terça-feira, 25 de julho de 2017

As O$C “one-trick pony” e o perigo que representam para a democracia


Elisio Macamo
 estava a sentir-se farto.

“One trick-pony” é uma expressão inglesa que descreve pôneis de circo que só conhecem um truque. Usa-se a expressão também para descrever aquelas pessoas que só têm um talento e o usam em todas as circunstâncias. Parece-me uma boa descrição, também, de algumas auto-intituladas organizações da sociedade civil. Elas também só têm talento para uma coisa. O problema com estas organizações, contudo, é que quando insistem nesse único truque sem tomarem em conta aquilo que as torna necessárias e as legitima, elas podem se tornar nocivas. É sobre isso que vou reflectir neste texto ciente de que os defeitos do talento único vão encontrar maneiras perversas de distorcer o conteúdo.
Num momento em que os pérola indianos estão a lamber as feridas da amarga derrota sofrida em casa pelas destemidas Mambas pode parecer inoportuno levantar questões mundanas. Talvez fosse melhor juntar a minha voz à voz tipicamente pérola indiana e procurar argumentos que confirmem aquela convicção que muitos de nós temos de que não merecemos melhores resultados. Ironicamente, esta voz pérola indiana estabelece a ponte entre o desaire frente ao portentoso Madagascar e as O$C de talento único. A sua razão de ser é uma convicção profunda segundo a qual nós somos irremediavelmente maus, não merecemos melhor. Escusado será dizer que esta avaliação arrogante de “nós os outros” se aplica apenas aos outros, não aos que fazem a avaliação. Há um José Mourinho em cada um dos pérola indianos que lamenta a derrota dos Mambas da mesma maneira que há um doador (isto é, uma entidade competente e íntegra) em cada uma das O$C de talento único que critica o desempenho do governo. Moz é pura perda de tempo; os únicos que se safam são os que criticam.
Isto tudo é a propósito de mais uma campanha do Centro de Integridade Pública com o título “#-nãodevoaninguem”. Que as dívidas ocultas iam ser dia de campo para essa O$C não surpreende, claro. Se quisesse ser maldoso até diria que devem ter esfregado as mãos de alegria por lhes cair na agenda tema tão pertinente e mobilizador. Mas não vou dizer isso porque fica mal. Previsivelmente, o que o “spot” publicitário diz é que, primeiro, a pressão dos doadores, da imprensa e da sociedade civil obrigou o governo a “desocultar” as dívidas, que, segundo, o sumário executivo do relatório, trouxe “evidências” e “comprovou” que houve fraude em grande escala e que, terceiro, perante os “factos” a Procuradoria Geral da República tem que de imediato mandar prender os implicados ao invés de os proteger. Termina, também privisivelmente, proclamando-se a favor da transparência e da democracia e recorda ao cidadão que é seu direito exigir isso. Algo curioso no “spot” – que fala, presumivelmente, para os moçambicanos – é que é em português com legenda em inglês, língua oficial dos doadores, e não em nenhuma outra língua nacional. Mas esse é um detalhe.
Previsivelmente, também, sinto-me incomodado pelo “spot” e não resisto à tentação de o criticar mesmo sob o risco de a minha crítica ser vista como um atentado à liberdade de expressão dessa O$C. O “spot” levanta os problemas típicos duma O$C de talento único. Ela não se vê como parte do problema, mas sim e, de forma miraculosa, como parte da solução. Vejo dois problemas fundamentais no “spot”. O primeiro tem a ver com a forma como ele, consciente ou inconscientemente, viola um princípio fundamental do Estado de Direito, nomeadamente a presunção de inocência. O “spot” não exige que este caso seja esclarecido, exigência essa perfeitamente legítima. Ele exige que “culpados” que não passaram por nenhum julgamento sejam formalmente transitados em tribunal para confirmação da sua culpa e posterior punição.
