Campanha eleitoral ou violência estrutural?
Passou-me uma caravana de campanha eleitoral do partido no poder, na cidade de Maputo.
Uma longa fila de viaturas e motorizadas.
À frente seguia dezenas de motorizadas de alta cilindrada, montadas por jovens de classe média e alta (para os padrões do meu país), vestidos a rigor com camisetas vermelho e branco. Jeans e sapas de marca.
Uma longa fila de viaturas de luxo segue, numa marcha lenta, tripuladas por gente fina, bem parecida e nutrida. Destaque para as manas de cabelos longos importados e manos manos malhados.
Por fim seguiam os camiões, que na minha cidade de acolhimento chamam-se “my love”, carregando mamanas trajadas de camisetas brancas e capulanas verdes.
“Txuna Maputo; #BAIRROaBAIRRO” são as palavras de ordem.
No fim da longa fila um camião freight line, com moças lindas vestidas à Marrabenta, dançando coreografias ensaiadas a rigor, ao som de música de um dos mais populares cantores do país, espalhada por colunas só vistas em concertos musicais.
Enquanto munícipe desta cidade, senti-me violentado, não só pelo alto som das colunas mas pela exibição de luxo numa cidade pobre, sem água, electricidade, transporte, estradas de qualidade.
É tanta pompa numa campanha em uma cidade pobre.
Cheguei a pensar que a campanha é pela conquista, manutenção, expansão da riqueza de quem a faz e não pela conquista do poder para servir aos munícipes.
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