TEMA DA SEMANA 2 Savana 29-09-2017
Acontundente interven-
ção de Graça Machel,
quinta-feira, no terceiro
dia do Congresso,
representando a ala histórica da
Frelimo, é para já um claro sinal
de que a luta pelo controlo da
máquina no partido governamental
será dura numa formação
política ultimamente marcada
por grandes disputas de influências
e/ou competição.
Graça Machel atacou a ascensão
meteórica de algumas figuras nos
órgãos do partido sem percurso
partidário e com recurso à compra
de votos, uma intervenção,
aparentemente, na mesma lógica à
proferida por Fernando Faustino,
Secretário Geral da Associação
dos Combatentes da Luta de Libertação
Nacional (ACLLIN), na
última sessão Extraordinária do
Comité Central da Frelimo, no
Centro de Conferências Joaquim
Chissano.
“Estamos a quebrar a nossa tradi-
ção. Na Frelimo soube-se através
das escadas e não de elevador”,
disse Graça Machel, fortemente
aplaudida numa sala composta por
2.249 delegados e 1.226 convidados
nacionais e estrangeiros.
Já à saída para o intervalo, numa
conversa com Verónica Macamo,
da Comissão Política (CP), Gra-
ça Machel voltou à carga: “Vocês
que estão na Comissão Política
não podem ficar calados e assistir
coisas a acontecerem no partido”,
disse Machel com o dedo indiO
assalto à máquina do partido
Nyusi próximo do dia mais longo do Congresso
cador apontado a Macamo. José
Pacheco, secretário do Comité de
Verificação, órgão de disciplina do
partido, reagiu à intervenção de
Graça Machel e disse que as acusações
de compra de votos eram
puro boato. “Eu Graça Machel
não sou boateira”, contra-atacou
com veemência a viúva de Samora
Machel, o primeiro presidente de
Moçambique.
A intervenção de Graça Machel
era indicativa da forte luta por um
lugar nos órgãos do partidos, nomeadamente
no Comité Central
e Comissão Política, programada
para este sábado. O nervosismo
é dominante, sobretudo, entre os
jovens que ambicionam altos vôos.
Eles argumentam pelos corredores,
para os que querem ouvir, que
é chegada a hora dos veteranos
passarem o testemunho para as
novas gerações.
Um dos “jovens” que anda altamente
activo nos corredores do
congresso é Edson Macuácua, um
antigo fiel colaborador de Armando
Guebuza e pai ideológico do
grupo de propaganda G-40, que
ambiciona chegar ao cargo de Secretário-Geral
da Frelimo. Macu-
ácua obteve uma votação notável
no X Congresso em Muxara para
o Comité Central, mas falhou a
ascensão à Comissão Política. A
“era Nyusi” na liderança do partido
fê-lo desaparecer dos holofotes,
embora retendo as rédeas
da importante Primeira Comissão
da Assembleia da República. Nos
corredores do XI Congresso circula
um CV de 11 páginas elaborado
por Macuácua que também ficou
conhecido por ter liderado, em
2016, uma descreditada comissão
de inquérito parlamentar sobre
a existência de valas comuns no
centro de Moçambique por execuções
praticadas por “esquadrões
da morte”. Apesar de terem sido
vistos mais de duas dezenas de
corpos, a comissão dominada pela
Frelimo concluiu que não havia
valas comuns. A eleição de Macu-
ácua, representando politicamente
a fase mais aguda do lambebotismo
e da idolatria ao presidente
Guebuza, é um teste à popularidade
destes sectores, também representados
neste Congresso. Nos
corredores, tem havido sugestões
para que Macuácua desista da
candidatura para a entrada nas listas
à Comissão Política (CP)
Até ao fecho da presente edi-
ção ainda não estava muito claro
quem de facto será o próximo SG
da Frelimo e nem se conhecia o
candidato do Presidente. Contudo,
está também a ser cogitado o
actual governador de Inhambane,
Daniel Tchapo, o secretário
da Frelimo em Maputo, Francisco
Mabjaia, o antigo ministro da
Energia, Castigo Langa, e Ana
Rita Sithole, deputada e membro
da Comissão Permanente da
Assembleia da República. Sithole
está também activa no Congresso.
Segundo as conjecturas entre delegados
ao Congresso no fim do
dia desta quinta-feira, caso falhe
“a opção de eleger um SG a sul”,
alguns sectores avançavam com o
nome do actual vice-ministro das
Mar, Águas Interiores e Pescas,
Henriques Bongece, um antigo
primeiro secretário da Frelimo
em Sofala, um quadro cinzento e
medíocre, muito calejado na repressão
à oposição e habituado a
burocracias partidárias. Teve até
direito a um grau “honoris causa”
oferecido por uma obscura universidade
da cidade Beira.
Francisco Mabjaia, que nos últimos
tempos tem estado a liderar
várias campanhas de apoio e lobby,
com ofertas embaraçosas à mistura,
terá ficado mal na fotografia ao
ver recusada a oferta de um tractor
ao Presidente Nyusi. “Ofereçam
aos camponeses nas zonas verdes
que tanto precisam”, recomendou
Nyusi, gelando a sala e deixando
embaraçado Mabjaia e os “camaradas”
do comité da cidade da
Maputo. Roque Samuel Silva,
um antigo primeiro secretário d e
Gaza e agente repressivo contra
a oposição, actualmente
- Porta-voz do guebusismo, Edson Macuácua, luta para chegar a Secretário Geral
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Um dos pontos da agenda
que está a ser altamente
equacionada por ter um
potencial de provocar
danos ao partido é a proclama-
ção de Armando Guebuza como
Presidente honorário da Frelimo,
prevista para as 16 horas de sábado.
Sectores próximos do Presidente
Filipe Nyusi defendem que
se devia adiar a proclamação de
Guebuza como presidente honorário
dada a baixa popularidade
do anterior timoneiro, provocada
pela controversa questão das dí-
vidas ocultas. Argumentam que
a proclamação seria vista como
“um acto de arrogância” da Frelimo
e seria penalizador, com o
potencial de corroer o partido nos
próximos pleitos eleitorais. Nos
bastidores está a movimentar-se
Alberto Chipande com a missão
de convencer Margarida Talapa,
Verónica Macamo e Filipe Paunde,
figuras próximas de Guebuza,
a retirarem a proposta. As dívidas
ocultas são até agora um tema
tabu no Congresso, embora se
fale dele “à boca cheia” no recinto
Proclamação do Presidente honorário
exterior à sala do Congresso. Os “jovens
da renovação” sugerem que há
brigadas de choque ligadas ao anterior
timoneiro para arrasarem quem
ousar levantar o tema. Membros
proeminentes do grupo G-40 estão
sentados na bancada dos convidados
e os advogados de Guebuza, à boca
do Congresso, fizeram chegar à PGR
(Procuradoria-Geral da República),
uma exposição em que culpam o governo
de Nyusi por falta de apoio ao
desenvolvimento das empresas
Ematum, Proíndicus e MAM.
Um dos ganhos de Nyusi, e que
ele próprio omitiu no seu discurso
de abertura, e que está
a ser amplamente exaltado no
congresso, foi o diálogo directo
com o líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, nas montanhas da
Gorongosa, visto como um símbolo
de tolerância e “espírito de
abertura”. É preciso lembrar que
ao ir à Gorongosa, Nyusi expos-
-se a pressões e ataques internos,
largamente influenciadas por
sentimentos de reprovação em
relação ao diálogo com a Renamo,
cujos principais agentes da
pressão foram elementos ligados
ao G-40, grupo de choque criado
na era Guebuza, cuja paternidade
é atribuída a Edson Macuácua e
Gabriel Muthisse.
Embora haja uma grande envolvente
emocional de apoio a Nyusi
desde a primeira hora do início
do Congresso, sábado, o dia das
eleições será de facto o “Dia D”
para se saber se Filipe Jacinto
Nyusi sai da Matola como um
verdadeiro vencedor, finalmente
com as rédeas do partido nas
mãos.
Naíta Ussene
Graça Machel fez uma forte
intervenção no Congresso
Celso Correia tenta reeleição no
Comité Central e é um dos nomes
cogitados para a Comissão Política
Calisto Cossa, edil da Matola, um nos
nomes que pode entrar na CP na quota
dos jovens
TEMA DA SEMANA Savana 29-09-2017 3
TEMA DA SEMANA
no posto obscuro de vice-ministro
da Administração Estatal e Fun-
ção Pública e Tomaz Salomão, um
figura de topo no partido e nas
televisões, são outras das figuras
que viram os seus nomes associados
ao cargo de SG. Tchapo, um
jovem quadro, natural de Inhaminga
(Sofala), que pôs termo ao
ciclo de governadores medíocres
na província de Inhambane, é elogiado
pela sua competência, mas
os seus detractores enfatizam que
não tem experiência na máquina
do partido.
Porém, o que está mesmo claro é
que o Presidente Nyusi será eleito
por uma esmagadora maioria
de votos. Depois da ACLLIN ter
dito que Nyusi é o “candidato natural”,
nesta quinta-feira foi a vez
dos seguidistas da OJM (Organização
da Juventude Moçambicana)
e da Organização da Mulher
Moçambicana (OMM), o braço
feminino do partido Frelimo endossarem
o seu total apoio a Nyusi.
Está completamente afastada
a ideia de se avançar com um segundo
candidato, muito defendida
nas vésperas do Congresso em
sectores próximos a Guebuza.
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Onde também a luta será renhida
é na eleição dos membros da poderosa
CP, o órgão que decide a
vida do partido nos intervalos das
sessões do Comité Central. Neste
Congresso, Filipe Nyusi tem
revelado alguma capacidade para
impor “os seus” e remover os que
têm que sair independentemente
da sua história no partido. É
nesta linha que o jovem ministro
da Terra, Ambiente e Desenvolvimento
Rural, Celso Correia e
o também jovem edil da Matola,
Calisto Cossa, se têm destacado
como figuras com potencial para
ocupar lugares nas novas entradas
na CP que, por força dos seus estatutos
verá 40% dos seus membros
a deixarem o órgão.
Segundo o artigo 63 dos actuais
estatutos da Frelimo, a CP é composta
por um número ímpar, entre
15 e 21 membros eleitos pelo Comité
Central. Em Muxara, Celso
Correia foi eleito para o CC com
1100 votos. Na Matola deverá primeiro
ser reeleito para o CC para
depois “atacar” a CP, uma luta que
se afigura difícil, dado os lobbies
agressivos que há meses fazem
campanha aberta e hostil contra
um dos mais competentes colaboradores
de Nyusi.
Calisto Cossa chega ao congresso
com lugar garantido no CC. Foi
eleito na conferência provincial
de Maputo. Na Matola deverão
ser eleitos 50 membros do CC.
As Conferências Provinciais já
tinham eleito 130 candidatos. Na
Matola serão igualmente eleitos
18 suplentes.
Outra figura muito badalada é
Catarina Dimande, a nora de
Alberto Chipande e conselheira
do Presidente Filipe Nyusi para
assuntos institucionais. Como as
listas da renovação ainda não estão
prontas, não se sabe se Celso
Correia terá de disputar a eleição
contra Calisto Cossa. Para já há
lugar para seis novos membros,
mas está a circular uma proposta
para que a renovação tenha 60%
de lugares e a continuidade, 40%.
Na lista da “continuidade”, está
claramente assegurada a transição
para o novo CP de Alberto Chipande,
que esteve sempre ao lado
de Filipe Nyusi desde o início do
Congresso.
Verónica Macamo deverá assegurar
a sua manutenção. É praticamente
carta fora de baralho Lucília
Hama, que deve a sua eleição
para a CP em Muxara a Armando
Guebuza. Filipe Paúnde, que
obteve uma votação notável no
congresso de Muxara e Alberto
Vaquina, ambos têm vaticínios
de cartão de saída antes mesmo
das votações, que deverão acontecer
este sábado. Paunde obteve
formalmente uma vitória convincente
nas eleições para o Comité
Central em Muxara, posicionando-se
em primeiro lugar com
1.438 votos, o que representava
77,4%, o que lhe abriu caminho
para ser eleito SG.
José Pacheco chegou directamente
à CP em Muxara, como candidato
único a secretário do Comité de
Verificação, o órgão de disciplina
do partido. Também está tremida
a sua continuidade. O jovem
Sérgio Pantie, eleito para órgão
no congresso de Muxara, através
da quota da juventude, joga também
a sua reeleição. Margarida
Talapa, Esperança Bias, Eneias
Comiche, Raimundo Pachinuapa,
Conceita Sortane, Eduardo Mulembwé
e Alcinda Abreu, foram
reeleitos para a CP no congresso
de Muxara, Todos haviam sido
eleitos no IX congresso na cidade
de Quelimane. Agora jogam a sua
continuidade na Matola. Todavia,
esperam-se também desistências
de alguns membros, numa clara
corrida para frente, evitando uma
eventual humilhação. Manuel
Tomé fez isso em Muxara e Luísa
Diogo foi até ao fim, sucumbindo
nas urnas. Apesar de polémico, o
general Atanásio Mtumuke, o actual
ministro da Defesa, poderá
ser proposto para a CP, dado o seu
envolvimento na conjuntura do
processo de paz. Na CP, mais uma
vez, são aventados os nomes de
Castigo Langa e Ana Rita Sithole.
Dado que não está claro se Nyusi
consegue colocar “as suas pedras”
na CP, circulou quinta-feira uma
proposta alternativa para se “alargar”
a CP. Agrupando várias tendências.
A CP é conhecida como
a mais notória força de bloqueio
à governação Nyusi, uma vez que,
estatutariamente, ela coordena e
orienta a acção do executivo.
TEMA DA SEMANA 4 Savana 29-09-2017
Manhã de 26 de Setembro
de 2017. Trânsito
intenso na ligação entre
Maputo e Matola.
É a agitação total pelo arranque do
XI Congresso de um partido que
continua a se confundir com o Estado.
É terça-feira e a temperatura está
amena, com os termómetros do
Instituto Nacional de Meteorologia
(INAM) a apontarem para 28 graus
centígrados em Maputo.
Todos os caminhos dão ao bairro de
Hanhane, na Matola, província de
Maputo, onde se cruzam perto de
três mil congressistas, na renovada
Escola Central da Frelimo.
Na Estrada Nacional Número 4
(EN4), em obras de reabilitação,
várias escoltas vão disputar, entre si,
prioridade de passagem, com as barulhentas
sirenes de motorizadas e
viaturas da Polícia de Trânsito a caminho
da “catedral dos camaradas”.
Aqui, os “chefes de segunda” vão ter
de ceder, mesmo com as suas escoltas,
prioridade aos “chefes de primeira”.
É a corrida ao Congresso que deixou
as viaturas de transporte de passageiros
e de singulares em longas filas
de espera.
A intensidade do tráfego não evitou
a ocorrência de alguns choques entre
viaturas. Por exemplo, pouco antes
das 8.00horas, já nas redondezas da
Escola Central da Frelimo, o “consultor
internacional”, também antigo
ministro da Indústria e Comércio,
Armando Inroga, estava às golas pelas
mãos de um jovem condutor com
quem discutia por causa de um embate
entre as suas viaturas.
Enquanto isso, no recinto da Escola,
os delegados e convidados eram
confrontados com fortes medidas de
Os bastidores do Congresso
Por Armando Nhantumbo
segurança, nomeadamente, a proibi-
ção de entrada com telemóveis dentro
da sala da Conferência. O SISE
deve ter despachado quase todos os
espiões para o local.
Muitos, incluindo antigos altos dirigentes
do Estado, foram apanhados
de surpresa e tiveram de recuar para
as suas viaturas, algumas estacionadas
a boa distância do local, para lá
deixarem os telemóveis.
“Epá, é complicado isto”, comenta
um antigo ministro, enquanto
vai à procura do seu condutor para
deixar-lhe com o seu android. Estranhamente,
computadores de nova
geração, com funcionalidades de comunicação,
não foram barrados.
Embora o discurso da Frelimo procure
dar a entender a existência de
uma separação nítida entre o Partido
e o Estado, a prática continua a sugerir
que o partido no poder controla
tudo e todos.
Para além dos recursos do Estado,
humano e materiais, que são habitualmente
mobilizados para os eventos
do partido, servidores públicos, empresários,
dirigentes desportivos, religiosos,
académicos, comentaristas,
entre outros, estão no Congresso da
Frelimo, vestindo a capa de “convidados”.
Governadores provinciais, edis, presidentes
das Assembleias Provinciais
e Municipais, titulares estatais de todas
as províncias do país largaram os
seus postos e estão todos no conclave
dos camaradas. Alguns, porque não
tinham a camisete vermelha do “primeiro
dia”, foram mandados regressar.
Os mais embaraçados, meteram
casacos por cima das camisetes.
“A Nação toda está aqui”, comenta o
jornalista empolgado de uma estacão
televisiva próxima do regime.
Nem as crianças escapam à instrumentalização
política. Em pleno
dia de aulas, dezenas delas foram
mobilizadas para, em nome da Organização
de Continuadores de Mo-
çambique (COM), cantarem vivas à
Frelimo e a sua liderança.
Em nome da “oposição moçambicana”
estão os presidentes dos extraparlamentares
Partido Independente
de Moçambique (PIMO) e
Trabalhista, respectivamente, Yacub
Eliseu Machava (à esquerda) e com
o poderoso histórico da Frelimo,
Alberto Chipande (à direita), tido
como o seu homem forte na lideran-
ça do partido e do país, em parceria
com Lagos Lidimo, o temível chefe
da Segurança de Estado.
Às vezes impulsivo, Nyusi interrompeu,
pelo menos no primeiro dia, a
apresentação do longo programa de
actividades, ordenando o começo das
actividades; quebrou a tradição das
longas saudações das organizações
sociais, dando lugar apenas à OCM
(os moribundos jovens da OJM, os
influentes combatentes da ACLLN
e as passivas mamanas da OMM
ficaram de fora no dia de abertura);
apesar de ser bom de canta e dança,
sempre se mostrou irrequieto e algo
enfadado com os habituais cânticos
entoados minuto a minuto pelos
congressistas.
Em busca da sua própria marca,
Filipe Nyusi intercalou o seu longo
discurso de abertura com breves
cantares como forma de ganhar a
audiência. O novo trovador do regime,
Egídio Vaz, disse que foi uma
fórmula estudada.
Como é de praxe nas suas
aparições públicas, Filipe
Nyusi foi demolidor na
abertura do XI Congresso
da Frelimo. E tal como na sua
tomada de posse, a 15 de Janeiro de
2015, quando transmitiu aos mo-
çambicanos uma nova esperança,
que mais tarde se viria a esfumar,
esta terça-feira, o presidente da
Frelimo e da República voltou com
um discurso ambicioso, para tentar
reanimar a esperança.
Destacou o combate, sem tréguas,
à corrupção como o mais urgente e
vital de todos os desafios porquanto
o fenómeno corrói as instituições e
mina os esforços do desenvolvimento.
“Não pode, caros camaradas, existir
qualquer dúvida: o combate à corrupção
é o mais urgente e vital de
todos os desafios. Neste domínio,
não podemos adiar, não podemos
tolerar. Esse grau zero de tolerância
deve começar no nosso próprio seio,
os nossos militantes devem ser um
exemplo”, disse Filipe Nyusi.
Disse que em qualquer posição e
circunstância, os quadros da Frelimo
devem assumir a tradição histórica
do partido, de dedicação, compromisso
e entrega ao país e ao povo.
“Esse compromisso de pureza e abnegação
deve ser uma norma entre
os funcionários do Estado, do topo
até à base. Os nossos quadros da
educação, da saúde, da polícia, os
agentes aduaneiros e de migração,
de todos os sectores da função pú-
blica não podem abusar das suas
funções”, precisou Nyusi, para quem
o Congresso da Matola tem de rea-
firmar que esses abusos não podem
ficar impunes.
“Não pode haver tolerância com a
ilegalidade, o suborno, a extorsão e
todos os outros desmandos. A Frelimo
não poderá permitir que se fechem
os olhos a estes abusos, para
que o nosso próprio prestígio não
seja posto em causa”, acrescentou.