Quem tem um entendimento tão tosco quanto o do CPI em relação ao Estado de Direito não vê nisto nenhum problema de maior. Antes pelo contrário, vê neste tipo de exigência a robustez duma cidadania activa que tem coragem para dizer as coisas como elas são. Nos países onde a sociedade civil contribui para a civilização do sistema político as organizações consideram sua obrigação sintonizar a sua acção com a protecção daquilo que as viabiliza. O que viabiliza a sociedade civil é um espaço de debate são que não faz da indignação militante e linchamento única razão de ser da participação cívica, mas sim a protecção da própria democracia. Em que é que este “spot” protege a democracia é uma questão que prefiro até não responder, mas espero que as minhas reservas estejam claras.
O segundo problema é ainda mais grave e já o tinha abordado num outro “post” neste mural. O nosso sistema político é representativo. Isso significa que ele está assente no acto de confiar um mandato a certas pessoas para agirem em nosso nome. A palavra chave é “confiança” que denota toda a fragilidade da democracia, pelo menos teoricamente e sobretudo em países como o nosso. Existe todo um aparato jurídico que determina as balizas da sua actuação, mas o problema é que esse aparato não nos dá nenhuma garantia de que essas pessoas não possam agir contra o nosso interesse por comissão ou omissão.
Teoricamente, o único que temos na mão é esse aparato jurídico para responsabilizar criminalmente as pessoas que violarem essas balizas. O que não temos, em contrapartida, é a possibilidade de fugirmos à responsabilidade que temos por os ter colocado lá. Os seus erros são os nossos erros, mesmo se tivermos votado naqueles que não ganharam as eleições. Portanto, é extremamente falacioso – em teoria democrática – imaginar que cada um de nós se possa furtar à responsabilidade de assumir os erros cometidos por aqueles a quem confiamos o poder. Uma OSC devia saber isso antes de andar aí a infectar a opinião pública com palavrões demagógicos do tipo “eu não devo a ninguém”.
É claro que cada um de nós é parte dessas dívidas, quer queira, quer não. Não é justo, claro, mas é assim mesmo. É a única maneira de viabilizar a política, pois sem essa protecção ninguém iria governar porque erros são sempre possíveis. Se todo o governo tivesse que andar preocupado com a possibilidade de ser responsabilizado individualmente pelas consequências de decisões que deram berro só aqueles que se consideram infalíveis – tipo algumas O$C e governos totalitários – é que chamariam a si a tarefa de governar. E, por favor, não me entendam mal. Não estou a dizer que todo o governo tem o direito de prejudicar o país como bem entender. Estou a dizer que a democracia representativa tem um funcionamento sui generis que precisa de ser equacionado por quem o anima.
Isto levanta uma série de problemas que não cabem nesta reflexão, mas que precisam de ser abordados. Um desses problemas é a questão da legitimidade do governo tendo em conta a forma como as eleições são feitas e como os partidos recrutam os seus militantes. Uma OSC genuinamente nacional tem que abordar este problema e colocá-lo no centro das suas actividades e de suas campanhas. A campanha tem que ir para além da legitimíssima exigência de responsabilização e colocar no seu centro a protecção da própria democracia, algo em que esta campanha, como muitas outras por parte dessa organização, falha redondamente. Não se pode contentar apenas em fazer aquele número único para a plateia de doadores que falam em inglês sob pena de contribuir para a inviabilização de todo o sistema político.
No fundo, é aquele problema com os Mambas. Só são equipa nacional enquanto tiverem bons resultados. Assim que perdem deixam de ser equipa nacional para serem esses falhados, “prostitutas” (como alguns escreveram no Facebook), “preguiçosos”, “burros”, etc., comandados por uma pessoa festejada há coisa de quatro semanas e que agora tem de ir às favas.
Agora vou me reclinar e apreciar as reacções previsíveis do nosso “one-trick pony”.
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14 comentários
Comentários
Ricardo Santos
Ricardo Santos 100% de acordo. Eu próprio já tinha começado a alinhavar algo sobre este tema mas acabo de ser largamente ultrapassado!
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 · Ontem às 13:22
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Ricardo Santos
Ricardo Santos O CIP exprime-se em português com sotaque inglês, ou melhor, com sotaque dolarizado. Daí que as línguas moçambicanas não tenham cabimento. Por falta de fundos.
