.
Os diferentes regimes culturais (a Cultura de Massas, a Cultura Popular, a Cultura
Humanístico/Erudita, e a Cibercultura: as suas tipologias, características e diferentes
modos de produção). O que é o Mercado de Arte e como actua. O peso das “indústrias
culturais” na actual institucionalização do Gosto. Equívocos e ganhos embutidos na
dinâmica da Globalização.
3. O pós-modernismo e a discussão em torno do conceito. A arte pós-vanguarda. O
pensamento de Walter Benjamin e a sua influência neste panorama. A vídeo arte. Os
efeitos da nova bacia cultural pós-colonial na releitura dos cânones da arte. A tradição, a
crioulagem e o rizoma, em Gilles Deleuze e Edouard Glissant. A China como nova
potência nos mercados da arte. Como se pode defender a identidade africana da diluição
nos mercados globais?
As aulas serão expositivas mas sempre apoiadas em imagens (de pintura, de fotografias,
de arquitectura, de design, e de excertos de filmes) ou em excertos de música do repertório
musical contemporâneo, de modo a que o aluno beneficie de uma compreensão
abrangente e articulada dos movimentos da arte e dos novos regimes da percepção.
Mais informações no secretariado do Teatro Avenida (tel. 841640011) ou na página
https://www.facebook.com/D%C3%A1-me-Cem-Gramas-de-Plat%C3%A3o-MalPassado-336945737054865/?modal=admin_todo_tour. Inscrições abertas de 25 de
Fevereiro a 12 de Março.
J
ustino Ubakka fez vibrar
o público, que assistiu
na passada sexta-feira,
ao primeiro dos concertos que serão realizados sob
o lema: “A caminho do lançamento Oficial do Sunangai II”,
nome do novo álbum do jovem
artista moçambicano.
Os muitos que compareceram
no recinto da Associação dos
Músicos Moçambicanos se deleitaram com músicas do seu
primeiro álbum, Sunangai, assim como do seu novo trabalho,
Sunangai II.
Justino Ubakka escolheu a casa
dos músicos como primeira
paragem e fez-se acompanhar
pela sua banda formada por um
baterista, um viola-baixo, um
guitarra, um teclado, um saxofone e duas coristas, oferecendo
um espetáculo musicalmente
completo e repleto de emoções.
A jovem cantora Yoka se fez
presente como artista convidada, mostrando o seu trabalho
lançado no ano 2018 com o
nome Wamy, no qual apesenta
ritmos como afro jazz e fusão.
Ubakka demonstrou também
que a vida de um artista é feita em base ao esforço e ao trabalho e não se trata apenas de
subir nos palcos. Ao longo de
muitas semanas trabalhou fortemente na promoção do novo
Ubakka inicia lançamento de Sunangai II
álbum e do concerto e dedicou
longas horas aos ensaios e fez
parte da produção do próprio
espetáculo.
Fruto da paixão por aquilo que
fazem, os artistas que encheram
o palco da Associação dos Músicos, vestida de gala para a ocasião, conseguiram aquecer o recinto e rapidamente levantaram
os assistentes das cadeiras para
dançar ao ritmo das músicas
deste artista que não é apenas
cantor, mas também destaca
pelas suas habilidades na composição de letras com as quais o
povo se identifica e contribuem
para engrandecer a música moçambicana atual.
“Valorizar a cultura é a melhor
coisa que existe para qualquer
cidadão, porque acalma a alma.
O que é que está a acontecer no
nosso país? Muita gente persegue aquilo que ouve dizer. Vamos buscar a nossa cultura, vamos conservá-la. As músicas de
Ubakka vêm do fundo, são cultivadas e dizem alguma coisa”,
disse o artista. (Alvaro Garcia)
Agenda Cultural
Cine-Gilberto Mendes
Sextas, Sábados, Domingos e Feriados 18h30
Apresenta“Mae Coragem”
Maputo Waterfront
Todas Sextas, 19h
Jantar Dancante com Alexandre Mazuze
Todos Sábados, 19h
Música com Zé Barata ou Fernando Luís
Todos Domingos, das 13/18h
Animacao com DJ
Chefs Restaurante
Todas Sextas, 19h
Música ao vivo
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N
uma longa e dura audição no
Congresso, Michael Cohen
comparou Donald Trump a
um chefe da máfia, e acusou-
-o de o ter obrigado a mentir sobre
os pagamentos para abafar relações
extraconjugais.
Em muitos aspectos, a aguardada audição do antigo advogado pessoal de
Donald Trump no Congresso norte-
-americano, esta quarta-feira, tem
sido tudo aquilo que prometia ser:
horas e horas de um espectáculo televisivo impensável há poucos anos,
com Michael Cohen a descrever um
Presidente dos EUA em exercício
como uma espécie de chefe da máfia,
habituado a mandar ameaçar os inimigos e a mentir de forma descarada
para atingir os seus objectivos. E, talvez mais importante, a acusá-lo de saber que a campanha da sua adversária
nas eleições de 2016, Hillary Clinton,
estava a ser alvo de ataques externos.
Mas a forma como os congressistas
do Partido Republicano trataram esta
testemunha da Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes,
pondo em causa a sua credibilidade
de uma forma por vezes brutal, indica que os dois lados da barricada – o
Partido Democrata e o Partido Republicano – podem estar já a montar
o cenário para uma peça ainda mais
dramática: a abertura de um processo de impeachment do Presidente
Trump na Câmara dos Representantes.
A vingança do advogado de Trump
“Vergonha” de defender Trump
Quando Michael Cohen chegou ao
Congresso para ler o seu depoimento inicial, por volta das 9h30 locais
(16h30 em Moçambique), as palavras
que ia disparar contra Trump já eram
conhecidas há várias horas, divulgadas
pela imprensa norte-americana.
“Tenho vergonha de ter participado
na ocultação dos actos ilícitos do sr.
Trump, em vez de prestar atenção
à minha própria consciência. Tenho vergonha, porque sei o que o sr.
Trump é. É um racista. É um vigarista. É batoteiro.”
