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O presidente da frelimo Filipe Nyusi não honrou o seu compromisso de retirar as tropas governamentais a volta da Serra da Gorongosa até ao dia 30 de Junho último, conforme havia acordado com o líder da renamo, Afonso Dhlakama. As últimas declarações públicas do Nyusi em relação a este assunto, que foram ontem corroboradas pelo seu "ministro" da defesa Nthumuke, dando conta da conclusão da retirada de 8 posições na Gorongosa, são totalmente falsas.
Para começar, dizer que desde que Afonso Dhlakama deu a trégua sem data limite no mês de Maio, nenhum militar da frelimo saiu da Gorongosa, muito pelo contrário, foram para lá destacados centenas de agentes do sise a paisana e deram uniforme da PRM e das FIR a comandos especiais das FADM e GOE para disfarçar. Realmente algumas posições foram desmontadas mas apenas mudaram para outros locais ao redor da serra da Gorongoza.
Por exemplo, a posição da zona de Lourenço foi desmontada e os militares se juntaram se seus colegas da posição de Kanda. Idem aspas para a posição de Nhariloza, também conhecida por Tomé, que foi mudada para Nhauranga, a escassos quilómetros da serra da Gorongoza. Quer dizer, apenas mudou de extremo mas continua a ilharga da serra, tal como a de Kanda.
As posições de Misiwa, Nhamadjiua e Mapanga-panga foram removidas mas os seus efectivos foram distribuídos para as posições vizinhas ao redor da serra. Pior ainda, na posição de Nhamadjiua, também conhecida por base Mazembe, a frelimo posicionou 30 comandos especiais das FADM e GOE mas que envergam uniformes das PRM e FIR, sob alegação de que querem montar uma esquadra policial (!), enquanto já existe o posto policial na sede em Vunduzi.
Portanto, como se pode ver, a dita retirada das tropas governamentais ao serviço da frelimo na Gorongoza propalada pelo Nyusi e seu sequaz e primo N'thumuke é conversa fiada e mentira grosseira para enganar o povo e a comunidade internacional. Ninguém saiu da Gorongosa. É importante referir que em toda região da Gorongosa existem no total 26 posições das forças da frelimo com cerca de 1500-2000 homens no total.
E julgamos serem muito perigosas as declarações proferidas sábado ultimo pelo senhor N'thumuke, ao dizer até que ao momento nenhum guerrilheiro da renamo já entregou armas. Afinal de contas, o Nyusi combinou com Dhlakama "desarmar" a renamo, ou retirar as suas tropas da região da Gorongosa? Que brincadeira é essa? Ou o N'thumuke fez essas declarações sob efeito de "Nipa" (bebida alcoólica tradicioinal)? A frelimo está a brincar com coisas muito sérias.
O pior foi o que o homem do "terceiro tiro" Alberto Chipande disse no passado dia 25/6, que passamos a citar:
"A iniciativa de Dhlakama (de dar a trégua sem prazos) é muito louvável e já que é assim, então não há necessidade para se negociar porque já não vai haver mais a guerra". Francamente meus senhores, com este tipo de dementes como dirigentes, Moçambique está perdido. E vejam o alinhamento do discurso belicista e provocatório do Ntumuke e Chipande, ambos naturais de Mueda, tal como o Nyusi.
Julgamos que as atitudes do Nyusi e seus sequazes e mentores, podem acabar com a paz que tanto almejamos a qualquer momento. A frelimo não pode esquecer se que esta a sair de uma grande derrota militar e que os milhares de militares seus que cercam Dhlakama em Gorongosa já não querem saber da guerra e vão desertar em massa logo que as escaramuças reiniciem. Estão cansados de morrer como ratos e serem enterrados como cães em valas comuns. Os chefes da frelimo que vivem 'numa wella' nas cidades já se esqueceram disso mas os jovens militares no terreno não.
Se a frelimo pensa que pode continuar a brincar com a renamo e o povo nas negociações a confiar nos seus esquadrões de morte, está muito mal enganada. Se a frelimo pensa que está a ganhar tempo para baralhar o processo eleitoral, também está muito mal enganada. De qualquer forma, ninguém sabe quais são as reais intenções do Nyusi ao insistir em manter as tropas na Gorongosa, depois de garantir ao Dhlakama e ao povo moçambicano. Quer dizer, a paz que vivemos é fruto da bondade de Dhlakama mas o Nyusi está a pedir a guerra. O Nyusi quer fazer um jogo muito perigoso e vai se dar mal.
Porque o conflito ora em trégua foi iniciado pela frelimo, ao fazer uma gigantesca fraude eleitoral e, depois de descumprir o acordo havido em Fevereiro de 2015 em Maputo entre Dhlakama e Nyusi, atacou o candidato vencedor Afonso Dhlakama em emboscadas na província de Manica, tendo este se refugiado para a sede histórica do seu movimento situado no posto administrativo de Vunduzi, vulgo Satungira, distrito de Gorongosa.
Dhlakama ainda fez uma última tentativa de diálogo na Beira mas a frelimo cercou a sua residência com tropas e blindados e só um milagre salvou o líder da renamo. Felizmente, a frelimo foi derrotada militarmente e Dhlakama já estava em posição para desencadear ofensivas militares em larga escala mas a frelimo pediu para a negociar e a trégua. É por que só podia ser Dhlakama a dar a trégua, porque foi a frelimo a provocar e levou boas porradas.
Portanto, o mais de um milhar de tropas da frelimo que cercam a serra da Gorongoza é justamente para matar ou capturar o lider da renamo isto porque a frelimo não quer negociar com o verdadeiro vencedor das eleições de 2014, a frelimo está assim a governar a força porque não ganhou as eleições. É isso que todos, incluindo a comunidade internacional, devem saber. A continuação do "cerco" a Dhlakama em Gorongosa é o sinal claro e inequívoco de que a qualquer momento os tiros vão voltar a soar em Moçambique.
A frelimo mantém as suas tropas na Gorongosa porque tem medo do grande poder político de Afonso Dhlakama. A frelimo prefere a guerra porque quer evitar ser julgada pelos seus muitos crimes lesa-pátria. Atenção que o cerco à Gorongosa é apenas simbólico, porque se os rangers quisessem, até à vila da Gorongosa teria sido assaltada e ocupada. A frelimo não tem, nunca teve e nunca terá capacidade militar para enfrentar a renamo.
Unay Cambuma apela a frelimo a abraçar a paz e agarre a mão que está sendo estendida por Dhlakama. Dhlakama tem feito esforços desesperados para acalmar os seus membros e conter os seus cada vez mais impacientes militares que exigem reacções violentas. De nossas fontes fidedignas ligadas à ala militar da renamo, soubemos que a maioria dos comandos rangers pretende retaliar as provocações das forças da frelimo sem pedir autorização ao seu lider, porque Dhlakama sempre defende o diálogo como única solução viável para a resolução de problemas e que as armas são apenas para a defesa da vida.
Na verdade, os militares da renamo estão agastados não só com as constantes violações e provocações da frelimo mas sobretudo com as lenga-lengas no diálogo e querem resolver as coisas por via armada. Resta nos saber até quando Dhlakama vai conseguir segurar os seus radicais.
Unay Cambuma
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