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 · Ontem às 13:35
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Elisio Macamo
Elisio Macamo bom, vou ter que ser mais prudente. pode ser que eles queiram também que os credores fiquem a saber que o povo não vai pagar. não deixa, porém, de espantar que não se preocupem com aqueles que não entendem português...
Paulo Inglês
Paulo Inglês 100% de acordo também.
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 · Ontem às 13:40
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Nestor Zante
Nestor Zante C’est toujours un plaisir de vous lire Professeur, et apprécier vos analyses sur certains faits-problèmes. Je suis particulièrement ému de cette réflexion car elle me donne aussi une piste de réflexion sur les OSC « pyromane » qui au-delà de rôle de sentinelle ou mieux de gardien de la démocratie n’hésite pas à bafouer les intérêts démocratique d'un pays. Comme vous l’avez souligné ils occultent cette notion de « confiance » accordée au responsables politiques. De mon point de vue les OSC devraient comprendre ou de moins pour ce qui est de mon pays qu’il y a une responsabilité commune dans la gouvernance d’un pays. La confiance placée en ces politiciens fait de nous des responsables a tout point de vue et nous ne pouvons-nous soustraire de cette réalité et mener une lutte qui tue la démocratie. Il faudrait que nos OSC comprennent qu’en démocratie quand on fait une erreur de choix, il faut attendre 5 années pour corriger l’erreur et aller vers un nouveau départ, Sinon nous tombons dans un éternel recommencement qui stagne le pays et ses institutions. ou peut être elles n'y peuvent rien, ils sont probablement des One trick-pony.
É sempre um prazer ler-lhe professor, e apreciar a sua análise sobre alguns fatos-problemas. Estou particularmente comovido com esta reflexão, pois também me dá uma pista de reflexão sobre os ocs "Incendiário" que para além do papel de sentinela ou melhor do guardião da democracia não hesita em desrespeitar os interesses democráticos de um país. Como v. Exa. Salientou, eles esta noção de "confiança" concedida aos responsáveis políticos. Do meu ponto de vista, os ocs deveriam compreender ou menos, no que se refere ao meu país, que existe uma responsabilidade comum na governação de um país. A confiança nestes políticos torna-nos responsáveis em todos os aspectos e não podemos subtrair-nos desta realidade e conduzir uma luta que mata a democracia. É preciso que os nossos ocs compreendam que, em democracia, quando se faz um erro de escolha, há que esperar 5 anos para corrigir o erro e ir para um novo começo, caso contrário, caímos num eterno recomeço que estagnou o país e as suas instituições. Ou talvez eles não podem fazer nada, eles são provavelmente um one trick-Pony.
Traduzido automaticamente
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 · Ontem às 14:11
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Elisio Macamo
Elisio Macamo voilá! l'éternel recommencement, ce justement ça. mais les "one-trick pony" ne voient pas les choses comme ça. ils se croient constructives.
É isso! O Eterno recomeço, isso mesmo. Mas os "One-TRICK PONY" Não vêem as coisas assim. Eles acham que são construtivos.
Mablinga Shikhani
Mablinga Shikhani Pensava mesmo nisso Elisio Macamo. De repente, ou nem tanto como isso, TODAS, até as moribundas, alinham os discursos numa só direcção: "Dívida Pública". Já há promessas...
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 · Ontem às 14:18
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Elisio Macamo
Elisio Macamo há algumas que têm bom senso.
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 · Responder · Ontem às 14:52
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Mablinga Shikhani
Mablinga Shikhani Elisio Macamo acredito. Mas a meio da "selva da ajuda" é difícil discernir. Alguns actores são turbos. Têm a cabeça numa, o tronco noutras, as mãos e no Estado, os pés na docência e a boca na política activa... os Gringos? Esses abrem as torneiras e financiam os "Novos Nacionalismos" à La Minute...
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 · Ontem às 15:13
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Elisio Macamo
Elisio Macamo pode ser, pode ser. de qualquer modo não é bom para o país.
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 · 23 h
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Mablinga Shikhani
Mablinga Shikhani mas é claro que não
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 · 23 h
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Mablinga Shikhani
Mablinga Shikhani Parte da promessa
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 · 21 h
Arcenio Cuco
Arcenio Cuco Não se olha para os meios para justificar os $$$$$!
