segunda-feira, 2 de julho de 2018

Obrador vence presidenciais e rompe com décadas de governos à direita


AMLO logrou mais de 50% dos votos, confirmou revolução à esquerda no México e prometeu “não falhar”. “Tenho consciência da minha responsabilidade histórica”, afiançou.
López Obrador
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À terceira foi de vez. Depois de duas candidaturas perdidas, em 2006 e 2012, Andrés Manuel López Obrador, líder do Movimento Regeneração Nacional (MORENA, de esquerda), venceu as eleições presidenciais mexicanas, com cerca de 53% dos votos – a maior percentagem de apoios alguma vez alcançada por um candidato à presidência no México.
Nestas eleições estão ainda em jogo todos os lugares no Congresso (Senado e Câmara dos Deputados) e milhares de cargos públicos a nível municipal e local, cujas contagens ainda prosseguem. Com o resultado histórico deste domingo, AMLO – como também é conhecido – sucede a Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI, de centro-direita) e consolida a viragem à esquerda de um país governado há décadas por Presidentes e Governos de direita e que nos últimos anos se afogou em violência, corrupção e desigualdade.
Obrador era o grande favorito à vitória deste domingo e não precisou de esperar muito para ser felicitado pelos seus adversários. Pouco depois de conhecidas as primeiras sondagens à boca das urnas, Ricardo Anaya (PAN, direita) e José Antonio Meade (PRI) reconheceram a derrota e congratularam o dirigente político de 64 anos, que concorreu pelo movimento Juntos Faremos História.
De acordo com os números revelados pelo Instituto Nacional Eleitoral, Anaya somou cerca de 22% dos votos, enquanto o antigo ministro das Finanças e dos Negócios Estrangeiros de Peña Nieto, José Antonio Meade, ficou-se pelos 16%. Em último lugar na contenda presidencial ficou o independente Jaime Rodríguez, com pouco mais de 5% da votação total.
Depois de uma campanha eleitoral polarizada e conflituosa, marcada pela violência – foram assassinados 46 candidatos – Obrador lançou um apelo à reconciliação e garantiu ter consciência do momento histórico que o país atravessa.
“Chamo todos os mexicanos a colocar o interesse superior [do país] por cima dos interesses pessoais, por mais legítimos que sejam”, pediu, citado pelo jornal mexicano El Financiero, aquando do seu discurso de vitória. “Asseguro-vos que não vos irei falhar e que não se vão desiludir. Tenho a perfeita consciência da minha responsabilidade histórica e quero ficar na história como um bom presidente do México”, afiançou.
Após prometer que vai “transformar o México”, AMLO sublinhou que a luta contra a corrupção e a impunidade será prioritária no seu mandato e procurou descansar os mercados, assegurando disciplina financeira e fiscal, além de respeito total da autonomia do Banco do México.
A vitória de Obrador espoletou uma onda de reacções um pouco por todo o mundo, com destaque para a de Donald Trump, com quem o próximo Presidente do México terá obrigatoriamente de se sentar, para debater uma das orientações políticas mais hostis dos Estados Unidos, em relação ao vizinho do Sul, de que há memória
Através do Twitter, o chefe de Estado norte-americano deu os parabéns a Obrador, disse estar “bastante entusiasmado para trabalhar com ele” e lembrou que “há muito para fazer”.
Emmanuel Macron (Presidente de França), Pedro Sánchez (presidente do Governo de Espanha) Jeremy Corbyn (líder da oposição no Reino Unido), Yanis Varoufakis (ex-ministro das Finanças da Grécia) ou Nicolás Maduro (Presidente da Venezuela) são algumas das figuras políticas que recorreram igualmente ao Twitter para felicitar o mexicano pela vitória. 
Obrador encontrar-se-á com Peña Nieto na próxima terça-feira para discutir a transição de poder. O novo Presidente iniciará funções no início de Dezembro.
  1.   Veneno contra rat/trip e seus similares. 
    Aproveito e deixo aqui, o meu apoio à administração do Jornal Público. que peca por tardia. Espero sinceramente que ainda vá a tempo.
  2. Jonas Almeida
      Stony Brook NY, Marialva Beira Alta 
    Mto bem! Mais um país em que a malta do establishment leva um chuto. Há décadas que o "arco de governação" do México (PRI + PAN) se agarrava ao tacho. O México merece aqui uma nota de maturidade democrática por não se ter deixado cair na ratoeira de coligações centrão. Vivemos tempos de inovação política em toda a parte. Notar o papel importante que o social media teve nestas eleições (Público, artigo?).
    1. Mas o partido do AMLO é do centrao. Mas centro esquerda. Capiche?
    2. Jonas Almeida
        Stony Brook NY, Marialva Beira Alta 
      Tiago, Obrador é descrito como um "nacionalista de esquerda" - é a receita anti-globalizacao que precisamente se opõe ao clientelismo centrão com mão forte. Deixei em baixo do NYT, aqui do The Guardian: theguardian.com/world/2018/jul/02/mexico-election-leftist-amlo-set-for-historic-landslide-victory
