“Agarra-me o sol por trás” é um livro de "poesia", lançado em 2010, de Tânia Tomé. É um livro que mescla o lirismo e o timbre do canto na sua forma e conteúdo. O que no fundo pode-se observar, neste livro, pelos seus códigos semânticos é que ele tenta fazer uma migração inversa: quer sair do canto à poesia. E a descolagem não se efectuou com eficiência. Tânia é uma declamadora esplê...ndida.
Tânia Tomé faz deambular neste livro versos que se gastam num lirismo mínimo e com referências constantes musicais. Oscilando o valor poético do seu livro nestes dois elementos acaba tornando-o uma obra monocórdica: “e construo um castelo de sílabas com o canto das aves” ou quando diz “e um mundo inteiro descobre-me nestes verbos: o saxofone, o baixo, o piano, a bateria”.
Tânia é apegada a música e isso não é mau e podia ser uma riqueza a sua poesia. Mas, parece que a música, a sua apreensão do tempo e do mundo pelas notas e as suas sensações extremadas de canto sufocam a sua poesia. Domina a economia da palavra no verso, tão bem (isso recorda-me Sophia de Mello Breyner), todavia essa economia é marcada por um gosto poético estridente. Tânia não escreve poesia que pode ser cantada, contudo compõe músicas que querem ser uma poesia concisa.
Tânia compõe, mas não escreve poesia. Escreve livros, porém não com a mão de uma poetisa. Chama-la poetisa é dizer que a poesia escreve-se com piano. Quando parece que vai iniciar um verso poético cai no ultra-sentimentalismo. “E eu engoli um piano”, talvez seja esse o piano que impede o verdadeiro verso vindo dela.
“Agarra-me o sol por trás” é um livro menor, talvez uma biografia duma compositora apaixonada por música e verso curtos. E Tânia, neste livro, não é uma poetisa menor, no entanto é uma rimadora ou versajadora que não chega à pequenez poética. A poesia deve desbaptizar o mundo, dizia o poeta Roberto Juarroz. A poesia é a inquietação que rói as paredes do mundo. Ler um poeta e sair dele como se entrou, ou pior, exausto e com um bornal de vibrações vazias de nada vale.
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Achei interessante a critica e avaliação da escrita de Tânia Tomé, e acho que ela é necessária para escrita, e para todo desenvolvimento do conhecimento.
ResponderEliminarMas seria interessante que na sua critica, não argumentasse sem colocar os poemas para os outros entenderem seu raciocino. Regra geral a critica literária acompanha os textos do autor para melhor fundamentar a critica. E aqui não vejo poema nenhum. Mas é positivo que se tenha inspirado nela e no que ela tem feito para estimulo da literatura e leitura em vir escrever algumas breves palavras depois de saber mais sobre Tânia Tomé, se é que leu o livro, seria também interessante saber onde o comprou… já que os livros da primeira e segunda edição esgotaram a muito. Como é muito habitual Moçambicanos estão muito habituados a criar juízos de valor, sem lerem ou saberem mais, e mais partilham angustias e frustrações e nunca sabem reconhecer o valor do outro. È típico talvez seja herança da colonização. Mas sugiro que se informe como se constrói a critica, porque isto não é uma critica literária, é uma junção de palavras com juízos de valor. Seria bonito que ao ler, ou escrever alto estimulassem outros a pesquisar. Contudo parabéns continue, mas saiba assumir o erro quando o que faz ou fez não reflete o que está a tentar vender. E boa sorte.
Para seu próprio consumo analise nos seguintes linkes a obra da autora, lembro que essas criticas foram feitas tanto a nível nacional e sobretudo internacional, onde realmente o conhecimento profundo critico já tem talas de experiência:
E já agora leia o que um dos maiores criticos portugueses António Cabrita diz sobre Tânia Tomé:
Nomes absolutamente a reter, na literatura, e só falo dos vivos: João Paulo Borges Coelho, Mia Couto, Ungulani Ba Ka Khosa, Suleiman Cassamo, Paulina Chiziane, Luís Carlos Patraquim e Tânia Tomé. São as minhas escolhas. Isso está no seguinte link publico: Entrevista ao critico português António Cabrita: http://revistapausa.blogspot.com/2011/12/entrevista-com-o-escritor-portugues.html