Para além das questões de carácter, que foram muito discutidas em
milhares de notícias sobre Donald
Trump nos últimos anos (desde que
anunciou a sua candidatura à presidência dos EUA, em Junho de 2015),
o depoimento de Michael Cohen
voltou a implicar o Presidente norte-
-americano em crimes, durante a
campanha e já na Casa Branca.
Tal como já tinha dito há vários meses, Michael Cohen voltou a dizer
esta quarta-feira, no Congresso, que
Donald Trump o reembolsou dos pagamentos a uma antiga actriz de filmes pornográficos.
Meses antes das eleições de Novembro de 2016, a actriz, conhecida como
Stormy Daniels, pediu 130 mil dólares para não contar que teve relações
sexuais com Trump – um escândalo
que poderia prejudicá-lo nas eleições.
Cohen diz que fez esse pagamento
por ordem de Trump, e que este lhe
passou cheques quando já era Presidente dos EUA.
Não é claro se esta informação vai
acrescentar algo às investigações que
ainda estão a decorrer – a do procurador Robert Mueller, supervisionada
pelo Departamento de Justiça, mas
também as do Congresso.
Cohen levou com ele a cópia de um
cheque assinado por Trump, com dinheiro retirado da sua conta pessoal,
mas isso pode ser pouco relevante. No
ano passado, depois de meses a negar
ter feito quaisquer pagamentos para
abafar antigos casos amorosos, o Presidente norte-americano admitiu que
passou cheques em seu nome pessoal,
querendo dizer que o caso não pode
ser visto como um problema de campanha eleitoral, mas sim da sua vida
privada.
Crimes sem acusação
Mas a questão é que a decisão final
sobre se o Presidente Trump pode vir
a responder em tribunal por quaisquer crimes, enquanto está a cumprir
mandato na Casa Branca, cabe ao
chefe do Departamento de Justiça.
E o recém-empossado attorney general, William Barr, é conhecido por
defender a tradição do departamento
de considerar que um Presidente em
exercício não pode responder em tribunal.
Como colaborador muito próximo de
Trump durante mais de uma década,
entre 2006 e 2018, Michael Cohen
foi arrastado para o centro da investigação sobre as suspeitas de conluio
entre a campanha de Trump e a Rússia nas eleições de 2016, liderada pelo
procurador especial Robert Mueller.
Em Abril de 2018, o FBI fez buscas
nos seus escritórios e em sua casa, e o
então advogado do Presidente transformou-se rapidamente num alvo importante do procurador Mueller – em
Dezembro de 2018, foi condenado a
três anos de prisão, depois de se ter
declarado culpado de vários crimes de
fraude fiscal e bancária.
Por isso, é difícil que Michael Cohen tenha dito alguma coisa na sua
audição no Congresso que a equipa
do procurador especial não conheça.
O que empurra tudo o que se passou
esta quarta-feira para uma realidade
paralela, que parece estar a ganhar
forma num Congresso dividido: estará o Partido Democrata a preparar
terreno para a abertura de um processo de impeachment?
Pressão sobre o Partido Democrata
Em causa está a forma como os congressistas do Partido Republicano
trataram Michael Cohen, bombardeando o antigo advogado – e os milhões de norte-americanos que acompanharam a audição em directo – com
duras acusações contra o seu carácter.
Afinal, Michael Cohen admitiu, em
Dezembro, que mentiu ao Congresso
em 2017 sobre os negócios de Trump
na Rússia – por isso, argumentaram
os congressistas republicanos, como
se atreve o Partido Democrata a pôr
no lugar de testemunha principal, na
Comissão de Supervisão da Câmara
dos Representantes, um “mentiroso
compulsivo condenado”?
A atitude agressiva dos congressistas
republicanos revela também que o
partido permanece ao lado do Presidente Trump – e se esteve ao lado
dele até agora, não é provável que o
abandonem por causa do depoimento
de um antigo advogado que trataram
como se fosse um ser abjecto.
É uma forma de descredibilizar Michael Cohen como principal testemunha num possível processo de impeachment contra Trump, desejado por
alguns dos congressistas do Partido
Democrata da ala mais progressista,
eleitos em Novembro do ano passado.
Mas se a maioria da Câmara dos
Representantes abrir um processo
de impeachment, isso está longe de
significar que o Presidente será destituído. Para que isso aconteça, é preciso que o Senado julgue as acusações
desse impeachment e que condene o
Presidente com uma maioria de dois
terços – um cenário pouco provável
num Senado de maioria republicana e
em que os congressistas conservadores se mantêm ao lado de Trump.
(Publico.pt)
Michael Cohen
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 13121 DE MARÇO DE 2019
Savana 01-03-2019 27 OPINIÃO
Argunaldo Nhampossa (Texto)
Ilec Vilanculo (Fotos)
Maior acto de nobreza não há que reconhecer aqueles que dedicaram parte das suas vidas em prol da saúde dos moçambicanos.
Falamos de gente cujo legado é indiscutível apesar das suas obras
não constarem dos livros escolares. São os verdadeiros heróis, porque num cenário em que escasseavam recursos de toda índole, fizeram das
tripas o coração e criaram condições de atendimento a milhares de pacientes.
Montaram um sistema de saúde, puramente, moçambicano logo depois da
independência, quando muitos dos quadros abandonaram o país, tal como se
verificou noutras áreas. Souberam repartir o tempo para criação de cursos de
formação, reformas do sistema e para atendimento de pacientes.
Nos referimos ao grupo de 38 médicos homenageados, semana passada,
alguns dos quais a título póstumo. Tratou-se de uma cerimónia oportuna,
numa altura em que a profissão tem sido alvo de muitas críticas, dada a degradação dos valores éticos e morais daquela classe.
Reconhecemos que não é fácil exercer a actividade médica num país como o
nosso, em que falta tudo menos nada para aqueles que trabalham verdadeiramente, mas achamos que uma dose de humanismo não faz mal a ninguém.
Somos todos compatriotas vítimas da classe de dirigentes que não dá a devida atenção a um dos sectores mais essências e oxalá que essa fúria não fosse
descarregada ao pacato cidadão.
