O Presidente de Angola, do MPLA e Titular do Poder Executivo, João Lourenço, afirmou hoje no Porto que pretende “continuar a contar com as linhas de crédito portuguesas para o financiamento do tão desejado crescimento e desenvolvimento económico e social” do seu país. Mas há alguma dúvida? É só pedir e… zás! Fiado concedido e depositado no BESA, perdão, no BNA.
Como muito bem sabe o exonerador de marimbondos, existe em Portugal um largo consenso político e partidário (inclui PSD, PS, PCP e CDS) de que é um dever patriótico Lisboa pedir aos pobres dos países ricos para dar aos ricos dos países… ricos. Portanto, João Lourenço está como peixe na água.
Segundo João Lourenço, no âmbito desta linha de financiamento de Portugal a empresas portuguesas em Angola — da Companhia de Seguro de Créditos (COSEC) – 36 projectos estão já concluídos, 11 estão em fase de execução e 12 “aguardam pela assinatura dos respectivos contratos de financiamento”.
Dirigindo-se a empresários presentes na sessão de encerramento do Fórum Económico Portugal – Angola, que decorreu na Alfândega do Porto, o Presidente admitiu que “a crise económica e financeira internacional teve consequências na cooperação entre os dois países”.
Mas, é claro, essas vespas internacionais (marimbondos no nosso vernáculo quimbundo) que se cuidem. João Lourenço não as teme e pode a qualquer momento (o mês mais aconselhável para a sua exterminação é em… Maio) ordenar a sua exoneração ou mesmo execução. Portanto.
João Lourenço salientou, no entanto, que “as dividas entretanto contraídas por empresas angolanas, uma vez certificadas pelo Ministério das Finanças e pelo Banco Nacional de Angola, têm vindo gradualmente a ser saldadas num ritmo considerado satisfatório pelas partes”.
E só isso comprova a seriedade do governo do MPLA (aliás, desde 1975 que Angola só tem governos do MPLA) e a sua capacidade bélica para pôr, há 43 anos, fora de combate todo o tipo de marimbondos, chamem-se eles Nito Alves, Holden Roberto, Jonas Savimbi ou… José Eduardo dos Santos.
O chefe de Estado reafirmou que, além da modalidade de pagamento por via da transferência bancária, este pode também ser feito com recurso às obrigações do tesouro, compensação fiscal e “soluções que integram as três componentes já referidas”.
“Pensamos, por isso, que o actual estado da economia angolana é animador e as projecções de vários organismos independentes indicam um crescimento médio real de 3% para os próximos quatro anos. Isso significa que o investimento tenderá a crescer e se poderão aproveitar as vantagens para expandir os negócios e o comércio feitos em Angola para os mercados da áfrica central e austral”, adiantou.
Este foi, aliás, mais um sério aviso aos também marimbondos das agências de rating, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e até do próprio Banco de Fomento de Angola que, numa recente análise dos seus técnicos, afirmava que a recessão deve rondar os 4% este ano e que, talvez, em 2019 a economia atinja o patamar da estagnação.
“2018 está a ser um ano de declínio económico duro, de 6% no primeiro semestre, e olhando para as exportações petrolíferas programadas até final do ano, o Produto Interno Bruto petrolífero deverá cair 8 a 9% este ano, e o não petrolífero já caiu 5% nos primeiros seis meses; um aumento da produção da economia não petrolífera no segundo semestre acima da média, mas alcançável, ainda assim faria com que o PIB caísse cerca de 4% no conjunto do ano”, escrevem os analistas do BFA.
O Presidente João Lourenço afirmou que, “com a criação pelo executivo angolano de condições de natureza política, macroeconómica e de regulamentação de investimentos, com o empenho com que tem estado a pôr freio às práticas lesivas do erário publico e a combater a corrupção e a imunidade”, julga estarem “superadas as razões que levavam muitos homens de negócio portugueses a abrandar o ritmo e volume dos seus investimentos em Angola”.
“Os novos procedimentos para atribuição de vistos para os investidores e turistas também ajudam a criar um melhor ambiente de negócios”, disse, referindo-se à aprovação recente do “visto do investidor”.
Este visto “garante um tratamento diferenciado em termos de entrada e permanência no país aos homens dos negócios que, investindo no país, pretendem acompanhar de perto os seus projectos”, acrescentou.
João Lourenço enalteceu ainda o facto de “muitos empresários que operam em Angola” serem “bem-sucedidos, apesar das dificuldades actuais que o país atravessa”.
Na sua opinião, esse “sucesso advém do seu empenho e do seu engenho, na medida em que são criativos na busca de soluções para os problemas com que se deparam”. Desde logo, acrescente-se, porque sabem que os corruptos, os traidores, os ladrões e os marimbondos de que fala João Lourenço estão todos no… MPLA.
O Presidente de Angola terminou o seu discurso reiterando “o convite” aos empresários para que “invistam, sem hesitação”, no seu país. “Tenho a certeza que no final seremos todos ganhadores. Sejam, pois, bem-vindos a Angola”, concluiu.
Nesta visita de Estado de três dias a Portugal, João Lourenço foi condecorado na quinta-feira, com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.
João Lourenço considerou que a sua visita de Estado a Portugal – a primeira desde que assumiu o cargo há um ano – inicia um “novo e promissor ciclo” nas relações bilaterais.
Esta é também a primeira do género de um Presidente angolano a Portugal desde 2009 e envolveu hoje, no Palácio da Bolsa, assinatura de 13 acordos entre os dois governos, tendo João Lourenço anunciado ainda, na quinta-feira, que o chefe de Estado português visitará Angola em 2019.
O programa oficial da visita de Estado termina no sábado, com a deslocação à Base Naval do Alfeite, estando o regresso de João Lourenço a Luanda previsto para domingo.
Folha 8 com Lusa
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