SELO: - Por Miguel Luís |
Vozes - @Hora da Verdade |
Escrito por Redação em 22 Junho 2017 |
Para além do contínuo debate aceso em torno da aquisição dos Mercedes, e doutros factos habituais que dominam a opinião pública moçambicana, fomos confrontados, na semana passada por meio de um post nas redes sociais sobre a existência de um suposto plágio feito pelo reitor de uma das instituições de ensino superior do país.
Tratando-se de verdade ou não, começo por dizer que foi pouco académica a forma como o assunto foi tratado. Desde a publicação do post aos comentários feitos. Pareceu-me à primeira vista um caso em que estávamos perante uma zanga de compadres, que acabou dando lugar a um acto que não visava beneficiar a academia moçambicana, mas sim dar satisfação a um capricho pessoal.
Deste capricho que nos expôs a existência do suposto plágio, proponho-me a reflectir, de forma breve, algumas pedras que continuam no sapato da academia moçambicana, dentre os quais não se exclui a existência do plágio. É triste assumir que este problema continua a se verificar de uma forma pujante, mais triste ainda quando vem de quem deveria zelar pela não existência de tal realidade.
Mais uma contrariedade do ensinamento que diz "o exemplo deve vir de cima". Este tipo de acção só mancha a academia moçambicana, defraudando os esforços daqueles que dia e noite trabalham para construir o nome de Moçambique numa vertente académica.
O mesmo problema se encontra associado ao modo como olhamos para a formação superior do primeiro grau (licenciatura), as instituições de ensino superior formam pessoas que são apenas máquinas que repetem tudo que lhes é transmitido, sem nunca se interessarem pela reflexão do aprendido. Quantas vezes o professor não riscou a prova só porque o estudante não respondeu a pergunta feita com as mesmas palavras que o professor queria, embora estando certo?
Quantas vezes os professores não priorizam respostas que são dadas da mesma forma como aparecem nos manuais?
Quantas vezes os professores não deram notas altas aos trabalhos que apenas foram copy and past de um texto escrito por um Zé Ninguém que publicou num blog? São atitudes como estas que propiciam a existência de futuros plagiadores e máquinas repetidoras do que os livros dizem. Avalia-se a memória e não a aprendizagem, como já disseram outros.
Antes da avaliação aos estudantes, a maioria dos docentes das nossas instituições já tem a percentagem definida dos que devem passar, não dão a devida atenção aos estudantes durante o período lectivo e no fim do semestre lhes é atribuído a famosa nota dez de forma arbitrária para espreitarem a sala do exame e garantir o emprego do docente.
Outro problema que afecta a nossa academia se encontra relacionado ao mérito dos professores e reitores ou directores. É tempo de mudar de mentalidade, a academia não é gabinete de uma empresa ou de um partido, onde as pessoas são contratadas ou nomeadas com base em amiguismos e favorecimentos. A autoridade que os académicos possuem vem do mérito que caracteriza o perfil de cada um, e é com base nesse mérito que devem ser nomeados para as funções que exercem.
Com que autoridade exigirá aos seus formandos a dedicação aos estudos ou presidirá uma mesa de juri numa defesa de tese, um docente que se ali está é porque tem costas quentes como se tem dito?
Mudemos de mentalidade e sejamos todos participantes no processo de construção de uma academia moçambicana honrada!
Por Miguel Luís
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