Esclareceu que na Frelimo se deve
falar na mudança sabendo-se que há
princípios sagrados que não podem
ser sujeitos à mudança e um deles é
a defesa dos interesses nacionais acima
dos interesses de grupos.
“É preciso que cada um dos nossos
dirigentes escolha primeiro servir o
povo e a sua pátria. Essa foi sempre
a doutrina que norteou a actividade
de quadros da nossa Frelimo”, afirmou.
Para o presidente da Frelimo e da
República, “se fomos capazes de
vencer a dominação colonial, teremos
de ser capazes de vencer a
batalha contra a corrupção. Se fomos
capazes de fazer calar as armas,
teremos de saber combater o crime
organizado e construir um país feito
por todos os moçambicanos e para
todos os moçambicanos”.
Independência económica
Na visão de Nyusi, a batalha pela independência
económica está posta à
prova por uma conjuntura internacional
difícil que, mais do que fazer
mais, requer fazer de outra maneira.
“Precisamos de encontrar modelos
inovadores que rompam com os ciclos
de dependência. E é também
neste domínio que o nosso partido
deve manter a liderança. Não queremos
continuar a ser meros fornecedores
de matérias-primas” disse.
Para o presidente, é preciso construir
uma economia, estruturalmente,
diferente, uma economia diversa
e diversificada, fundada na transformação
interna de produtos e na
criação de uma riqueza duradoura.
Defende um País com menos pobreza,
mais auto-suficiente, com
segurança alimentar e nutricional
garantidas.
Com muitas palmas disse: “não queremos
ser parte de uma sociedade
onde os mais ricos sufoquem os
mais pobres. Batalharemos por uma
sociedade de bem-estar, onde cada
um de nós, moçambicanos, fruto do
seu trabalho e empenho, beneficie
das riquezas de que o País dispõe”,
afirmou.
Defendeu ainda uma visão de longo
prazo para garantir que as riquezas
no solo e no subsolo sejam uma
bênção e não uma maldição.
“Não pretendemos, em nenhum
momento, comandar a nossa economia
só com soluções pontuais e
conjunturais. Não pretendemos governar
apenas por via de campanhas
e de projectos”, assegurou.
Destacou a necessidade de se estimular
o sector privado nacional,
promover o acesso ao financiamento
e reduzir os entraves burocráticos.
“Temos de reduzir os tempos de espera
na tomada de decisões. As instituições
do Estado não podem ser
vistas como um travão. Deve ser o
oposto. Essas instituições devem ser
facilitadoras do crescimento, devem
dar o exemplo de uma governação
eficaz e inclusiva”, disparou.
Para Nyusi, “não podemos ter serviços
públicos que, em vez de serem
parte da solução, encorajam a
burocracia, os jogos de influência
e a troca de favores”.
Nyusi na abertura do XI Congresso
Mais um discurso rico de boas intenções
Sibindy e Miguel Mabote, que nunca
esconderam a sua simpatia pelo
partido no poder. Em nenhum lado
se viu a presença da Renamo e do
MDM, os partidos que com a Frelimo
fazem a mancha parlamentar.
Mas o Congresso da Frelimo serve
de oportunidade para negócios na
Matola. Por exemplo, dentro e nas
redondezas da Escola Central, foram
improvisadas bancas para a venda
de vários produtos, alimentares e
não alimentares. Algumas das barracas
têm vendedoras com crachat livre
trânsito de “delegado” e “convidado”.
Foi assim que, perto das 10h de
terça-feira, o presidente da Frelimo,
Filipe Nyusi, entrava na sala da
Conferência para a cerimónia de
abertura do evento que se prolonga
até ao próximo domingo. Dizem-
-nos que há esforços para terminar
sábado para dar espaço a um comício
popular no domingo.
Entrou directo à mesa dos antigos
chefes de Estado para saudar Joaquim
Chissano e Armando Guebuza
e só depois se dirigiu à mesa de
honra, onde se senta lado a lado com
o actual secretário-geral do partido,
Armando Inroga, quando discutia com um jovem condutor com que se embateu,
por viatura, a caminho do XI Congresso da Frelimo
Movimento desusado marca o encontro da família Frelimo na Matola
Naíta Ussene
Naíta Ussene
TEMA DA SEMANA Savana 29-09-2017 5
Numa altura de dança de
cadeiras para a ocupação
de lugares estratégicos
nos órgãos da Frelimo e
para as eleições autárquicas e gerais
que se avizinham, o Comité
Central (CC), o órgão mais importante
do partido no intervalo
entre os Congressos, decidiu quebrar
o silêncio e condenar, com
veemência, a existência de camaradas
ou grupos que recorrem à
difamação para combater potenciais
adversários ou então recorrendo
à compra de consciências
para atingir posições.
O posicionamento do CC está
contido no seu Relatório ao 11º
Congresso, a que o SAVANA teve
acesso.
Composto por 197 membros efectivos
e 22 suplentes, o actual CC
que, em meio à renovação e con-
(OHLo}HVLQWHUQDVQD)UHOLPR
CC repudia estratégias de difamação
e compra de consciências
Por Armando Nhantumbo
tinuidade, cessa funções no Congresso
desta semana, cinco anos
depois da sua composição no 10º
Congresso, em Muxara, arredores
da cidade de Pemba, em Cabo
Delgado, em 2012, integra influentes
membros da Frelimo, como o
antigo combatente Alberto Chipande,
os deputados Eduardo Mulémbwe,
Eneias Comiche, Alcinda
de Abreu, Raimundo Pachinuapa,
a economista e antiga primeira-
-ministra, Luísa Diogo, a activista
antiga ministra da Educação, Gra-
ça Machel, o economista e antigo
ministro das Finanças, Tomaz Salomão,
o antigo secretário-geral da
Frelimo, Manuel Tomé, e o jurista
e antigo deputado, Teodoro Waty e
o histórico Sérgio Vieira, estes dois
últimos na lista de suplentes.
Na hora de render a guarda, os
membros do CC denunciam existências
de sinais, na Frelimo, de
camaradas ou grupos que estão a
introduzir o princípio de excluir
possíveis candidatos, utilizando a
difamação ou produção de informações
não abonatórias em relação
a outros camaradas, quando consideram
que esses não são parte dos
seus objectivos ou que não lhes vão
obedecer, ou ainda por receio da
competição.
“Esta preocupação é acrescida
quando, por vezes, são afectados
por esta difamação quadros com
capacidade, experiência e maturidade
política e profissional para o
exercício de funções e cumprimento
das tarefas, caso fossem eleitos
ou designados”, sublinham os
membros do CC.
Por isso, orientam a uma atenção
redobrada nos períodos eleitorais
e nos processos de identificação de
quadros para candidatos ou para
nomeação.
Como que a sustentar a sua tese,
citam as IV eleições autárquicas, de
2013, e as V eleições gerais (presidenciais
e legislativas) e III para as
Assembleias provinciais, de 2014,
como aquelas que, ao nível da Frelimo,
foram marcadas pela ocorrência
de manifestações de intriga, tribalismo
e compra de consciências.
“Estas manifestações constituem
uma flagrante violação dos Estatutos
e não dignificam a imagem e a
grandeza da nossa Frelimo” referem
os membros do CC no seu relató-
rio.
Para aquele órgão importante no
intervalo entre os Congressos da
Frelimo, que acontecem de cinco
em cinco anos, há ainda a necessidade
de tomada de medidas disciplinares
aos membros que violem
os Estatutos do partido, o Código
de Conduta e outras Directivas, aos
que pratiquem nepotismo ou usem
a sua posição para obter vantagens
de outros camaradas ou que comprem
consciências, sobretudo no
processo das eleições internas.
Esta não é a primeira vez que a
compra de consciência vem à tona a
partir de dentro da própria Frelimo.
Foi ainda este ano que o secretário-
-geral da Associação dos Combatentes
da Luta de Libertação
Nacional (ACLLN), Fernando
Faustino, deixou o país atónito
quando, em sede da IV Sessão Extraordinária
da Frelimo, denunciou
o que designou de fragilidades no
sistema de eleições internas da Frelimo,
que permitiram que os mais
espertos assaltassem as fileiras do
partido, liderando e ocupando posições
de destaque em detrimento
de muitos quadros que hoje se encontram
distantes do campo das
estratégias de batalha política.
Na ocasião, Faustino defendeu purificação
de fileiras sem contempla-
ções de modo a devolver-se a dignidade
ao partido.
Na sua visão, apontou para a construção
de um país forte, unido e
próspero, onde a equidade, a justiça
social e a protecção do ambiente sejam
a bandeira e prometeu colocar a
agricultura no topo das prioridades
e encorajar os que produzem emprego.
“Em meados do século XXI, queremos
um país industrializado, com
plena utilização das tecnologias de
informação e comunicação e acesso à
energia facilitada. Visualizamos uma
sociedade moderna e informada,
com infra-estruturas que facilitem a
circulação de pessoas e de bens, incluindo
a circulação de ideias. Uma
sociedade em que o acesso à água e à
habitação digna seja não apenas um
direito, mas uma realidade”, disse.
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No capítulo da descentralização,
que disse ser um dos mecanismos
indispensáveis para a consolidação
do Estado de Direito Democrático
e de Justiça Social, Filipe Nyusi fez
recados para dentro do partido, ao
desmontar a tese dos sectores mais
fundamentalistas do partido que defendem
que a descentralização exigida
pelo maior partido da oposição,
a Renamo é um atentado à unidade
nacional porque lutaram.
“Não deve existir conflito entre
descentralização e preservação da
nossa maior conquista que é a unidade
nacional. Uma governação
mais eficiente e participada do nosso
país necessita do suporte de uma
descentralização ponderada e responsável”,
vincou Nyusi, para quem,
tal como os combatentes fizeram no
passado, devemos nós também estar
preparados para operar mudanças e
continuar a assumir a liderança das
transformações que se impõem no
século XXI.
Nyusi disse que é preciso dotar os
jovens, que são a maioria da população
moçambicana, de ferramentas
necessárias para que possam ser, ao
mesmo tempo, patriotas e cidadãos
do seu mundo e do seu tempo.
Nyusi entende que, para se estar à
frente do tempo, é preciso dotar a
juventude de conhecimentos técnicos
e científicos para que ela seja o
verdadeiro agente de mudança.
“E aqui não podemos ser complacentes.
É preciso melhorar, radicalmente,
a qualidade do ensino desde
o nível primário passando pelo
médio até ao superior” sublinhou o
presidente, acrescentando que, não
“seremos donos do nosso tempo, se
não criarmos capacidade de pesquisa
com prioridades bem claras”.
De fora do discurso ficaram duas
questões incontornáveis; as dívidas
ocultas e a sua resolução e o processo
de paz com a Renamo.
6 Savana 29-09-2017 SOCIEDADE
Na tentativa de busca
de protagonismo recorrendo
à estratégia
de exaltação do chefe
através de lambebotismo, uma
prática muito recorrente na
administração Guebuza, a delegação
da Frelimo ao nível da
cidade de Maputo embaraçou
o presidente do partido, Filipe
Nyusi, ao tentar arrastá-lo à violação
da Lei número 16/2012, de
14 de Agosto, Lei de Probidade
Pública.
O incidente verificou-se nesta
quinta-feira, 28, terceiro dia do
XI Congresso, quando a delega-
ção da cidade de Maputo foi chamada
para as habituais saudações.
É que, depois de ver os bens dos
colegas de Niassa, Tete e Nampula,
a cidade de Maputo não quis
ficar atrás e na voz do seu primeiro-secretário,
Francisco Mabjaia,
que por sinal é um dos possíveis
candidatos à presidência do município
de Maputo, nas eleições
Nyusi recusa tractor e embaraça delegação da cidade de Maputo
Mabjaia paga caro por lambebotismo
Por Raul Senda
autárquicas de 2018, anunciou
dentre vários presentes a oferta
de um tractor a Filipe Nyusi.
Na sua argumentação, Mabjaia
entendia que aquele era o melhor
gesto, encontrado pela cidade de
Maputo, para agradecer Filipe
Nyusi pelo seu comprometimento
na promoção e modernização
do sector agrário.
Mabjaia, que chefiava uma delegação
de mais de 50 membros em
que se destacavam figuras como
António Hama Thay, deputado
da Assembleia da República
pela bancada da Frelimo e antigo
combatente, David Simango,
presidente do Conselho Municipal
da cidade de Maputo, Yolanda
Cintura, governadora da cidade
OS e c r e t á r i o - g e r a l
da Associação dos
Combatentes da
Luta Armada de Libertação
Nacional (ACLLN),
Fernando Faustino, mandou
recados aos congressistas que
questionam a escolha de Filipe
Nyusi para o cargo do Secretá-
rio-geral (SG) do partido, a ser
eleito neste sábado, e referiu
que a sua organização vai dar
o total apoio à figura escolhida
pelo chefe.
Falando ao SAVANA, à margem
da magna reunião, nesta
quinta-feira, Faustino referiu
que a aposta de ACLLN na
direcção do partido, bem como
na candidatura presidencial
de 2019 foi sempre em Filipe
Nyusi, logo a ACLLN tem
também a responsabilidade
de apoiá-lo na constituição da
equipa que irá dirigir o partido
nos próximos cinco anos.
A uma pergunta se estaria interessado
a concorrer ao cargo
de SG, Faustino afastou essa
possibilidade, fazendo notar
que “há muitos camaradas com
competências e energias” para
dirigir o partido, mas enfatizou
que o candidato da ACLLN
será o mesmo com o de Filipe Nyusi.
Faustino recordou que a ACLLN
foi a organização que desde o primeiro
momento exteriorizou a sua
aposta, na pessoa de Nyusi, para a
presidência do partido bem como
para corrida eleitoral de 2019 e as
restantes organizações vieram endossar
a decisão.
Em jeito de recado aos opositores
às apostas de Filipe Nyusi, Francisco
Faustino disse que a Frelimo foi
criada pelos combatentes de libertação
nacional. “São os combatentes
que conhecem a génese
da Frelimo e sempre apostaram
naquilo que é disciplina
interna”.
Por seu turno, o membro da
Comissão Política e antigo
presidente da Assembleia da
República, Eduardo Mulémbwè,
entende que o presente
Congresso vai marcar uma
etapa no que concerne à busca
do progresso e da melhoria
das condições de vida do povo
moçambicano. Sublinhou que
será um congresso de viragem
na busca da paz definitiva para
o país, de modo a elevar Mo-
çambique para outros níveis e
Filipe Nyusi é a pessoa certa
para conduzir o país rumo a
esse bem-estar.
Quem também não tem dúvidas
sobre a liderança de Filipe
Nyusi é a antiga primeira-ministra,
Luísa Diogo.
Diogo, que concorreu com
Filipe Nyusi à candidatura
partidária à presidência da República,
em Março de 2014,
acrescentou que a sua confian-
ça resulta do trabalho que o
PR está a fazer rumo à recuperação
da economia nacional.
ACCLIN sentencia:
- e avisa outras forças do partido que a ACCLIN é que criou a Frelimo
O candidato de Nyusi a SG da Frelimo
terá endosso dos combatentes
de Maputo, Teodoro Waty entre
outras, referiu no acto da oferta,
perante a ovação e cânticos dos
restantes membros do grupo, que
o tractor serviria para o presidente
do partido aumentar a produtividade
na sua machamba.
Contudo, para o espanto de todos,
Nyusi aceitou receber o resto
dos presentes e quando chegou a
vez da entrega das chaves da má-
quina, o também chefe de Estado
disse que mais do que ele, quem
mais precisava daquele tractor
eram as associações dos camponeses
que tanto abundam nas zonas
verdes da cidade de Maputo.
Nyusi aconselhou o primeiro secretário
do seu partido ao nível da
cidade de Maputo a levar a oferta
para os agricultores.
Ao recusar receber o tractor, o estadista
moçambicano evitou cair
no erro e na humilhação sofrida
por Armado Guebuza, que ainda
no exercício das funções de
Presidente da República aceitou
receber uma viatura de marca
Mercedes Benz oferecida pela
Confederação das Associações
Económicas (CTA), na altura liderada
por Rogério Manuel.
A Lei de Probidade Pública diz
no seu artigo 41, alínea 1: “o servidor
público não deve, pelo exercício
das suas funções, exigir ou
receber ofertas, exigir ou receber
benefícios e ofertas, directamente
ou por interposta pessoa, de entidades
singulares ou colectivas de
direito moçambicano ou estrangeiro”.
Isto é, esta lei limita a quantidade
de bens a oferecer a figuras que
ocupam cargos de chefia ou de
direcção ao mais alto nível.
No entanto, Mabjaia recusou comentar
o assunto optando pelo
silêncio.
A recusa de Filipe Nyusi em receber
o tractor verificou-se numa
altura em que o antigo reitor da
Universidade Politécnica, o académico
Lourenço do Rosário,
disse que tinha chegado o momento
de se abandonar a cultura
de lambebotismo e de exaltação
da figura do presidente.
No entender do académico, que
falava à margem do Congresso,
durante muito anos, criou-se uma
cultura de exaltação do chefe, mas
que há tendências disso desaparecer.
O Conselho de Administração
da mediacoop SA, as direcções
editoriais, os jornalistas e colaboradores
da empresa comunicam,
com pesar, a partida, esta
quarta-feira, do nosso amigo e
colega LUIS SÁ, depois de uma
longa e corajosa batalha contra
o câncer que o atacou.
Em nós retemos as memórias de
companheirismo, cumplicidade
e camaradagem durante os largos
períodos que desempenhou
as funções de correspondente
internacional em Maputo.
Ao Daniel, à nossa grande amiga
e colaboradora Isadora Ata-
íde, apresentamos as nossas
sentidas condolências.
A cerimónia de despedida acontece
hoje, sexta-feira, no crematório
dos Olivais, em Lisboa.
Luis Sá
Francisco Faustino diz que a palavra
dos combatentes é a voz do comando
na Frelimo
Desta vez, Francisco Mabjaia pagou caro a factura de lambebotismo
Delegação da Frelimo à entrada na sala de Congresso antes do histórico vexame
SOCIEDADE Savana 29-09-2017 7
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8 Savana 29-09-2017 SOCIEDADE SOCIEDADE
DIVULGAÇÃO Savana 29-09-2017 9
O Governo da República de Moçambique, através do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), expressa o seu profundo agradecimento a todos
que disponibilizaram o seu apoio de solidariedade as populações afectadas pelos eventos extremos que assolaram o País no período 2016 e 2017.
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acções de monitoria e prontidão face a previsão de ocorrência de cheias, inundações, vendavais e ciclones.
Muitas famílias moçambicanas perderam os seus entes queridos, as suas casas, os seus bens e seus meios de subsistência, por causa, da ocorrência destes
fenómenos.
Em resposta a campanha de solidariedade levada a cabo pelo Governo de Moçambique, foram angariados apoios multiformes de todos os quadrantes da
sociedade bem como da comunidade internacional.
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singulares que, aderindo ao movimento de solidariedade, contribuíram para minimizar o sofrimento das pessoas. O gesto de agradecimento é extensivo aos
que directa ou indirectamente contribuíram para o apoio as pessoas afectadas.
Setembro de 2017
LISTA NOMINAL DO MOVIMENTO DE SOLIDARIEDADE ÀS VITIMAS DE
DESASTRES EM MOÇAMBIQUE
(EMERGÊNCIA 2016/17)
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DE ADMINISTRAÇÃO ESTATAL E FUNÇÃO PÚBLICA
INSTITUTO NACIONAL DE GESTÃO DE CALAMIDADES
AGRADECIMENTO AO MOVIMENTO DE SOLIDARIEDADE AS VITIMAS DE DESATRES EM MOCAMBIQUE
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Savana 29-09-2017 13 DIVULGAÇÃO PUBLICIDADE SOCIEDADE
14 Savana 29-09-2017 Savana 29-09-2017 15
NO CENTRO DO FURACÃO
Odia 13 de Dezembro de 2015
será sempre recordado com
lágrimas nos olhos dos que,
na manhã daquele fatídico
domingo, perderam parentes ou então
escaparam à morte no incêndio
de grandes proporções que, para além
de devorar vidas humanas, deixou um
enorme rasto de destruições. As marcas,
21 meses depois, ainda são visí-
veis na plataforma da STEMA (Silos
e Terminal Graneleiro da Matola). O
que, na altura, foi apresentado como
um negócio de gente desempregada
que, com recurso a pequenas embarcações,
arriscava vida no roubo de
combustível, afinal só foi possível gra-
ças a uma sofisticada rede que incluía
aqueles que tinham por missão gerir e
guarnecer aquelas instalações. Depois
de palmilhar os meandros do negócio,
o SAVANA tenta explicar como foi
possível o roubo desenfreado e à luz
do dia, sem que quem de direito pusesse
ordem, até que a tragédia se abateu,
deixando marcas indeléveis, da
Matola à Costa do Sol, passando pela
Catembe, onde apesar de se tentarem
negar as evidências, residem “queimados”
e crianças se tornaram órfãs e
mulheres enviuvaram.