Esperamos que a conversa que é aqui travada entre o Doutor Fernando Vaz,
médico mais velhos dos 38 homenageados e o Doutor António Zacarias,
bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique, sirva de luz no fundo do
túnel para o resgate dos valores da profissão. Certamente que parte daqueles profissionais travaram longas batalhas com o antigo presidente Joaquim
Chissano na busca de melhores condições de trabalho. Uma vez mais está ele
aqui dialogando com a ministra da Educação e Desenvolvimento Humano,
Conceita Sortane, com vista à concepção de melhores políticas de educação que servirão de base para que tenhamos bons profissionais de saúde. Na
mesma linhagem está a governadora de Gaza, Stela da Graça Pinto Novo
Zeca, que troca impressões com o Reitor da Universidade Pedagógica, Jorge
Ferrão, que sonha com uma pós graduação virada à resolução de problemas.
A saúde é um deles.
Há um ditado popular que diz que a arte, por vezes, funciona como terapia.
Não estará o presidente do Conselho Municipal de Maputo, Eneas Comiche, a estudar essa possibilidade com o artista plástico, Elias Naguibo? Por
vezes as paredes brancas dos hospitais nos remetem a uma tremenda solidão. Os jornalistas são os fazedores da história diária do país, que inclui a
divulgação do mau atendimento dos hospitais, boas práticas nos serviços de
saúde, políticas públicas de saúde, entre outras. Felisberto Arnança, jornalista
do Notícias, está numa dessas missões de busca incessante de informação
para alimentar os moçambicanos, e porque o tema de destaque é saúde, não
restam dúvidas que tenha questionado ao deputado da Renamo, André Magibire, sobre as prioridades da sua bancada no sector de saúde para a presente
sessão da AR que arrancou esta quinta-feira.
Cuidar de quem cuida
Naita Ussene
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF .BSÎP EF t "/0 997* t /o
1312 Diz-se... Diz-se
IMAGEM DA SEMANA Foto: Naita Ussene
A
decisão final sobre o processo de extradição de
Manuel Chang, antigo
ministro das Finanças
na administração Guebuza, não
caberá ao ministro da Justiça da
África do Sul, Michael Masutha,
mas sim ao Tribunal Supremo ou
do Constitucional, em última instância, se houver recurso para este
último. Manuel Chang foi detido
na África do Sul a 29 de Dezembro passado, a mando da justiça
norte-americano e agora luta para
não ser extraditado para os Estados
Unidos.
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Extradição de Manuel Chang
Decisão final caberá à justiça
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CFN FOBMUFDJEB QFMP JOTVTQFJUP NBUVUJOP EB -BQB
RVF CVTRVF SFGPSÎPT OP 5" F WFSJmRVF NFTNP
TF P FY GVODJPOÈSJP EF
UPQ EB FMÏDUSJDB TBJV QBSB B DBQJUBM EP DBDBV DPN VNB DIPSVEB SFGPSNB
DPNQMFUB #FN QSFHB GSFJ 5PNÈTy
t )È VNB QFSTPOBHFN RVF OÍP VTB DPMBSJOIP CSBODP
NBT UPEB VNB
JOEVNFOUÈSJB DPOGFTTJPOBM y EF CSBODP 0 UBM EF UFDUP GBMTP
BQSFHPB
BHPSB USBOTQBSÐODJB
JOEFQFOEÐODJB F JOUFHSJEBEF BPT NFNCSPT EPT
ØSHÍPT FMFJUPSBJT OP FTDSVUÓOJP EF 0VUVCSP QSØYJNP &MF RVF QBUSPDJOPV .BSSPNFVT F .BUPMBT FN 0VUVCSP ÞMUJNP " NBJPS TJOB EF VN
QPWP Ï UFS RVF SFDFCFS MJÎÜFT EPT QSØQSJPT BVUPSFT NPSBJT EBT HSBOEFT
TJOJTUSBMJEBEFT DPNFUJEBT DPOUSB FTTF NFTNP QPWP
t 4FN DPMBSJOIP CSBODP TF BQSFTFOUPV
OVN EPT DBOBJT TFDVOEÈSJPT EB
DBQJUBM
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OBTDFS *OEFQFOEFOUFNFOUF EBT BQSFDJBÎÜFT EPT UFMFTQFDUBEPSFT
P
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FUÓMJDPT RVF BOEBSBN QFMP BS 4F B NPEB QFHB y
t 0OEF BT DPJTBT FTUÍP NFTNP NBM Ï OB GBNÓMJB QFSEJ[ BP OÓWFM EBRVFMF
RVF
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EJTUSJUBM
B BMB RVF DVNQSF PSEFOT EP HFOFSBM EP NPNFOUP SFDPSSFV Ë
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CBSVMIP
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NBJPS CBODBEB EB PQPTJÎÍP 3B[ÜFT EF GPSÎB NBJPS JNQPTTJCJMJUBSBN B
KPWFN EFQVUBEB EF TF GB[FS QSFTFOUF F MFS P EJTDVSTP EF BCFSUVSB .BT
QBSB KÈ
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JSNÍ EF HFOFSBM TJHB OB PSEFN EP EJBy
Em voz baixa
$PN PT BEWPHBEPT #JN F #BN B EFTFOWPMWFSFN UFPSJBT EF DPOTQJSBÎÍP
QBSB TBMWBS B QFMF Ë GBNÓMJB NBJT RVFSJEB EB 1ÏSPMB EP ¶OEJDP
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WFN BÓ B "NFUSBNP QBSB BOBMJTBS PT QVEJOT JOEJHFTUPT RVF BOEBN
QFMBT QÈHJOBT EPT KPSOBJT .BOP .PSBJT EBSJB VNB BKVEB
Savana 01-03-2019
EVENTOS
1
0DSXWR GH0DUoRGH $12;;9,1o 1312
EVENTOS
Uma tecnologia, denominada “Método de Fukuoka”,
poderá ser implementada
na Lixeira de Hulene, arredores da cidade de Maputo, uma
medida resultante de um acordo de
cooperação assinado nesta quarta-
-feira, no Japão, pelo ministro da
Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, e o
seu homólogo nipónico, Yoshiaki
Harada.
