O ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, mostrou-se hoje preocupado com a forte queda do preço do barril de crude no mercado internacional, receita essencial para o Orçamento Geral do Estado (OGE) angolano.
Só na última semana, a referência europeia do petróleo, o Brent, recuou 7,10%, para os 58,08 dólares (uma queda de 4,44 dólares) por barril, atingindo hoje a cotação mais baixa desde Outubro de 2017.
“Nós internamente já estamos a trabalhar sobre vários cenários e também temos estado a acompanhar o mercado. Vamos ver como é que o mercado evolui até ao final do mês de Dezembro e aí estaremos nas melhores condições de definir qual o cenário mais apropriado para ser adoptado”, disse Archer Mangueira, questionado pela Lusa à margem da visita de Estado que o chefe de Estado angolano, João Loureço, está a realizar a Portugal.
A produção de petróleo bruto em Angola deverá cifrar-se em 2019 nos 573 milhões de barris, garantindo receitas fiscais para o Estado de 5,158 biliões de kwanzas (14.600 milhões de euros), segundo a previsão do Governo.
De acordo com dados do relatório de fundamentação da proposta de OGE para 2019, em discussão na Assembleia Nacional até Dezembro, o Governo estima a exportação de cada barril de crude a um preço médio a 68 dólares, face aos 50 dólares inscritos nas contas de 2018.
Essa previsão já é inferior à actual cotação do mercado internacional, inferior a 60 dólares por barril esta sexta-feira, o que representa, nas últimas sete semanas, a perda de cerca de um terço do seu valor.
Archer Mangueira assumiu estar preocupado com este cenário, mas afasta, para já, alterações à proposta de OGE preparada pelo Governo, apesar de a UNITA já ter alertado, no Parlamento, para o risco de ser necessário um Orçamento rectificativo em 2019, face à queda da cotação do petróleo.
Na previsão do Governo, a produção média diária de petróleo bruto em 2019, em Angola, será de 1,57 milhões de barris — em linha com a média dos últimos dois anos -, acrescida de 100.000 barris diários de LNG (gás natural).
Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África, atrás da Nigéria, e tem vindo a apresentar um declínio de produção em alguns campos.
Isabel reage e apresenta números
A empresária Isabel dos Santos diz o que pensa e, numa perspectiva de cidadania, todos devemos ponderar o que afirma. “A situação está a tornar-se cada vez mais tensa, com a possibilidade de se juntar à crise económica existente uma crise política profunda”, diz a filha do José Eduardo dos Santos.
Vejamos, descontado o facto de ser quem é (ou até talvez por isso), a sua análise espoletada pela declaração de guerra feita pelo Presidente João Lourenço ao anterior Presidente que, aliás foi quem o escolheu para dirigir os destinos do país.
Numa série de mensagens publicadas no Twitter, Isabel dos Santos exemplifica: “Greve nacional dos médicos com 90% de adesão, quebra do poder de compra em 170%, fome nas famílias apesar do petróleo em alta”.
As mensagens da empresária, exonerada da presidência da Sonangol por João Lourenço, surgem depois de o ex-Presidente ter garantido que – ao contrário do afirmado por João Lourenço – não deixou os cofres públicos vazios.
Na declaração sem direito a perguntas dos jornalistas, feita pouco depois de João Lourenço levantar voo de Luanda rumo a Lisboa, para uma visita de Estado de três dias, Eduardo dos Santos disse: “Não deixei os cofres do Estado vazios. Em Setembro de 2017, na passagem de testemunho, deixei 15 mil milhões de dólares no Banco Nacional de Angola como reservas internacionais líquidas a cargo do um gestor que era o governador do BNA sob orientação do Governo”.
João Lourenço também se referiu aos corruptos e traidores, numa afirmação feita no contexto ao regime que José Eduardo dos Santos deixara.
Na reacção, Isabel dos Santos pergunta: “Quem são estes traidores da pátria?”. E continua: “Em Angola desde o fim da guerra existe um discurso de Paz e União. Conseguimos em 16 anos Paz, estabilidade e reconciliação nacional. Nunca houve julgamentos de traidores à Pátria, e os líderes políticos e militares dos diferentes grupos e partidos foram integrados e contribuem para uma só Angola”.
Isabel acrescenta: “Definição que encontrei para Traidores da Pátria foi: Quando uma titular de cargo político está a serviço de uma potência estrangeira, e pratica acto de usurpação ou abuso de funções para entregar a Mãe-Pátria ou a soberania a um poder estrangeiro: ou seja a traição à pátria é Acto de pôr em perigo a independência do País”.
Por isso, afirma, “acredito numa Angola Unida e num Povo em paz , aonde respeitamos as nossas diferenças e crenças, mas trabalhamos juntos para uma sociedade melhor, pois somos todos angolanos”.
Isabel dos Santos vai, contudo, mais longe na sua análise:
“Ainda temos muito para melhorar e o caminho é para frente. Vamos continuar juntos a trabalhar por uma Angola melhor para todos nós angolanos, estamos longe de um país perfeito mas nós os angolanos somos trabalhadores e capazes, e acreditamos na nossa pátria, nossa terra mãe.
Os dados do nosso país às vezes não são suficientemente partilhados. Para percebermos a evolução de Angola de 2002 a 2017: Esperança Média de Vida melhorou: 2002 = 40 anos; 2017 = 62 anos.
Mortalidade infantil reduziu: 2002 = 193,4; 2017 = 81,1. IDH: 2002 = 166, 2017 = 147: Índice de pobreza reduziu: 2002 = 77, 2017 = 48; PIB per capita PPP (rendimento nacional por cidadão): 2002 = 2620 USD, 2017 = 20367 USD”.
Isabel diz que, “ainda assim, existem economistas pessimistas que vivem em negação e dizem ou que os dados são mentira ou que não houve desenvolvimento, para além do crescimento”.
Negando-se a deitar a toalha ao tapete, Isabel dos Santos afirma: “Temos continuar, e não desistir deste caminho do progresso!”
Folha 8 com Lusa
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