Eram 04h e 51 minutos da manhã
quando deflagrou, no Terminal da Matola,
o violento incêndio que teve a particularidade
de denunciar um sofisticado
esquema de roubo de combustível,
que só era possível com o envolvimento
de vários intervenientes, desde gente
desempregada, sobretudo jovens provenientes
da Catembe, Matola e Costa do
Sol, e diversos funcionários ali afectos.
Para além do pessoal dos Caminhos de
Ferro de Moçambique (CFM), a empresa
pública responsável pela gestão
do centro distribuidor (uma tradução
aproximada de manifold, em inglês,
termo usado para se referir o complexo
de condutas que se ramifica em várias
aberturas] de combustível, a segurança
do local, também virou actora no esquema,
uma espécie de quadrilha de
“Ali Babá e os 40 ladrões”, como nos
livros de estórias.
É o caso de três agentes da Polícia da
República de Moçambique (PRM) e
um outro agente armado, mas à paisana
que, ao que a nossa investigação apurou,
foram capturados e desarmados
por uma equipa técnica enviada ao local
dos factos para as primeiras investiga-
ções, momentos após o incêndio.
Trata-se de agentes que foram encontrados
“no terreno do inimigo”, ou seja,
numa das pequenas embarcações que
eram usadas no roubo dos combustíveis
no Porto da Matola.
De acordo com o que nos foi reportado,
os agentes das empresas privadas
ali afectas, esses não tinham palavra
porque eram, simplesmente, manietados
pelos “grandes chefes” envolvidos
nas operações, os “Ali Babás” da trágica
estória moçambicana de miséria, ignorância
e a desmesurada ambição por
parte de quem deveria assegurar uma
operação sem problemas.
“Era normal chegar um chefe, dar 5 mil
meticais e dizer que não viste nada ou
vais te embora daqui [ameaça de despedimento]”
contou ao SAVANA um
agente de segurança privada que assistiu
ao vivo ao incêndio de 13 de Dezembro
de 2015.
E não é para menos: imagens exclusivas
a que o SAVANA teve acesso,
captadas um minuto antes da explosão,
mostram, para além de gente de calções
e balalaicas, agentes da PRM e vários
funcionários das empresas que ali operam,
alguns equipados com coletes re-
flectores e capacetes, como impõem as
medidas de segurança no local.
Saiba como tudo começou e
aconteceu
Para perceber as raízes daquelas violentas
chamas e as imagens chocantes
de corpos carbonizados que circularam
por todo o mundo a partir de 13 de Dezembro
de 2015, é preciso recuar para
circulação das pequenas embarcações
que descarregavam os bidões em pleno
bairro de Incassane, na zona oeste da
Catembe
Enquanto as embarcações deixavam
para trás o Porto da Matola, do outro
lado da baía, na Catembe, aquelas eram
aguardadas por mais uma equipa integrante
da rede: os (des)carregadores,
aqueles que transportavam os bidões,
nos ombros e na cabeça, até aos locais
de armazenamento para depois serem
vendidos a preços muito mais baixos
dos praticados oficialmente.
Este combustível alimentava depois o
circuito informal na província de Maputo,
incluindo a Estrada Nacional Nú-
mero Um (EN1), que liga o país do Sul
ao Norte, e a Estrada Nacional Número
Quatro (EN4), que liga Maputo e a vizinha
África do Sul.
Era também o combustível que abastecia
parte significativa do também ma-
fioso sindicato de “chapa cem”, como
são, vulgarmente, conhecidos os operadores
privados de transporte de passageiros.
Basta lembrar que, mesmo com as tarifas
a não compensarem a actividade,
os “chapeiros” não faziam tanto “barulho”
para o aumento das tarifas, como
o fazem agora, justamente porque, em
parte, adquiriam o combustível, que é
um dos seus custos principais, a preço
de candonga no mercado paralelo.
Tractoristas, pescadores com embarca-
ções de motor fora de bordo e transportadores
de encomendas (vulgo delivers),
que operam entre Moçambique e África
do Sul, eram também dos principais
clientes do rentável negócio obscuro.
Dos jovens de calções e
balalaicas aos grandes
chefes
Para além de desempregados, envergando
calções e balalaicas, sobretudo
jovens, o esquema envolvia gente bem
posicionada nas várias empresas e instituições
ali afectas e que era suposto
velarem pelo manuseamento em segurança
do combustível em causa.
Um especialista sénior na matéria, e
que vem acompanhando de perto o
assunto, explicou ao SAVANA que,
tecnicamente, é impossível que o roubo
do combustível tivesse ocorrido sem
o conhecimento do pessoal das várias
empresas que ali operam e dos agentes
de segurança, pública e privada.
Mas depois de, no âmbito desta investigação,
visitarmos o Porto da Matola e
perceber como funciona o processo de
descarregamento de combustível, dos
navios até aos reservatórios das empresas
de venda do produto, ficou claro que
nem era preciso entendidos na matéria
para se depreender que, sem conivências
e cumplicidades dos “de dentro”,
era uma missão impossível que “ladrões
de fora”, sozinhos invadissem o Porto
e roubassem elevadíssimas quantidades
de combustível, sem serem descobertos.
Ao que constatamos no terreno, para
além de funcionários das diversas empresas
ali afectas, o Porto da Matola
tem um forte cordão de segurança, envolvendo,
para além da PRM, empresas
do ramo privado. Aliás, ali há pelo
menos uma esquadra da PRM e uma
unidade do Serviço Nacional de Investigação
Criminal (SERNIC).
Momentos depois do deflagrar do incêndio,
a equipa técnica enviada ao local
para as primeiras investigações, foi
a tempo de desarmar três agentes da
PRM e um outro agente armado, mas à
paisana, que se encontravam numa das
embarcações que era usada no saque de
combustível.
Trata-se, por sinal, da única das embarcações
do roubo que escapou do incêndio,
tendo sido capturada pela referida
brigada. Nem mesmo o navio que descarregava
cereais no Terminal da STEMA
escapou ao furor das chamas.
Devido ao negócio que enriquecia as
pessoas ali afectas, o Terminal da Matola
tinha-se transformado num posto
preferencial de trabalho que atraía
agentes das Forças de Defesa e Segurança
(FDS).
“Um dos fuzileiros que morreu no incêndio,
estava lá de forma ilegal. Fugiu
de onde estava para estar no Terminal,
e por isso nem foi indemnizado”,
revelou-nos um dos sobreviventes do
incêndio.
Mas o negócio envolvia também as autoridades
comunitárias, pelo menos, da
Catembe.
O envolvimento de “grandes chefes” na
operação pode justificar as intimida-
ções, incluindo ameaças de morte, sofridas
pelos membros da Comissão de
Inquérito criada para investigar o caso,
logo depois do incêndio.
Investigação sobre a tragédia dos combustíveis no terminal da Matola
Uma versão local de Ali Babá e a conduta dos
CFM que alimentava muito mais de 40 ladrões
Por Armando Nhantumbo e Argunaldo Nhampossa
Janeiro de 2010, quando se iniciaram
as obras de reabilitação do Terminal de
Petróleos, o local por excelência destinado
ao descarregamento de combustí-
veis no Porto da Matola.
É que, para dar lugar às obras de reabilitação
daquele Terminal, era preciso
recorrer a uma plataforma alternativa
para o descarregamento de combustí-
vel. Essa alternativa consistiu num pipeline
até ao Terminal de Cereais.
Sucede que, depois das obras, que terão
durado dois anos, a plataforma alternativa
não foi desactivada. No dia incêndio,
o combustível que estava a ser
descarregado destinava-se à Petróleos
de Moçambique (PETROMOC).
Assim, em condições normais, do Terminal
de Petróleos, as substâncias deviam
seguir a tubagem até à conduta
(manifold) principal e daí abrir-se-ia
apenas a válvula que ligava aos reservatórios
da PETROMOC, o destinatário
dos combustíveis naquele dia.
Mas não foi o que aconteceu, tal como
não acontecia em ocasiões anteriores.
Pelo contrário, na conduta principal
estava aberta, pela poderosa rede envolvida
no roubo dos combustíveis,
uma válvula a mais, que ligava a uma
derivação alternativa, que, com o fim da
reabilitação do Terminal de Petróleos,
deveria ter sido desactivada. Era desta
conduta alternativa que o combustível
seguia até ao local onde se deu o incêndio,
de onde se fazia a drenagem para as
dezenas de embarcações que atracavam
ao longo do Cais de Cereais.
Os dois Terminais são geridos pelos
CFM e não pelo Porto de Maputo
(MPDC), como geralmente, se confunde.
E a conduta principal (manifold),
onde foi aberta uma válvula para a derivação,
também é gerido pelos CFM.
Mas vamos à sucessão dos factos.
Festa na aldeia
Ao que a nossa investigação apurou,
bastava um navio transportando combustível
atracar no Terminal da Matola,
era uma autêntica “festa na aldeia”.
Graças à viciação das condutas, a rede
envolvida na operação desviava combustível,
drenando-o em bidões de 20
a 30 litros (jerrycans), transportados em
dezenas de embarcações que se perfilavam
nas águas do mar, em locais bem
visíveis e que afastam qualquer teoria
de que o roubo tenha ocorrido de forma
despercebida.
Com as embarcações, completamente,
lotadas, havia bidões que, inclusivamente,
eram arrastados pelos pequenos
barcos debaixo de água até aos pequenos
canais que dão acesso às margens,
do outro lado da baía, do lado da Catembe,
que era a porta de entrada e de
saída das embarcações e seus tripulantes.
De facto, o circuito era Catembe-Matola-Costa
do Sol, este último bairro da
cidade Maputo é de onde vinha originariamente
a maioria das embarcações,
pertencentes sobretudo aos pescadores
locais, que tinham no negócio de combustíveis
a sua segunda fonte de sobrevivência.
É na Costa do Sol, sobretudo,
no “bairro dos pescadores”, onde vivem
os que se dedicam à pesca na baía de
Maputo.
Seguimos os rastos do negócio e, do
lado da Catembe, por exemplo, deparamo-nos
com os estreitos canais envoltos
no mangal, cuja dragagem foi obra
da acção humana, tudo para permitir a
As obras no Terminal de
Petróleo terão decorrido
de Janeiro de 2010
a Novembro de 2012,
mas o que é certo é que, concluída
a reabilitação, o pipeline que era
usado, alternativamente, para o
descarregamento de combustível,
não foi desactivado até que se deu
a tragédia de Dezembro de 2015.
Foi assim que se conseguiu abrir
a válvula para mais uma conduta
no manifold principal gerido pelos
CFM, e daí alimentar os roubos.
A questão que aqui se coloca é
porquê a plataforma não foi desactivada
logo que terminaram as
reparações e, em adição, montar-se
uma “válvula de abastecimento”
para a ladroagem organizada.
Para as respostas, contactamos os
CFM que, através do director do
Terminal da Matola, admitiram
ter havido conivência das pessoas
que operavam o sistema, com o
agravante de serem áreas restritas.
“Houve conivência dos trabalhadores
dos CFM, de empresas
como a STEMA, que viram e não
disseram nada. Funcionam duas
empresas de segurança que não
disseram nada. Houve conivência
de alguns membros da polícia e
alguém viu aquilo e não denunciou,
mesmo havendo esquadra
nas imediações. As câmaras mostram
uma intrusão fora do normal
porque existiam viaturas dentro do
cais que acabaram sendo vítimas
do incêndio que já era normal”,
reagiu Arlindo Domingos Fondo,
um quadro sénior dos CFM.
Para aquele engenheiro mecânico,
“sem violação nada poderia acontecer,
por isso, volto a frisar que
houve conivência de operadores
do sistema que partiram os cadeados”.
Por outro lado, “tudo indica que
aquele não foi o primeiro dia de
roubo, mas não sei dizer quando
começaram ou quantas vezes se
realizaram” admitiu.
Arlindo Fondo explicou que, embora
os pontos de derivação, estejam
à responsabilidade dos CFM,
que fazem a transferência do comAs
válvulas dos CFM
bustível dos navios para os manifolds,
e daí para os reservatórios das empresas,
o processo envolve todas as partes
interessadas.
“São geridos pelos CFM mas operados
por todos. No dia da descarga deve
estar lá um técnico dos CFM e um
representante da empresa [Petromoc]”
explicou, sugerindo mais implicados.
Entretanto, o director do Porto da
Matola nega o envolvimento dos dirigentes
das empresas que ali operam,
incluindo a sua (CFM). O que admite
é apenas o envolvimento do que chamou
de “trabalhadores desonestos”.
“Trata-se de um e outro trabalhador
que se envolve em actividades ilícitas e
nós expulsamos. Temos muitos casos e
se houvesse conivência da direcção não
teria como expulsar”, precisou.
Posto isto, perguntamos ao dirigente
os porquês, por parte dos responsáveis,
da não desactivação da plataforma alternativa
logo que terminou a reabilitação
do Terminal de Petróleos.
Fondo respondeu que não tinha passado
pela cabeça que a plataforma seria
usada de forma ilícita.
“Podemos dizer que as medidas não
foram eficazes e por isso houve roubo”
reconheceu, acrescentando que, o mais
importante é que o sistema foi fisicamente
descontinuado.
O SAVANA escalou, recentemente,
o Terminal da Matola e testemunhou
que os três tubos do manifold dois
foram selados, tal como o P1 (um dos
pontos de ligação dos tubos) que também
funcionava, alternativamente.
E a saga continua
Porém, no Terminal da Matola,
onde o SAVANA esteve recentemente,
ainda há registo de roubo
de combustíveis, mas não nos moldes
anteriores, o que sugere que o
sindicato encontrou novas formas
de sobreviver.
“Existem focos e vamos tendo
evidências, os vigilantes vão descobrindo
bidões escondidos e nós
levamos e entregamos à esquadra.
Mas ainda não apanhamos alguém
a roubar e nas nossas instalações
não há roubo”, admitiu Arlindo
Fondo, para quem o roubo de
combustível é uma actividade criminosa
muito organizada.
“Mas posso de garantir que naquele
local onde houve incêndio
já não há roubo de combustíveis
porque desconectámos a tubagem
e lavámos com água para não ter
os vapores que pudessem causar
acidentes”, reiterou a fonte.
As marcas do incêndio, 21 meses
depois, continuam presentes na
plataforma da STEMA, onde decorrem
obras de reposição do que
o fogo devorou. Em Dezembro de
2016 foi realizada uma missa colectiva
na Catembe, em memória
às vítimas, por ocasião da passagem
de um ano após o seu desaparecimento
físico, numa cerimónia
dirigida pelo régulo de Incassane,
Inácio Tembe, o indiciado que
nega envolvimento.
A imagem captada via satélite (Google Earth) mostra o circuito do roubo, da Matola, Catembe, à Costa do Sol.
Contactado pelo nosso jornal, um dos
elementos da referida Comissão, manifestamente
intimidado, escusou-se,
redondamente, a prestar qualquer pronunciamento
sobre o caso, mesmo sob
a condição de anonimato.
“Estejam preparados para receber alguns
telefonemas (…)”, alerta-nos outra
fonte conhecedora do dossier.
O SAVANA sabe que o relatório produzido
pela Comissão de Inquérito já
foi concluído, mas, estranhamente, ainda
não foi tornado público e, pelo menos
até Maio último, quando as nossas
investigações prosseguiam, não tinha
sido entregue à autoridade portu-
ária.
É através deste canal que as embarcações entravam e saíam do Porto da Matola.
Esta é uma das conexões da plataforma alternativa de descarga de combustível que
havia sido viciada para permitir o saque.
Houve vários conivêntes - Arlindo Fondo, director do Porto da Matola
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O tripulante que foi
tranquilizado
Quando, horas antes da tragédia,
um tripulante do navio que trazia o
combustível, se apercebeu das movimentações
estranhas, procurou informar-se,
mas foi “tranquilizado” pelos
funcionários ali afectos, que ter-lhe-
-ão garantido que não corria quaisquer
riscos e que a segurança estava
garantida. Mais uma clara indicação
de que eles não eram imaculados no
esquema.
Mas à altura em que o tripulante,
por sinal um cidadão estrangeiro, se
apercebeu da magnitude da operação
e do risco ali patente, devido à forma
arcaica como era drenado o combustível,
era tarde demais.
O incêndio estava prestes a deflagrar
e só escapou graças a uma escada
alternativa porque a saída principal,
que coincide com a plataforma do
STEMA, já estava em chamas.
Causas do incêndio
Uma das causas apontadas para o incêndio
da Matola tem que ver com
uma eventual ligação de um motor
fora de bordo. A teoria diz que a vela
foi acesa para se tentar reparar a avaria
do motor fora de bordo.
“Tecnicamente, [o incêndio] resultou
de uma faísca que aconteceu, acidentalmente,
num dos motores dos barcos
envolvidos no roubo. Como aquilo
estava num ambiente designado de
atmosfera explosiva, porque gasolina
liberta gás ou vapores que são comburentes,
para existir uma combustão,
naquele ambiente, só faltava uma
fonte de ignição que foi uma faísca”,
explicou, ao nosso Jornal, o director
do Porto da Matola, Arlindo Fondo.
Mas na versão da equipa de bordo
do navio que transportava combustíveis
no dia da tragédia, não houve
qualquer ligação de motor, mas sim,
uma explosão de vapor, visto que, na
corrida para o descarregamento para
os bidões, não restava tempo para os
cuidados que se impõem no manuseamento
de tão perigosas substâncias.
Como tal, havia quantidades signi-
ficativas de vapores libertados pelos
combustíveis que, para a equipa de
bordo, foram a causa do incêndio, na
hipótese de alguém, por exemplo, ter
acendido um cigarro ou isqueiro.
Para a equipa de bordo, não restam
dúvidas de que “foi uma explosão tí-
pica de vapores”.
Por detrás dos números
RÀFLDLV
Os dados oficiais tornados públicos
depois do incêndio davam conta de
7 vítimas mortais, mas a calcular por
imagens confidenciais a que tivemos
acessos e relatos de sobrevivente e
outras fontes de dentro do Terminal
da Matola, o número de vítimas estão
acima dos dados revelados oficialmente
e enquadrados no “politicamente
correcto”.
Só no dia do incêndio, terão sido encontrados
a flutuarem nas águas do
Oceano Indico, junto ao Porto, 18
corpos carbonizados. Mas estima-se
em mais de 50 pessoas, maioritariamente,
jovens, que estavam na opera-
ção naquele dia.
“Há pessoas que morreram naquele
acidente, que nunca foram e nunca
serão encontradas”, assegurou uma
fonte que impôs anonimato.
Há os que se conseguiram abrigar
debaixo da plataforma de descarregamento.
São sobreviventes que, entretanto,
contraíram queimaduras e que,
hoje, se transformaram em marcas
indeléveis do desastre. Da Catembe
à Costa do Sol, há gente com manchas
esbranquiçadas a denunciarem a
violência de um incêndio que nunca
sairá de suas memórias.
Mas há também os que escaparam,
pois, apercebendo-se do perigo iminente,
preferiram abandonar o local
com os bidões que já tinham conseguido
encher.
Instantes após o incêndio deflagrar,
rebocadores e pilotos foram despachados
para apoiar a debelar as chamas
pelo mar, retirar os navios, bem
como recuperar o combustível que
havia sido drenado para os bidões.
Recuperaram, na hora, três corpos e
100 bidões, mas passados dois dias,
outros corpos e bidões continuavam
dispersos na água ao redor do terminal.