Segundo detalhes do acordo, a tecnologia “Método de Fukuoka” irá
garantir que a Lixeira de Hulene
seja usada de forma sustentável por
mais de 10 à 15 anos, sem causar
futuros danos a saúde pública e ao
ambiente.
O acordo foi assinado precisamente
quando passa um ano em que parte
da Lixeira de Hulene, a maior da
capital do país, desabou sobre casas
erguidas nas redondezas e matou
16 pessoas.
A tecnologia (Fukuoka) consistirá na transformação da Lixeira de
Hulene num Aterro semi-aeróbico
através da fermentação nas camadas internas de resíduos no aterro,
“Método de Fukuoka” para a Lixeira de Hulene
bem como a entrada natural de ar
através de canais de ventilação de
gás e de colecta de lixiviados, promovendo a decomposição semi-
-aeróbica.
Esta tecnologia de construção e
melhoramento de aterros sanitários
surgiu e foi testada na Universidade
de Fukuoka no Japão e vem sendo
aplicada como método de construção de infra-estruturas de gestão de
resíduos no Japão e outros países.
Em África, países como Quénia,
Etiópia, Sudão, entre outros, beneficiaram igualmente desta tecnologia.
Essencialmente, o acordo tem enfoque no reforço da assistência técnica, formação e transferência de
tecnologias na área de gestão de resíduos sólidos urbanos como forma
de fazer face aos desafios actuais de
gestão de resíduos sólidos no Pais.
A assinatura do Acordo acontece
no âmbito da visita do ministro
Celso Correia, ao Japão, que decorreu de 25 a 27 de Fevereiro passado.
Para além da assinatura do acordo, o governante visitou o Centro
de Processamento de Resíduos
Sólidos de Tsurumi, na cidade de
Yokohama.
O
Standard Bank e o Banco
Industrial e Comercial
da China (ICBC) analisaram, recentemente, em
Maputo, com os empresários chineses que operam em Moçambique, as oportunidades de negócio
que o nosso País oferece, assim
como identificaram soluções que
permitam uma melhor disponibilização do conhecimento ao serviço dos investidores.
Promovido pelo Standard Bank,
sob o lema “Elevando a parceria
China-Moçambique a novos patamares”, o workshop coincidiu
com o culminar das celebrações do
ano novo chinês, o ano do Porco,
e constituiu, também, uma janela
de oportunidades para os agentes económicos moçambicanos
interessados em explorar as oportunidades existentes no corredor
China-Moçambique.
No encontro, o administrador delegado do Standard Bank, Chuma
Nwokocha, enalteceu a parceria
que esta instituição bancária mantém com o ICBC, há 10 anos: “Ao
longo deste período, temos cooChineses analisam oportunidades
de negócio
A
Prova Anual de Vida
(PAV), iniciada a 10
de Janeiro pelo INSS-
-Instituto Nacional de
Segurança Social à escala nacional, já abarcou um total de
44.542 pensionistas, o correspondente a 59.2 por cento de
execução.
Com o processo, cujo término
está previsto para o próximo
dia 10 de Abril, o INSS espera
abranger, durante os três meses,
um total de 75.268 pensionistas
que recebem as suas pensões no
Sistema de Segurança Social.
Do universo de pensionistas
do INSS, 29.300 beneficiam
de pensões de velhice, 44.577
de pensões de sobrevivência e
1.391 de invalidez.
O director-geral do INSS, Alfredo Mauaie, considerou satisfatório o nível de adesão ao
processo, sendo que no primeiro
mês as delegações do instituto
tiveram um desempenho acima
de 50 por cento.
Para além dos balcões de atendimento, o INSS destacou
brigadas técnicas. Até ao momento, a província de Manica
registou maior grau de execução, com 71.4 por cento, seguida pela província de Nampula,
com 65.2 por cento e Maputo,
com 63.2 por cento.
Os pensionistas que, por razões de saúde, não estiverem
em condições de se deslocar aos
locais indicados para a realização da PAV, segundo destacou
o director geral do INSS, podem ser atendidos no domicílio, devendo para isso informar
à representação do INSS mais
próxima.
“A não realização da Prova Anual de Vida, dentro do
período indicado, implica a
suspensão do pagamento das
pensões, até que a situação do
beneficiário seja regularizada”,
sublinhou Alfredo Mauaie.
Importa realçar que a PAV é
um processo, através do qual
o INSS comprova a existência
física do titular da pensão, de
modo a manter o direito ao recebimento da respectiva prestação mensal.
60% dos pensionistas
do INSS aderiram à PAV
perado em várias iniciativas, tanto
em Moçambique como em todo
o continente africano, para impulsionar o comércio entre os povos”,
disse.
Fruto dessa parceria, conforme
sublinhou Chuma Nwokocha, o
Standard Bank criou, no ano passado, oportunidades de interacção
entre empresários moçambicanos
e chineses, através das conferências transregionais realizadas na
Nígeria e, na Ásia, na cimeira de
Beijing.
“Estas conferências transregionais
resultaram no estabelecimento de
várias parcerias, avaliadas em mais
de 60 biliões de dólares norte-
-americanos, entre empresários
dos dois continentes”, frisou o administrador delegado destacando
que o Standard Bank está bastante focado no desenvolvimento de
Moçambique.
Em 2008, o Banco Industrial e
Comercial da China tornou-se no
maior accionista do Grupo Standard Bank, com 20% de acções.
Sun Gang, representante adjunto do ICBC, indicou que o banco
chinês teve um papel preponderante no financiamento de um importante projecto ligado ao sector do
gás natural liquefeito, em Moçambique.