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 · Ontem às 15:06
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Celia Meneses
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 · Ontem às 15:20
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Mussa Abdula
Mussa Abdula Prof., não me vou sentir alegre só pelo facto do meu filho ter me brindado com notas positivas de todas as vezes que realizou as a variações. Também não vou lhe penalizar por não ter brilhado pedagogicamente, mas o silêncio numa situação improdutiva de um filho revela falta de interesse por parte de quem-o levou à escola. Não é pelo facto de sermos os governados que temos que nos abster de chamar à responsabilidade a quem o colocamos para governar este país. É justo que o governo ou o treinador nacional se sinta sufocado com críticas à sua volta, mas não se pode ignorar os interesses da maioria que são também do estado. Ignorar seria auto-excluir-se cegamente.
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 · Ontem às 15:23
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Elisio Macamo
Elisio Macamo ninguém deve ficar contente com o mau desempenho. isso não está em causa neste texto.
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 · 23 h
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Mussa Abdula
Mussa Abdula Concordo com a sua observação é justa.
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Elisio Macamo
Elisio Macamo tudo bem. repare que escrevi: "A campanha tem que ir para além da legitimíssima exigência de responsabilização e colocar no seu centro a protecção da própria democracia, algo em que esta campanha, como muitas outras por parte dessa organização, falha redondamente."
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 · 23 h
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Mussa Abdula
Mussa Abdula Sou ainda elemento neutro, apenas apresentei meu ponto de vista em relação à insatisfação popular. Não estou contra argumentar.
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 · 22 h
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Armindo Chavana
Armindo Chavana Estou a escutar de novo o velho Machavel: ha devoooooo
Edson Cortez
Edson Cortez O engraçado nisto tudo é que o Prof. também esta a virar um "One-Trick-Pony" passa a vida a implicar com o CIP. Será que não há mais nada de interessante para analisar.... Sempre que o CIP lança uma campanha, lá aparece o Professor e PUMBA em cima dos tipos.
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 · 21 h
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Elisio Macamo
Sancho Pires
Sancho Pires Uma coisa é certa: É justo encarregar alguém a mediar determinadas acções de interesse colectivo. Ora, apedrejar ou responsabilizar uma única pessoa pelo insucesso de tal acção, é uma tremenda hipocrisia e tamanha covardia.
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 · 20 h
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Elisio Macamo
Elisio Macamo a forma como isso se faz também conta. é como se tudo quanto fosse necessário para que a pgr funcionasse fosse que alguém do cip trabalhasse lá, ou que a procuradora prestasse contas à instituição...
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 · 19 h
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Sancho Pires
Sancho Pires Concordo. E, veja só, existem instituições cuja sua ingerência em assuntos, as faz pensar que possam isentar-se das suas responsabidades como parte orgânica de uma sociedade.
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 · 19 h
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Elisio Macamo
Elisio Macamo aí está. é só ver a reacção do Edson Cortez aqui. os pontos críticos que levanto são menos relevantes do que a sensação de ser vítima de perseguição. depois acham estranho que as instituições que eles criticam também reajam da mesma maneira. não admira que tenham interpretado a minha crítica anterior como limitação da sua liberdade de expressão que, aparentemente, para eles significa imunidade à crítica. ainda estão a juntar a pólvora, é só esperar mais um bocado...
Custódio Mugabe
Custódio Mugabe As campanhas do CIP não tem de ser necessariamente académicas porque a organização não e nada disso, ainda que apresente estudos desse tipo. Não surpreende o spot porque o CIP mantém a sua logica de actuação. Neste " post" o Prof. segue o seu próprio rumo académico. Nada de anormal ate ver. Cabe ao CIP fazer critica e arrastar gente para o seu pensamento. Assim funcionam as organizações que, não sendo partidos políticos evidentes, fazem oposição ao Governo. O CIP existe para isso não para bater palmas ao Governo, de modo que nem sempre vai agir com racionalidade que o Prof. augura.