$LQGDUHLQDGHVFRQÀDQoD
Durante a pesquisa de campo, escalámos
as zonas circunvizinhas do
local dos factos, mas ninguém aceitou
falar. Quase dois anos depois,
ainda reina uma total desconfiança
no seio daqueles que um dia tiveram
naquele negócio uma das suas fontes
de sobrevivência. O medo de serem
denunciados, num negócio em que a
responsabilidade recai sobre os mais
fracos, parece justificar a animosidade
perante os jornalistas. E não é para
menos. Alguns dos sobreviventes do
incêndio até hoje continuam a ver o
sol aos quadradinhos, segundo juras
repetidas dadas ao nosso jornal.
À nossa chegada à Catembe, chama-
-nos à atenção a desconfiança entre
os residentes locais. Um grupo de
jovens seguiu-nos durante dois quilómetros
para alertar o régulo Inácio
Tembe, sobre a chegada de “intrusos”
à zona.
Tomámos nota e, tempos depois,
também estávamos em casa de Inácio
Tembe que, ao que nos foi garantido,
estava envolvido no negócio.
Pouco receptivo, respondeu-nos de
forma lacónica, quando o abordámos
sobre o caso: “não tenho informações
sobre isso”.
Com a zona em alerta, o “não tenho
informações” era o denominador comum
entre todos os residentes por
nós interpelados.
Um camponês chegou a nos responder
que era novo na zona, embora a
machamba onde se encontrava possuísse
produtos já em fase de colheita.
Na verdade, uma colheita falhada.
Perante nossas insistências, remeteu-
-se ao silêncio. Apenas dois caçadores,
com quem nos cruzamos nas matas
da Catembe, mostraram abertura
para nos explicar de onde eram transportados
os bidões de combustíveis.
“É como ladrões de gado (bovino)
que saem de longe para roubar num
outro local, não o fazem sem a colaboração
dos locais”, filosofa um deles,
por sinal o mais velho.
De repente vai irromper o mais novo
caçador: “em casa do chefe (régulo)
é aí onde se ouve esse som [mal se
ouvia uma música]. Se o chefe não
vos disser nada, é por má fé”, diz, enquanto
um dos cinco cães que lhes
faziam companhia na jornada nos
cheiravam intensamente.
Participou, por isso, testemunha
Foram necessárias várias diligências e
viagens para a Catembe de modo a
encontrarmos alguém que estava metido
no negócio. Vamos tratá-lo pelo
nome fictício de Mateus.
Faz parte de uma família que, ela
própria, estava envolvida no negócio.
No dia em que o incêndio deflagrou,
Mateus estava numa festa, por isso,
não participou do roubo. Mas perdeu
um total de oito familiares, dos quais
seis primos e dois cunhados.
Quando chamado a passar o seu testemunho,
quase que deita lágrimas.
“Falar de combustível (…) a família
só chora pelo que aconteceu”, relata.
São memórias trágicas que nem o
tempo irá apagar, à semelhança daqueles
que ficaram órfãos ou viúvas
porque os pais e maridos saíram para
uma jornada sem regresso no dia 13
de Dezembro de 2015.
Para além de parentes, Mateus perdeu
a pequena embarcação que era o
seu ganha-pão. Foi devorada pela fú-
ria das chamas que ele mesmo ajudou
a causar.
Segundo a fonte, cada embarcação
atracava com cerca de 50 a 70 bidões,
numa média semanal de duas a três
vezes.
Conta que, por cada 30 litros de
combustível, se pagavam 500 meticais
para os funcionários ali afectos,
que faziam as ligações clandestinas
de tubos, numa média de 16, que
drenavam combustível para as embarcações.
Significa que por cada 50
ou 70 bidões, o equivalente a uma
embarcação, 25 mil e 35 mil meticais,
respectivamente, ficavam nos bolsos
dos funcionários ali afectos.
Mas esse valor sobe se lembrarmos
que eram dezenas de embarcações
envolvidas no negócio. Só por 10
embarcações, por exemplo, os agentes
encaixavam 250 e 350 mil meticais,
respectivamente. Se multiplicado por
três vezes/semana eram 750 mil a um
milhão de meticais. A amostra pode
ajudar a perceber porquê o negócio
“não era descoberto” antes do incêndio:
riqueza fácil.
Mateus é peremptório em afirmar
que, por outro lado, havia agentes dos
vários ramos das Forças de Defesa e
Segurança (FDS) envolvidos e que,
em média, recolhiam, por operação,
dois mil meticais para os seus bolsos.
O resto é uma questão aritmética.
Savana 29-09-2017 17 PUBLICIDADE SOCIEDADE
No intuito de desenvolver o gosto pela literatura e pela escrita,
o Conselho Municipal de Maputo (CMM) e a Associação
dos Escritores Moçambicanos (AEMO) instituem o “Prémio
Literário 10 de Novembro” homenageando deste modo o Dia
da Cidade de Maputo.
O Prémio tem periodicidade anual, tendo a sua primeira
edição sido realizada em 2005, de acordo com o Memorando
de Entendimento celebrado entre o Conselho Municipal de
Maputo e a Associação dos Escritores Moçambicanos, que faz
parte integrante do presente Regulamento e que estabelece
as normas reguladoras do Prémio Literário 10 de Novembro,
conforme o articulado seguinte.
Artº1
'HÀQLomR
O Prémio Literário 10 de Novembro foi instituído em valor
PRQHWiULR DWULEXtGRDXPHVFULWRU D YHQFHGRU D FRPRÀWR
de incentivar e consolidar os hábitos de leitura e de escrita e
de promover e valorizar a literatura moçambicana.
Artº2
&RQGLo}HVGH$GPLVVmR
Podem concorrer ao prémio, escritores nacionais com ou sem
livro (s) publicado (s), residentes na Cidade de Maputo
Artº3
3XEOLFLGDGHGR&RQFXUVR
O anúncio do concurso de cada edição será feito através dos
órgãos de comunicação social.
Artº4
1DWXUH]DGRVWUDEDOKRV
Os géneros literários elegíveis para efeitos do concurso são: a
poesia e a prosa, em regime alternado anual.
Artº5
4XDOLGDGH
1. São admitidos ao concurso, trabalhos inéditos e não publicados,
escritos em português e submetidos aos critérios técnico-literários
de cada uma das edições.
2. Serão liminarmente excluídos os que violarem no todo ou
em parte as normas do presente Regulamento.
Artº6
9DORU3HFXQLiULR
O Prémio Literário 10 de Novembro tem o valor monetário de
100.000.00 MT (Cem mil meticais) e será entregue ao vencedor
em cerimónia pública, no âmbito das festividades do dia
10 de Novembro de cada ano.
$UW
&ULWpULRVGDHGLomR
1. Os trabalhos concorrentes deverão ser entregues na sede
da AEMO, em quatro exemplares, com tratamento do texto
em tamanho A4, a espaço simples e fonte 12, com um mínimo
de 30 páginas e um máximo de 50, até ao dia 20 de Outubro
do ano em curso.
2. No acto da entrega dos trabalhos, os autores receberão um
comprovativo do depósito da obra.
Artº8
&RQÀGHQFLDOLGDGHGRV&RQFRUUHQWHV
Os concorrentes devem apresentar-se ao concurso sob
pseudónimo, devendo juntar ao processo a sua identidade
civil e morada, dentro de um envelope fechado e devidamente
assinalado no exterior com a inscrição “Prémio Literário
10 de Novembro”, seguida do pseudónimo pessoal.
Artº9
3UD]R
O resultado do concurso será divulgado publicamente no dia
10 de Novembro, dia da Cidade de Maputo.
Artº10
(GLomRGRWtWXORYHQFHGRU
O CMM e a AEMO poderão editar a obra vencedora, por sua
própria iniciativa, ou cedendo-a a alguma instituição interessada,
mediante acordo; ou ao próprio autor, desde que salvaguardado
o prestígio do prémio.
Artº11
(Lançamento da Obra)
A obra a publicar, no âmbito deste prémio literário, será lan-
çada no ano imediatamente posterior ao ano do concurso, em
data coincidente com a celebração do Dia Mundial do Livro.
Artº12
&RQVWLWXLomRGR-~UL
1.O Júri do “Prémio Literário 10 de Novembro” é composto
por três personalidades de reconhecido mérito, das quais
duas indicadas pela AEMO e uma indicada pelo CMM.
2. O presidente do júri é, democraticamente, escolhido de entre
eles.
3. O valor monetário total a pagar ao júri é de 24.000.00Mt
(Vinte e quatro mil meticais), cabendo a cada elemento do
júri, 8.000.00Mt (Oito mil meticais)
Artºt13
)RUPDGH'HOLEHUDomR
O Júri delibera por maioria simples e do resultado do concurso
será lavrada uma acta, mesmo que não seja apurado o
vencedor, por manifesta falta de qualidade literária dos trabalhos
apreciados.
Artº14
5HFXUVR
Da decisão do júri não cabe recurso
Artº15
(QWUDGDHP9LJRU
O presente Regulamento entra imediatamente em vigor.
081,&Ì3,2'(0$3872
BBBBBBBBBBB
&216(/+2081,&,3$/
5(*8/$0(172'235e0,2/,7(5É5,2 '(129(0%52
18 Savana 29-09-2017 OPINIÃO
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Cartoon EDITORIAL
C
om alguma justificação, reina na sociedade moçambicana uma
grande expectativa sobre os resultados a serem anunciados este
fim de semana, com a conclusão dos trabalhos do décimo primeiro
congresso do partido Frelimo, que decorre desde a última Terça
Feira na cidade da Matola.
Essa expectativa torna-se redobrada depois do discurso animado e promissor
apresentado pelo Presidente Filipe Nyusi, durante a cerimónia inaugural
do evento, traçando um conjunto de iniciativas políticas que ao se
concretizarem poderão, de forma radical, transformar positivamente o panorama
político, económico e social de Moçambique nos próximos anos.
À semelhança do que aconteceu no dia 15 de Fevereiro de 2015, quando
assumiu as funções de Chefe de Estado, o discurso de Nyusi na abertura
do congresso marca uma rotura radical com o passado, indiciando o surgimento
de uma nova era, e de uma nova cultura de estar e de fazer as coisas
no sistema político dentro da Frelimo em particular, mas também uma
abordagem inovadora na administração do Estado.
“Não pode, caros camaradas, existir qualquer dúvida: O combate à corrupção
é o mais urgente e vital de todos os desafios. Neste domínio não
podemos adiar. Não podemos tolerar (…)”, disse Nyusi.
E no capítulo da descentralização, um assunto ainda sensível para certos
sectores conservadores dentro da Frelimo, advertiu para a necessidade dos
membros desta organização estarem “preparados para operar mudanças
(...) e continuar a assumir a liderança das transformações que se impõem
no Século Vinte e Um”.
A descentralização, disse Nyusi, nunca deve ser confundida como representando
um conflito com a “preservação da nossa maior conquista que é
a unidade nacional”.
Na sua visão, “uma governação mais eficiente e participada (...) necessita
do suporte de uma descentralização ponderada e responsável”.
Acontece, porém, que muitas vezes na vida, o desejo triunfa sobre a realidade.
Como diz um velho ditado popular, de boas intenções o inferno está
cheio. Ou seja, não basta ter boas intenções se não houver uma vontade
colectiva para as concretizar.
A questão da corrupção torna-se muito complexa porque ela envolve um
longo e tortuoso circuito que muitas vezes torna difícil de entre vários
membros de uma organização identificar os corruptos e os não corruptos.
A corrupção começa com pequenos actos de desvio comportamental, mas
que perante a complacência colectiva, em nome do imperativo de uma
suposta coesão de grupo, se vai alastrando até atingir enormes proporções.
Depois, todos os membros do grupo ficam contaminados, e nessa altura
ninguém de entre eles tem o poder moral para apontar o dedo aos outros.
Quando Nyusi diz que não se pode tolerar ou adiar o combate contra a
corrupção, deve haver o pressuposto de estar preparado e disposto a ter que
romper com esta relação mutuamente parasítica que tem caracterizado a
vida dentro da Frelimo. Ele precisa de ter a consciência de que possivelmente
essa luta o fará perder camaradas que ele tanto admira e respeita.
Mas esse será o preço a pagar para ter o povo em seu redor, galvanizando-o
para que tenha mais coragem e determinação para atingir o sucesso.
O ponto de partida é muito simples. É preciso olhar para o nível de produção
económica de Moçambique e procurar saber se a riqueza individual
que alguns ostentam é uma fracção dessa produção. Se não for, não significa
necessariamente que essa riqueza seja produto de actos ilícitos, mas
pode ser um forte indício de que ela não provenha de uma actividade económica
convencional. Esta deve ser a postura a ser adoptada pelo Estado,
não só pela Frelimo em relação aos seus membros.
O combate contra a corrupção deve ter uma componente muito forte de
um Estado que questiona os seus servidores públicos sobre como conseguem
viver para além daquilo que os seus rendimentos lhes devem permitir.
Esta vigilância não pode ser confundida com uma intromissão excessiva
na vida das pessoas. É uma forma que o Estado deve encontrar para se
proteger da vulnerabilidade de estar contaminado de um flagelo que pode
minar a credibilidade e a eficácia das suas próprias instituições.
Ela própria, a Frelimo, não se deve simplesmente contentar-se em receber
donativos ou apoios, e não procurar saber como é que esses apoios foram
obtidos pelos seus doadores, como parece estar a acontecer. É em algumas
destas doações onde a armadilha é feita, onde o partido se torna comprometido,
com as mãos atadas e incapaz de agir contra más práticas.
Tomar este tipo de acções não estaria, de resto, tão distante do que Nyusi
disse no seu próprio discurso: “Esse grau de zero tolerância (sic) deve começar
no nosso próprio seio, os nossos militantes devem ser um exemplo”.
Esperamos pois, que tenham ouvido o grito do seu próprio presidente.
Se Nyusi não conseguir implementar as promessas discursivas da última
Terça Feira, ele colocará em causa a sua própria credibilidade. Mas mais do
que isso, ninguém mais acreditará na Frelimo.
Em momento de congresso,
Nyusi aponta caminho da rotura
“
Dar caça à senhora Merkel”, eis
uma promessa do líder da extrema-direita,
Alexander Gauland,
para levar muito a sério
porque vai condicionar a política alemã
e condenar ao fracasso as ambi-
ções de reformas da União Europeia.
O asco à chanceler, acusada de fazer
perigar a identidade nacional ao escancarar
as portas a migrantes e refugiados
muçulmanos, concentrou na
Alternativa para a Alemanha (AfD)
o voto de protesto, atraindo 1,2 milhões
de novos eleitores, desviando
cerca de um milhão de anteriores votantes
conservadores e meio milhão
de sociais-democratas.
Presente em 13 dos 16 parlamentos
estaduais, a AfD ao conseguir 13% de
votação nacional (com uma média de
21% nos cinco estados do Leste que
integraram a RDA até 1990) conteve,
ainda, nos 9% o eleitorado de esquerda
e extrema-esquerda que desde
2007 se congrega em Die Linke, parceiro
de governo nos Länder de Berlim,
Brandemburgo e Turíngia.
A radicalização metamorfoseou o
movimento surgido em 2013 nos
meios intelectuais contestando a
razoabilidade do euro, moeda tida
como responsável por disfunções estruturais,
numa frente populista em
que predominam fúrias xenófobas e
racistas.
Acentuar uma oposição nacionalista,
reivindicando a pureza de valores
alemães, é, de resto, a linha a seguir à
custa de cisões de alas menos radicais,
a exemplo do que aconteceu com os
Verdadeiros Finlandeses ou o Partido
da Liberdade austríaco.
Para ganhar coesão, a AfD repudiará
qualquer compromisso na UE
que possa ser visto como diluição de
poderes soberanos ou concessão de
transferências financeiras à custa do
A caça a Merkel e a arrogância de Macron
Por João Carlos Barradas
contribuinte teutónico.
Nem sequer Os Verdes que seguraram
o seu eleitorado (8%) podem ignorar
tal retórica a que conservadores
e liberais (em alta para os 11%) recorrem
com frequência, com a anuência
de sociais-democratas.
Um eleitorado volátil contribuiu para
a pulverização do sistema partidário,
confirmando o peso importante de
sectores de extrema-direita (à semelhança
de França, Holanda e Áustria)
o que na Alemanha obrigará a negociar
uma coligação inédita a nível
nacional entre conservadores, liberais
e verdes.
Os cristãos-sociais sofreram uma
sangria de 11% a favor da AfD, quedando-se
pelos 39% (o pior resultado
desde 1949), levando o líder conservador
em Munique, Horst Seehofer,
a declarar prioritária a contenção da
extrema-direita nas eleições do pró-
ximo Outono na Baviera.
Martin Schulz, responsável pelo pior
resultado dos sociais-democratas
desde o pós-guerra (21%), esgotados
por quatro anos de coligação com os
conservadores - que do salário mínimo
ao casamento para homossexuais
adoptaram causas à esquerda -, aventou
que a oposição não pode tornar-
-se exclusiva da extrema-direita.
Merkel sofreu uma quebra eleitoral
de 9%, quedando-se os conservadores
pelos 33%, fracassando no intento de
ignorar o desafio da AfD de centrar a
discussão política na ressaca da abertura
irrestrita de fronteiras no Verão
de 2015.
Sustentando um imperativo ético de
ajuda a refugiados no argumento economicista
de que migrantes jovens
dinamizariam a prazo uma Alemanha
carente de mão-de-obra, Merkel
cedo foi confrontada com inépcias
administrativas e resistências a quotas
de acolhimento.
O acto unilateral que Merkel tentou
em vão impor a parceiros europeus a
braços com potenciais tensões étnicas
e reais constrangimentos económicos
acabou, por sinal, por dar lugar, em
2016, a um iníquo e periclitante acordo
com a Turquia para repatriamento
de migrantes, ignorando direitos de
refugiados.
A extrema-direita ganhou asas e envenenou
a negociação entre conservadores,
liberais e verdes sobre quotas
e qualificações de candidatos a residência
e trabalho na Alemanha ou
criação e gestão política de um orçamento
comum na Zona Euro.
Emmanuel Macron nas eleições parciais
para o Senado de domingo viu
a oposição republicana e centrista
confirmar a maioria que detém no
Palácio do Luxemburgo desde 2014
e pena para fazer avançar reformas
laborais e económicas.
Ainda assim, o Presidente francês foi
à Sorbonne insistir em planos para
uma UE a duas velocidades, com
convergência fiscal e social numa
Zona Euro de orçamento comum tutelada
por um ministro das Finanças,
parcerias de defesa, listas transnacionais
para deputados ao Parlamento
Europeu.
As propostas de Macron visando integração
política, independentemente
do seu eventual mérito, plausibilidade
e eficácia, estão condenadas ao
fracasso e representam um acto de
voluntarismo arrogante.
O Júpiter do Eliseu em má hora surgiu
a inquinar ainda mais as negocia-
ções para uma coligação instável em
Berlim quando na CDU os candidatos
e candidatas marcam posição para
a disputa pela sucessão da chanceler.
Jornalista. Jornaldenegocios.pt
Savana 29-09-2017 19 OPINIÃO
547
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
Uma modalidade de
omissão de alternativas
- frequente a vários
níveis da nossa vida, aí
compreendido o nível jornalístico
- acontece quando a emoção
substitui a razão e o individual
cede lugar ao colectivo causal.
Assim, por exemplo, suponhamos
que após um jogo entre
duas equipas de futebol, a Equipa
A e a Equipa B, terminado
empatado, e depois que os jogadores
se preparam para regressar
a casa, o jogador X da Equipa A
Colectivação da agressão
é agredido pelo jogador Y da
Equipa B, sendo necessário
receber cuidados médicos.
De imediato, furiosos, jogadores
e adeptos da Equipa A
multiplicam pela rádio rua e
pelos jornais a tese de que a
agressão foi efectuada pela
Equipa B contra a Equipa A.
A natureza meramente individual
do acto é substituída
pela colectivização causal, a
generalização abusiva expulsa
o individual do fenómeno.
E
m princípios deste Setembro, a
minha vida entrou num ciclo
regido pelo signo do improvável.
