Marcelo responde a Trump: “Portugal não é os Estados Unidos”
Nas declarações após a reunião entre os dois chefes de Estado, o presidente norte-americano confirmou ter falado sobre migrações com o homólogo português e não resistiu a uma piada: "Cristiano poderá candidatar-se contra si?"
Donald Trump e Marcelo Rebelo de Sousa em amena conversa com os jornalistas no final de um encontro a dois de meia hora não era exactamente o que estava previsto, mas foi assim que aconteceu esta quarta-feira na Casa Branca.
Trump tentou recentrar a conversa na reunião com Marcelo, apresentando-o, e o chefe de Estado luso não se fez rogado. Com grande à-vontade, lembrou que Portugal foi o primeiro país a reconhecer a independência dos EUA, falou dos valores comuns e sublinhou a importância da comunidade portuguesa que atinge 1,4 milhões de pessoas.Os jornalistas locais disparavam perguntas sobre a política de imigração, em particular sobre a decisão da véspera tomada por um juiz federal que proibiu os agentes de imigração de separarem os filhos dos pais que tentam atravessar ilegalmente a fronteira do México com os EUA. Trump reafirmou que “as famílias devem estar juntas, mas não podemos ter uma política de portas abertas”. E acabou por confirmar, ele próprio, que o assunto foi abordado na reunião com o Presidente português: “Todos falam desse problema, você também”, disse.
Horas depois de se saber que Trump se vai encontrar com Putin nas próximas semanas, Marcelo não resistiu a dizer que tinha estado com o Presidente russo na semana passada e que este lhe tinha enviado cumprimentos. E acrescentou que, se fosse à Rússia, deveria ir assistir a um jogo de Portugal, onde joga o melhor futebolista do mundo. Trump aproveitou para gracejar: “E o Cristiano pode candidatar-se contra si?”.
Marcelo não hesitou: "Não venceria. Portugal não é os Estados Unidos, é um pouco diferente".
O chefe de Estado português aproveitou também para se congratular com a notícia de que o norte-americano se vai encontrar também com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. “São boas notícias”, disse Marcelo, após ouvir Donald Trump defender que as tarifas alfandegárias sobre importações de aço e de alumínio da União Europeia, do México e do Canadá "têm sido incríveis" para a economia norte-americana.
Nestas declarações aos jornalistas, em que Trump falou sobre as relações bilaterais entre Portugal e os Estados Unidos, mas respondeu a vários questões sobre assuntos internos, Marcelo Rebelo de Sousa ouviu-o também defender a necessidade de "fronteiras fortes".
"Eu acho que é bom para nós", disse o Presidente norte-americano e, virando-se para Marcelo Rebelo de Sousa, comentou: "Eu nem sequer sei o que pensa sobre isso". O Presidente português pareceu expressar discordância, abanando ligeiramente a cabeça, enquanto Trump prosseguia: "Eu acho que fronteiras fortes e ausência de crime, isso somos nós".
Já nas declarações que fez posteriormente aos jornalistas na chancelaria da embaixada portuguesa em Washington, Marcelo afirmou ter tido “a oportunidade de deixar claro que, além das matérias em que somos convergentes, que há muitas em que somos divergentes”. “Cada parte explicou os seus pontos de vista e eu penso ter conseguido explicar bem os nossos”, acrescentou, referindo-se em particular à guerra alfandegária entre EUA e União Europeia: “É importante para os Estados Unidos não criar problemas com a EU”, até por questões de defesa e segurança, pois no contexto da NATO, acrescentou, a Europa é muito importante. Com Lus
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