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Elisio Macamo
Elisio Macamo com todo o respeito, acho que está equivocado a dois níveis. primeiro, se compartimentaliza as coisas dessa maneira, vai ser legítimo que o governo ou a pgr ignorem o cip com base no seu argumento de que cada macaco deve ficar no seu galho. isso não faz sentido. segundo, o meu argumento não é académico, mas sim cívico. critico o efeito nocivo dessas campanhas e digo que elas são contraproducentes. a pior reacção a uma crítica dessa natureza é relegá-la ao âmbito do que não devia preocupar quem procura ter impacto público. por último, a minha questão não é se o cip bate palmas ou não ao governo. podia fazer a mesma crítica mesmo se o cip batesse palmas ao governo. para isso, a campanha teria que ter essas consequências nocivas na democracia. nem tudo o que se critica alinha facilmente no que apoia o governo ou defende o governo.
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Armistício Mulande
Armistício Mulande "O CIP existe para isso não para bater palmas ao Governo, de modo que nem sempre vai agir com racionalidade que o Prof. augura". Só faltava alguém vir dizer isto para completar o circo. Afinal o CIP existe "para fazer critica e arrastar gente para o seu pensamento"? É para isso mesmo que o CIP existe?
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Custódio Mugabe
Custódio Mugabe O CIP e uma instituição que intervém claramente em contramão ao desejo do Governo do dia. Instituições com essa vocação tendem a fazer politica. Se completo o circo so posso agradecer o Armistício Mulande por mais uma qualidade que me atribui. A politica não e necessariamente racional e cívica. Ha um objectivo claro que a organização demonstrou desde a sua primeira hora. Nesta democracia, o CIP continua globalmente útil do que nocivo como aqui se sugere.
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 · 17 h
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Elisio Macamo
Elisio Macamo
Traduzido do Inglês
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Armistício Mulande
Armistício Mulande Não sabia, Custódio Mugabe, que uma instituição que tem como vocação advogar pela transparência e integridade pública podia não ser racional e cívica. No entanto,não tenho dúvidas que instituições como o CIP são úteis para o país. Mesmo o CIP é útil para o país, nunca duvidei disso. É pela sua utilidade que me faz "perder" o meu tempo a fazer estes considerandos. E aceite as minhas desculpas se a referência ao circo tenha caído mal para si; não foi intencional.
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Elisio Macamo
Elisio Macamo eu acho que se presta mau serviço a uma instituição quando a sua função é reduzida à crítica a isto ou aquilo. aí sim, é que começam os problemas. o trabalho da cip devia ser de defender e promover a integridade, não de criticar este ou aquele. enfim...
Edson Cortez
Edson Cortez Bom dia Professor Eli$io Macamo, na minha opinião o senhor tem uma predilecção natural pelo CIP, uma espécie de fetiche. Quando não é o CIP é a indústria de desenvolvimento no seu todo, as famosas O$C, contudo julgo estranho esse tipo de atitude vindo de alguém que também presta serviços de consultorias ao mundo da indústria de desenvolvimento. Já tive a oportunidade de ler alguns seus reports pagos em forma de consultoriapor essas mesmas O$C que o Professor critica. Indo directamente ao assunto que o vídeo apresenta, quando a mensagem do vídeo exige responsabilização, o CIP não esta a dizer que vamos pegar o individuo A. B. C, D, G e vamos leva-los a praça da independência e de seguida devem ser linchados, não é essa a mensagem do video, a responsabilização que o CIP exige é que os visados sejam levados a barra do tribunal, e que a PGR perante os factos apresentados pelo relatório da Kroll seja célere. A mensagem esta dentro de um contexto, um contexto onde a justiça só funciona para os pilha galinhas enquanto os grandes Patrões são intocáveis, por isso não esteja a fazer esse expediente de distorcer a mensagem do vídeo. Outro aspecto não menos relevante prende-se com a língua usada no vídeo, se o CIP tivesse produzido o vídeo em Chuabo ou Macua, as pessoas iriam dizer pk não foi produzido em Changana ou Makonde. O português é a língua oficial deste país e provavelmente permite atingir todos os grupos étnicos. Sobre o english acho desnecessário dizer que é a língua internacional e é lógico que se a intenção é conduzir uma campanha que seja vista e ouvida não só internamente como também ao nível internacional há que preparar a mensagem na língua que falam os doadores da maior ONG a operar no território nacional (o Professor sabia que a maior ONG que actua no espaço deste território que se convencionou Moçambique, é o nosso Estado. Sim o Estado é a maior ONG, usa o plano quinquenal do Governo e as O$C como o CIP usam planos estratégicos, o Estado usa o Budget Support financiados pelos doadores e as O$C usam o basket found). Portanto se o CIP pretende mobilizar os actores internos e externos para que haja responsabilização, seria irracional usar o alemão como lingua de comunicação no vídeo. Akele Abraço e espero que não me bloqueie. MACAMO, Elisio, “Political Governance in Mozambique” Final Report, DFIDMozambique.