O primeiro sinal aconteceu-me
às primeiras horas daquela
sexta-feira, dia 1, quando a minha
“assistente social” me veio anunciar
uma visita. Foi estranho, porque todos
os meus amigos e pessoas que se
relacionam comigo sabem que não
acolho chamadas telefónicas nem visitas
antes das 11 da manhã.
Não é que eu acorde tarde: o que
acontece é que, há já vários anos, cultivo
a rotina de, entre as 7 e as 10, fi-
Silêncio polar
car a sorver lentamente uma chávena
de chá com limão ou café, mergulhado
num intenso exercício de masturbação
mental, cujo resultado, quando
o transporto mais tarde para o papel
ou para a tela, me garante o sustento
e dá sentido à minha vida.
Perguntei-lhe quem era, e ela respondeu-me:
– “O avô já me disse várias vezes que
não estou autorizada a perguntar a
identidade das pessoas que o vêm
visitar.”
– “Tens razão. Diga-lhe para se sentar
e vai-lhe servindo alguma coisa,
enquanto dou um jeito no meu visual.”
Entre contrariado e acicatado pela
curiosidade, dei um jeito na minha
aparência, passei rapidamente pelos
lavabos e, quando entrei para a sala,
a minha assistente acabava de colocar
perante aquela minha misteriosa visita
uma bandeja com duas rodelas de
ananás fresco, uma manga e uma jarra
com sumo de melancia fresco e gelado.
Olhei para ele espantadíssimo e
disse, sem entusiasmo – “Emiliano!”
Ele levantou-se e pude rapidamente
chegar à conclusão de que se mantinha
o mesmo Emiliano Paulo Zapata
que eu tinha conhecido nos verdes
anos da minha infância: alto, seco de
carnes, de braços e pernas longos, fei-
ções muito acentuadas e lábios a puxar
para o grosso. Mas descobri nele
uma certa debilidade física, que talvez
fosse reflexo de uma debilidade mais
profunda ainda, de foro mental.
Um sexto sentido colocou-me uma
lâmina de gelo a percorrer-me a espinha,
provocado talvez pelo prenúncio
de más notícias. Abraçámo-nos e eu
disse-lhe que se sentasse e se servisse.
Enquanto se atirava avidamente para
o conteúdo da bandeja, recuei para a
última vez que nos tínhamos visto e
abraçado.
Fora em vésperas do início do ano
lectivo de 1965, quando, depois de
concluirmos a 4.ª classe do ensino
primário, e sendo filhos de famílias
remediadas, fôramos encaminhados
para o ensino técnico-profissional:
eu para a Escola General Joaquim de
Araújo e ele mais longe ainda, para
a Escola de Artes e Ofícios de Moamba.
Perguntei-lhe, meio estupidamente
– “O que te deu para me procurares
passados estes cinquenta e tal anos, e
como me localizaste?” Ele passou por
cima da minha insinuação de descon-
fiança e respondeu-me:
– “A necessidade aguça o engenho.
Terei tempo de explicar o que se passou
na minha vida durante este mais
de meio século de separação. Posso
dizer-te, por agora, que durante este
tempo cirandei por tudo o que é país
nesta zona, desde a Suazilândia à
África do Sul, ao Botsuana, ao Lesotho,
ao Malawi e até mesmo ao sul da
Tanzânia. Tive anos muito prósperos
no início, mas depois o céu caiu-me
em cima e agora volto mais ou menos
com uma mão à frente e outra atrás,
como se diz. Procurei-te porque me
lembrei de que, em nome da nossa
antiga amizade, talvez me pudesses
ser útil. E comecei a seguir a tua pista
desde a tua casa paterna, no Chamanculo.
Levei quase duas semanas
para te localizar, mas quem procura
encontra.”
Olhei para ele e não disse nada. Entre
uma garfada e outra na fruta e um
gole prolongado no sumo, ele continuou:
– “Venho pedir-te um favor: estou de
regresso à minha terra natal em Funhalouro,
mas sem um tusto no bolso.
Não quero que me dês dinheiro,
porque estou à espera duma compensação
do último local onde trabalhei
na África do Sul. Mas não sei exactamente
quando poderá chegar, talvez
daqui a duas ou três semanas. Quero
que, durante esse período, me dês tecto
e mesa, em nome da nossa amizade
de infância.”
Olhei para ele e achei a sua atitude
um pouco desavergonhada e despropositada.
Então, em nome de uma
amizade que se tinha dissipado havia
52 anos, vinha pedir tecto e mesa?
Abri a boca para lhe dizer que nos
últimos 32 anos eu levava uma vida
de eremita, desde que me tinha acontecido
o acidente de viação em que a
minha mulher e o nosso único filho
tinham morrido carbonizados a caminho
da Beira, e que, desde aquela
altura, nunca mais me vira em condi-
ções de viver com alguém.
Mas não consegui dizer. Olhei para
a voracidade com que ele atacava a
bandeja, fechei a boca e mantive-me
num silêncio que, bem o via, seria a
marca da minha vida dali em diante.
O mutismo a que me tinha votado
até ali tinha sido voluntário. Agora
era diferente, pois via-me obrigado
a calar-me para disfarçar a sensação
de imenso desconforto em que me
encontrava.
Engoli, portanto, aquele silêncio com
a lâmina de gelo, que deslizou pelo
tubo digestivo abaixo até ancorar no
fundo do estômago, transformado
numa pequena lagoa de água gelada.
Há dias ouvi o presidente
português, Marcelo Rebelo
de Sousa, a justificar a sua
ida a Angola para a tomada
de posse de João Lourenço. “Há
um presidente eleito, e o presidente
da República de Portugal, uma vez
convidado, vai à posse do novo presidente
da República de Angola, pensando
nas relações fundamentais que
existem entre milhares e milhares de
portugueses que estão em Angola e
também alguns milhares de angolanos
que estão em Portugal.”
Marcelo, o “homem dos afectos”,
mostrou como as relações entre
Angola e Portugal são traiçoeiras,
mesmo para um homem com o seu
gabarito verbal.
É ponto assente que o presidente de
Portugal representa os portugueses.
Por isso, teria bastado dizer que vai
representá-los no seu todo.
Quanto aos “angolanos que estão em
Portugal”, certamente não é o presidente
português quem os representa.
Além disso, o MPLA não permite
que os angolanos na diáspora, incluindo
em Portugal, votem. Não é
a representação de Marcelo que vai
suprir esse direito constitucional negado
aos angolanos em Portugal.
Sobre os “portugueses em Angola”,
temos aqui uma tese ofensiva amplamente
difundida pelas classes política
e empresarial, segundo a qual
Portugal deve estar à disposição do
MPLA para salvaguardar os interesses
económicos e de segurança dos
portugueses em Angola.
Essa tese suscita duas leituras. Primeiro,
o MPLA – agora com a presidência
bicéfala de José Eduardo
dos Santos e João Lourenço – está
colado ao poder e, por isso, é o único
elemento que pode conceder oportunidades
de negócios e proteger os
portugueses. Esta é, mais ou menos,
a leitura portuguesa.
A segunda leitura, mais de feição angolana,
é crua. Se só o MPLA pode
garantir negócios a Portugal e defender
os portugueses em Angola, então
é porque todos os outros angolanos
que não são do MPLA e não estão
no poder são – aos olhos dos poderes
portugueses – uma ameaça aos inteMarcelo
e os portugueses em Angola
Por Rafael Marques de Morais*
resses comerciais e à segurança dos
portugueses em Angola.
Assim, Portugal pode desculpar
qualquer acção que o MPLA empreenda
contra o seu próprio povo,
porque isso serve os interesses dos
portugueses.
Há dias, falei com uma amiga portuguesa
que esteve pela primeira vez
em Angola durante as eleições. Circulou
de táxi de um lado para o outro
e regressou ao seu país encantada
com os angolanos, o povo em geral,
descrevendo algumas pessoas como
“personagens fantásticos, dignos da
melhor literatura”. Sentiu-se apenas
intimidada e desconfortável com a
arrogância e o exibicionismo da nomenclatura
do MPLA, no meio de
tanta miséria. De um modo geral,
este tipo de opiniões, vindas de simples
cidadãos, não interessa a Marcelo,
nem aos políticos, empresários
e comentaristas portugueses que fazem
consultorias para o regime angolano.
Marcelo também mencionou os
outros países que reconheceram os
resultados de umas eleições sem apuramento
de votos em 15 das 18 províncias.
Portanto, Portugal não está
sozinho. Marcelo foi apenas o primeiro
e o único estadista a felicitar
o regime, mesmo antes de o próprio
órgão eleitoral do regime, a CNE, ter
declarado a vitória do MPLA. Democracia
é isso mesmo. Não é?
Neste cenário, os angolanos que não
são do MPLA e que criticam a postura
de Portugal são simplesmente
classificados como tolos.
Há uma história comum de 500
anos, em que Portugal escravizou e
colonizou os angolanos. Portanto,
a relação entre os dois povos nunca
foi de amizade nem de interesses
comuns. Sempre foi como Portugal
bem entendeu.
Todavia, em 1975, não foi o povo
angolano quem pôs os portugueses
em fuga atabalhoada, com uma mão
à frente e outra atrás. Foi o MPLA.
Não foi o povo angolano, essa ameaça
aos interesses económicos e à
segurança dos portugueses, quem
entregou o poder ao MPLA em
1975. Foi a própria liderança política
portuguesa. Na altura, quem o fez
achava – como me confidenciou um
antigo diplomata português – que
os do MPLA “eram os que mais se
pareciam connosco” (a tese do lusotropicalismo).
De igual modo, foram
o Partido Comunista Português
(PCP), que estava a dar cartas em
Portugal, e o Movimento das For-
ças Armadas (MFA) quem primeiro
convenceu os cubanos e os soviéticos
a entrarem em Angola, dando cobertura
ao MPLA, que se instalou
no poder. Isto mesmo reiterou Otelo
Saraiva de Carvalho em diversas
ocasiões.
Nem adianta falar dos anos de Cavaco
Silva e de Durão Barroso, e da
implementação dos infames Acordos
de Bicesse, assinados em 1990. Também
eles usaram do mesmo preconceito
e da mesma parcialidade dos
comunistas.
Nem sequer adianta mencionar o envolvimento
de uma empresa portuguesa,
a SINFIC, que foi instrumental
para a manipulação das eleições
de 2012 e de 2017.
O cerne da desgraça e da tragédia
dos angolanos parte sempre de Portugal.
O presidente português bem poderia
ter dito que vai a Angola porque é
uma oportunidade para transmitir o
“afecto”, mesmo que cínico, do povo
português para com o povo angolano.
Poderia também ter dito que vai
transmitir o apoio e o encorajamento
de Portugal ao novo presidente para
enfrentar os desafios do desenvolvimento
humano em Angola. E ficaríamos
todos contentes, incluindo o
próprio presidente eleito e o MPLA,
porque o cinismo é uma característica
que nos une.
Pensei que o presidente dos “afectos”
tivesse tacto diplomático para lidar
com Angola. Enganei-me. Mas não
me engano quanto à hospitalidade,
ao sentimento de amizade, à capacidade
de perdoar e à tolerância do
povo angolano.
Bem-vindo a Angola, camarada
Marcelo.
*makaangola.org
20 Savana 29-09-2017 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
O
lha-se com alguma atenção
para a relação que, provavelmente,
poderá vir a existir, entre
as boas intenções discursivas e
suas reais materializações. Este olhar
cauteloso fundamenta-se na experiência
adquirida da práxis política não só em
Moçambique como um pouco por toda
a África e, particularmente, na região
subsaariana. É um procedimento estrategicamente
válido e digno de avaliação
positiva a apresentação de discursos que
vão ao encontro daquilo que se pensa
que a plateia deseja ouvir. Entretanto,
passado algum tempo, acomodado na
crença da existência de uma curta memória
colectiva, o político “esquece-se”
do seu próprio discurso. Nesse lapso de
tempo, em que o discurso tende a ser
letra morta, a imagem do político cai,
paulatinamente, no ridículo diante de
sucessivas portas de incoerência que lhe
Vendedor de promessas
batem à cara. Mas, a forte crença em dias
melhores nunca se esgota. Este processo
resiste até ao discurso seguinte, musculado
pela assumpção de que governar é manobrar.
Estas ideias valem como resultado da prática
histórica recente; sugerem e desafiam a um
assumir da desejada mudança. É importante,
então, que o discurso seja mantido como
“letra viva”, seja materializado sem preconceitos,
sem medo de rupturas, sem receios
de abraçar os fundamentos do processo de
paz e do desenvolvimento nacional. Nesse
movimento, a unidade nacional não deve
continuar no seu formato assumidamente
abstracto caracterizado por um traço polí-
tico contundentemente anémico. Deve deixar
de ser uma espécie de tribalismo numa
versão confusa de poder de aldeia em escala
nacional. A causa fundamental que imprime
a unidade nacional é o desenvolvimento
do país. Não há unidade nacional quando o
país vive uma paz incerta, quando os níveis
de pobreza são elevados ou quando ainda
não se percebe, ou se finge não perceber, que
há vantagens na separação de poderes, que
é urgente a libertação do Estado, que é preciso
traduzir a inclusão em prática comum.
É urgente assumir a mudança, vivendo-a,
praticando-a, acarinhando-a. A estagna-
ção, num mundo em constantes mudanças,
tem pesados custos políticos, económicos
e sociais. Tinha razão quem defendia que
é preciso correr. Foi mal compreendido: os
seus colaboradores, de facto, corriam, num
lambebotismo frenético, secundarizando a
materialização das promessas políticas. Os
umbigos exigiam cifrões!
As mudanças que se esperam nos próximos
tempos em decorrência do Congresso do
partido no poder, dos entendimentos entre
Nyusi e Dhlakama, da esperada “responsabilização”
dos autores das dívidas ocultas e
dos que a tornaram públicas, do desacorrentamento
do Estado, da “reformatação”
do STAE e CNE, entre outros aspectos,
poderão, a breve trecho, devolver
a dignidade aos moçambicanos. São
pontos sensíveis na medida em que dói
eliminar todos esses furúnculos identificados
e profundamente conhecidos
que não deixam o país nos devidos carris;
autênticas pedras na governação!
Cá entre nós: o discurso, em si, não vai
mudar o país. Entretanto, já é a necessária
luz que faz o caminho, desenha o
percurso de materialização da mudan-
ça. É assim que quem com a lanterna
acesa nos mostra o caminho deve escolher
entre seguir em frente ou espalhar
a luz estando na retaguarda. Mais
seguro é assumir a liderança, em frente,
e percorrer o caminho como exemplo
a seguir; as promessas assim ganham
maior credibilidade.
S
e os responsáveis pela definição
das políticas estão incorrectos em
assumirem que os choques que
mantêm a inflação pressionada
são temporários, a normalização das políticas
pode ser a abordagem errada e as
políticas não convencionais deviam ser
mantidas por mais tempo.
Desde o verão de 2016, a economia global
tem estado num período de expansão moderada,
com a taxa de crescimento a acelerar
gradualmente. O que não acelerou,
pelo menos nas economias avançadas, foi
a inflação. A questão é porquê.
Nos Estados Unidos, Europa, Japão e
noutras economias desenvolvidas, a recente
aceleração do crescimento tem sido
conduzida pelo aumento da procura agregada,
resultado das políticas monetárias e
orçamentais expansionistas e da subida da
confiança de empresários e consumidores.
Essa confiança tem sido impulsionada por
uma queda do risco financeiro e económico,
juntamente com a contenção dos riscos
geopolíticos, que, até agora, tiveram pouco
impacto nas economias e nos mercados.
Uma vez que uma procura mais forte significa
menos folga nos mercados de produtos
e de trabalho, a recente aceleração
do crescimento nas economias avançadas
deveria ser acompanhada por uma recuperação
da inflação. No entanto, a inflação
subjacente caiu nos EUA este ano e continua
teimosamente baixa na Europa e no
Japão. Isso cria um dilema para os principais
bancos centrais – a começar pela Reserva
Federal dos EUA e o Banco Central
Europeu – que estão a tentar eliminar as
políticas monetárias não convencionais:
eles garantiram um crescimento maior,
O mistério da baixa inflação
Por Nouriel Roubini*
mas ainda não estão a alcançar a sua meta
de uma inflação de 2%.
Uma explicação possível para a misteriosa
combinação de crescimento mais forte e
inflação baixa é que, além de uma subida
da procura agregada, as economias desenvolvidas
têm experienciado choques positivos
do lado da procura.
Esses choques podem vir de muitas formas.
A globalização faz com que bens e
serviços baratos continuem a vir da China
e de outros mercados emergentes. Sindicatos
mais fracos e um fraco poder de
negociação dos trabalhadores reduziram
a curva de Phillips, com o baixo desemprego
estrutural a gerar pouca inflação
salarial. Os preços do petróleo e das ‘commodities’
são baixos ou estão em queda. E
as inovações tecnológicas, a começar pela
nova revolução da Internet, estão a reduzir
os custos de bens e serviços.
A teoria económica padrão sugere que a
resposta correcta da política monetária a
esses choques depende da sua persistência.
Se um choque é temporário, os bancos
centrais não devem reagir a isso; devem
normalizar a política monetária, porque
eventualmente o choque desaparecerá
de forma natural e, com os mercados de
produtos e mão-de-obra mais apertados,
a inflação aumentará. Se, por outro lado,
o choque for permanente, os bancos centrais
devem aliviar as condições monetá-
rias; caso contrário, nunca poderão atingir
a sua meta de inflação.
Isso não é novidade para os bancos centrais.
A Fed justificou sua decisão de começar
a normalizar os juros, apesar da in-
flação abaixo da meta, argumentando que
os choques do lado da oferta que estão a
pressionar a inflação são temporários. Da
mesma forma, o BCE prepara-se para
diminuir as suas compras de títulos em
2018, sob o pressuposto de que a inflação
aumentará a seu tempo.
Se os responsáveis pela definição das políticas
estão incorrectos em assumirem
que os choques que mantêm a inflação
pressionada são temporários, a normalização
das políticas pode ser a abordagem
errada e as políticas não convencionais
deviam ser mantidas por mais tempo.
Mas também pode significar o contrário:
se os choques são permanentes ou mais
persistentes do que o esperado, a normalização
deve ser prosseguida ainda mais rapidamente,
porque já atingimos um “novo
normal” para a inflação.
Esta é a visão assumida pelo Banco de
Pagamentos Internacionais (BIS, na sigla
inglesa), que argumenta que é hora
de reduzir a meta de inflação de 2% para
0% - a taxa que pode ser esperada agora,
dados os choques permanentes do lado da
oferta. Tentar alcançar uma inflação de
2% num contexto de choques deste tipo,
adverte o BIS, levaria a políticas monetárias
excessivamente relaxadas, o que
aumentaria a pressão ascendente sobre
os preços dos activos de risco e, em última
análise, inflaria perigosas bolhas. De
acordo com esta lógica, os bancos centrais
devem normalizar a política mais cedo, e
a um ritmo mais rápido, para evitar outra
crise financeira.
A maioria dos bancos centrais dos paí-
ses avançados não concorda com o BIS.
Acreditam que, se a inflação do valor dos
activos emergir, pode ser contida com políticas
de crédito macroprudenciais, em
vez de com a política monetária.
Naturalmente, os bancos centrais dos
países avançados esperam que a inflação
dos activos não apareça de todo, porque a
inflação está a ser suprimida por choques
temporários da oferta e, portanto, aumentará
assim que os mercados de produtos e
de trabalho se apertarem. Mas, diante da
possibilidade de a baixa inflação de hoje
estar a ser provocada por choques permanentes
da oferta, eles também não estão
dispostos a aliviar mais agora.
Assim, mesmo que os bancos centrais não
estejam dispostos a desistir da sua meta
formal de inflação de 2%, estão dispostos a
prolongar o ‘timing’ para a alcançar, como
já fizeram uma e outra vez, admitindo que
a inflação pode ficar baixa por mais tempo.
Caso contrário, precisariam de manter por
muito tempo as suas políticas monetárias
não convencionais, incluindo a flexibiliza-
ção quantitativa e juros negativos - uma
abordagem com a qual a maioria dos bancos
centrais (com a possível excepção do
Banco do Japão) não estão confortáveis.