Savana 01-03-2019 EVENTOS
2
PUBLICIDADE
Coral FLNG S.A, uma SPE, registrada sob as leis da República de Moçambique, convida as empresas interessadas, a submeterem a sua Manifestação de Interesse, para
a prestação de serviços de subcontratação de mão de obra
ORFDOHIRUPDomR FRPRHVSHFLÀFDGRDEDL[R
ÂMBITO DO TRABALHO
1) Pesquisa de candidatos locais para cobertura de vagas
SDUDDWLYLGDGHVHVSHFtÀFDVRXSRUXPFXUWRSHUtRGRGH
tempo, gestão plena dos recursos (contratação, folha de
pagamento, impostos, segurança social, seguro de saúGHHWF
2) Gestão completa (contratação, folha de pagamento,
LPSRVWRV VHJXUDQoDVRFLDO VHJXURGHVD~GHHWF GRUHcurso, sempre que o candidato for nomeado pela Coral
)/1*6 $
3) Pesquisa de candidatos locais para cobrir vagas para
DWLYLGDGHV HVSHFtÀFDV VRE FRQWUDWR H JHVWmR GD &RUDO
)/1*6 $
4) Todo e qualquer tipo de formação, custos administrativos e alocação, devem ser suportados pela agência de
mão-de-obra, para os seus próprios funcionários, com a
possibilidade de serem cobrados à Empresa, dentro do
HQTXDGUDPHQWRHVWDEHOHFLGRSDUDHVWDÀQDOLGDGH
'2&80(17$d®262/,&,7$'$
$VHPSUHVDVLQWHUHVVDGDVQHVWHFRQYLWH SRGHPVXEPHWHU
a sua Manifestação de Interesse, em participar no processo
de concurso para “prestação de serviços de subcontratação da mão de obra local e formação”, fornecendo as seguintes informações obrigatórias e documentos:
1- Estrutura da Empresa e do grupo, com a lista dos prinFLSDLV DFLRQLVWDV H EHQHÀFLiULRV ÀQDLV FDVR QmR HVWHMD
cotada na bolsa de valores);
2- Cópia digital autenticada do Registo Comercial, nome
Legal de Entidade, e pessoa de contacto para receber a
TXDOLÀFDomR HRXWUDVLQIRUPDo}HVUHOHYDQWHVDSDUWLUGD
Coral FLNG S.A
&DVR GHVHMH SDUWLFLSDU GD 0DQLIHVWDomR GH ,QWHUHVVH
FRPR FRQVyUFLR RX MRLQW YHQWXUH SRU IDYRU IDFXOWHLQIRUPDo}HV VREUH FDGD PHPEUR GR FRQVyUFLR RX MRLQW
YHQWXUH H RSDSHOGH FDGDSDUWLFLSDQWH QRSURMHWRHP
SRWHQFLDO $LQWHQomRGH IRUPDUXPFRQVyUFLRRXXPD
-9GHYHVHUVXSRUWDGDSRUXP$FRUGRRX´0HPRUDQGR
de Entendimento”, devidamente assinado por cada entidade do grupo;
4- Demonstrações Financeiras dos últimos três anos e ReODWyULRV$QXDLV LQFOXLQGR%DODQoR3DWULPRQLDO /XFURV
H3HUGDVH)OX[RGHFDL[D FRPSURYDQGR DFDSDFLGDGH
ÀQDQFHLUDPtQLPD SDUDH[HFXWDURkPELWR (VWHVGRFXmentos devem ser fornecidos para o Grupo da Empresa
(se aplicável) e também para a entidade da Empresa que
potencialmente celebrará o contrato em questão;
([SHULrQFLD FRPSURYDGD QD SUHVWDomR GH VHUYLoRV GH
subcontratação da mão de obra local e formação em MoEXPRESSÃO DE INTERESSE
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SUBCONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA
LOCAL E FORMAÇÃO
çambique, incluindo quaisquer referências relevantes a
clientes anteriores, para a prestação de serviços semelhantes, na indústria de Petróleo & Gás;
%URFKXUD IROKHWR
&HUWLÀFDo}HVGRVLVWHPDGH*HVWmRGD4XDOLGDGHH
RXFHUWLÀFDGRVTXHFRPSURYHPDFRQIRUPLGDGHGD(PSUHVDFRPRV3DGU}HVGH4XDOLGDGH1DFLRQDLVRX,QWHUQDFLRQDLV SRUH[HPSOR ,62
5HJLVWRGDHPSUHVDHP0RoDPELTXH &DVRDVXDHPSUHVDDLQGDQmRHVWHMDUHJLVWDGDHP0RoDPELTXH SRU
IDYRUHVSHFLÀTXHVHHVWiGLVSRVWRDUHJLVWDU VHSURQWDPHQWHHP0RoDPELTXH
0DQXDOGR6LVWHPDGH*HVWmRGD4XDOLGDGHHPFRQIRUPLGDGHFRPDV1RUPDV,QWHUQDFLRQDLVGH4XDOLGDGH
,62
4XDOTXHU RXWUD LQIRUPDomR TXH HVWDEHOHoD TXH VXD
HPSUHVDpFDSD]GHFXPSULURkPELWRGRWUDEDOKR
$VHPSUHVDVLQWHUHVVDGDVGHYHUmRVXEPHWHUDVVXDV0DQLIHVWDo}HVGH,QWHUHVVH DQH[DQGRWRGDDGRFXPHQWDomR
solicitada acima, para o e-mail:
FRUDOÁQJ SURFXUHPHQW#FRUDOÁQJ FRP
IMPORTANTE:
2H PDLOGHVXEPLVVmRGHYHUiID]HUUHIHUrQFLDDR$Q~Qcio Público “Prestação de serviços de subcontratação da
mão de obra local e formação” e também ao seguinte código:
SS04AB05 – SERVICES RELATED TO PERSONNEL:
TEMPORARY PERSONNEL
6XMHLWRjHQWUHJDHFRQIRUPLGDGHGHWRGDDGRFXPHQWDomR
acima, as Empresas interessadas nesta Manifestação de
,QWHUHVVH SRGHUmRUHFHEHUGD&RUDO)/1*6 $ R3DFRWH
GH4XDOLÀFDomR HSRGHPDLQGDVHULQFOXtGDVQRSURFHVVR
GHFRQFXUVRSDUDDVDWLYLGDGHV
$SUHVHQWHFRQVXOWDQmRGHYHVHUFRQVLGHUDGDFRPRXP
convite à apresentação de propostas e, portanto, não representa nem constitui qualquer promessa, obrigação ou
compromisso de qualquer tipo, por parte da Coral FLNG
6 $ GHFHOHEUDUDOJXPDFRUGRRX WUDWDGRFRPSHVVRD V