2006
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Elisio Macamo
Elisio Macamo obrigado pela sua resposta, Edson Cortez. acho que assim aos solavancos vamos discutindo. alguns pontos da minha parte. acho interessante essa perspectiva de que alguém que critica uma o$c e a indústria do desenvolvimento está necessariamente contra a sociedade civil e contra o desenvolvimento. parece-me um equívoco grave. criticar o que algumas o$c fazem não me impede de considerar bom o trabalho que outras fazem tanto mais que a minha crítica ao trabalho feito pelo cip assenta no que eu nele considero nocivo para a a sociedade civil. igualmente, a crítica que faço à indústria do desenvolvimento assenta no que eu considero nocivo para o próprio desenvolvimento. a dfid contractou-me para esse trabalho por saber das minhas reticências e se tiver lido com atenção o relatório vai ter notado que ele é uma crítica ao que eu considero nocivo na forma de actuação da indústria do desenvolvimento. é difícil fazer estas distinções quando lê críticas a recear que alguém esteja a competir consigo para lhe tirar o ganha-pão. portanto, isso em relação à minha pessoa. quanto ao "spot" do cip não estamos evidentemente de acordo e essa é a crítica que faço. nâo importa quantas vezes e com que frequência a faço. o que importa é o que trago à discussão. imagine o governo reagir às críticas do cip com o seu argumento de que o cip tem um fetiche ou obsessão com o governo? o que diria? não esperaria que o governo se concentrasse nos méritos das questões que colocou? mais uma vez, se tiver lido com atenção o "post" vai ter notado que não ponho em causa a responsabilização, mas sim a forma como ela é exigida que me parece violar um preceito muito importante do estado de direito. o relatório da kroll apresentou apenas uma versão das coisas, não apresentou factos porque esses só podem ser julgados pelos tribunais. o cip está no seu direito de exigir que o caso seja esclarecido, mas quando faz isso transmitindo a imagem de que os culpados são conhecidos e deviam estar na prisão viola tudo aquilo que torna a sociedade civil útil para a civilização do sistema político. a intenção pode ser a responsabilização (o que pela sua reacção até duvido), mas os meios adoptados são o linchamento público de pessoas que pelo nosso ordenamento jurídico são inocentes até terem sido julgadas e condenadas. sobre o uso da língua inglesa achei estranho, mas disse se tratar de detalhe e num comentário reagi a isso. mas a sua resposta parece-me insatisfatória, ou melhor, sintomática. é mesmo cálculo, afinal. finalmente, chamar ao estado de grande ong deixa-me completamente indiferente tanto mais que tem sido minha cruzada (já agora, leia o abecedário da nossa dependência) pensar o país para além disso, algo que dificilmente será alcançado enquanto tivermos uma sociedade civil que pensa e actua como o cip. e já que ficou tão pessoal, fica bem pedir conselhos técnicos e académicos a uma pessoa que passa a vida a criticar o trabalho da sua organização? abraços.
Mablinga Shikhani
Mablinga Shikhani It becomes, as expected, personal...l bet Mr Elisio Macamo you are a point(s) on CIP meeting(s). Skipping your ideas and discussing your life.
"Fetiche" mesmo??? Rendi...
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Elisio Macamo
Elisio Macamo previsível.
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Mablinga Shikhani
Mablinga Shikhani Elisio Macamo de longe mano, de longe. Um "deserto de carácter". Triste...
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