Esta paciência dos bancos centrais corre
o risco de reduzir as expectativas de infla-
ção. Mas continuar por muito mais tempo
com políticas monetárias não convencionais
também traz o risco de uma indesejável
inflação dos preços dos activos,
crescimento excessivo do crédito e bolhas.
Enquanto a incerteza sobre as causas da
baixa inflação continua, os bancos centrais
terão de equilibrar esses riscos concorrentes.
*Nouriel Roubini é CEO da Roubini Macro
Associates e professor de Economia na Stern
School of Business, NYU.
Savana 29-09-2017 21 DESPORTO
É
quase oficial que os campeões
da segunda divisão são encontrados
na Secretaria. Depois
dos vencedores da zona
norte, em 2015 e 2016, terem sido
decididos em deliberações do Conselho
de Disciplina da Federação
Moçambicana de Futebol (FMF), a
moda tornou-se hábito e este ano a
mesma não só regressou à zona norte,
mas também escalou a zona sul,
onde o Incomáti de Xinanave espera
pelo Acórdão que pode decidir o seu
futuro.
Tudo deve-se a falta de comparência
averbada, semana finda, pela
Associação Desportiva de Chókwè
no jogo referente à 21ª e penúltima
jornada do torneio, que baralhou as
contas e deixou pendente o regresso
do representante da província de
Maputo ao Moçambola.
O facto é que à entrada da penúltima
jornada, os “açucareiros” precisavam
de três pontos para assegurar
a presença na fina flor do nosso futebol,
porém, mesmo com a missão
Associação Desportiva de Chókwè averba terceira falta de comparência e deixa decisão do título suspenso e dependente da secretaria
A moda que se tornou hábito
Por Abílio Maolela
cumprida, viram sua festa adiada,
devido a desistência do representante
de Gaza.
É que com esta situação, a AD de
Chókwè está desqualificada, à luz do
regulamento da prova, fazendo com
que os seus adversários percam os
pontos somados nos jogos realizados
contra si.
Neste sentido, o Incomáti de Xinavane,
que lidera a prova com 48 pontos,
irá perder seis pontos, enquanto
o seu perseguidor directo, Matchedje,
perderá quatro pontos, passando
dos actuais 45 para 41 pontos, relan-
çando, automaticamente, a esperan-
ça desta equipa para a conquista do
título. Recorde-se que com a vitória
sobre o Vulcano, o Incomáti festejaria
o título, devido a vantagem que
tem sobre os “militares” no confronto
directo.
Assim, o regresso do Incomáti ao
Moçambola foi adiado para este
fim-de-semana, quando a equipa
deslocar à capital do país para defrontar
as Águias Especiais, numa
partida em que a equipa está obrigada
a vencer para não depender das
deliberações da FMF. Por sua vez,
o Matchedje desloca-se à Moamba
para jogar com o Ntumbuluko.
FMF no silêncio
Para melhor perceber a situação, o
SAVANA contactou Eugénio Dálvio,
da Comissão de Gestão do clube,
tendo afirmado que a sua equipa
não se deslocou à Vilanculo porque
estava desfalcada.
O facto, segundo Dálvio, é que dos
12 jogadores que constituem a equipa,
depois da saída dos outros oito
atletas, sete abandonaram o lar, facto
que impossibilitou a equipa de ir
competir.
Dálvio, mais conhecido por Genito,
revela que comunicou à FMF a sua
intenção de terminar o campeonato,
assim como realizar a partida diante
do SHM de Vilanculo para não ser
considerada culpada pelo clima de
incerteza instalado.
A fonte acrescenta que a sua direc-
ção ficou desconfortável com as informações
que dão conta da compra
dos seus atletas para favorecer o Matchedje
nesta luta com o Incomáti.
Por sua vez, a FMF pautou pelo
silêncio, tanto o seu Presidente, Alberto
Simango Júnior, assim como o
seu Secretário-geral, Filipe Johane.
A Administradora da Manhiça,
Cristina Mafumo, em entrevista à
Rádio Moçambique, mostrou-se
agastada com a situação, porém, deixou
bem claro que a equipa do seu
distrito estará presente na próxima
edição do campeonato nacional de
futebol.
O caso, que já alimenta debates,
não é o único a chegar às mãos da
FMF, esta época. Na zona norte, o
Desportivo de Mueda também sofreu
três faltas de comparência, uma
delas na derradeira jornada da prova,
fazendo com que o campeão desta
região do país também seja decido
na Secretaria.
A direcção do clube que, por questões
políticas, recebeu a cerimónia
de abertura da prova, apontou também
dificuldades financeiras para
suportar a época.
Devido a esse aspecto, o Sporting
de Nampula, com 38 pontos, na
primeira posição, ainda aguarda o
Acórdão que lhe homologa a sua ascensão
ao Moçambola de 2018.
Aliás, as questões financeiras são
apontadas como sendo o principal
factor dos desmandos que se veri-
ficam na prova que, para além das
faltas de comparência, regista atrasos
no início de alguns jogos.
Entretanto, os problemas da competição
não terminam aqui. Em Julho
último, cinco indivíduos, entre árbitros
e Delegado da Liga Desportiva
de Monapo foram detidos acusados
de corrupção.
O caso foi denunciado pelos adeptos,
quando, faltando cerca de 10
minutos para o término da partida,
exigiram a devolução de cerca de 50
mil meticais, pois, apesar do combinado,
a sua equipa perdia diante do
Sporting de Nampula por uma bola
sem a resposta.
O campeonato da discórdia
O Campeonato Nacional da Divisão
de Honra foi reintroduzido, no ano
passado, pela direcção de Alberto
Simango Júnior em cumprimento
da promessa eleitoral.
Segundo o presidente da FMF, a
prova tem o objectivo de aumentar
a competitividade nas equipas candidatas
ao Moçambola, entretanto,
a mesma tem se revelado insustentável.
Aliás, na altura, a decisão foi bastante
contestada pela Associação de Futebol
da Cidade de Maputo, alegando
que a mesma era insustentável.
Devido a este aspecto vários clubes
desistiram da prova, destacando-se a
Académica de Maputo, que retirou-
-se da prova nas vésperas e o Benfica
de Nampula, que saiu duas jornadas.
O
s provedores dos serviços de
internet e operadores de redes
do mundo inteiro são chamados
a actualizar as suas chaves
de dominio como forma de aumentar
os níveis de segurança, de modo a fazer
face a cada vez mais crescente nú-
meros de intrusão de sites. Caso não
actrualizem as chavez até 11 de Outubro
do presente ano, não será possivel
aceder aos serviços de internet.
Esta informação foi revelada por
Pierre Dandjinou vice-presidente da
Corporação da Internet para Atribui-
ção de Nomes e Números (ICANN),
para África que falava semana finda
à margem do Fórum das Tecnologias
de Informação e Comunicação da Organização
das Telecomunicações da
Commonwealth (CTO), que decorreu
em Maputo.
Segundo Dandjinou esta é a primeira
vez que a Corporação da Internet
para Atribuição de Nomes e Números
(ICANN) vai alterar as chaves criptografadas
que mantêm seguro o Sistema
de Nomes de Domínio da Internet
(DNS), como forma de aumentar os
nives de segurança, desde a sua criação
em 2010.
“É essencial que os provedores de serviços
de Internet (os ISPs) e os operadores
de redes do mundo inteiro se
certifiquem de estarem preparados
para esta mudança pois, do contrário,
seus usuários não poderão buscar e
encontrar nomes de domínio e, consequentemente,
estarão impedidos de
consultar qualquer site na Internet”,
disse Dandjinou.
Os operadores de redes, prossegue,
devem certificar-se de terem o sofActualizar
sistemas
de internet para não
ficar de fora
tware atualizado, de terem o DNS
habilitado e, também, de ter verificado
se seus sistemas podem atualizar suas
chaves automaticamente ou se eles
têm instalados processos para atualizar
manualmente a nova chave antes das
16:00 UTC do dia 11 de outubro de
2017.
Explicou que esta iniciativa nao é extensiva
aos cidadaos que são os usu-
ários finais dos serviços de internet,
porque nada podem fazer, mas sim as
corporações provedoras dos serviços,
operadores de rede e reguladores de
internet que tem missão de actualizar
os seus sistemas. De acordo com
Dandjinou, o processo não tem custos
financeiros, senão a paciência de fazer
as actualizações na plataforma que
a ICANN já configuroui, bastando
para tal aceder o https://go.icann.org/
KSKtest.
Aponta que de momento a ICANN
está trabalhando com seus parceiros
técnicos, como os registros de Internet
regionais (RIRs), grupos de operações
de redes e registros e registradores de
nomes de domínio, bem como com
outros players do ecossistema da Internet,
como a Internet Society e associa-
ções comerciais da Internet, para garantir
que todos aqueles que no mundo
possam estar sujeitos ao impacto da revisão
da chave estejam cientes da mudança
pendente. Acrescentou, Conrad
que a primeira avaliação será feita no
final de Fevereiro de 2018, de modo
a incluir aqueles que ficaram de fora,
sendo que em Maio do mesmo ano,
com o novo sistema já a funcionar plenamente
o antigo será apagado.
MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
A GIZ - Cooperação Alemã para o Desenvolvimento procura um
Provedor de Assistência Técnica em IT
A GIZ – Cooperação Alemã para o Desenvolvimento é uma empresa
Alemã que oferece serviços, a nível mundial, na área da cooperação
internacional para o desenvolvimento sustentável.
A GIZ pretende contratar serviços de uma empresa experiente na área
de informática para as suas operações em Moçambique.
Requisitos e competências
A empresa de IT contratada será responsável pelo apoio diário e manutenção
da infra-estrutura da IT, que inclui a rede de dados, servidores,
computadores de mesa e laptops, bem como outro equipamento digital.
Um dos principais objectivos da assistência é de manter todos os produtos
de software e hardware em boa manutenção e actualização.
A empresa de IT contratada também prestará assistência técnica pontual
ao pessoal da GIZ em assuntos relacionados com o equipamento
e programas (software), em observância das orientações da GIZ e os
regulamentos legais em vigor em Moçambique.
Para o efeito convida-se as empresas elegíveis e com sede em Maputo,
a solicitar até 10.10.2017 a documentação de manifestação de interesse
(indicando a referência EoI - IT Services) através do seguinte endereço
electrónico: ema.parker@giz.de
22 Savana 29-09-2017 DIVULGAÇÃO DESPORTO
Contextualização
A integração das preocupações das mulheres nos planos e
orçamentos nos distritos da Namaacha e Marracuene, constitui
uma das actividades que a Sociedade Aberta tem estado
a desenvolver. Esta actividade tem como base legal a Constituição
da República, a Lei nº 8/2003 de 19 de Maio e Decreto
11/2005, que criam mecanismos que visam reforçar a particiSDomR
&RPXQLWiULD QD SODQLÀFDomR GLVWULWDO SURPRYHQGR D
democracia e o desenvolvimento local.
O artigo 122, nos 1 e 2 da Constituição da República dispõe
que o Estado Promove - apoia e valoriza o desenvolvimento
da mulher e incentiva o seu papel crescente na sociedade,
em todas as esferas da actividade política, económica, social e
cultural do país. Também reconhece e valoriza a participação
da mulher na luta de libertação nacional, pela defesa da soberania
e democracia.
Por sua vez, o no3 do artigo 3 da Lei 08/2003, advoga que no
quadro do funcionamento dos Órgãos Locais do Estado para
além de outras questões, observam os princípios do respeito
pelos direitos subjectivos e pelos interesses legítimos dos
administrados, garantem a participação activa dos cidadãos,
e incentivam a iniciativa local na solução dos problemas das
comunidades.
Adicionalmente, o no 1 do artigo 100 do Decreto 11/2005, diz
que em relação à participação, os Órgãos Locais do Estado
devem assegurar a participação dos cidadãos, das comunidades
locais, das associações e de outras formas de organização,
que tenham por objectivo a defesa dos seus interesses, na formação
das decisões que lhes disserem respeito.
Todavia, apesar do exposto acima o cidadão depara-se com os
seguintes problemas: i) fraca participação dos cidadãos nos
processos de governação local devido ao fraco conhecimento
dos seus direitos e deveres cívicos e políticos concedidos pelo
quadro de governação no país; ii) fraca prestação de contas
por parte dos Governos Locais; iii) não disseminação de informação
sobre a prestação de contas; iv) fraca participação
GHPXOKHUHVHMRYHQVQDSODQLÀFDomRGLVWULWDO (VWDVLWXDomR
SRGHHVWDUDOLDGDDREDL[RQtYHOGHHVFRODULGDGHRTXHGLÀFXOta
o acompanhamento da realização das políticas públicas; v)
elaboração de políticas públicas sem a observância das necesVLGDGHVEiVLFDVGDVFRPXQLGDGHVGHYLGRDIUDFDLQÁXrQFLDGD
Sociedade Civil e cidadãos nas políticas públicas e nas acções
dos Governos Locais.
Para a resolução destes problemas, a Sociedade Aberta em coordenação
com as Plataformas Distritais promovem o acesso
à informação, sobretudo sobre os direitos e deveres - chave
para assegurar uma maior participação das comunidades em
particular das mulheres e jovens nos processos de governaomRORFDO LQFOXLQGRQDSODQLÀFDomRHRUoDPHQWDomRS~EOLFD
desenvolvem instrumentos de engajamento do cidadão na
governação local e a integração das suas preocupações nos
planos e orçamentos locais.
O engajamento do cidadão e das comunidades é feito por
meio da Agenda Comunitária, Caixas Paralelas de Reclama-
ções e Sugestões e Cartão de Pontuação Comunitária, através
de consultas comunitárias no Distrito, Postos Administrativos
e Localidades. O principal objectivo deste processo é captar
as necessidades prioritárias para a sua integração nos planos
e orçamentos locais, bem como a percepção das comunidades
Qual é o grau de integração das preocupações das mulheres nos planos
e orçamentos nos distritos de Namaacha e Marracuene?
Síntese do debate entre os Governos Distritais e as Plataformas da Sociedade Civil
em relação aos serviços providos pela Administração Pública.
&RQWXGR DSHVDU GDV DFo}HV UHDOL]DGDV DLQGD YHULÀFD VH D
fraca integração das demandas das mulheres nos planos
e orçamentos locais e a fraca participação nos processos de
SODQLÀFDomRQRVGLVWULWRVGH1DPDDFKDH0DUUDFXHQH RTXH
SURYDYHOPHQWHSRGHHVWDUDOLDGRDREDL[RQtYHOGHFRQVFLrQcia
sobre os ganhos a obter do processo, e o facto de as mulheres
se dedicarem mais aos trabalhos domésticos.
Neste contexto, com vista a apoiar a participação activa das
mulheres nos processos de tomada de decisão e garantir a
integração das suas preocupações prioritárias nos planos e
orçamentos locais, a Sociedade Aberta e as Plataformas de
Namaacha e Marracuene realizaram um debate com os Governos
dos dois distritos, com o propósito de analisar as causas
da fraca inclusão das demandas das mulheres nos planos
locais.
Principais preocupações apresentadas pelas mulheres nas
auscultações comunitárias
Durante as auscultações comunitárias de 2016 e 2017 as mulheres
levantaram as seguintes preocupações: i) construção
GHIXURVGHiJXDSUy[LPRDVFRPXQLGDGHV LL LQH[LVWrQFLDGH
casa de mulher grávida em alguns Centros de Saúde; iii) fraca
participação de mulheres e jovens nos espaços públicos; iv)
FDVDPHQWRVSUHPDWXURV Y YLROrQFLDGRPpVWLFD YL QHFHVVLdade
de atribuir DUAT aos camponeses, principalmente as
PXOKHUHV YLL LQVXÀFLrQFLDGHSDUWHLUDVQRV&HQWURVGH6D~GH
e construção de Unidades Sanitárias com maternidades; viii)
cobranças ilícitas nas Unidades Sanitárias por alguns técnicos
de saúde; ix) construção de salas anexas nas escolas primárias
para reduzir a distância percorrida pelos alunos; e x) expansão
da rede eléctrica.
Da análise feita aos balanços do Plano Económico Social e Or-
çamento do Distrito de Namaacha e Marracuene de 2016 e
YHULÀFRX VHDLQWHJUDomRGHDOJXPDVSUHRFXSDo}HVDSUHsentadas
pelas mulheres, nomeadamente: i) abertura e reabilitação
de furos de água; ii) promoção dos direitos da mulher,
FULDQoD SHVVRDLGRVDHSHVVRDFRPGHÀFLrQFLD LLL H[SDQVmR
da cobertura dos serviços de saúde materna para aumentar
os partos institucionais; iv) construção e reabilitação de CenWURVGHVD~GHHKRVSLWDLV Y
JDUDQWLUDDVVLVWrQFLDGHFULDQoDV
YtWLPDVGHWUiÀFRHYLROrQFLD YL GLVWULEXLomRGHUHGHVPRVquiteiras
para mulheres grávidas nas consultas pré-natal; e
vii) realização de brigadas móveis de promoção de cuidados
de saúde primária.
Contudo, fazendo uma análise comparativa entre as preocupações
levantadas pelas mulheres e as integradas nos planos
ORFDLV YHULÀFD VH D IUDFD FDSDFLGDGH GH UHVSRVWD jV GHPDQdas
das mulheres e das comunidades nos planos e orçamento
anuais, uma situação que põe em causa o processo de consultas
feito pela Sociedade Aberta e Plataformas de Namaacha e
Marracuene, na medida em que há um exercício rotineiro de
levantamento dos problemas nas comunidades, mas os mesmos
continuam sem solução por parte do Governo.
Em relação as causas da fraca integração das necessidades
das mulheres nos planos colocou-se o seguinte:
2VWpFQLFRVGHSODQLÀFDomRGLVWULWDOQmRWrPSRGHUGHGHcisão
sobre as acções a integrar nos planos e orçamento do
distrito, estas são indicadas pelos seus superiores.
2QtYHOGHSDUWLFLSDomRGHPXOKHUHVHMRYHQVQRSURFHVVR
de tomada de decisão e nos Conselhos Consultivos é fraco.
Savana 29-09-2017 23 DIVULGAÇÃO DESPORTO
Igualmente, são poucas as mulheres e os jovens que participam
nas actividades desenvolvidas pelos membros dos Conselhos
Consultivos, havendo mais idosos a cooperar com os
referidos Conselhos Locais.
$SHVDUGHH[LVWLUHPPXOKHUHVQRVHFWRUGHSODQLÀFDomR DLQGD
YHULÀFD VHDIUDFDLQWHJUDomRGDVVXDVGHPDQGDVQRVSODQRV
HRUoDPHQWRVORFDLV 6HUiTXHDVWpFQLFDVGHSODQLÀFDomRGLVtrital
não são sensíveis às questões colocadas por outras muOKHUHVRXQmRWrPSRGHUGHGHFLVmR"
$V DFo}HVGDV3ODWDIRUPDVGH1DPDDFKDH0DUUDFXHQH VmR
UHDOL]DGDVHPFRRUGHQDomRFRPRV WpFQLFRVGHSODQLÀFDomR
GLVWULWDO PDV DLQGDYHULÀFD VH IUDFRJUDXGHLQÁXrQFLDSRU
parte destes actores. Qual é o seguimento dado pelos técniFRVGHSODQLÀFDomR
DSyV DLPSOHPHQWDomRGDV DFWLYLGDGHV
uma vez que as demandas apresentadas pelas mulheres são
as mesmas em todos os anos.
Sensibilidade dos Governos em relação aos assuntos das mulheres
Perante as preocupações dos participantes, o Governo de Marracuene
teceu os seguintes comentários:
$LQWHJUDomRGDVGHPDQGDVGDVPXOKHUHVHMRYHQVQRVSODQRV
e orçamentos do distrito, como a abertura de furos de água
sensíveis ao género, construção de Unidades Sanitárias com
PDWHUQLGDGHV GHYH VHU LQÁXHQFLDGD DR QtYHO GD 3URYtQFLD
A Sociedade Civil deve realizar acções de advocacia com o
Governo provincial e quando o distrito tiver a orientação integrará
as preocupações no PESOD.
$VWpFQLFDVGHSODQLÀFDomRVmRVHQVtYHLVDVSUHRFXSDo}HVGDV
PXOKHUHV PDVQmRFDEHDHODVDGHFLVmRÀQDOQHPDRUoDPHQtação
das actividades. Aliado a isto, os planos elaborados são
sectoriais.