RX(PSUHVD V TXHSDUWLFLSHPGHVWD0DQLIHVWDomRGH,QWHUHVVH
4XDOTXHUFXVWRLQFRUULGRSHODVHPSUHVDVLQWHUHVVDGDVQD
preparação da Manifestação de Interesse, será da total
responsabilidade das Companhias, as quais não poderão
UHFRUUHUj&RUDO)/1*6 $ DHVWHUHVSHLWR
Todos os dados e informações fornecidos de acordo com
esta Manifestação de Interesse, serão tratados como estriWDPHQWHFRQÀGHQFLDLV HQmRVHUmRGLYXOJDGRVRXFRPXQLFDGRVDSHVVRDVRXHPSUHVDVQmRDXWRUL]DGDV
$GDWDOLPLWHGHVXEPLVVmRGD0DQLIHVWDomRGH,QWHUHVVH
SRUH PDLO LQGLFDGRDFLPD pÀ[DGDSDUD11 de Março de
2019 às 23:59 CAT $ &RUDO )/1* 6 $ QmRLUi DFHLWDU
nenhuma documentação recebida após a data e hora inGLFDGD
Savana 01-03-2019
EVENTOS
3
PUBLICIDADE
Coral FLNG S.A, an SPE, register under the laws of
the Republic of Mozambique, invites interested comSDQLHV WRVXEPLW([SUHVVLRQRI,QWHUHVWIRUWKHSURYLVLRQ
of outsourcing local manpower and training services as
VSHFLÀHGEHORZ
SCOPE OF WORK
1) Research of local candidates to cover vacancies for
VSHFLÀFDFWLYLWLHVRU IRUDVKRUW WLPH IXOODGPLQLVWUDWLRQRIWKHUHVRXUFHV KLULQJ SD\UROO WD[HV VRFLDOVHFXULW\ KHDOWKLQVXUDQFHHWF
)XOODGPLQLVWUDWLRQ KLULQJ SD\UROO WD[HV VRFLDOVHFXULW\ KHDOWKLQVXUDQFH HWF RI WKH UHVRXUFHZKHQHYHU
WKHFDQGLGDWHLVDSSRLQWHGE\&RUDO)/1*6 $
3) Research of local candidates to cover vacancies for
VSHFLÀF DFWLYLWLHV XQGHU &RUDO )/1* 6 $ FRQWUDFW
DQGDGPLQLVWUDWLRQ
$Q\ W\SH RI 7UDLQLQJ DQG DGPLQLVWUDWLYH FRVWV DQG
allocation shall be supported by the manpower agency, to their own employees, with the possibility to be
charge to Company within the framework established
IRUWKLVSXUSRVH
DOCUMENTATION REQUIRED
Companies interested in this invitation may submit their
([SUHVVLRQRI,QWHUHVWWRSDUWLFLSDWHLQDWHQGHUSURFHVV
for “provision of outsourcing local manpower and training services” by providing the following mandatory
information and documentation:
&RPSDQ\DQGJURXSVWUXFWXUHZLWKWKHOLVWRIPDMRU
VKDUHKROGHUVDQGXOWLPDWHEHQHÀFLDULHV LIQRWOLVWHGLQ
WKHVWRFNH[FKDQJH
6FDQQHG FHUWLÀHG FRS\ RI WKH 7UDGH 5HJLVWHU /HJDO
Entity name and contact person for receiving quaOLÀFDWLRQ DQG RWKHU UHOHYDQW LQIRUPDWLRQ IURP Coral
FLNG S.A
,QFDVH\RXZLVKWRSDUWLFLSDWHLQWKH([SUHVVLRQRI,QWHUHVWDVDFRQVRUWLXPRUDVDMRLQWYHQWXUH LQIRUPDWLRQ
DERXWHDFKPHPEHURIFRQVRUWLXPRUMRLQWYHQWXUHDQG
UROHRIHDFKSDUWLFLSDQWLQ WKHSRWHQWLDOSURMHFW 6XFK
intention to form either a consortium or a JV, must be
VXSSRUWHGE\DQ$JUHHPHQWRU´0HPRUDQGXPRI8Qderstanding” duly signed by each entity in the group;
/DVWWKUHH\HDUVRI)LQDQFLDO6WDWHPHQWVDQG$QQXDO
5HSRUWVLQFOXGLQJ%DODQFH6KHHW 3URÀWDQG/RVVDQG
&DVK)ORZ6WDWHPHQWSURYLQJPLQLPXPÀQDQFLDOFDSDELOLW\WRFDUU\RXWWKHVFRSH 7KHVHGRFXPHQWVPXVW
be provided for the Company Group (if applicable),
and also for the Company’s entity that will potentially
HQWHULQWRWKHVXEMHFWFRQWUDFW
3URYHQ H[SHULHQFH LQ WKH SURYLVLRQ RI RXWVRXUFLQJ
local manpower and training services in Mozambique, including any relevant references from previous
EXPRESSION OF INTEREST
PROVISION OF OUTSOURCING FOR LOCAL MANPOWER
AND TRAINING SERVICES
clients for the provision of similar services in Oil & Gas
industry;
%URFKXUH ERRNOHW
4XDOLW\0DQDJHPHQW6\VWHPFHUWLÀFDWLRQVDQG RUFHUWLÀFDWHVSURYLQJWKH&RPSDQ\FRPSOLDQFHZLWK1DWLRQDO
RU,QWHUQDWLRQDO4XDOLW\6WDQGDUGV H J ,62
&RPSDQ\·V UHJLVWUDWLRQLQ0R]DPELTXH ,Q FDVH \RXU
Company is not already registered in Mozambique,
please specify if you would be willing to promptly register in Mozambique
4XDOLW\ 0DQDJHPHQW 6\VWHP 0DQXDO LQ FRPSOLDQFH
ZLWK,QWHUQDWLRQDO4XDOLW\6WDQGDUGV ,62
$Q\ RWKHU LQIRUPDWLRQ WKDW ZLOO HVWDEOLVK WKDW \RXU
&RPSDQ\LVDFDSDEOHRIIXOÀOOLQJWKHVFRSHRIZRUN
Companies interested in this invitation may submit their
([SUHVVLRQRI,QWHUHVWE\VHQGLQJDOOWKHUHTXHVWHGGRFXmentation to the following email address:
FRUDOÁQJ SURFXUHPHQW#FRUDOÁQJ FRP
IMPORTANT:
7KH(PDLO VXEPLVVLRQPXVW UHIHU WR WKH3XEOLF$QQRXQFHPHQWREMHFW´3URYLVLRQRIRXWVRXUFLQJORFDOPDQSRZHU
and training services”, and also to the following commodity codes:
SS04AB05-SERVICES RELATED TO PERSONNEL: TEMPORARY PERSONNEL
6XEMHFWWRWKHVXEPLVVLRQDQGFRPSOLDQFHRIDOOWKHDERYH
GRFXPHQWDWLRQ &RPSDQLHVLQWHUHVWHGLQWKLV([SUHVVLRQ
RI,QWHUHVWPD\UHFHLYHIURP&RUDO)/1*6 $ WKH4XDOLÀcation Package, and may further be included in the tender