    3. Eu li o artigo do the guardian e a conlusao a que chego é o que Jonas é pessimo a interpretar o ingles. Tem a certeza que mora nos USA?
    4. Jonas Almeida
        Stony Brook NY, Marialva Beira Alta 
      tenho
    5. Jonas Almeida
        Stony Brook NY, Marialva Beira Alta 
      Ajuda-me ainda assim a traduzir "Realistic or not, the allure of his message is steeped in the language of nostalgia for a better time — and in a sense of economic nationalism that some fear could reverse important gains of the last 25 years. In this way, and others, the parallels between Mr. López Obrador and President Trump are hard to ignore." (do link que falta em baixo google.com/amp/s/mobile.nytimes.com/2018/07/01/world/americas/mexico-election-andres-manuel-lopez-obrador.amp.html). Obrador é uma mistura de Trump e Sanders. Tiago, como muitos luso-americanos eu sou aqui classificado como "hispânico". Mantenho o olho na política do país com que me confundem ;-), o que dá um geitao enorme em certas viagens a sul.
  3.   Veneno contra rat/trip e seus similares. 
    Oh Diabo, mais um motivo para vermos por aqui, os arranhados do costume todos aos saltos.Obrigado pelo programa.
  4.   OldVic recomenda a música do dia: "Intro/Keep it Healthy" (Warpaint) 
    “López Obrador, de 64 anos, era o grande favorito à vitória de domingo e já prometeu que respeitará as liberdades civis, que não haverá ditadura no seu governo e que tentará manter relações amigáveis com os Estados Unidos. Disse ainda que a melhor maneira de combater a pobreza era combater a violência” : Obrador só contrariou a “guinada à direita” porque ele próprio fez uma guinada para o centro, abandonando o extremismo de esquerda de algumas das suas posições históricas. Ou seja, mais uma vez se vê que, salvo raras excepções conjunturais, sem o centrão não há poder para ninguém.
    1. Nunca houve. Basta olhar para a Historia para ver os resultados dos extremos quer 'a esquerda quer 'a direita.
    2. Jonas Almeida
        Stony Brook NY, Marialva Beira Alta 
      Vocês escolheram as eleições erradas para esse comentário. Não só os dois partidos do centrão nem juntos se aproximam dos 50% como Obrador faz um uso do social média e de oratória que lhe mereceram comparações a Trump / Sanders. Do NYT: "The outcome represents a clear rejection of the status quo in the nation, which for the last quarter century has been defined by a centrist vision and an embrace of globalization that many Mexicans feel has not served them."
    3.   OldVic recomenda a música do dia: "Intro/Keep it Healthy" (Warpaint) 
      Jonas, quem define o centrão são os eleitores, não os partidos. Obrador já não é quem era, do ponto de vista ideológico, há anos atrás.
    4. O Jonas de facto nao sabe ler. O Obrador é um moderado de esquerda.
    5. Jonas Almeida
        Stony Brook NY, Marialva Beira Alta 
      OldVic, o que mudou nele não foi a ideologia, foi o nacionalismo. Por isso que ele teve o cuidado de dizer que "não vai haver ditadura no meu governo" como terá notado neste artigo no Público.
    6.   OldVic recomenda a música do dia: "Intro/Keep it Healthy" (Warpaint)
      Há uns tempos atrás ele era admirador do chavismo; hoje em dia isso seria suicídio político (sobretudo na Venezuela!!!), e estou convencido de que ele não teria sido eleito sem essa viragem.
  5. vinha2100
      Santarem 
    Estava na hora da esquerda moderada fazer frente ao bully que está na Casa Branca.
  6. Espero que se alastre ao resto da América do Norte
    1. Tambem eu!
    2. Jonas Almeida
        Stony Brook NY, Marialva Beira Alta 
      Já "alastrou". Obrador é da linha anti-globalizacao ao serviço do establishment que Bernie Sanders popularizou. Há uma nova geração de democratas como Alexandria Ocasio-Cortez a dar forma a esse movimento "a norte". Obrador junta a isso uma componente nacionalista que lhe valeram comparações com ... Trump. Não é só na Itália que a inovação política junta modelos socialistas de justiça económica com modelos nacionalistas de protecção social. É a Democracia como inovador político no seu melhor.
    3. LOl O Jonas a comparar a situacao da Italia como invador politico. É do mais ceguinho que existe.
    4. Jonas Almeida
        Stony Brook NY, Marialva Beira Alta 
      É muito estranho que o Tiago negue aqui a longa história da Itália como inovador político. Pergunto-me quanto saberá afinal da história europeia. Deixo-lhe um artigo sobre isso escrito por um dos seus (Paulo Rangel): publico.pt/2018/03/06/mundo/opiniao/italia-museu-ou-laboratorio-1805492
    5. A unica coisa que a Italia está a fazer é a renovar o passado. Nao ha aqui inovacao nenhuma. O que está em falta em si é mesmo Historia europeia, tipico nos americanos
      .

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