$6RFLHGDGH&LYLOGHYHVROLFLWDUHVSDoRQDV6HVV}HVDODUJDGDV
do Governo para apresentar as preocupações levantadas pelas
mulheres. Nestas sessões participam membros do Governo
do distrito, o que ajudará a solucionar os problemas das
mulheres.
$LQWHJUDomRGDVQHFHVVLGDGHVGDVFRPXQLGDGHVQRVSODQRV
locais é feita tendo em conta a prioridade dos assuntos locais,
como a manutenção das vias de acesso, abertura de furos de
água e olhando para os recursos disponíveis.
2*RYHUQRGRGLVWULWRHVWiDGHVHQYROYHUDFo}HVTXHJDUDQtem
a integração e promoção do bem-estar da mulher. O Governo
está ciente dos problemas que afectam as mulheres
FRPRpRFDVRGRVFDVDPHQWRVSUHPDWXURV YLROrQFLDGRPpVWLFD LQVXÀFLrQFLDGRVXEVtGLRSDUDDDJULFXOWXUD FRQÁLWRVGH
terra, longas distâncias percorridas para aceder alguns serviços
básicos. Para minimizar estes problemas, o Governo
está a aumentar a construção de furos de água, construção
de Unidades Sanitárias, expansão da rede escolar e adopção
de medidas que visam a retenção da mulher no processo de
ensino e aprendizagem.
'HYLGRDFULVHHFRQyPLFD DVFRQVWUXo}HVGHLQIUD HVWUXWXUDVSODQLÀFDGDVSHOR*RYHUQRGH0DUUDFXHQHSDUDRDQRGH
2017 não foram realizadas por exiguidade de orçamento, e
para realizar outras acções o Governo deve buscar parcerias.
(P R*RYHUQRUHYLWDOL]RXRV&RQVHOKRV&RQVXOWLYRVHDV
mulheres candidataram-se, mas não na percentagem estabelecida
pela lei.
Por sua vez, o Governo de Namaacha expos o seguinte:
'XUDQWHDSODQLÀFDomRGRVSODQRVHRUoDPHQWRVRV7pFQLFRV
GD(TXLSD7pFQLFD'LVWULWDO WrPREVHUYDGRDVQHFHVVLGDGHV
de homens e mulheres. A título de exemplo, quando se constrói
uma casa de banho para mulheres é fundamental que se
observe que as necessidades das mulheres são diferentes das
dos homens.
1RVHFWRUGHVD~GHH[LVWHXPDUHSDUWLomRGHPXOKHUHDFomR
social que trata dos assuntos da mulher e, nos últimos anos
o Governo está envolvido em acções que elevam o estatuto
das mulheres, como é o caso da realização de palestras sobre
a mulher, encontros com o gabinete parlamentar para
os assuntos da mulher e criação do Conselho Distrital para
o avanço da mulher.
4XDQWRjGLVWkQFLDSHUFRUULGDSHORVXWHQWHVSDUDFKHJDUD
XPD8QLGDGH6DQLWiULDRXHVFRODYHULÀFD VHTXHDFRPXQLdade
é que vive distante destas instituições. Um Centro de
Saúde tem capacidade para acolher no mínimo 7500 cidadãos
e uma Localidade que não tem este número de habitantes
não se pode colocar uma Unidade Sanitária, mas em
Namaacha existem Centros de Saúde em locais com 1200 a
FLGDGmRVGLVSHUVRV RTXHVLJQLÀFDTXHDFRPXQLGDGH
não está a aproveitar os recursos disponíveis.
$IDOWDGHLOXPLQDomRS~EOLFDFRQWULEXLSDUDTXHDVPXOKHres
sejam assaltadas e violadas sexualmente.
2*RYHUQRHVWiFRPGLÀFXOGDGHVGHUHDOL]DUDOJXPDVDF-
ções relacionadas com as necessidades das mulheres que
foram integradas no PESOD, por causa da exiguidade do
orçamento.
Recomendações
As recomendações produzidas entre os Governos Distritais e
as Plataformas da Sociedade Civil foram direccionadas para
o Governo, Sociedade Civil e o Cidadão, conforme abaixo exposto.
Governo
'LVVHPLQDUDVUD]}HVGDLQWHJUDomRGHFHUWRVDVVXQWRVQRV
planos e orçamentos locais, bem como a apresentação de
uma perspectiva futura para as necessidades prioritárias.
&HOHULGDGH QD UHVSRVWD GDV GHPDQGDV GDV FRPXQLGDGHV
para que não comprometa a credibilidade e sustentabilidade
das ferramentas implementadas pela Sociedade Civil.
(VWDEHOHFHUPHFDQLVPRVSDUDFRPSOHPHQWDURVH[LVWHQWHV
para a participação da juventude e das mulheres nos órgãos
de tomada de decisão.
0HOKRUDU D FRPXQLFDomR FRP DV 3ODWDIRUPDV 'LVWULWDLV
como canais de auscultação e recolha de propostas de soluções
das mulheres e jovens.
Sociedade Civil
0RQLWRUDUDLPSOHPHQWDomRGDVTXHVW}HVGHMRYHQVHPXOKHUHVQDVSROtWLFDVS~EOLFDV DÀPGHDFRPSDQKDUDVDFWLvidades
e orçamento alocados para o alcance dos objectivos
estabelecidos nos referidos programas.
(QYROYHURVWpFQLFRVGHSODQLÀFDomRQDVDFo}HVGD6RFLHGDde
Civil com vista a torna-los mais sensíveis as questões de
género.
Cidadão
Envolvimento no processo de governação, através da participação
nas auscultações das necessidades prioritárias, o que
contribuirá para a integração destas preocupações nos planos
locais.
Parceiros
24 Savana 29-09-2017 CULTURA
Para maiores informações
sobre o processo de inscrição,
visite o site yali.state.gov/apply
ELEGIBILIDADE
A inscrição coletará informações básicas e incluirá perguntas sobre a experiência profissional e acadêmica do candidato, incluindo os
antecedentes profissionais; experiência educacional; honras e prêmios recebidos; atividades extracurriculares e voluntárias;
e proficiência na língua inglesa. Como parte da candidatura, o requerente também deverá fornecer respostas escritas a uma série de
perguntas (questões dissertativas). Elementos adicionais, como cartas de recomendação ou transcrições universitárias, são
OPCIONAIS e podem complementar sua candidatura.
CRONOGRAMA DE INSCRIÇÃO:
A INSCRIÇÃO:
13 de setembro de 2017 abertura das inscrições
11 de outubro de 2017 encerramento das inscrições
Janeiro-fevereiro de 2018 semifinalistas são entrevistados por Embaixadas e Consulados dos EUA locais
Final de março de 2018 os requerentes são informados sobre seu status
Abril-maio de 2018 fase de orientação para os finalistas sobre o processamento de vistos e o que fazer antes da partida
Junho de 2018 início do programa nos Estados Unidos
A Bolsa de Estudos Mandela Washington está aberta para jovens líderes africanos que preencherem todos os critérios exigidos abaixo.
O requerente:
QUAIS SÃO OS CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO?
Histórico comprovado de liderança e realizações em serviço público, administração de empresas e empreendedorismo, ou engajamento civil;
Compromisso demonstrado ao público ou ao serviço comunitário, voluntariado ou mentoria;
Habilidade de trabalhar cooperativamente em diversos grupos e respeitar a opinião de outras pessoas;
Fortes habilidades sociais e de comunicação;
Conhecimento, interesse e experiência profissional demonstrados no setor/curso selecionado;
Atitude enérgica e positiva;
Compromisso de retornar à África e aplicar habilidades de liderança e capacitação visando beneficiar o país, a comunidade ou a escola do
requerente após seu retorno para casa.
Bolsa de Estudos Mandela Washington para Jovens Líderes Africanos 2018
Processo de inscrição para a bolsa de estudos
MANDELA WASHINGTON
FELLOWSHIP
FOR YOUNG AFRICAN LEADERS
deve ser cidadão e residente de um país da África Subsaariana;
deve ter entre 25 e 35 anos de idade à época do envio da inscrição, embora candidatos extraordinários com menos de 25 anos serão considerados;
não poderá se inscrever se for cidadão americano ou residente permanente dos Estados Unidos;
deve ser elegível para receber um visto J-1 dos Estados Unidos;
não poderá se inscrever se for funcionário e ou tiver parentesco com funcionários do governo americano;
deve ser proficiente nestas três habilidades de inglês: leitura, redação e conversação;
não poderá se inscrever se for ex-aluno da Bolsa de Estudos Mandela Washington. 700
2018
YALI.STATE.GOV/APPLY
EM BUSCA DE ATÉ
LIDERES
BOLSA DE ESTUDOS MANDELA WASHINGTON
PARA JOVENS LÍDERES AFRICANOS
INSCREVA-SE JÁ NO SITE
INSCREVA-SE!
A
pianista Melita Matsinhe
apresenta-se nesta sexta-
-feira, 29 de Setembro, às
19:30 horas, em concerto
no Teatro Avenida.
Com novas composições musicais
das quais a Menina do Meu país e
Gwinya moya wangu, na sua caixinha
de surpresas, a pianista junta
no elenco Anselmo na viola baixo,
percussionista Simão Nhacule e
Amade Cossa na bateria.
O evento subordinado ao conceito
“Flores que nos regam o peito...”
ocorre depois de a intérprete ter
publicado recentemente sua primeira
obra poética denominada
Ignição dos Sonhos.
Fiel à sua essência artística, explorando
sua capacidade de espalhar a
partir do palco o incenso da pureza
da alma, em cada espaço onde diaPiano
soa no Avenida
loga com o público, em flores que
nos regam o peito, Melita Matsinhe
faz uma viagem estética em
que irá encenar e coreografar expressões
da cultura moçambicana
através da música.
A escolha deste conceito deve-se
ao facto de Melita Matsinhe considerar
as manifestações de artes
como sendo flores, essências, cores
que nos regam o peito e nos alegram
a alma. Melita Matsinhe é
uma vida dedicada às artes, daí que
nos últimos anos tem ampliado sua
esfera de actuação para o ensino da
música, orientando aulas de piano
para crianças através do Centro de
Artes Xiluva. Os festivais de música
Infantil Njingiritana e de literatura
Flores que nunca murcham,
realizados este ano, são, considera
a artista, a extensão material dessa
dedicação.
A.S
Melita Matsinhe tocando piano
O
jovem fotógrafo Má-
rio Macilau participou
recentemente
da Conferência Internacional
Sobre Culturas
Africanas (ICAC), que decorreu
no Zimbabwe.
O evento juntou diversos intelectuais
internacionais e locais
para mapear o futuro da
arte, da cultura e do patrimó-
nio de África, com o objectivo
de proporcionar vários artistas
emergentes e a sociedade em
geral a oportunidade de questionar
o amanhã do futuro das
instituições de arte diante dos
actuais desafios socio-econó-
micos.
O ICAC chega no momento
em que as instituições de
arte de todo o mundo precisam
de atenção urgente tanto
das autoridades locais quanto
das corporações e seus governos.
Falando num painel que
contou com a participação de
curadores, arquitectos, políticos,
estudantes e empreendedores,
Mário Macilau disse:
“é interessante falar sobre a
arte no continente, sobretudo
quando se trata da prática da
fotografia e da ausência de conhecimento
para compreendê-la
no seio dos grupos socialmente
isolados. Por outro
lado, enquanto o sistema do
capitalismo está constante-
“Fotografia e desconhecimento”
mente lutando para cada vez mais
crescer numa altura em que mais de
90% das imagens feitas pelos locais
durante a opressão, colonização e
guerra civil ou apartheid foram ignoradas,
escondidas e queimadas”.
Para Macilau, o continente africano
vive uma época repleta de desafios.
“Hoje estamos obviamente
a viver numa era perigosa em que
os novos artistas são educados a
produzir obras que serão imediatamente
um produto do mercado comercial
e não mais como para uma
audiência, seja ela local ou de
outros lugares. Entendo que
todos nós devemos pensar na
sustentabilidade, mas como
então combinar os dois lados
de auto sustentar-se e
de educar? É interessante
ver artistas que estão fugindo
das cidades criando seus pró-
prios estúdios nos bairros, na
aldeia ou em qualquer lugar
que é de origem”, finaliza.
A.S
Estamos a viver uma era perigosa para os novos artistas
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1238 DE SETEMBRO DE 2017
2 Savana 29-09-2017 SUPLEMENTO Savana 29-09-2017 3
Savana 29-09-2017 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Naita Ussene (Fotos) E
m tudo o que é noticiário nos canais de comunicação social nacionais
a maior parte do tempo é preenchida com acontecimentos do
grande encontro da Frelimo. O XI Congresso.
A cor vermelha marca o momento. É verdade. Digo isso por causa
dos últimos acidentes de viação que ceifaram a vida de muitos compatriotas
nas estradas do país. Contudo, o evento dos camaradas marcou o topo
dos blocos noticiosos.
Os discursos ouvidos tocam várias situações que vivemos em termos políticos,
económicos e sociais. Para o senso comum, os aspectos referidos
no discurso criam uma esperança de que as coisas vão melhorar. Sempre
esperamos isso dos políticos mesmo sabendo que muitas vezes nos desiludem.
Para se superar o momento difícil que vivemos actualmente no país vai
ser preciso muita coragem. Os que se sentiram em algum momento excluídos
desta vez vislumbram a sua oportunidade.
Foi o que nos pareceu nos vários discursos que ecoaram por lá. Vejam
como a antiga Primeira-ministra Luísa Diogo troca afinidade com a
primeira dama do Moçambique independente, Graça Machel. Esse é o
momento de unir forças para enfrentar os desafios no seio do partido e
do país.
Para isso é preciso dobrar as mangas e ir ao trabalho. Mas não é só ir ao
trabalho. É preciso ir com o objectivo de superar os desafios e vencer as
melhores posições. Quem não perdeu a oportunidade de frisar isso é o
antigo chefe de estado moçambicano, Joaquim Chissano, para a sua esposa,
Marcelina Chissano, também antiga Primeira-dama.
Os cargos ocupados no passado devem ser esquecidos neste momento e
arregaçar as mangas. Nada de ficar na sombra da bananeira. Quem deve
estar a dizer isso é o porta-voz da Frelimo, António Niquice, para o vice-
-Ministro do Trabalho e Segurança Social, Oswaldo Peterburgo.
Isso criou momentos de risada. Vejam como Noor Mahomed, da COTUR,
ri-se passando a mão para António Grispos, PCA da Bolsa de
Mercadoria. Este não se conteve e acompanha a risada.
Mesmo em conversas sérias é preciso um pouco de gargalhadas, para desanuviar
o ambiente. Foi o que fez o filho mais velho do primeiro presidente
da Frelimo, Eduardo Mondlane Júnior (Edy), no centro da última
imagem, ao ouvir os comentários do PCA da Mediacoop, Fernando
Lima. Enquanto isso, o Jornalista da AIM, Paul Fauvet, de óculos, preferiu
sorrir e desviar o olhar para ver quem acompanhava a risada ao redor.
É preciso estar atento para não ser conotado.
Nossa hora chegou
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF 4FUFNCSP EF t "/0 99*7 t /o
1238 Diz-se... Diz-se
IMAGEM DA SEMANA
A
Economist Intelligence
Unit (EIU) parece
não ter dúvidas na leitura
sobre a posição do
Fundo Monetário Internacional
(FMI) face à questão das dívidas
ocultas.
/B BOÈMJTF RVF GB[ FN SFMBÎÍP BP
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P SFMBUØSJP EF BVEJUPSJB EB ,SPMM
ËT EÓWJEBT PDVMUBT
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Relatório sobre dívidas ocultas
FMI está irredutível - EIU
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Savana 29-09-2016
EVENTOS
1
0DSXWR GH6HWHPEURGH $12;;,91o 1238
EVENTOS
O
s amantes da música jazz,
blues e RnB voltaram a
vibrar com mais um “Moment
of Jazz”, que teve
como figura de cartaz o músico
Billy Ocean. O concerto, que teve
lugar no campus universitário,
na noite da sexta-feira passada,
contou com a presença de um dos
maiores ícones da música RnB,
Billy Ocean, que fez recordar com
vivacidade momentos e emoções
únicas dos anos 70 e 80.
Durante a sua actuação, o público
presente respondeu positivamente,
cantando e dançando as músicas
mais conhecidas do seu repertó-
rio. Foram aproximadamente duas
horas de actuação onde foi possível
ouvir os hits “Love zone”, “lover
boy” “Get into my car” e o sucesso
dos sucessos “Caribbean queen”.
Os amantes da música de Billy
Ocean não esconderam a sua satisfação,
pois apesar de vários anos
de sucesso e algumas paragens na
sua carreira, o músico mostrou que
o seu talento se mantém juvenil
a nível de qualquer outro músico
actual.
No palco, fez-se também presente,
para actuar e alegrar o público com
as suas músicas, o moçambicano
Fernando Luís a quem coube a
missão de abrir o concerto. Como
havia prometido na conferência
de imprensa, o artista representou
muito bem a família moçambicana.
Miguel Xabindza, outro músico
moçambicano presente no concerto,
entrou a seguir e, diferentemente
de Fernando Luís, fez uma
viagem a outras latitudes, trazendo
sonoridades do mundo. A actuação
de Xabindza tinha como objectivo
introduzir Billy Ocean e fê-lo com
a mestria já conhecida.
Refira-se que a BDQ concertos,
marca organizadora, promete trazer
Ernie Smith e Richard Bona
nos próximos eventos. Este concerto
enquadra-se nas sessões do
“Moments of jazz”, uma linha de
eventos que muda radicalmente a
composição dos espectáculos na
cidade de Maputo por trazer ícones
mundiais que se celebrizaram
em décadas passadas e que foram
inspiradores da nova vaga de mú-
sicos pelo mundo.
Conhecidos os vencedores da
campanha do Standard Bank
Os três novos clientes vencedores
da campanha conta corrente Joy
of Jazz, promovida pelo Standard
Bank, no período entre o dia 1 de
Agosto e 10 de Setembro, foram
“Moments of jazz”
Billy Ocean cumpre com a promessa
anunciados na última segunda-feira,
25 de Setembro, em Maputo.
Trata-se de Elto Mavie, Fátima
Fargelgamali e Tomás Jasse, que
vão beneficiar, como prémio, de
uma viagem à África do Sul, para
assistir ao festival Joy of Jazz, a ter
lugar em Sandton, entre os dias 29
e 30 de Setembro, com todas as
despesas pagas pelo banco e direito
a um acompanhante.
Os três clientes foram apurados,
por sorteio, de um universo de cerca
de cinco mil pessoas que abriram
novas contas, no âmbito da
campanha Conta Corrente.
Intervindo no acto de entrega dos
prémios, o chefe do Departamento
de Marketing e Comunicação do
Standard Bank, Alfredo Mucavela,
referiu que os vencedores tomaram
a decisão acertada ao se tornarem
clientes do Standard Bank, o
banco mais antigo, sólido e digital
de Moçambique.
“Para o banco, vocês são mais do
que clientes, que estão aqui para
guardar dinheiro. Estamos prontos
para vos ajudar a alcançar os vossos
sonhos e seguir em frente, dia
após dia”, sublinhou, acrescentando
que prova disso é a viagem que
o Standard Bank vai oferecer para
assistirem ao maior festival de jazz
de África, com todas as despesas
pagas pelo banco.
Mas para além disso, conforme
destacou Alfredo Mucavela, são
os benefícios que os novos clientes
passam a usufruir, como o acesso
à conta bancária através de canais
digitais e gestores prontos para
orientarem nos melhores produtos
e serviços.
“Para além do QuiQ, que permite
efectuar transferências por telefone,
mesmo sem ter crédito ou
acesso à internet, temos também
o NetPlus (Internet Banking) que
permite igualmente aceder à conta
pelo computador para efectuar pagamentos
diversos como água, luz,
propinas, televisão e, ainda, transferir
dinheiro para outros bancos”,
referiu Alfredo Mucavela.