SURFHVVIRUWKHVXEMHFWDFWLYLWLHV
This enquiry shall not be considered as an invitation to
Tender and therefore it does not represent or constitute
any promise, obligation or commitment of any kind on the
SDUWRI&RUDO)/1*6 $ WRHQWHULQWRDQ\DJUHHPHQWRUDUrangement with you or with any Company participating
in this Expression of Interest
$Q\ FRVWLQFXUUHG E\LQWHUHVWHG FRPSDQLHVLQSUHSDULQJ
the Expression of Interest shall be fully born by Companies
ZKR VKDOO KDYH QR UHFRXUVH WR &RUDO )/1* 6 $ LQ WKLV
UHVSHFW
$OO GDWD DQGLQIRUPDWLRQ SURYLGHG SXUVXDQW WR WKLV ([-
SUHVVLRQRI,QWHUHVWZLOOEHWUHDWHGDVVWULFWO\FRQÀGHQWLDO
and will not be disclosed or communicated to non-authoUL]HGSHUVRQVRUFRPSDQLHV
The deadline for receipt of Expression of Interest by the
email address indicated above is set at 11 March 2019,
23:59 pm Central Africa Time &RUDO)/1*6 $ ZLOOQRW
DFFHSWWKHGRFXPHQWDWLRQUHFHLYHGDIWHUWKHVHWGHDGOLQH
Savana 01-03-2019 EVENTOS
4
PUBLIREPORTAGEM
“Vodacom Faz Crescer” oferece
biblioteca escolar em Maputo
Com esta acção, que consiste na doação de livros, computadores
e acesso gratuito a Internet, a Vodacom busca assertivamente
uma medida para despertar mentes e dar ferramentas certas para
que cada criança consiga crescer e desenvolver o seu intelecto.
Oprojecto “Faz Crescer”
da Vodacom está de
volta trazendo mais
educação, música e
interacção com as diversas camadas da sociedade civil para juntos
procurarem soluções aos problemas que afectam a educação no
país.
Foi nesse âmbito que o “Faz
Crescer” procedeu a entrega de
mais uma biblioteca à Escola Primária Completa de Magoanine
“B”, na cidade de Maputo, acção
que decorreu num ambiente de
muita alegria, música e dança.
Com esta acção, inicia mais
uma digressão deste projecto
pelo país, depois de no ano passaGR WHUEHQH¿FLDGRDOJXPDV
escolas, em sete províncias.
Tal como sucedeu em outras
unidades escolares, a Escola Primária de Magoanine “B”, recebeu da Vodacom, uma biblioteca
apetrechada, 300 livros de diferentes temáticas, 20 computadores com acesso gratuito a internet, para além de um conjunto de
livros digitais.
O “Faz Crescer” é uma iniciativa de responsabilidade social
da Vodacom em parceria com o
Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano que visa
apoiar o sector da Educação ao
nível do país e consiste na reabilitação e apetrechamento de
bibliotecas escolares.
Este ano foi incorporado no
projecto uma componente ecológica, mercê da nova parceria
entre a Fundação Sérgio Gago e
a Vodacom, que irá levar a todas
HVFRODVEHQH¿FLDGDVSHORSURMHFto, ecopontos e uma formação
com o ABC da reciclagem de
resíduos.
A entrega da biblioteca no
Magoanine “B” coincidiu com a
FHULPyQLD R¿FLDO GD DEHUWXUD GR
ano lectivo 2019 e foi honrada
com a presença do Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, da Ministra da Educação e
Desenvolvimento Humano, Conceita Sortane, da governadora da
Cidade de Maputo, Iolanda Cintura e do, na altura, Presidente do
Conselho Municipal de Maputo,
David Simango. Marcaram ainda
presença na cerimónia, representantes do corpo diplomático, professores, pais e encarregados de
educação e comunidade no geral.
Ciente da importância da
educação para o desenvolvimento do país, a Vodacom acredita
que ainda há muito por se fazer,
mas é preciso que cada um faça
a sua parte e dê o seu contributo
no processo de ensino e aprendizagem.
“Com esta acção a Vodacom busca medidas assertivas
para o desenvolvimento intelectual dos estudantes olhando
sempre para o desenvolvimento
tecnológico no sistema de ensino e aprendizagem”, destacou
Paula Zandamela.
“Este foi um grande gesto da Vodacom, só temos a
agradecer visto que nós não tínhamos uma sala de informática, nem uma biblioteca com
muitos livros. Estamos muito
satisfeitos e apelamos a Vodacom para que não pare com o
projecto e continue ajudando
as outras escolas que também
precisam”, apontou Olga Govene, Directora da escola bene-
¿FLiULD
São mais de quatro mil esWXGDQWHVEHQH¿FLDGRVSHORSURjecto na Escola Primária Completa de Magoanine “B”, e esta
oferta vai ajudar a resolver um
dos problemas que os afectava,
no caso, a falta de computadores e livros.
“Quero agradecer a Vodacom, porque graças a esses
computadores e internet eu
YRX ¿QDOPHQWH SRGHU SHVquisar os meus trabalhos,
porque nós não tínhamos nenhuma sala de informática
e hoje ganhamos uma sala e
uma biblioteca”, disse Manuel
Elias, aluno da Escola Primária
Magoanine “B”.
“Obrigada Vodacom pelos computadores e a sala de
biblioteca porque agora vai
ser fácil realizarmos as nossas
pesquisas, antigamente era
difícil porque não tínhamos,
mas agora vamos poder realizar os nossos trabalhos sem
problemas, desabafou Gabriela
Bernardo, aluna da mesma escoOD EHQH¿FLiULD GR HTXLSDPHQWR
didáctico.
5H¿UD VHTXHHVWDpDVHJXQda fase do projecto “Faz Crescer
da Vodacom”, depois de no ano
passado, 2018, a operadora, junto
do seu parceiro, o MINEDH, ter
escalado as províncias de Manica, Tete, Zambéze, Safala, Nampula, Cabo Delgado e Gaza.
A
Acção Social é uma área
de bastante relevo em
qualquer sociedade e,
para que tenha maior impacto, precisa de ser vista e partilhada.
Foi olhando para esta necessidade
que, há dois anos, surgiu a empresa “Social”, que, com base nas suas
soluções criativas de comunicação,
ajuda a dar visibilidade aos diversos trabalhos sociais realizados em
Moçambique.
Através dos serviços e produtos
que são fornecidos a preços razoavelmente baixos, a Social ajuda a
gerar impacto nas acções levadas a
cabo pelas entidades que procuram
por uma maior visibilidade por
meio de divulgação dos seus feitos
na sua plataforma.
Entre os produtos e serviços fornecidos pela empresa, destacam-
-se o design gráfico, filmagem de
vídeos educativos, fotografia e formações no domínio social.
Segundo o fundador da Social,
Celso Manave, para além de dar
visibilidade às entidades, a empresa procura criar uma interação entre as mesmas, através da publicação dos seus feitos na plataforma,
de modo que outras pessoas, tanto
dentro como fora do país, fiquem
“Social” investe na visibilidade
de acções sociais
mais actualizadas sobre estas entidades.
Manave afirma que, ao cobrar preços bonificados na prestação de
serviços, tem como pressuposto
abranger todas as camadas, principalmente as organizações que
trabalham sem fins lucrativos, mas
que queiram expandir a sua rede
de acções.
“Conseguimos ajudar as empresas a melhorarem as suas acções,
abrindo espaço para o surgimento
de mais projectos, sem esquecer
o acesso a informação, para que
os outros fiquem a saber o que
se passa numa determinada organização, empresa ou embaixada”,
acrescentou.
Sobre os impactos gerados pelos
projectos sociais em si numa sociedade, Celso Manave ressalta,
de imediato, que são muito inspiradores e positivos, sendo bastante
importantes para a mudança de
mentalidades e satisfação de quem
é abrangido.
“Nós temos muitas entidades que
trabalham na área social, e estão
sempre a fazer actividades para
melhorar o impacto real da coisa,
podendo no final de cada dia sentir
a mudança e aquele sentimento de
missão cumprida”, finaliza.
Acerca do seu mais valioso trabalho, que é o Anuário, lançado
anualmente, o entrevistado explica que é uma espécie de livro, que
contém a compilação dos melhores projectos realizados pelas entidades no período de um ano.
Para aceder ao anuário, as entidades interessadas trazem todo o
conteúdo que desejam expor sobre as suas actividades e o mesmo
é revisado e de seguida publicado
neste livro.
Contudo, a fonte apela a todas as
entidades que trabalham com causas sociais a continuar a desempenhar da melhor forma o seu trabalho, a fazer uma maior divulgação
dos mesmos de modo a gerar mudanças na sociedade.
(Cleusia Chirindza)
D
ecorreu esta segunda-
-feira, na sede do Banco
Comercial e de Investimentos (BCI), a assinatura de memorando de entendimento entre o BCI e o MISAU.
Trata-se de uma parceria que
reforça os laços existentes e que
se irá estabelecer fundamentalmente em três áreas: género,
criança e acção social.
O BCI tem sido parceiro do
MISAU em diversas iniciativas
como feiras de saúde, doação de
material hospitalar, particularmente às secções de pediatria;
obras de reabilitação em unidades hospitalares; entre outras.
Esta acção do banco não se restringe à área de saúde, como referiu Paulo Sousa, PCE do BCI.
“O banco fá-lo com outras entidades do governo central com
as mais diferentes tipologias de
instituições como universidades,
associações, sempre com o mesmo âmbito: devolver à sociedade
um pouco daquilo que a sociedade nos traz a nós enquanto empresa e, portanto, partilhar esta
geração de riqueza, em particular
com aqueles que mais necessitam, e com as instituições que
têm actuação mais relevante”.
A ministra da Saúde, Nazira
MISAU e BCI
reafirmam parceria
Abdula, congratulou-se com o
reforço da parceria, expressando
a sua satisfação, pelo protocolo ora firmado, e reiterando que
“como MISAU, nós vamos honrar os compromissos que estão lá
definidos, reconhecendo sempre
a sua importância para o nosso
sector”.
Nazira Abdula recordou parte da
história desta parceria, falando da
sua experiência pessoal, “a minha
ligação com o BCI começou em
2008. Eu era directora do Hospital Central de Nampula”, disse,
dando detalhes sobre a apresentação do projecto daquele hospital. “Nós funcionávamos numa
urgência com apenas seis camas.
Ficavam ali mais de cinquenta crianças, todas elas no estado
grave. As crianças ficavam todas
no mesmo quarto; as graves, as
menos graves, e aquelas que até
acabavam por morrer eram assistidas por outras crianças que
tinham mais condições de sobrevivência. Apresentámos o projecto, felizmente o BCI ficou sensibilizado. De uma urgência de
seis camas, passámos para uma
urgência de cinquenta camas.
E a partir daquele momento, as
condições melhoraram. Pessoalmente, tenho muito a agradecer,
como pediatra, como médica e
como então directora” (E.C)
Celso Manave
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