Num outro desenvolvimento, destacou
o facto de o Standard Bank
disponibilizar ATM’s Depósitos,
que possibilitam depositar dinheiro
em qualquer lugar e hora sem
ter de entrar no banco.
Visivelmente emocionado, Elto
Mavie contou que, quando recebeu
a ligação a informarem-no que
tinha sido contemplado com uma
viagem à África do Sul, para assistir
ao festival de jazz, inicialmente,
não acreditou.
“Agora estou a confirmar que na
verdade ganhei e que fiz uma boa
opção ao abrir uma conta no Standard
Bank, pois passo a beneficiar
de uma gama diversificada de produtos
e serviços que, para além de
me serem bastante úteis, garantem
muita segurança”, frisou Elto Mavie.
Por sua vez, Fátima Fargelgamali,
explicou que optou por abrir uma
conta no Standard Bank porque
sempre acreditou que este é um
dos melhores bancos no País. “Fui
muito bem recebida e o processo
de abertura de conta foi bastante
célere. Um dos aspectos que mais
me impressionou é o facto de alguns
balcões fecharem muito além
do horário normal de expediente”,
concluiu.
O
Instituto de Directores
de Moçambique
(IODmz), em parceria
com a Corpora-
ção Financeira Internacional
(IFC), realiza no dia 18 de
Outubro próximo, em Maputo,
um seminário sobre a governação
corporativa, no País.
O evento, cujo tema é “Onde
Estamos com a Governação
Corporativa em Moçambique?”
tem como o objectivo
identificar soluções sobre esta
questão, explorando oportunidades
de colaboração ao
nível do continente africano e
Governação corporativa em
debate em Maputo
acordar uma acção estratégica para
uma governação corporativa efectiva
em Moçambique.
Ansie Ramalho, advogada, consultora
sénior e directora não-executiva
da Corporação Financeira Internacional
(IFC) – uma subsidiária
do Banco Mundial, será a oradora
principal do seminário. A palestrante
liderou o desenvolvimento
e finalização do projecto “King IV
Report” sobre governação corporativa
para a África de Sul e a região
austral do continente africano.
Importa realçar que a governação
corporativa é o processo pelo qual
as organizações são dirigidas e controladas.
Trata-se de lideran-
ça orientada para resultados
e assenta em quatro pilares
essenciais, nomeadamente a
transparência, prestação de
contas, igualdade entre os
accionistas e a responsabilidade.
Portanto, a governação
corporativa é a força para a
transformação de economias
e de sociedades, uma alavancagem
para assegurar uma
maior taxa de retorno ao investimento
social e empresarial.
É um pré-requisito para
o sucesso e sustentabilidade
de qualquer organização.
Savana 29-09-2017 EVENTOS
2
A
WaterAid, organização internacional
que trabalha
exclusivamente para preservação
da água, saneamento
e higiene, e o Mecanismo de
Apoio à Sociedade Civil (MASC)
promoveram, na semana passada, o
lançamento do Fórum Nacional da
Juventude para Água e Saneamento,
que visa contribuir com acções
concretas para ampliar as vozes da
juventude na defesa do acesso à água,
saneamento e higiene como direito
humano em Moçambique.
O Fórum é resultado da união de
organizações como Associação Mo-
çambicana para cidadania Activa
(AMOCA), Brotar Moçambique,
Culturate, Ukula, entre outros. De
acordo com a presidente executiva
da organização Brotar Moçambique,
Carmen Phumo, o fórum já começou
a actuar em algumas províncias do
país cujo foco tem sido a consciencialização
das populações para usarem a
água de forma racional.
Carmen Phumo diz que se pretende
WaterAid e MASC promovem Fórum Nacional da Juventude
com a iniciativa actuar ao nível nacional,
na concertação de ideias e de
actuação da juventude nas iniciativas
e medidas de gestão e preservação da
água, saneamento e higiene, tornar a
juventude activa no estabelecimento
de meios sustentáveis para gestão e
preservação da água, bem como garantir
a monitoria e sustentabilidade
dos serviços através de envolvimento
e participação activa dos jovens a todos
os níveis.
Por sua vez, a chefe de Abastecimento
de Água, na Direcção Nacional
de Abastecimento de Água e
Saneamento, Julieta Paulo, diz que
é importante que os jovens estejam
interessados em abraçar a questão da
água e saneamento, pois só assim será
possível dar continuidade às acções
para o alcance de um dos objectivos
do desenvolvimento sustentável
(ODS) que visa garantir a disponibilidade
da água potável e saneamento
para todos.
Sobre as actuais restrições que se tem
verificado nos municípios de Maputo,
Matola e Boane, Felicidade Paulo
O
Instituto Nacional de Desenvolvimento
da Educação
(INDE), instituição vocacionada
ao desenvolvimento
curricular, promoveu semana finda
um workshop sobre a reforma do
Plano Curricular do Ensino Secundário
Geral que tinha como objectivo
rever o curriculum do ensino secundário
à luz das alterações da Lei
do Sistema Nacional de Educação.
A Revisão da Lei 6/92 de 06 de
Maio, sobre o Sistema Nacional de
Educação, preconiza uma Educação
Básica de nove classes e um Ensino
Primário e Secundário de seis classes,
em cada nível, em alinhamento com o
protocolo da SADC sobre Educação
e Formação.
O Protocolo estabelece igualmente
um Ensino Básico com um mínimo
de 9/10classes, em conformidade
com a Carta Africana Sobre os Direitos
da Criança, que insta os países
membros a garantir o acesso à Educação
Básica Gratuita e compulsiva
e encorajar o desenvolvimento da
Educação Secundária nas suas mais
diferentes formas e, progressivamente,
torna gratuita e acessível a todos.
Tendo em conta essas perspectivas,
durante o workshop o INDE procurou
reunir contribuições sobre o perfil
do aluno e competências que o mesmo
deve desenvolver até 12a classe.
De acordo com o Director Geral do
INDE e especialista da Educação,
Ismael Cassamo Nhêze, o pressuposto
da reforma é o actual estágio do
Ensino Secundário que ainda não é
satisfatório. Nhêze defende que a reforma
deve ser baseada no perfil que
se espera de um aluno graduado do
ensino geral.
Uma das propostas apresentadas
para que até ao fim da 12a classe se
tenha um aluno com competências
desejáveis e pronto para ingressar no
INDE discute reforma do
plano curricular do ensino
secundário
ensino superior foi colocar ao longo
das classes um conjunto de disciplinas
que possam despertar a capacidade de
análise de diferentes assuntos, assim
como ter domínio tecnológico.
Outra proposta é trabalhar com diferentes
instituições de pesquisas como
a Universidade Pedagógica (UP), pois
elas podem dar os principais pontos
a serem estudados para as alterações
que se pretendem fazer no Plano
Curricular do Ensino Secundário.
De acordo com o defensor da ideia,
nas pesquisas que tem feito, a UP
procura trabalhar directamente com
os alunos para estudar os comportamentos
de acordo com a realidade da
educação em que eles estão inseridos
ou submetidos. É nesse contexto que
considera fundamental ter esta universidade
como parceira das reformas
pretendidas.
Por sua vez, Isac Mangue, Presidente
do Conselho da Escola Secundária
Francisco Manyanga, disse que para
que haja mudanças no perfil do aluno
do ensino secundário deve-se trabalhar
na formação de professores.
Mangue defende o que chama de rejuvenescimento
do corpo docente, ou
seja, o Ministério da Educação deve
procurar meios de voltar a formar os
professores para dotá-los de mais conhecimento
sobre o processo de ensino
e aprendizagem e sobre a melhor
forma de lidar com os seus alunos.
O evento, que teve duração de um dia,
contou com a presença de directores
nacionais da educação, directores
das escolas secundárias e representantes
de algumas universidades e
instituições de pesquisas. Ao fim do
Workshop, os presentes foram unânimes
em afirmar que não alcançaram
todos os objectivos traçados, pois não
conseguiram reunir contribuições
suficientes para a reforma do plano
curricular que se pretende, devido à
complexidade do assunto.
diz que é um problema causado pelas
mudanças climáticas que se mostram
cada vez mais severas, daí a necessidade
da criação de infra-estruturas
como furos, para mitigar a escassez
da água.
Contudo, mesmo com a previsão da
continuidade das restrições por mais
tempo, e numa altura em que apenas
metade da população tem acesso à
água potável, a nossa interlocutora
garante que até 2030 a água estará à
disponibilidade de todos, no entanto,
diz que isso não significa necessariamente
que cada habitante terá água
canalizada em sua casa, mas já não
será preciso percorrer longas distâncias
para ter o líquido precioso.
Savana 29-09-2016
EVENTOS
3
Um Workshop Sobre Empreendedorismo
juntou
40 alunos provenientes
de 10 escolas secundárias
da cidade e província de
Maputo, na quinta-feira passada,
no âmbito das sétimas Olimpíadas
Bancárias 2017. Organizado
pelo Millennium bim em parceria
com a Seguradora Ímpar,
o workshop precede um exame
realizado no dia 16 de SetemAlunos
de Escolas Secundárias
debatem Empreendedorismo
assimilação destes temas, onde
estão arrolados os conceitos relacionados
com o Seguro, tais
como tomador de Seguro, Risco,
Prémio e Indeminização.
A acção enquadra-se na política
de Responsabilidade Social
da Ímpar, que assinala este ano
o 25º. Aniversário da sua fundação.
A Seguradora tem feito
relevantes intervenções nas áreas
da Educação, Saúde, Cultura e
Desporto.
O
escritor moçambicano Aldino
Muianga lança, no
próximo dia 03 de Outubro,
o seu mais recente romance
intitulado Asas Quebradas.
A obra do escritor faz a articulação
que se pretende harmoniosa entre
a ficção e o mundo real. Ela institui-se
como a grande vocação dos
escritores e dos artistas africanos
em geral e que, no âmago do seu
processo criativo, não se conseguem
alhear da realidade donde provêm
e que os envolve, os questiona, os
fascina ou simplesmente os indigna...”,
defende Francisco Noa.
O livro será apresentado pelo académico
Aurélio Cuna, numa sessão
que contará ainda com uma leitura
encenada de Rogério Manjate. Este
evento servirá para celebrar os 30
anos de produção literária do autor,
que este ano é o escritor homenaAldino
Muianga lança
Asas Quebradas
geado na Feira do Livro de Maputo.
Esta é a segunda obra publicada
pela Cavalo do Mar, na colecção
pelagem negra e é a décima quinta
obra do autor. Refira-se que o lan-
çamento terá lugar no auditório do
BCI em Maputo.
bro, no qual participaram 400 alunos
pertencentes às escolas, que culminou
com o apuramento dos 40 alunos, que
continuarão até ao final da prova, que
está agendada para o dia 25 de Outubro
de 2017.
Para este workshop foram apresentados
e discutidos temas como Empreendedorismo,
Poupança, Seguros,
Banca e, pela primeira vez, Voluntariado
Social. Os alunos receberam
material didáctico para uma melhor
O
s três novos clientes vencedores
da campanha
conta corrente Joy of Jazz,
promovida pelo Standard
Bank, no período entre o dia 1 de
Agosto e 10 de Setembro, foram
anunciados na última segunda-
-feira, 25 de Setembro, em Maputo.
Trata-se de Elto Mavie, Fátima
Fargelgamali e Tomás Jasse, que
vão beneficiar, como prémio, de
uma viagem à África do Sul, para
assistir ao festival Joy of Jazz, a ter
lugar em Sandton, entre os dias 29
e 30 de Setembro, com todas as
despesas pagas pelo banco e direito
a um acompanhante.
Os três clientes foram apurados,
por sorteio, de um universo de cerca
de cinco mil pessoas que abriram
novas contas, no âmbito da
campanha Conta Corrente.
Intervindo no acto de entrega dos
prémios, o chefe do Departamento
de Marketing e Comunicação do
Standard Bank, Alfredo Mucavela,
referiu que os vencedores tomaram
a decisão acertada ao se tornarem
clientes do Standard Bank, o banco
mais antigo, sólido e digital de
Moçambique.
“Para o banco, vocês são mais do
que clientes, que estão aqui para
guardar dinheiro. Estamos prontos
para vos ajudar a alcançar os vossos
sonhos e seguir em frente, dia
após dia”, sublinhou, acrescentando
que prova disso é a viagem que
o Standard Bank vai oferecer para
assistirem ao maior festival de jazz
de África, com todas as despesas
pagas pelo banco.
Mas para além disso, conforme
destacou Alfredo Mucavela, são
os benefícios que os novos clientes
passam a usufruir, como o acesso
à conta bancária através de canais
Conhecidos os vencedores da
campanha do Standard Bank
digitais e gestores prontos para
orientarem nos melhores produtos
e serviços.
“Para além do QuiQ, que permite
efectuar transferências por telefone,
mesmo sem ter crédito ou
acesso à internet, temos também
o NetPlus (Internet Banking) que
permite igualmente aceder à conta
pelo computador para efectuar pagamentos
diversos como água, luz,
propinas, televisão e, ainda, transferir
dinheiro para outros bancos”,
referiu Alfredo Mucavela.
Num outro desenvolvimento, destacou
o facto de o Standard Bank
disponibilizar ATM’s Depósitos,
que possibilitam depositar dinheiro
em qualquer lugar e hora sem
ter de entrar no banco.
Visivelmente emocionado, Elto
Mavie contou que, quando recebeu
a ligação a informarem-no que
tinha sido contemplado com uma
viagem à África do Sul, para assistir
ao festival de jazz, inicialmente,
não acreditou.
“Agora estou a confirmar que na
verdade ganhei e que fiz uma boa
opção ao abrir uma conta no Standard
Bank, pois passo a beneficiar
de uma gama diversificada de produtos
e serviços que, para além de
me serem bastante úteis, garantem
muita segurança”, frisou Elto Mavie.
Por sua vez, Fátima Fargelgamali,
explicou que optou por abrir uma
conta no Standard Bank porque
sempre acreditou que este é um
dos melhores bancos no País. “Fui
muito bem recebida e o processo
de abertura de conta foi bastante
célere. Um dos aspectos que mais
me impressionou é o facto de alguns
balcões fecharem muito além
do horário normal de expediente”,
concluiu.
Savana 29-09-2017 EVENTOS
4
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Exames de Admissão 2018
A Universidade Eduardo Mondlane comunica que já estão abertas as inscrições para os Exames de Admissão para o ano 2018,
que se realizarão de 08 à 12 de Janeiro. Para mais informações, consulte a website da UEM: www.uem.mz.
LISTA DE CURSOS DE GRADUAÇÃO A SEREM LECCIONADOS PELA UEM NO ANO LECTIVO DE 2018
PERÍODO LABORAL
I. FACULDADE DE AGRONOMIA
E ENGENHARIA FLORESTAL
(Maputo)
Engenharia Agronómica
Engenharia Florestal
Agroeconomia e Extensão Agrária
II. FACULDADE DE
ARQUITECTURA (Maputo)
Arquitectura e Planeamento Físico
III. FACULDADE DE CIÊNCIAS
(Maputo)
Biologia Aplicada
Biologia e Saúde
Biologia Marinha, Aquática e Costeira
Ecologia e Conservação da
Biodiversidade Terrestre
Cartografia e Pesquisa Geológica
Geologia Aplicada
Física
Meteorologia
Química Ambiental
Química Industrial
Informática
Matemática
Estatística
Ciências de Informação Geográfica
IV. FACULDADE DE DIREITO
(Maputo)
Direito
V. FACULDADE DE ECONOMIA
(Maputo)
Economia
Gestão
Contabilidade e Finanças
VI. FACULDADE DE EDUCAÇÃO
(Maputo)
Psicologia das Organizações
Psicologia Social e Comunitária
Psicologia Escolar e de Necessidades
Educativas Especiais
Desenvolvimento e Educação de
Infância
Organização e Gestão da Educação
(também ministrado à Distância)
Língua de Sinais de Moçambique
Educação Ambiental
VII. FACULDADE DE
ENGENHARIA (Maputo)
Engenharia Química
Engenharia Electrónica
Engenharia Eléctrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Civil
Engenharia Informática
Engenharia do Ambiente
VIII. FACULDADE DE FILOSOFIA
(Maputo)
Filosofia
IX. FACULDADE DE LETRAS E
CIÊNCIAS SOCIAIS (Maputo)
Ensino de Português
Ensino de Inglês
Ensino de Francês
Ensino de Línguas Bantu
Tradução Português/ Inglês
Tradução Português/ Francês
Linguística
Literatura Moçambicana
História
Geografia
Sociologia
Serviço Social
Antropologia
Arqueologia e Gestão do Património
Cultural
Administração Pública
Ciências Políticas
Ensino de Língua, Cultura e Literatura
Chinesa
X. FACULDADE DE MEDICINA
(Maputo)
Medicina
XI. FACULDADE DE
VETERINÁRIA (Maputo)
Medicina Veterinária
Ciência e Tecnologia de Alimentos
Ciência e Tecnologia Animal
XII. ESCOLA DE COMUNICAÇÃO
E ARTES (Maputo)
Arquivística
Biblioteconomia
Marketing e Relações Públicas
Jornalismo
Música
Teatro
XIII. ESCOLA SUPERIOR DE
CIÊNCIAS DO DESPORTO
(Maputo)
Ciências do Desporto
XIV. ESCOLA SUPERIOR DE
CIÊNCIAS MARINHAS E
COSTEIRAS (Quelimane)
Oceanografia
Biologia Marinha
Química Marinha
Geologia Marinha
XV. ESCOLA SUPERIOR DE
DESENVOLVIMENTO RURAL
(Vilankulo)
Comunicação e Extensão Rural
Economia Agrária
Engenharia Rural
Agroprocessamento
Produção Pesqueira
Produção Agrícola
Produção Animal
XVI. ESCOLA SUPERIOR DE
HOTELARIA E TURISMO DE
INHAMBANE
Gestão de Mercados Turísticos
Informação Turística
Animação Turística
Gestão Hoteleira
XVII. ESCOLA SUPERIOR
DE NEGÓCIOS E
EMPREENDEDORISMO DE
CHIBUTO
Finanças
Gestão de Empresas
Gestão Comercial
Agro-Negócios
Agricultura Comercial
ENSINO À DISTÂNCIA
I. FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Organização e Gestão da Educação
II. FACULDADE DE ECONOMIA
Gestão de Negócios
III. FACULDADE DE LETRAS E
CIÊNCIAS SOCIAIS
Administração Pública
Administração Pública -Maputo
Administração Pública - Sabié
Administração Pública - Chibuto
Administração Pública - Inhambane
Administração Pública - Vilankulo
Administração Pública – Beira
Administração Pública - Quelimane
Administração Pública - Lichinga
PERÍODO PÓS-LABORAL
I. FACULDADE DE CIÊNCIAS
(Maputo)
Ciência de Informação Geográfica
Estatística
Informática
II. FACULDADE DE DIREITO
Direito
III. FACULDADE DE ECONOMIA
(Maputo)
Economia
Gestão
Contabilidade e Finanças
IV. FACULDADE DE EDUCAÇÃO
(Maputo)
Psicologia das Organizações
Psicologia Social e Comunitária
Desenvolvimento e Educação de
Infância
Organização e Gestão da Educação
Educação Ambiental
V. FACULDADE DE
ENGENHARIA (Maputo)
Engenharia Electrónica
Engenharia Eléctrica
Engenharia Civil
Engenharia Informática
Engenharia do Ambiente
Engenharia e Gestão Industrial
VI. FACULDADE DE FILOSOFIA
(MAPUTO)
Filosofia
VII. FACULDADE DE LETRAS E
CIÊNCIAS SOCIAIS (Maputo)
Ensino de Português
Ensino de Inglês
Tradução Português/ Inglês
Linguística
Literatura Moçambicana
História
Geografia
Sociologia
Administração Pública
Ciências Políticas
XIII. ESCOLA DE
COMUNICAÇÃO E ARTES
(Maputo)
Arquivística
Biblioteconomia
Marketing e Relações Públicas
Jornalismo
IX. ESCOLA DE HOTELARIA E
TURISMO DE INHAMBANE
Gestão
X. ESCOLA SUPERIOR
DE NEGÓCIOS E
EMPREENDEDORISMO DE
CHIBUTO
Finanças
Gestão de Empresas
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